domingo, 24 de janeiro de 2016

a-ver-o-mar

Foto - Madalena Pires
Hoje, e dissipada a magia mítica das neblinas regressou o Sol inundando de azul turquesa as ondas do mar das ilhas de bruma.
Tempo houve para olhar o mar, sempre o mar, antes de ir cumprir o dever eleitoral.


sábado, 23 de janeiro de 2016

É doce o teu olhar

O teu olhar ausente
Na imensidão do mar
Na infinidade do deserto
Na utopia que persegues
Sem sossego e sem tréguas

O teu olhar ausente
Regressou faiscando
Num perturbador
E provocante azul

O teu olhar pousa em mim
Agora é doce o teu olhar
Doce da cor do mel
Fala de amor e do sonho
Que vive em ti

O teu olhar presente
Afaga a minha alma
Dissipa as sombras
Ilumina o meu caminho

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 23 de Janeiro de 2016

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

das amigas

Foto - Madalena Pires

A amizade não tem género, nem dia. Mas tradição é tradição e o calendário anuncia, para esta quinta-feira, o “dia de amigas”.
Pois que seja um dia especial para todas as minhas amigas. E aceitem esta flor fotografada por uma grande amiga.
Não deixem nunca de celebrar a amizade no feminino, neste dia, e a amizade sem género, todos os dias.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Proteger e fiscalizar o nosso mar

Foto - Madalena Pires
O Oceano é o grande tesouro dos Açores, um manancial de recursos e de capacidade de geração sustentável de riqueza de valor incalculável.
A diversidade e abundância dos nossos ecossistemas, a variedade dos habitats, a facilidade de acesso e proximidade a espécies raras e difíceis de observar noutras paragens, a pureza intocada de grande parte dos nossos fundos marinhos, os nossos stocks piscícolas, com espécies de altíssimo valor, são uma riqueza com que a natureza nos presenteou.
Mas a este tesouro está associada uma grande responsabilidade. A responsabilidade de o proteger e de o preservar. E se muito nos falta fazer para aproveitarmos eficaz e de forma sustentável, o nosso potencial marinho, a verdade é que também não tem sido cumprida a nossa responsabilidade na sua proteção.
De dia para dia, estes tesouros que pertencem aos açorianos estão a ser roubados, estão a ser destruídos, com total impunidade dos responsáveis na maior parte dos casos.
Todos conhecemos múltiplos casos e relatos. Desde os avistamentos, em flagrante delito, de atividades de caça e pesca ilegal, são os restos de aparelhos de pesca e vestígios da sua ação destruidora encontrados em reservas marinhas e áreas protegidas. São por exemplo os meros, familiarizados com as visitas frequentes de mergulhadores de lazer, que surgem servidos no prato dos turistas, reduzindo a poucos euros o seu valor incalculável e duradouro. É o peixe que escasseia, as espécies com que os nossos pescadores contam e de que dependem, que levam súbitos sumiços. São os navios suspeitos que sabem que, para lá das 100 milhas e mesmo dentro delas, dificilmente serão fiscalizados e que sentem isso como uma licença para se servirem à vontade dos nossos recursos. O resultado infelizmente é conhecido, a contínua degradação dos rendimentos das nossas pescas, é por em causa a sustentabilidade do turismo ligado ao mar.
E o problema não reside no vazio legal, a legislação é abundante e, diria até que no essencial corresponde às necessidades e objetivos. Leis e regulamentos existem. E mesmo não concordando com todas as opções tomadas, reconheço o esforço legislativo da Região em termos da proteção dos recursos marinhos.
Foto - Madalena Pires
O problema é outro. Não é a Lei, é o seu cumprimento. O problema aqui é a fiscalização, ou melhor a sua ausência e ineficácia. Fiscalização que é essencial para que a proteção do mar e dos recursos marinhos não fique apenas como uma boa intenção publicada em Diário da República e no Jornal Oficial.
O problema aqui é sobretudo o da impunidade, que convida à descontraída repetição do delito e descredibiliza os regimes e as zonas de proteção, contradizendo a nova exigência que todos, cidadãos, partidos e poderes públicos, dizem partilhar em termos da proteção ambiental.
Existem responsabilidades da Região nesta matéria e naturalmente que as deve cumprir eficazmente, nomeadamente através de uma atuação mais proactiva, presente e consequente da Inspeção Regional do Ambiente e da Inspeção Regional das Pescas, contudo a questão mais central da fiscalização marítima do imenso mar dos Açores, coloca-se em termos dos meios e da atuação da Marinha e da Força Aérea, que compete ao Governo da República dotar dos meios necessários e adequados e, coordenar em articulação com os serviços da administração pública regional..
Em relação a este aspeto específico, o que nos compete, o que está ao nosso alcance é o de exigir ao Estado, em nome do Povo Açoriano, que cumpra as suas obrigações e responsabilidades, nomeadamente através do reforço dos meios à disposição da Marinha e da Força Aérea nos Açores, aliás como a ALRAA já recomendou, por iniciativa da Representação Parlamentar do PCP e, como reforçará essa posição com a aprovação, assim o espero, de uma nova recomendação constante num Projeto de Resolução que o PCP já apresentou na ALRAA e que só a interrupção do Plenário, devido à passagem do furacão Alex, impediu que tivesse sido discutida e votada.
Ponta Delgada, 19 de Janeiro de 2016

