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Como o visitante acidental ou, frequentador assíduo da “Sala de Espera”, por certo, já se deu conta: não é fácil lidar com a leveza das palavras ou, como a das plumas que tanto podem ser, tal como a cerveja, leves ou pesadas, dependendo sempre do ponto de vista e dos interesses de cada um. Veja-se a minha dificuldade para vos deixar algumas palavras que possam ser digeridas sem grande esforço, como convém, em meados de agosto.
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A “volta a Portugal em bicicleta” está na estrada há alguns dias e o campeonato da liga já teve o seu início, é assim como a transição para o fim dos dias longos, das temperaturas a convidar para a sombra verde dos parques de merendas, ou para penetrar no azul marinho das zonas balneares que ponteiam nas baías e enseadas insulares, embora, por estas paragens, o tempo permita que a transição não seja abrupta, assim haja tempo para continuar a usufruir das temperaturas amenas, do ar e do mar, que adentram pelo outono.
O regresso à realidade virá com setembro e o aumento das taxas de referência do Banco Central Europeu, de entre outros crescimentos nos preços dos produtos, bens e serviços. Não, os salários não. Já ia por um caminho que hoje não quero trilhar, vou tentar voltar ao que me propus quando iniciei este escrito. Como está recordado o propósito é procurar palavras e dar-lhe algum sentido, sem perturbar o seu bem-estar estival. Todos precisamos de momentos para sonhar e, o Verão é um período adequado para o efeito. Longe de mim qualquer ideia ou tentativa de perturbar os seus sonhos e a tão necessária tranquilidade que retempera forças para enfrentar o ano de trabalho que se avizinha. Bem sei, este discurso não se aplica a todos os cidadãos, todos podemos sonhar, mas nem todos temos tempo, alguns “nem tempo para dormir quanto mais para sonhar”. Há quem só tenha tempo para se preocupar com o pão que tem de por na mesa para alimentar a família, e pouco mais. E há quem, por opção ou obrigação, não esteja de férias e vá a banhos, apenas, ao fim da tarde, se o horário de trabalho o permitir, e, aos fins de semana procura a sombra verde dos merendários se para tal tiver como fazê-lo. Ainda assim, este é um tempo que induz ao alheamento e, como tal, a generalidade dos cidadãos “desliga-se” e deixa que aconteça. Depois logo se verá.imagem retirada da internet
O último, e longo parágrafo, não se poderá dizer que foi anódino, mas o correr da pena, que é como quem diz, pois, o que corre são os dedos pelo teclado, a pena há muito que caiu em desuso, pelo menos cá por casa, ainda há quem a use e bem, diria até que o seu uso é executado com invejável mestria por alguns amantes das letras manuscritas. Mas, como dizia, o parágrafo anterior fugiu um pouco ao espírito desta crónica, é-me muito difícil a abstração da realidade e tenho alguma dificuldade em perder tempo com futilidades, mas estou a fazer um esforço, nem grande nem pequeno, apenas algum zelo, para afastar deste texto qualquer assunto que possa quebrar a letargia em que mergulhamos durante esta estação.
foto by Madalena Pires |
Ponta Delgada, 9 de agosto de 2022
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