Com os erros normalmente aprendemos e corrigimos o rumo mas a insistência continuada no erro é teimosia ou mesmo burrice! Esta constatação pode aplicar-se desde as mais simples situações pessoais até a opções complexas que podem determinar um rumo de sucesso ou insucesso quer seja no plano individual, quer seja no plano colectivo.
A opção estratégica, tomada a partir de 2000, de consignar o turismo como actividade económica capaz de garantir crescimento e diversificação à economia açoriana foi, em si mesmo, uma boa opção. Os Açores constituem-se como um destino turístico singular e com capacidade para atrair muitos visitantes que procuram alternativas ao turismo massificado e uniformizado.
A opção pelo investimento no turismo, como disse, foi boa partindo do princípio que foi tomada como complementar e não substitutiva da base produtiva regional. Já quanto ao modelo e às âncoras lançadas para fixar o destino Açores no mapa da procura turística por um segmento de pessoas com elevada disponibilidade financeira não me parece acertada e, não é apenas uma sensação, os factos estão aí e são como o algodão: não enganam.
Os casinos continuam a ser uma miragem e das tão almejadas receitas provenientes da tributação do jogo que contribuiriam substantivamente para aumentar as receitas do Orçamento regional nem vê-las. Quanto ao golfe atente-se ao enorme buraco em que esta actividade se encontra na ilha de S. Miguel. A justificação para o insucesso desta aposta é a falta de um quarto campo de golfe para potenciar o circuito ou, melhor dizendo: este é o argumento para a construção de um novo campo de golfe onde se pretendem, em nome das políticas de coesão regional, esbanjar mais uns milhões de euros sem que o efeito reprodutivo desse investimento esteja garantido e, muito menos, esteja garantida qualquer contribuição efectiva para o desenvolvimento harmónico regional.
Mas insiste-se! Insiste-se em falidos projectos de infra-estruturação que consomem os escassos recursos públicos, insiste-se no falido modelo de desenvolvimento para o sector turístico regional quando já todos percebemos, menos os acólitos do PS Açores, que: Turismo sim, mas diferente!
Os Açores foram bafejados pela mãe natureza, os açorianos ao longo dos tempos souberam aproveitar essa bênção sem a delapidar. Transformaram e humanizaram estas ilhas tornando-as únicas. É nesta singularidade natural e cultural que deve ser ancorado o modelo de desenvolvimento do sector turístico da Região, dimensionado a uma realidade muito peculiar que lhe pode conferir excelência e sustentabilidade mas, não se coaduna com o turismo massificado de outros destinos, nem com as megalomanias do “regime”.
Ponta Delgada, 05 de Abril de 2011
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 06 de Abril de 2011, Angra do Heroísmo
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