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 20 de Janeiro de 2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Os objetivos por detrás do PEPGRA

Foto - Jorge Góis
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores aprovou na passada semana o Plano Estratégico de Prevenção e Gestão de Resíduos dos Açores (PEPGRA). Em muitas das suas medidas este diploma continua a mesma política já instaurada no PEGRA e, por isso, enferma de muitos dos mesmos problemas e muitas das mesmas lacunas.
O primeiro problema coloca-se, desde logo, em relação ao processo de discussão pública. Não foram divulgados os dados da dimensão e dos contributos recebidos no processo de discussão pública. Não é conhecido qualquer relatório deste processo que, para além de breve, decorreu durante a época de Natal e Ano Novo o que, diga-se, não facilita a participação dos cidadãos, por outro lado neste processo de elaboração e discussão do PEPGRA, parece haver uma grande ausência, isto é, a opinião, as ideias e os contributos das associações de defesa do ambiente. Diga-se que, também não se sabe se o Conselho Regional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CRADS) discutiu ou não este assunto, nem qual o seu parecer, aliás, desde a sua instituição, em 2010, que se conhece pouco ou nada da atividade deste Conselho.
Com o PEPGRA continuam a subsistir vários problemas. O passivo ambiental das velhas lixeiras, meros buracos na terra, vão continuar a contaminar subsolo, aquíferos e águas costeiras se nada for feito, o que parece que irá acontecer pois, a selagem simples, sem retirada de resíduos, que está prevista para a maior parte das ilhas, não passa de um cobrir com terra os passivos ambientais que resultam da antigas lixeiras a céu aberto.
Os velhos aterros que ainda estão em funcionamento têm sido alvo de um total desinvestimento e devido a todos os atrasos na implementação do sistema, estão a atingir um ponto crítico, como se verifica em algumas ilhas, em que basicamente já nem se consegue cobrir convenientemente, com inertes, os resíduos depositados. Para além disso, existe regulamentação europeia para a gestão desses espaços e para a minimização do seu impacto ambiental (que prevê, por exemplo, a vedação dos terrenos ou a colocação de redes de captura de plásticos) e que não tem sido convenientemente cumprida.
Como já denunciei publicamente, têm surgido novas lixeiras, algumas criadas por autarquias locais, usufruindo de uma óbvia e inegável “vista grossa” dos serviços de ambiente. Em todo o caso, o PEPGRA nada aborda em termos da fiscalização e o panorama parece pouco prometedor tendo em conta os apenas 5mil euros que o Governo Regional inscreveu no Orçamento de 2016, e o PS aprovou, para investimento na fiscalização ambiental.
Sempre tive grandes dúvidas em relação à opção de queimar resíduos para produzir eletricidade, de entre outros motivos porque acaba por inverter os objetivos enunciados, designadamente o da redução de resíduos. A verdade iniludível é que quanto mais resíduos forem incinerados, melhor serão rentabilizadas as incineradoras. Mesmo assumindo que estas nunca serão exatamente lucrativas, a tendência de quem as gere será sempre a de minimizar esse prejuízo, interessando-se mais por queimar resíduos do que em cumprir metas de redução.
A prevista “normalização tarifária” deixa, igualmente, muitas dúvidas e receios. Fomos aprendendo com os exemplos da eletricidade e da água o que é que esta expressão significa. Trata-se de pôr o cidadão a pagar cada vez mais e mais. Será talvez um nivelamento de preços, mas a experiência mostra que é sempre ou quase sempre um nivelamento por cima. Neste caso, a normalização é feita mais uma vez, atropelando olimpicamente as competências e a autonomia dos municípios, através da entidade reguladora, supostamente “independente”, a ERSARA, atrás da qual o Governo se quer esconder, distanciando-se das suas próprias opções políticas. Portanto, existirão aqui também custos ditos “de regulação”, para financiar a ERSARA, facto que oportunamente critiquei no passado, porque se trata de um gasto inútil, já que deve ser a própria administração pública regional a exercer as suas próprias competências e a ser politicamente escrutinada.
O PEPGRA consubstancia uma política ancorada na velha visão mercantilista e privatizadora que deixa problemas antigos, mas graves, por resolver, e simultaneamente vai criando novos problemas.
Ponta Delgada, 18 de Janeiro de 2016

