Ao contrário do que é habitual hoje vi, em direto, parte do Telejornal da RTP 1. Necessito de informação, como qualquer mortal, mas não morro de amores pela informação que a televisões nacionais produzem, seja a pública ou as privadas. Hoje por puro acaso saí da minha rotina, não foi tão imprevisto assim, resultou bem vistas as coisas de uma preparação prévia, não para ver o telejornal, isso foi pura coincidência, mas para romper com a costumeira preparação do Natal, sem que isso signifique que deixei cair a tradição, apenas a adaptei à conjuntura familiar marcada pela ausência, por razões que a razão conhece, dos descendentes de primeira e segunda geração.
Quem se adapta muito bem é a comunicação social do “regime”, neste caso particular a RTP 1 mas, podia sem pudor estender esta capacidade de adaptação à generalidade da comunicação social nacional, Tudo bem, para não dizerem que eu nem no Natal deixo de ser do contra, direi que com raras exceções, as tais, Sim essas, as que confirmam a regra, a comunicação social nacional mastiga o acontecimento e regurgita-o ao sabor do dono. No caso da RTP 1 a coisa é um pouco mais grave porque o dono é o Povo, podem comprovar na fatura da energia elétrica, e não me parece que o Povo aprove aquela linha editorial da informação, quanto aos outros, bem esses estão ao serviço desse ente omnisciente e omnipresente que dá pelo nome, pretensamente assexuado, de mercado, com o qual o Povo acha que nada tem a ver, até um dia em que o mercado já não tenha mais sonhos para vender, aí quando já nada mais houver para perder talvez o Povo se importe, com a coisa privada e com a coisa pública.
Largos minutos da informação da noite do canal 1 da televisão pública foram passados no “El Corte Inglés”, onde hoje se venderam 3 mil bolos rei e, amanhã se espera vender, até ao princípio da tarde, 5 mil. Já não sei precisar se isto foi trabalho de investigação da jornalista ou, se foi a encarregada do espaço comercial que o afirmou durante a entrevista, Sim a reportagem teve várias entrevistas, para além da encarregada do referido espaço também os clientes tiveram o seu tempo televisivo e, ninguém se queixou, alguns dos consumidores mostraram um certo enfado mas, nada de crise nem de dificuldades. Satisfeita com a vida e com o negócio estava a encarregada daquele espaço comercial, sito à rua mais espanhola de Portugal, as vendas superaram as expetativas, ainda bem, para ela e pró amo.
Enquanto assistia a esta peça informativa assaltaram-me picos, montanhas, de dúvidas e interrogações. Quanto teria pago o “El Corte Inglés” à televisão pública em publicidade. Nada, pois aquele era um espaço informativo, logo não seria possível a emissão de fatura e recibo. Agora uma declaração de princípios: não tenho nada contra a publicidade na televisão pública. Então quem é que fez o “frete” ao “El Corte Inglés” e qual foi o “preço do frete”, Sim porque os fretes cobram-se e pagam-se.
Que raio de peça informativa foi aquela que não fez deslocar uma equipa de reportagem aos mini mercados e mercearias de um dos bairros da capital, outra realidade e outros clientes, ao interior continental ou insular, sim que as ínsulas também têm os seus interiores, outras realidades e outros clientes. Teria sido interessante a comparação, digo eu que não sou editor de informação nem jornalista de profissão, se gostava de ser, Sim, talvez há um tempo atrás, no tempo em que os jornalistas produziam informação, agora não me parece muito aliciante. Agora não. Agora é tempo de renovar a esperança e o sonho no futuro. Boas Festas.
Furnas, 23 de Dezembro de 2013
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de Dezembro de 2013, Angra do Heroísmo
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