Foto by Madalena Pires |
Como já afirmei, durante os primeiros meses do ano de 2017 o desemprego desceu em todas as regiões do país o que naturalmente corresponde a um efeito da inversão das políticas recessivas e de austeridade e concomitantemente ao crescimento económico que se verificou em Portugal. Nada de novo, os dados do IEFP só comprovam que o crescimento económico se relaciona diretamente com o aumento do rendimento disponível da generalidade das famílias que, por sua vez, resulta do aumento do valor do trabalho. Não é só, mas é-o também.
Quando se analisa a evolução por região verificamos que em Janeiro de 2017 o Algarve (-7,5%) e os Açores (-10,6%) foram as regiões onde o desemprego registou a menor variação mensal homóloga, ou seja, todas as outras regiões tiveram variações superiores, sendo a região Centro a que apresentava o maior contributo para a diminuição do desemprego no país (-17,2%), e por conseguinte superior à média nacional (-13,3%).
Quanto aos restantes meses (até Julho de 2017) verificaram-se algumas alterações, mas a tendência de diminuição de desemprego em todas as regiões do país manteve-se. Os Açores passaram, logo em Fevereiro (-10,3%) a ser a região com a menor variação homóloga mensal e aí se mantiveram ao longo dos meses de Março (-10%), Abril (-9,8%), Maio (-9,8%), Junho (-14,4%) e Julho (-12,1%). Apenas para se ficar com uma ideia aproximada deixo aqui os valores que foram apurados para o país da variação homóloga mensal durante os meses de Fevereiro (-15,3%), Março (-18%), Abril (-19,9%), Maio (-19,2%), Junho (-18,3%) e Julho (-16,4%). A variação nacional do mês de Janeiro não foi agora referida uma vez que já tinha sido referenciada no parágrafo anterior.
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Mas se na República aconteceu e os resultados estão à vista, nos Açores nem por isso. O Governo Regional e a maioria absoluta do PS têm vindo, sistematicamente, a negar as propostas que visam a valorização do trabalho, com o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo regional, ou da remuneração complementar, ou ainda o aumento do rendimento disponível das famílias por via da adoção de medidas que visam a gratuitidade dos manuais escolares para o 1.º Ciclo do Ensino Básico, uma redução do valor da fatura paga à EDA, a abolição das taxas moderadoras ou, ainda, a redução da taxa superior do IVA de 18 para 16%.
Talvez por esta negação, Talvez por isso, num quadro de crescimento económico na Região, sejam os Açores a região do País onde o desemprego, ao longo dos primeiros sete meses de 2017, menos tem contribuído para a redução da taxa de desemprego a nível nacional. Isto sem considerar que os números do desemprego na Região estão mascarados por um sem número de expedientes e que a realidade é bem diferente da que nos é apresentada pelas estatísticas.
Ponta Delgada, 11 de Setembro de 2017
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 13 de Setembro de 2017
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