Estamos em plena campanha eleitoral e não há como fugir ao tema. Dirão alguns leitores mais cépticos, acomodados, descrentes, descontentes, zangados e outros porque não vêem com bons olhos a opinião publicada de quem, assumida e conscientemente, optou por estar está ao lado dos que mais sofrem com as opções políticas que colocaram o País na dependência externa e sujeitam Portugal à ingerência de entidades ilegítimas. Dirão esses leitores que temas alternativos não faltam. Eu direi que não! Não há como fugir ao tema pois o momento é grave e, para lá do “folclore” eleitoral está em causa o futuro. O futuro da autonomia regional, o futuro do país, o modelo de sociedade que queremos para os nossos filhos e para os nossos netos.
Costumo dizer que estou do lado certo da vida! E não é uma afirmação gratuita. Estou do lado certo da vida, porque estou ao lado do povo do qual nasci e ao qual pertenço. Tenho rosto e identidade, transporto comigo uma matriz cultural e um ideal de Democracia económica, social e cultural e não posso, não quero e não devo abdicar de participar e intervir, exercendo assim um direito e, sobretudo, cumprindo um dever que tenho para com um povo que ao longo de 900 anos sempre soube preservar a sua identidade e lutar pela sua independência e soberania.
O discurso patriótico faz hoje tanto sentido como fez por altura do ultimato inglês. Portugal está a ser vítima de uma inaceitável ingerência externa e as “elites”, política e económica, uma vez mais cedem aos interesses estrangeiros e prestam vassalagem a Berlim, Bruxelas, Paris e Washington.
Não é por acaso que defendo uma alternativa patriótica, não é por acaso que defendo uma solução que terá de passar pela ruptura com as políticas que colocaram Portugal de joelhos perante os oligopólios económicos e financeiros, não é assim por acaso que defendo como solução um governo patriótico e de esquerda, de esquerda porque de direita têm sido os governos e as práticas de exercício do poder em Portugal nos últimos 35 anos.
Ao contrário de Carlos César não quero como solução de governo aquilo que o Presidente do PS Açores apelidou de “governo amigo”, o que o Povo açoriano precisa é de respeito pela sua autonomia e de um governo que cumpra o que institucionalmente está obrigado.
Longe vão os tempos em que a Região andava de mão estendida a esmolar o que era seu por direito próprio. Esmola que poderia ser maior ou menor conforme na República o governo fosse mais ou menos “amigo”.
O que está em causa não é ter um “governo amigo” pois os danos colaterais podem ter um efeito devastador, o que está em causa para os Açores e para Portugal é o respeito pela Autonomia e pela Constituição, o que está em causa para os Açores e para Portugal é saber e escolher quem pode garantir a defesa e respeito do património autonómico e constitucional e quem se dispõe a romper com modelos de desenvolvimento e protagonistas que como se vai percebendo já estão fora do prazo de validade.
Ponta Delgada, 24 de Maio de 2011
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de Maio de 2011, Angra do Heroísmo
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