De concursos, elefantes e bentos tratarei numa outra oportunidade se considerar que se justifica desmitificar um assunto que tem mais de ruído do que substância, porém, hoje sempre direi que a pretensão de um sindicato, de um partido político e de alguns professores contratados era:
i) a realização de um concurso externo para integração na carreira dos professores contratados, excluindo do acesso às novas vagas dos quadros os professores já integrados na carreira, nada mais justo dirão os professores do quadro, vulgo efetivos. Quando os professores no início, no meio ou no fim da carreira, percebessem a manigância que lhes estavam a preparar, isso sim seria contestação;
ii) não satisfeitos, o sindicato, o partido e alguns professores contratados, propunham-se criar quadros de ilha, descaracterizando o posto de trabalho que, como sabemos, não pode e sobretudo, não deve ser uma área geográfica, com todos os perigos que daí advêm, quer para os contratados que vierem a ser integrados na carreira, quer para os professores dos quadros, sobretudo, os dos grupos e áreas disciplinares onde os horários na Unidade Orgânica escasseiam e que, mais tarde ou mais cedo Direção Regional de Educação colocaria no tal quadro de ilha. Isto é que é defender os professores, digo eu. Não, não digo. Isto é imediatismo que decorre de uma atitude leviana. A defesa dos professores, da Escola Pública de Qualidade, a defesa dos interesses das crianças e jovens que frequentam Sistema Educativo Regional, é um pouco mais do que isto e passa, sobretudo, por fazer a defesa de todos os Educadores e Professores, sem distinção entre professores contratados e/ou professores do quadro,
Não querendo retirar nenhuma importância ao assunto existem, contudo, outras preocupações de igual relevância para os Açores e para o seu Povo sobre as quais importa tecer algumas reflexões, como seja por exemplo a defesa do Mar dos Açores.
Somos a Região portuguesa que dá verdadeira dimensão Atlântica à União Europeia. Temos, no nosso mar, recursos naturais de um valor incalculável que são alvo da cobiça dos grandes interesses estrangeiros. Recursos pesqueiros, materiais com interesse para a indústria da biotecnologia e recursos minerais que pertencem ao Povo, aos Açores e a Portugal.
A luta pela soberania nacional sobre as 200 milhas da Zona Económica Exclusiva não é, não pode ser, uma questão simbólica. Tem um valor económico real, valor que tem de reverter para os Açores e para o País no seu conjunto. A proteção e defesa do Mar dos Açores constitui-se, também, como uma questão essencial na recuperação da soberania nacional.
PS, PSD e CDS, hipocritamente, dizem nos Açores lamentar muito o que os seus próprios partidos aprovaram na República e em Bruxelas. Foram estes partidos que aprovaram os tratados que nos roubaram a soberania sobre a Zona Económica Exclusiva. Foram estes três partidos, foram e continuam a ser, os cúmplices ativos da política de rapina dos recursos regionais e nacionais.
A proximidade das eleições para o Parlamento Europeu coloca esta e outras questões na agenda política regional e nacional é este o tempo de imputar responsabilidades aos “vendilhões” da Região e de Portugal, é este o tempo de penalizar política e eleitoralmente os partidos da troika nacional, é este o tempo de levar a luta até ao voto e dar apoio a quem, com coerência e desde sempre, combateu o roubo da nossa soberania marítima, a quem não vacila na defesa dos interesses regionais e nacionais e não se “vende” ao diretório político da União Europeia e aos interesses financeiros que o comandam.
Ponta Delgada, 25 de Fevereiro de 2014
Aníbal C. Pires, In Diário Insular et Açores 9, 26 de Fevereiro de 2014
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