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 18 de Janeiro de 2016

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Intervenção na discussão do relatório da Comissão de Inquérito ao Grupo SATA

Foto - Aníbal C. Pires

Relatório da Comissão de Inquérito ao Grupo SATA
Intervenção em Plenário

Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores deputados,
Senhor Presidente do Governo,
Senhoras e Senhores membros do Governo,

A narrativa construída pelo PS na Comissão de Inquérito está, no essencial, construída na análise documental e apenas se socorre, pontualmente das inquirições realizadas quando elas se ajustam ao objetivo pretendido, e ainda assim o PS ignorou algumas provas documentais, designadamente as que suportam a análise do desequilíbrio financeiro da SATA Air Açores, que se verificou de forma acentuada em 2013.
As conclusões que foram aprovadas estão assim, e na sua maioria, contaminadas por uma visão unilateral e, como tal parciais, que visam no essencial desresponsabilizar o representante do acionista, ou seja o Governo Regional, e encontrar as razões mais espúrias para branquear uma estratégia política para o Grupo SATA que, sendo legítima, é na opinião do PCP a principal razão para o desequilíbrio financeiro do Grupo SATA e à qual o PS e o Governo se têm eximido de assumir.
Foto - Aníbal C. Pires
A maioria das conclusões aprovadas não correspondem, assim, à realidade mas para memória futura e para objeto de estudo estão a partir de hoje disponíveis para o público não só, as conclusões da Comissão de Inquérito, mas também e, sobretudo, todos os documentos solicitados pela Comissão, bem assim como as transcrições de todas as inquirições realizadas no âmbito dos trabalhos da Comissão e que, na sua maioria, o PS simplesmente ignorou. Mas os documentos estão aí para comprovar que outras podiam ser as conclusões, e que ficou demonstrado à saciedade de que a principal responsabilidade pela situação de grande fragilidade financeira que se vive no Grupo SATA resulta de uma estratégia de redução operacional, das dívidas do Governo Regional e da República ao Grupo SATA, da indicação do representante do acionista para a realização de rotas com o objetivo, legítimo, de canalizar fluxos turísticos para a Região, mas que comercialmente foram desastrosas. Por outro lado também algumas medidas tomadas a destempo, de que a introdução das branded fares é apenas um exemplo paradigmático, que contribuíram igualmente para o acumular de défices. Um dos inquiridos, por acaso, administrador do Grupo SATA durante a inquirição afirmou, a pergunta feita pela Representação Parlamentar do PCP, que o prejuízo causado pela introdução a destempo das branded fares esteve na origem de um prejuízo direto de 6 milhões de euros, diluídos nos anos de 2013 e 2014. Não consta das conclusões. Porquê!? Porque não existe prova documental, ou melhor porque em termos contabilísticos não é claro qual o período de tempo a que corresponde esse prejuízo, nem o seu valor exato. Bem mas se as afirmações de um administrador, em sede, de inquirição na Comissão não fazem fé, então o que fará, pois o próprio PS considerou que, na realidade, esta medida provocou um prejuízo direto ao Grupo SATA e, no caso particular, à SATA Internacional.

