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As mobilizações massivas feitas por via das corporações mediáticas, não pelo valor intrínseco dos eventos ou das atitudes, mas pelos interesses económicos privados que lhe estão associados e, porque não dizê-lo, pelo domínio das consciências, é um dos atributos das sociedades mediatizadas e, ditas, modernas.
A padronização dos hábitos de consumo, a criação de necessidades e de “novos produtos” que prolongam o ciclo de vida dos “velhos produtos” e outras estratégias de marketing e da engenharia do saber vender o que quer que seja são, igualmente, características da sociedade da abundância ou, olhando de um outro ponto de vista, da sociedade do desperdício e da insustentabilidade.
Não faço juízos de valor sobre os acontecimentos, obras, produtos ou iniciativas que, e a título de mero exemplo, venha a referenciar ou que já tenha referenciado. Que fique claro são, apenas e só, Exemplos.
Não vou ao “Rock in Rio” por uma opção de resistência construída no argumento do “Eu vou ao Rock in Rio”, não vejo os “Morangos com Açúcar” porque toda a gente vê, não vou pôr a bandeira nacional na janela, ou no carro, durante o mundial de futebol, porque toda a gente a vai pôr. Toda a gente vai, toda a gente faz, toda gente vê, toda a gente compra, Eu não, mesmo que isso seja politicamente incorreto e que me olhem como um animal tresmalhado do seu rebanho.
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Enfim as habituais modernices com que sistematicamente nos brindam, medidas ancoradas na obsessão do défice e da dívida pública com que se justificam os cortes no rendimento de quem trabalha e o aumento da tributação fiscal. Como se a solução fosse essa e, em boa verdade, não é. Tirar a quem mais necessita para salvar o setor financeiro, é submissão e dependência e não tem nada de moderno ou inovador mas, se assim for então prefiro o contrário, tão antigo e ortodoxo como o Robin Hood.
Não me importo de não ser politicamente correto ou de estar a remar contra a maré quando digo, Não vou ao “Rock in Rio”.
Importa-me, porém, que os hábitos nos sejam induzidos artificialmente, com base em falsos pressupostos ancorados nos inevitáveis efeitos e benefícios da mundialização, mercês que deixam de fora uma imensa maioria e, nos discursos vazios de conteúdo mas, prenhes de intenção em satisfazer os interesses de uma pequena minoria.
Há pouco tempo um anúncio publicitário terminava com as seguintes palavras de uma conhecida figura televisiva, “Isto é verdade não é publicidade.”
Aos cidadãos, não digo às cidadãs e aos cidadãos, talvez porque não seja tão inovador, moderno e criativo como outros ou, talvez, porque não seja necessária a redundância para incluir os géneros. Tenho de verificar se isto é cientificamente correto porque, politicamente é, de certeza, incorreto. Mas, como dizia, aos cidadãos compete avaliar o que é verdade e o que não passa de publicidade no discurso e na prática política, e optar para lá da atrativa embalagem com que nos apresentam um produto cuja composição pode não ser bem a que desejamos e nos é útil.
Ponta Delgada, 25 de Maio de 2006
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