Debater a pobreza sem falar nas raízes que lhe estão na origem é redutor, digo eu e dirão muitos outros cidadãos que não aceitam a tese – “pobres existirão sempre”.
O processo de empobrecimento generalizado do povo português resulta na injusta repartição do rendimento em que o modelo económico vigente se ancora para justificar a competitividade global. Responsáveis políticos dos partidos que nos governam, ou governaram até há bem pouco tempo, empresários, especuladores financeiros e os seus peões de brega, pagos a peso de ouro, defendem até à exaustão que é necessário reduzir os custos do trabalho, facilitar o desemprego, aumentar o horário de trabalho, enfim, como disse Passos Coelho é preciso empobrecer.
Como no Universo nada se perde e tudo se transforma isto significa que ao empobrecimento generalizado proposto por Passo Coelho irá corresponder o respetivo enriquecimento de alguns. Nada de novo, dir-me-ão os leitores - sempre assim foi. Nem sempre assim terá sido mas, mais do que do passado interessa-me o futuro e, no presente já percebemos que este modelo económico é gerador de pobreza generalizada e de concentração de riqueza. Resta saber se queremos continuar a empobrecer alegremente ou se nos decidimos a alterar o paradigma económico e a ser livres.
Nos Açores, como no país, a economia solidária está em expansão na direta proporcionalidade do aumento da pobreza e, o discurso do poder (PS) e da oposição da direita (PSD e PP), que no país é poder, centra-se nos planos de “emergência”, no reforço dos apoios sociais de índole caritativa. É a resposta de quem não pretende alterar nada, é a resposta de quem defende que “pobres sempre existirão”, é a resposta de quem defende a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, é a resposta de quem subscreveu o “acordo” laboral, é a resposta de quem o apoia um modelo económico que aprofunda as desigualdades, que empobrece quem produz riqueza.
O que mais me preocupa no debate político é a fuga à procura real de soluções que ataquem o mal pela raiz e a adoção de medidas, como as que resultaram da alteração aos apoios sociais, verificadas em 2011, e as que resultarão do “acordo” laboral subscrito recentemente quando aquelas medidas tomarem corpo de Lei.
A autonomia política confere à Região e aos seus órgãos de poder a capacidade de fazer opções diferenciadas das do território continental e da Região Autónoma da Madeira, sem que essas opções ponham em causa o estado unitário e os preceitos constitucionais, porém o que temos assistido é à inércia do governo regional e da maioria parlamentar que o suporta aceitando, sem nada fazer em defesa dos Açores e dos açorianos, as medidas adotadas pelo governo de Lisboa e que são, numa região distante, insular e arquipelágica, muito mais penalizadoras que no território continental.
Que estratégia, se é que há estratégia, tem o Governo Regional para travar a tendência de aumento do desemprego? Que estratégia, se é que há estratégia, tem o Governo Regional para criar novos empregos? Que estratégia, se é que há estratégia, para aumentar os rendimentos do trabalho? Que estratégia, se é que há estratégia, tem o Governo Regional para diminuir a dependência externa? Que estratégia, se é que há estratégia, para aumentar a produção regional e promover o comércio interno?
Que estratégia, se é que há estratégia, para implementar um modelo complementar de transporte marítimo e aéreo de passageiros e mercadorias que potencie o comércio e a produção regional?
Nas respostas a estas perguntas estarão, certamente, algumas das soluções para tornar a Região menos permeável a conjunturas externas desfavoráveis. É que a desculpa da crise e de que não estamos sozinhos na desgraça não pode continuar a desculpar a inércia. Digo eu!
Horta, 24 de janeiro de 2012
O processo de empobrecimento generalizado do povo português resulta na injusta repartição do rendimento em que o modelo económico vigente se ancora para justificar a competitividade global. Responsáveis políticos dos partidos que nos governam, ou governaram até há bem pouco tempo, empresários, especuladores financeiros e os seus peões de brega, pagos a peso de ouro, defendem até à exaustão que é necessário reduzir os custos do trabalho, facilitar o desemprego, aumentar o horário de trabalho, enfim, como disse Passos Coelho é preciso empobrecer.
Como no Universo nada se perde e tudo se transforma isto significa que ao empobrecimento generalizado proposto por Passo Coelho irá corresponder o respetivo enriquecimento de alguns. Nada de novo, dir-me-ão os leitores - sempre assim foi. Nem sempre assim terá sido mas, mais do que do passado interessa-me o futuro e, no presente já percebemos que este modelo económico é gerador de pobreza generalizada e de concentração de riqueza. Resta saber se queremos continuar a empobrecer alegremente ou se nos decidimos a alterar o paradigma económico e a ser livres.
Nos Açores, como no país, a economia solidária está em expansão na direta proporcionalidade do aumento da pobreza e, o discurso do poder (PS) e da oposição da direita (PSD e PP), que no país é poder, centra-se nos planos de “emergência”, no reforço dos apoios sociais de índole caritativa. É a resposta de quem não pretende alterar nada, é a resposta de quem defende que “pobres sempre existirão”, é a resposta de quem defende a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, é a resposta de quem subscreveu o “acordo” laboral, é a resposta de quem o apoia um modelo económico que aprofunda as desigualdades, que empobrece quem produz riqueza.
O que mais me preocupa no debate político é a fuga à procura real de soluções que ataquem o mal pela raiz e a adoção de medidas, como as que resultaram da alteração aos apoios sociais, verificadas em 2011, e as que resultarão do “acordo” laboral subscrito recentemente quando aquelas medidas tomarem corpo de Lei.
A autonomia política confere à Região e aos seus órgãos de poder a capacidade de fazer opções diferenciadas das do território continental e da Região Autónoma da Madeira, sem que essas opções ponham em causa o estado unitário e os preceitos constitucionais, porém o que temos assistido é à inércia do governo regional e da maioria parlamentar que o suporta aceitando, sem nada fazer em defesa dos Açores e dos açorianos, as medidas adotadas pelo governo de Lisboa e que são, numa região distante, insular e arquipelágica, muito mais penalizadoras que no território continental.
Que estratégia, se é que há estratégia, tem o Governo Regional para travar a tendência de aumento do desemprego? Que estratégia, se é que há estratégia, tem o Governo Regional para criar novos empregos? Que estratégia, se é que há estratégia, para aumentar os rendimentos do trabalho? Que estratégia, se é que há estratégia, tem o Governo Regional para diminuir a dependência externa? Que estratégia, se é que há estratégia, para aumentar a produção regional e promover o comércio interno?
Que estratégia, se é que há estratégia, para implementar um modelo complementar de transporte marítimo e aéreo de passageiros e mercadorias que potencie o comércio e a produção regional?
Nas respostas a estas perguntas estarão, certamente, algumas das soluções para tornar a Região menos permeável a conjunturas externas desfavoráveis. É que a desculpa da crise e de que não estamos sozinhos na desgraça não pode continuar a desculpar a inércia. Digo eu!
Horta, 24 de janeiro de 2012
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de janeiro de 2012, Angra do Heroísmo
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