O Banco de Portugal (BdP) veio, no boletim de inverno, confirmar o que todos sabemos e, sobretudo sentimos e sofremos – a economia nacional vai contrair no biénio 2012/2013, desce 3,1% em 2012 e cresce 0,3% em 2013. É sempre bom que uma instituição tão bem paga reconheça o óbvio, aliás o BdP tem sido um excelente instrumento para nos ajudar a perceber porque é que aumenta o desemprego, os juros e o custo de vida. Não fosse o BdP e viveríamos numa angustiante incerteza por não percebermos porque é cada vez mais difícil acertar o ordenado com os dias do mês. Mas o BdP não serve só para nos acalmar a ansiedade, o BdP tem outras serventias.
Uma das suas principais competências está relacionada com a fiscalização e regularização da atividade bancária. O BPN e o BPP são apenas dois dos variados exemplos de como o BdP exerce, com eficácia, esta sua atribuição. E depois o povo que pague, não só os custos da nacionalização dos prejuízos, mas também os chorudos ordenados e as mordomias dos responsáveis pelo BdP.
No boletim da primavera de 2005, alguns meses depois da primeira vitória eleitoral do PS de José Sócrates, o BdP anunciou um valor do défice público substantivamente mais elevado do que tinha calculado e anunciado no seu boletim anterior. Na altura (maio de 2005) teci alguns comentários sobre o assunto e que passo a transcrever: (...) toda a encenação à volta do anúncio do valor do défice público feita pelo Governador do Banco de Portugal, a justificar e a demonstrar a inevitabilidade da tomada medidas para sair da “crise” obrigam-me, em consciência, a vir a terreiro dar conta da minha indignação, não só por este facto, mas também, e sobretudo, pelo conjunto de medidas que se prevê venham a ser anunciadas pelo governo de José Sócrates com o objetivo de debelar a famigerada e permanente “crise” e combater o défice público. (...)O BdP tem outras serventias, como já referi e enunciei algumas, a serventia política será, porventura, a que melhor serve o poder. Não o poder que resulta do sufrágio eleitoral mas o poder que é exercido pelos diretórios financeiros e económicos que influenciam as políticas.
Dizia ainda no texto que publiquei a este propósito: (...) E eu, assim como muitos portugueses, ter-mos, legitimamente, muitas dúvidas de que em Fevereiro não fosse já do conhecimento do PS e do Eng. Sócrates o valor do défice público. Admito que não conhecesse o valor com a precisão das centésimas, tal como foi anunciado por Vítor Constâncio, mas sabia, com certeza, qual era a parte inteira do número divulgado esta semana. (...)O BdP, em 2005, legitimou o incumprimento das promessas eleitorais e a adoção das medidas de austeridade tomadas na altura. Vítor Constâncio é vice-presidente do Banco Central Europeu, José Sócrates estuda filosofia em Paris e o povo português continua a ser fustigado por medidas de austeridade cada vez mais gravosas impostas, desta vez pelo PSD, parceiro de alterne do PS, com apoio do acessório do centrão, o CDS/PP.
Ponta Delgada, 10 de janeiro de 2012
Uma das suas principais competências está relacionada com a fiscalização e regularização da atividade bancária. O BPN e o BPP são apenas dois dos variados exemplos de como o BdP exerce, com eficácia, esta sua atribuição. E depois o povo que pague, não só os custos da nacionalização dos prejuízos, mas também os chorudos ordenados e as mordomias dos responsáveis pelo BdP.
No boletim da primavera de 2005, alguns meses depois da primeira vitória eleitoral do PS de José Sócrates, o BdP anunciou um valor do défice público substantivamente mais elevado do que tinha calculado e anunciado no seu boletim anterior. Na altura (maio de 2005) teci alguns comentários sobre o assunto e que passo a transcrever: (...) toda a encenação à volta do anúncio do valor do défice público feita pelo Governador do Banco de Portugal, a justificar e a demonstrar a inevitabilidade da tomada medidas para sair da “crise” obrigam-me, em consciência, a vir a terreiro dar conta da minha indignação, não só por este facto, mas também, e sobretudo, pelo conjunto de medidas que se prevê venham a ser anunciadas pelo governo de José Sócrates com o objetivo de debelar a famigerada e permanente “crise” e combater o défice público. (...)O BdP tem outras serventias, como já referi e enunciei algumas, a serventia política será, porventura, a que melhor serve o poder. Não o poder que resulta do sufrágio eleitoral mas o poder que é exercido pelos diretórios financeiros e económicos que influenciam as políticas.
Dizia ainda no texto que publiquei a este propósito: (...) E eu, assim como muitos portugueses, ter-mos, legitimamente, muitas dúvidas de que em Fevereiro não fosse já do conhecimento do PS e do Eng. Sócrates o valor do défice público. Admito que não conhecesse o valor com a precisão das centésimas, tal como foi anunciado por Vítor Constâncio, mas sabia, com certeza, qual era a parte inteira do número divulgado esta semana. (...)O BdP, em 2005, legitimou o incumprimento das promessas eleitorais e a adoção das medidas de austeridade tomadas na altura. Vítor Constâncio é vice-presidente do Banco Central Europeu, José Sócrates estuda filosofia em Paris e o povo português continua a ser fustigado por medidas de austeridade cada vez mais gravosas impostas, desta vez pelo PSD, parceiro de alterne do PS, com apoio do acessório do centrão, o CDS/PP.
Ponta Delgada, 10 de janeiro de 2012
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 11 e janeiro de 2012, Ponta Delgada
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