Foto by Madalena Pires (2017) |
A semana passada a propósito da realização de um almoço seguido de uma conferência, promovida por um jornal diário de Ponta Delgada, em que o orador convidado foi João Vale de Almeida, embaixador da União Europeia (UE) junto da Organização das Nações Unidas (ONU), vivi momentos de reencontro com amigos com quem não privava há muito tempo e, foi muito bom. Conheci outros cidadãos com quem mantive uma agradável conversa sobre algumas questões da atualidade política regional e, foi muito agradável.
Já quanto ao conteúdo da conferência do Embaixador João Vale de Almeida não posso dizer a mesma coisa, embora tivesse sido interessante para perceber o que pensam e como agem os donos do Mundo de quem este embaixador é um fiel representante e, para quem trabalha já há umas dezenas de anos. Um breve olhar sobre as notas biográficas e curriculares de João Vale de Almeida é suficiente para sustentar o que atrás ficou dito. Não sendo diplomata de carreira, o atual embaixador da UE, na ONU, lida com a diplomacia mundial há três décadas, trabalhou com Jacques Delors, foi o chamado “braço direito” de Durão Barroso na presidência da Comissão da UE, e negociou agendas e compromissos em nome dos grupos e personalidades mais poderosos do Mundo, no âmbito do G8.
Para João Vale de Almeida ter a confiança deles, não pode nem deve merecer a confiança dos povos. Não podemos, nem devemos esquecer que, por conta dos seus patrões, os povos, um pouco por todo o Mundo, sofreram os efeitos nefastos da agenda neoliberal que domina quer na UE, quer nos Estados Unidos.
Imagem retirada da Internet |
O embaixador da UE junto da ONU referiu ainda outros aspetos que podem colocar em causa as democracias liberais, dando como exemplo a “anexação” da Crimeia pela Federação Russa esquecendo, porém, de se referir ao golpe de estado que colocou um governo da extrema direita, diria mesmo de cariz neonazi, na Ucrânia com o apoio explicito das, por ele, designadas democracias liberais, e que bem vistas as coisas transformam a “anexação” da Crimeia num ato defensivo da Federação Russa e não, como se pode subentender das palavras de João Vale de Almeida, num ato ofensivo ou expansionista.
Estes espaços valem pelos reencontros com velhos amigos, mas também para perceber que com os representantes ao serviço dos donos do Mundo, não há ONU que nos valha. Se é que sobre isso subsistiam dúvidas.
Ponta Delgada, 23 de Outubro de 2017
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 25 de Outubro de 2017
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