A crise que o país atravessa é a consequência das políticas levadas a cabo por PS, PSD e CDS-PP ao longo das últimas décadas. O desmantelamento da capacidade produtiva nacional, as privatizações com prejuízo do interesse público, a alienação da soberania nacional e a subordinação aos interesses e estratégias dos grandes grupos económicos e financeiros, não só trouxeram cada vez mais sacrifícios para a generalidade da população portuguesa, como aprofundaram a nossa dependência externa, tornando Portugal um país mais desigual, endividado e injusto.
Também nos Açores se fazem sentir com gravidade os efeitos destas políticas destrutivas. Somos, por causa delas, a Região do país com o salário médio mais baixo e um dos mais baixos PIB per capita, enquanto suportamos um custo de vida mais elevado. Os açorianos têm uma vida cada vez mais difícil.
A paralisação da economia regional, as dificuldades do sector produtivo, o crescimento do desemprego, da pobreza e da exclusão social demonstram como os efeitos da crise e das medidas recessivas tomadas em sucessivos PEC’s são ainda mais graves nos Açores, devido à fragilidade da nossa economia e às características específicas do nosso arquipélago.
Mas, mais do que mudança de protagonistas precisamos de alternativas políticas e essas alternativas políticas e económicas. Portugal não está fadado a ter que aceitar a mesma receita daqueles que até hoje conduziram o país para a dependência e para o crescente endividamento. Há alternativa à recessão económica, à dependência externa e ao aumento do desemprego, com a aposta na produção nacional, na dinamização do nosso aparelho produtivo. Produzindo mais criamos mais riqueza, mais emprego e até mais recursos para fazer face à dívida e ao défice orçamental.
Alternativas políticas que apostem de forma decidida na nossa capacidade produtiva, apoiando quem produz em vez de usar os fundos europeus para abater embarcações de pesca ou incentivar o abandono de actividade de agricultores, políticas que rompam de uma vez por todas com os dogmas neoliberais e intervenham nos mercados, garantindo um preço justo para os nossos produtos agrícolas e da pesca, limitando as enormes margens de lucro dos grandes intermediários, políticas que combatam a recessão, dinamizando o nosso mercado interno e dando maior poder de compra às famílias açorianas.
As próximas eleições, sendo realizadas num ambiente de profunda crise, exigem que os açorianos recusem a chantagem que PS, PSD e CDS-PP querem fazer e se assumam como mulheres e homens livres, que querem e que lutam por um futuro melhor para os seus filhos, para a sua Região e para o seu País.
Nas eleições de 5 de Junho decide-se o futuro e, a escolha é entre a liberdade e a submissão, a escolha é entre a independência nacional e o colonialismo político e financeiro.
Aos portugueses onde quer que vivam e votem cabe-lhes dar corpo à divisa que os Açores adoptaram para o seu brasão de armas: “antes morrer livres que em paz sujeitos”.
Esta expressão foi utilizada por Ciprião de Figueiredo em carta, datada de 13 de Fevereiro de 1582, dirigida a Filipe II de Castela, recusando a sujeição da ilha Terceira a troco de benefícios. Dizia então Ciprião de Figueiredo, Corregedor dos Açores, em resposta a Filipe II: "... As couzas que padecem os moradores desse afligido reyno, bastarão para vos desenganar que os que estão fora desse pezado jugo, quererião antes morrer livres, que em paz sujeitos. Nem eu darei aos moradores desta ilha outro conselho ... porque um morrer bem é viver perpetuamente (...)
Ponta Delgada, 03 de Maio de 2011
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 04 de Maio de 2011, Angra do Heroísmo
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