Foto - Aníbal C. Pires
Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores deputados,
Senhor Presidente do Governo,
Senhoras e Senhores membros do Governo,
A Comissão de Inquérito ao Grupo SATA tendo desenvolvido um trabalho apurado ficou, porém, aquém do que era expetável e, por conseguinte, defrauda a expetativa do povo açoriano e dos trabalhadores desta importante e estratégica empresa pública regional que continuam sem saber o que o futuro lhes reserva pois, não são tidos nem ouvidos nas decisões estratégicas do Grupo sendo eles próprios o instrumento de execução de qualquer estratégia que esteja ou venha a ser desenhada para a SATA e, diga-se em abono da verdade e do rigor, que a generalidade dos trabalhadores da SATA têm importantes contributos a dar para que o Grupo SATA possa afirmar-se no mercado do transporte aéreo como uma empresa bem-sucedida financeiramente e de referência no contexto da região da Macaronésia, mas também nos transportes aéreos internacionais, sem descurar aquela que é a sua principal missão enquanto instrumento de mobilidade dos açorianos dentro da Região e nas ligações à diáspora.
Mas, ao invés disso, o que se verificou ao longo das inquirições é que no Grupo SATA se vive, no seio dos trabalhadores, desde a placa aos quadros superiores, um clima de medo e de intimidação e, diria até, um clima persecutório. E esta afirmação não é feita de forma gratuita pois, atendendo às inquirições, isso resulta claro nas respostas e declarações de alguns dos inquiridos como se pode constatar da leitura das transcrições das inquirições.
No Grupo SATA, por responsabilidade direta dos Conselhos de Administração, não existe uma cultura que promova a identificação dos trabalhadores com a estratégia empresarial do Grupo, ainda que se assinalem, diferenças substantivas entre as diferentes empresas do Grupo. A proximidade mas, sobretudo o modelo organizacional, estabelecem profundas diferenças entre, por exemplo, a SATA Air Açores e a agora designada Azores Airlines, este é um problema devidamente identificado e para o qual se exige a tomada de medidas tendo como principal objetivo a envolvência de todos os trabalhadores do Grupo nos objetivos empresariais e estratégicos que estão definidos e que venham a ser, como se exige, reformulados pois, como todos sabemos o Plano 2015/2020, necessita de ser revisto e adequado a uma realidade que decorre do não cumprimento de alguns dos pressupostos constante no aludido plano.

Foto -Aníbal C. Pires
Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores deputados,
Senhor Presidente do Governo,
Senhoras e Senhores membros do Governo,
Para terminar esta primeira intervenção deixo apenas um exemplo bem claro da forma como o PS abusivamente concluiu em relação a alguns eventos do ano de 2013, designados, como acontecimentos não previstos e o seu impacto nos resultados do Grupo SATA, no ano de 2013.
A conclusão 8 do capítulo 1 procura justificar os maus resultados com acontecimentos não previstos e que, segundo a conclusão aprovada pelo PS, representam 42% dos impactos que contribuíram para os maus resultados do ano em causa. Mas veja-se o que representam 27% desses 42% de eventos não previstos, a reposição dos subsídios de férias aos trabalhadores. E a pergunta é, Desde quando é que o pagamento do subsídio de férias é, ou pode ser, considerado um acontecimento não previsto!? Não, o pagamento do subsídio de férias aos trabalhadores deveria estar devidamente orçamentado. Essa é que representa a normalidade do funcionamento de uma empresa.
A estratégia do PS na forma como conduziu a discussão dos trabalhos procurou, como já referi anteriormente, responsabilizar tudo e todos, até as cinzas de um vulcão islandês, sempre tendo como estratégia branquear a atuação do Governo Regional e as sucessivas administrações mas, procurando sempre e objetivamente responsabilizar os trabalhadores. Não foi é por acaso que nos eventos não previstos constam os custos da greve de 2013, que representam 12% dos impactos, mas não consta a introdução das branded fares que, se constassem representariam 18% dos impactos nos resultados negativos do Grupo SATA em 2013.

