Neste sábado, talvez por ser sábado e com a cidade envolta num manto de nevoeiro, sentia-se, respirava-se, tranquilidade. Até as gentes caminhavam mais devagar, sem pressas, até os jovens conversavam em surdina, com gestos de ternura. Talvez por ser sábado, talvez para não despertarem o mito prometido para uma manhã de nevoeiro. Mas já não era alvorecer e mitos são mitos, não se deixam perturbar e muito menos influenciar. Porquê esta quietude húmida, quente… porquê esta dolência. Não sei, mas quero-a. Quero esta serenidade envolta nas místicas brumas que chegam do Sul. E fico ali, vivendo o tempo, fico ali a contemplar o dia na cidade que tem portas e mar.
E a noite abate-se sobre a cidade que hoje se vestiu de cinzento e tudo ficou ainda mais tranquilo. A quietude da cidade é, por vezes, suspensa pela luz dos candeeiros que ladeiam as praças e avenidas numa vã tentativa de abrir brechas na densa bruma e, pelos faróis dos raros carros que teimam em embaraçar a tranquilidade deste sábado. Aqui, nesta cidade vestida de cinzento para receber a escura e longa noite.
Ponta Delgada, 26 de Outubro de 2013
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