Foto by Aníbal C. Pires |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Esta crónica foi para a antena a 29 de Setembro de 2018 e pode ser ouvida aqui
A SATA pode e deve crescer
Foto by João Pires (Lisboa, 2018) |
Segunda a informação disponibilizada pelo SATA as ligações da Azores Airlines a Lisboa e ao Porto, ao Funchal, à Europa, aos Estados Unidos e ao Canadá vão ser objeto de um aumento de frequências e, por conseguinte, a uma maior oferta de lugares. É um aumento de 21428 lugares e é esperado que a procura cresça 3% face ao período homólogo do Inverno IATA de 2017/2018.
Só posso ficar satisfeito com o esperado crescimento da procura. Mas mais satisfeito ainda com a resposta do Grupo a essa previsão. Resta saber se a capacidade operacional da Azores Airlines consegue satisfazer este objetivo comercial.
Esta minha dúvida fundamenta-se, no essencial, em dois pilares. O primeiro relaciona-se com a descoordenação existente, pelo menos até há pouco tempo atrás, entre a área comercial e a área operacional. De uma forma simplista pode dizer-se que os compromissos comerciais assumidos não tinham em devida conta os recursos operacionais, em particular tripulações. Todos temos na memória alguns cancelamentos e atrasos, de um e mais dias, em voos da Azores Airlines tendo sido dada pública justificação de que essas irregularidades se ficavam a dever a falta de tripulações. O segundo pilar onde escoro a minha dúvida relaciona-se com a prevista saída de pilotos da Azores Airlines, sendo que a sua reposição e até o necessário reforço vai levar alguns meses, ou seja, havendo muitos pilotos disponíveis no mercado é sabido que a sua qualificação, para poderem operar autonomamente, pode demorar alguns meses.
Mas tudo isto deve ter sido pensado e a sua execução deve estar em curso, Assim o espero pois, o que desejo, e sempre defendi, é que o Grupo SATA possa expandir-se no mercado do transporte aéreo e ultrapasse as atuais dificuldades financeiras o que pode ser conseguido sem a alienação de parte do seu capital social ao setor privado.
Foto by Aníbal C. Pires |
Não estou à espera que o atual e recentemente nomeado Conselho de Administração tenha, no imediato, resolvido estes e outros problemas de que enferma o Grupo SATA, mas o reforço da operação de Inverno pode ser um bom sinal de que outras rotas estão a ser traçadas.
A SATA é um instrumento da autonomia açoriana do qual não podemos, nem devemos abdicar.
O Grupo SATA tem tudo para competir no mercado do transporte aéreo e a privatização de 49% do seu capital, numa tramitação cujos contornos estão envoltos numa densa bruma, resulta de uma opção política que, em minha opinião, era dispensável, para além de ser indesejável pois, trata-se, como por certo concordará de um setor estratégico para a autonomia regional e como tal devia manter-se, integralmente, no domínio público.
Gostei de estar consigo. Fique bem.
Voltarei no próximo sábado. Até lá.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 29 de Setembro de 2018
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