Aníbal C. Pires, Sala de Sessões, Horta, 12 de Janeiro de 2016

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Projetos vazios ou o vazio dos projetos

Foto - Ana Loura
A agenda política regional está saturada por um conjunto de factos, introduzidos artificialmente, com o objetivo de deslocar a atenção dos cidadãos. Mais uma vez, a estratégia política dos partidos que, até hoje, têm recolhido a maioria do apoio eleitoral dos açorianos tende para discutir o acessório, ao invés de procurar rumos diferentes para o progresso e desenvolvimento dos Açores.
O PS e o PSD, pela indiscutível semelhança dos seus projetos políticos, lutam por aparecerem aos olhos dos cidadãos como protagonistas. Protagonistas do que quer que seja, ainda que isso não seja nada e esconda, ou procure esconder, o vazio dos seus projetos políticos. Isto quando todos vamos ganhando cada vez mais consciência que os projetos do PS e do PSD dependem mais de orientações e imposições externas, às quais estão politicamente vinculados, do que uma ideia que esteja ancorada na realidade regional, das necessidades e do direito do Povo Açoriano ao desenvolvimento. A livre administração dos Açores pelos açorianos é, cada vez mais e tão-somente, uma bonita frase que enche a boca de alguns responsáveis políticos regionais. O primado dos regulamentos e diretivas europeias sobre a legislação nacional e regional retiram conteúdo a qualquer iniciativa regional que não se enquadre com a vontade soberana, não de Lisboa mas, de Bruxelas.
A recente recusa da Comissão Europeia de autorizar um modelo regional de apoio às exportações por via de um apoio, suportado por fundos comunitários, aos transportes de mercadorias ou, ainda, a conformação das alterações ao Fundopesca com os regulamentos europeus, dizem bem do vazio em que caiu o poder autonómico.
É cada vez menos Lisboa e cada vez mais Bruxelas que nos impede o exercício pleno das competências autonómicas consagradas estatutária e constitucionalmente. Portugal perdeu soberania e com a soberania vai-se escoando a autonomia regional, na teia da dependência financeira de Lisboa e de Bruxelas. Dependência para onde as elites nacionais e regionais nos empurraram, num processo de integração europeia em que Portugal trocou o seu direito a produzir pelos milhões dos fundos comunitários. Opção que tem os elevadíssimos custos que hoje conhecemos e para os quais, alguns de nós, na devida altura, alertámos.
Mais tarde, a adesão à moeda única europeia e sobretudo as exigências que nos foram impostas, sem qualquer esboço de negociação pela parte portuguesa, veio, a prazo, produzir efeitos devastadores na situação financeira nacional, já que a economia produtiva tinha sido completamente devastada no período subsequente à integração europeia, particularmente durante o período em que Cavaco Silva exerceu o cargo de primeiro-ministro.
Sem as ferramentas de soberania financeira, com a debilidade da economia produtiva, com a terciarização da economia nacional e as exigências da adesão ao euro vertidas no designado Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), Portugal caminhou paulatinamente para uma situação de endividamento público e privado verdadeiramente insustentável.
O FMI e alguns dos economistas mais conceituados da atualidade advogam agora o que o PCP há muito tem vindo a dizer sobre este caminho de ruína do País e de empobrecimento dos portugueses: a reestruturação da dívida e a preparação de um plano para a saída do euro. Saída que pode acontecer, por vontade própria do povo português ou, por incumprimento e uma eventual saída compulsiva da zona euro.
Vivemos num Mundo globalizado mas isso não significa que temos, para acompanhar os tempos, de alienar a nossa soberania. Mas foi isso que o PS, o PSD e o CDS/PP fizeram ao longo das últimas décadas, Venderam Portugal.
Horta, 11 de Janeiro de 2016

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 13 de Janeiro de 2016

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

David Bowie - (1947-2016)

David Bowie - (foto retirada da internet)



O "camaleão" partiu, fica a sua música e forma de estar no palco da vida. Ficam connosco as suas canções e a forma diversa como se apresentava em palco.
Mais uma estrela no céu da memória.

