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De alguns anos a esta parte a direção dos Colóquios tem vindo a homenagear algumas personalidades que se destacam no campo da produção literária, na sua divulgação ou, ainda, pela carreira e contributos que ao longo da sua vida deram à divulgação e promoção do livro e da leitura. Na edição deste ano e cumprindo a tradição foram feitas homenagens a: Francisco Madruga, pelos 40 anos de carreira editorial. Do homem e da obra coube a Vasco Pereira da Costa traçar os principais traços que justificam, em pleno, o devido e merecido reconhecimento; Carolina Cordeiro, Helena Chrystello e Maria João Ruivo foram, num outro momento e contexto, alvo de uma homenagem pela sua dedicação aos Colóquios, mas também pelo seu trabalho de produção e divulgação da poesia e literatura. Miguel Lopes, falou de Carolina Cordeiro, a mim coube-me “justificar” a homenagem à Helena Christello, e, por fim, Onésimo Teotónio Almeida falou sobre a mulher, a professora e escritora Maria João Ruivo.
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Não entendam, a nota anterior como uma qualquer posição sobre o acordo ortográfico que tanto desacordo provocou, e continua a provocar, deixo essas discussões para os especialistas e respeito as diferentes posições. Eu não quis travar essa luta e, logo que se anunciou a aprendizagem da nova grafia nas escolas, aderi ao acordo ortográfico sem mais delongas.
Esta espécie de nota introdutória sobre as lusofonias e lusografias não pretende suscitar nenhum tipo de reação, a não ser despertar a vossa atenção, ou seja, serve, apenas e tão-somente, de mote para agora vos poder falar de uma mulher que tem dedicado toda a sua vida à difusão da poesia e da literatura, em particular da poesia e da literatura criada no espaço lusófono, mormente a que se se relaciona com os autores açorianos, aqui nascidos ou não.
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A Helena Chrystello é uma mulher de aspeto frágil, mas a sua inabalável determinação e amor à cultura literária transformam-na num ser capaz de superar as adversidades que a vida lhe tem colocado. As fragilidades físicas não foram impeditivas que a sua paixão pela poesia e literatura se manifestasse por onde a vida a foi encaminhando, mormente, enquanto professora.
A Helena tem um trabalho notável, enquanto educadora, de promoção da leitura entre os jovens, trabalho que, como sabemos, tem fortes concorrentes nas plataformas de comunicação audiovisual e nas redes sociais, ainda assim, a sua persistência tem dado frutos e a sua herança perdura nos leitores conquistados, nos autores antologiados e entre os seus pares.
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E outros títulos virão, ao que sei, estão prestes a “dar à estampa”, que é como quem diz estará para breve a publicação de outros trabalhos que visam, à semelhança dos anteriores, acrescentar conhecimento literário junto do público, promover os autores e divulgar aspetos peculiares e, quiçá, bem-humorados do que se vai escrevendo no universo deste arquipélago de sonhos e saudade. O trabalho realizado pela Helena, de que os títulos que atrás mencionei são exemplo, diz bem do seu profundo amor à literatura, à poesia e à língua portuguesa, mas também da sua persistência, determinação e força interior que a liberta das suas fragilidades para servir as letras, o conhecimento e a cultura com a paixão que lhe reconhecemos.
A Helena Chrystello tem contribuído, com o seu profícuo trabalho de pesquisa literária, para a divulgação e promoção da língua portuguesa. Do seu reconhecido labor resultam preciosos instrumentos didáticos para o ensino da língua e da literatura portuguesa, para a descoberta de novos autores, para além, como atrás ficou dito, de potenciar a adesão à leitura de novos públicos.
A Helena Chrystello lançou as sementes sobre um alargado conjunto de jovens de quem foi, mais uma mentora, do que uma professora. Sementes que germinam nos espíritos dos novos leitores e apaixonados pelos livros, mas constituem-se, também, como um poderoso e natural fertilizante para que novos autores possam surgir pois, a Helena transmitiu-lhes o gosto pela escrita e a força necessária para vencer os receios que a folha em branco geralmente coloca aos principiantes, mas também aos que faz tempo se aventuraram pelos caminhos da escrita.
Todos conhecem o poema que o Chrys dedicou à Helena e que tem como título “Maria Nobody” e, do qual me permito ler os seguintes versos: “nem sabes a riqueza/que a gente tem/maria nobody”
Antes de terminar voltarei a estes versos introduzindo-lhe uma pequena alteração que neste momento especial, em que se faz pública homenagem à Helena, me pareceu ser ajustada.
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“nem sabes a riqueza/que a gente tem/maria somebody”.
Maria Alguém! Sim! Helena és alguém que nos habituámos a respeitar e admirar. Sim! Helena és alguém a quem as letras e os seus obreiros devem um agradecimento. E é, justamente, esse reconhecimento, homenagem e gratidão que hoje, no culminar do 38.º Colóquio da Lusofonia, autores, leitores e amigos da poesia e da literatura te queremos demonstrar. Queremos continuar a contar contigo, maria somebody, e com o teu incansável labor de pesquisa e divulgação literária.
Obrigado, Helena!”
Arranhó, 17 de outubro de 2023
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