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Interessando-me e acompanhando o que se passa no Mundo tenho, porém, evitado escrever e partilhar alguma reflexão sobre algumas das questões que já referi e outras, como por exemplo a situação na Venezuela, da qual se deixou de ouvir falar tão de amiúde, talvez porque num recente ato eleitoral, Não, não foi para a constituinte, a oposição ao governo tenha sofrido uma das suas maiores derrotas. Como dizia, interesso-me e acompanho, mas na verdade tenho evitado escrever e comentar o que quer que seja que vá para além dos assuntos regionais e nacionais. Talvez por uma questão de hierarquização, pela atualidade temática, enfim prioridades, ou talvez por acaso. Talvez por qualquer uma das razões já enumeradas ou, quem sabe, e eu em boa verdade não sei, porque as corporações mediáticas intoxicam a opinião pública com uma visão unilateral dos acontecimentos, ou pura e simplesmente omitem a divulgação de alguns acontecimentos. Omissões que se devem, não tenho dúvidas, aos critérios editoriais. Critérios contra os quais não há nada a fazer, os critérios e editoriais que tudo justificam, mesmo o que não tendo fundamento nenhum, a não ser o dos donos das ditas corporações.
Depois destes dois longos parágrafos é legítimo perguntarem ao autor, mas afinal o que é que pretendes com esse arrazoado, Nada de especial, direi eu. Mas já que perguntam e para ilustrar o que tenho vindo a dizer vamos ao caso da declaração de independência da República da Catalunha, Pois o referendo também colocava essa questão, Independência e República. Quem analisa e trata estes assuntos com seriedade dirá, Nem podia ser de outra forma a separação de Espanha e a proclamação da República da Catalunha são indivisíveis. O certo é que a questão da proclamação da República não tem sido objeto de grande atenção pelas corporações mediáticas, o foco tem estado centrado apenas e tão-somente na independência. Mas isso são contas de outro rosário.
De momento importa perceber, se é que há alguma coisa para perceber, a dualidade de critérios jornalísticos, de posicionamentos políticos e institucionais sobre situações idênticas e que tiveram lugar no espaço europeu e nas últimas décadas. O reconhecimento internacional da independência da Bósnia-Herzegovina, da Croácia, da Macedónia, da Eslovénia, do Montenegro e, mais tarde, em 2008, o Kosovo, foi imediato. Todos eles eram territórios, em conjunto com a Sérvia, da antiga Jugoslávia, mas nem todos, ao longo da sua história, em algum momento constituíram estados independentes, como seja o caso da Bósnia-Herzegovina e do Kosovo.
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Um olhar sobre a comunicação social, da época, sobre a questão do Kosovo e a lista dos países que se apressaram a reconhecer a criação artificial de um novo estado, diz bem da dualidade de critérios jornalísticos, políticos e institucionais face a situações idênticas.
Ponta Delgada, 30 de Outubro de 2017
Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 01 de Novembro de 2017
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