Preocupações de hoje e de ontem

Foto - Aníbal C. Pires
O ano de 2015 foi extremamente difícil para os açorianos e claramente negativo para a economia regional. A agricultura e as pescas, sobretudo, tiveram um ano terrível, com enormes quebras no rendimento dos produtores, resultantes em boa parte das opções políticas europeias e nacionais, e colocando em causa a viabilidade destas atividades, ameaçando lançar no desemprego e na pobreza milhares de açorianos, constituindo-se como uma catástrofe eminente para a economia regional, para que urge encontrar respostas imediatas, que terão de ir para além da distribuição de subsídios de curto-prazo.
O crescimento do sector do turismo, com ritmos claramente diferenciados nas diversas ilhas, só por si não foi, nem poderia ser, o suficiente para contrariar as enormes quebras de rendimento nos sectores mais centrais da economia regional. Da mesma forma, também não contribuiu para a criação de emprego, estável e com direitos, tendo-se limitado sobretudo a empregar mão-de-obra precária, sazonal, muitas vezes de baixas qualificações, o que não contribui para a qualidade da oferta turística do destino Açores, que é naturalmente um destino de excelência. A situação de precariedade e de baixos salários praticados no setor do Turismo, pouco ou nada acrescenta à economia regional no seu conjunto e em nada contribuem para a sustentabilidade económica do setor. A sustentabilidade do modelo económico para o turismo depende da manutenção da sua qualidade natural e singularidade, mas também da distribuição equitativa da riqueza gerada.
 A transição de 2015 para 2016 trouxe à tona d’água mais um escândalo financeiro, desta vez foi o BANIF com tudo o que isso representa, em particular, para os Açores. A situação do BANIF levanta profundas preocupações, tendo em conta a sua dimensão e importância na Região, bem como as estreitas relações que os serviços da Administração Regional mantêm com esta instituição e, sobretudo, a situação dos seus trabalhadores que de um momento para o outro ficaram integrados numa instituição financeira que já opera no mercado bancário regional e com a incerteza sobre o seu futuro a pairar no horizonte.
Importa recordar que o BANIF absorveu, em 1995 e por decisão do último governo do PSD nos Açores, uma instituição financeira pública, o Banco Comercial dos Açores (BCA) que foi privatizada sob o argumento da suposta eficiência da gestão privada que, como se veio a comprovar, serviu apenas para arruinar mais uma instituição financeira.

A privatização do BCA e a sua integração no BANIF, primeiro como o BANIF Açores e, posteriormente com a sua integração total no BANIF teve com efeito a perda de um instrumento financeiro público da Região e resultou, também, numa alteração profunda no relacionamento de proximidade com os açorianos.
A privatização do BCA, em 1995 constituiu um grave erro. Com a privatização do BCA os Açores perderam um instrumento financeiro para a promoção do desenvolvimento regional e um centro de decisão que se deslocalizou para o exterior.
O percurso deste Banco deve servir-nos de aprendizagem para o futuro, em especial para as forças e setores mais incautos, ou dogmáticos, que continuam a advogar a estafada ideia da privatização das empresas regionais, como a panaceia para todos os males e, de que a agenda de privatizações advogada pela Direção da Câmara do Comércio Indústria de Ponta Delgada é um dos exemplos paradigmáticos.
Ponta Delgada, 10 de Janeiro de 2016

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 11 de Janeiro de 2016

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A escolha de Janeiro

Foto retirada da internet
De Outubro de 2015 a Janeiro de 2016 caíram alguns dos mitos da vida política portuguesa. O resultado eleitoral de 4 de Outubro e tudo o que se lhe seguiu constituiu um sério revés para os adeptos do bipartidarismo. Foi uma chatice. E agora os candidatos a primeiro-ministro e a presidente de governo regional, afinal não há nem nunca houve. O que havia era uma mera, mas eficaz, construção mediática que se esboroou com a formação de um governo minoritário de iniciativa do PS. Pois, mas subsistem por aí muitos dos construtores das farsas eleitorais a agir como se nada se tivesse passado. Este é um tempo novo, e é tempo da comunicação social perceber que os partidos e os candidatos têm a mesma dignidade e qualquer candidatura pode, se o Povo assim quiser, sair vencedora ou capacitada para influenciar as decisões que levam à formação de governos e à indigitação do primeiro-ministro ou, é bom que nos lembremos, do presidente de um governo regional.
A 4 de Outubro de 2015 ganhou a democracia portuguesa e foi derrotada a política de empobrecimento que flagelou os portugueses e Portugal. Este terá sido o facto político mais relevante de 2015 e que pode ter, em 2016, desenvolvimentos que venham a reconfirmar essa vontade de mudança.
Em 2016 os eleitores serão chamados, já no dia 24 deste mês, a uma nova escolha. Trata-se da eleição para a Presidência da República, trata-se de mais uma oportunidade de mudança e de rutura, assim queiram os portugueses. Os candidatos estão aí e todos eles bem identificados, política e partidariamente. E se a alguns não são conhecidas ligações partidárias, outros, por muito que lhes custe, têm um vasto currículo de militância partidária, como é o caso de Marcelo Rebelo de Sousa destacado militante do PSD, partido que chegou a liderar e pelo qual foi candidato em diversas ocasiões e para diversos cargos. Os eleitores mais e menos novos habituaram-se a ver o candidato Marcelo Rebelo de Sousa como comentador televisivo, mas Marcelo não é inócuo. Marcelo representa as políticas que foram derrotadas no dia 4 de Outubro de 2015, Marcelo é assim como um sucedâneo envernizado de Cavaco Silva.
Foto retirada da internet
Mas a identificação dos candidatos à Presidência da República não pode, nem deve reduzir-se às suas ligações partidárias. Todos eles se movem sob uma matriz política e ideológica e é essa matriz que melhor os define enquanto candidatos. Quem são e que interesses defendem. Por mais que tentem esconder há alguns dos candidatos que se identificam com os interesses financeiros dominantes, que tanto têm custado aos bolsos de todos nós, neste campo jogam, para além de outros, Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém. Outros candidatos identificam-se com a Constituição e os valores da Revolução de Abril, ainda que de entre estes últimos, pela coerência, pela verticalidade, pelo projeto transformador com o qual está identificado, se destaque Edgar Silva. Candidato que eu apoio, não por mera cumplicidade partidária mas, porque Edgar Silva não se esconde e há muito que escolheu de que lado queria estar. E o Edgar está ao lado do Povo, ao lado dos trabalhadores, ao lado da defesa do ambiente e do desenvolvimento sustentável, ao lado da Constituição da República Portuguesa.
Ponta Delgada, 03 de Janeiro de 2016

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 04 de Janeiro de 2016

domingo, 3 de janeiro de 2016

Marcelo é assim como...

Foto retirada da internet






Fragmento de texto que será publicado amanhã na imprensa regional



"(...) mas Marcelo não é inócuo. Marcelo representa as políticas que foram derrotadas no dia 4 de Outubro de 2015, Marcelo é assim como um sucedâneo envernizado de Cavaco Silva. (...)"

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Monica Bellucci - a abrir Janeiro

Monica Bellucci









Mais um ano e de novo a deusa a abrir o mês no “momentos”. As fotos foram surripiadas do blogue “E Deus criou a Mulher” o qual informa que se vai retirar para uma sabática.













Monica Bellucci




Espero que seja curta a licença e que o Miguel Marujo regresse rapidamente, até lá podemos sempre rever a Monica Bellucci e outras deusas naquele que é um blogue das minhas referências.