domingo, 9 de dezembro de 2018

Afinal o que é que muda - crónicas radiofónicas

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Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 22 de Setembro de 2018 e pode ser ouvida aqui






Afinal o que é que muda

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A substituição de alguns diretores regionais e de administradores de organismos públicos, que o Governo de Vasco Cordeiro, de forma abusiva, designou de renovação da equipa. Abusiva, desde logo, porque, quer os diretores regionais, quer as administrações das diferentes empresas públicas não se constituem como equipas e, nalguns casos nem sequer interagem entre si. Eu diria que, nem mesmo este Governo é uma equipa, mas isso é uma outra estória que a história da autonomia regional poderá, ou não, vir a registar. Abusiva porque se trata, tão-somente, da mera substituição de executores tutelados por quem, verdadeiramente, define as políticas, e essas, as políticas, não mudam com a troca de diretores regionais.
As leituras políticas são diversas. Para o Governo Regional trata-se, como já disse, de uma renovação e, logo um sinal de vitalidade e mudança. Para as oposições um sinal de fraqueza, de fim de ciclo ou, de satisfação de clientelas. Para a generalidade da população todo este processo terá passado sem que lhe tenha sido dado muita importância, e, cá para mim assim é, pois, esta decisão do Governo regional não tem dimensão política que valha grandes e apaixonadas discussões.
A substituição de diretores regionais constitui-se como um processo político que nada tem de especial e sobre o qual pouco há a dizer. Percebo a adjetivação do Governo Regional, bem assim como entendo as tomadas de posição públicas por alguns dos partidos políticos da oposição, mas objetivamente nem um argumento, nem outro, têm fundamento.
Que mudanças políticas ocorrerão com esta “renovação”, Cá para mim nenhumas, até porque como se sabe os diretores regionais não são membros do governo. E o tempo o dirá. Garantindo-lhe que se algo mudar cá estarei para o reconhecer.

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Não sei que motivos estiveram na origem das substituições, mas sei que os motivos foram diversos. Em alguns dos casos terá sido por manifesto interesse, por razões de ordem pessoal, em cessar funções, noutros casos terão sido substituídos por falta de adaptação à função, e, ainda em outros casos por necessidade de satisfação de interesses puramente partidários.  Mas, como já lhe disse, tudo isso vale o que vale e, cá para mim, vale muito pouco para a nossa vida coletiva.
Pode perguntar, Então porquê este assunto e não outro que seja verdadeiramente importante. Bem, Porque considero que a desconstrução destes processos políticos é mais relevante do que o procedimento em si mesmo e, como tal o melhor é remetê-los para o valor que realmente têm, ou seja, não atrasam nem adiantam. São processos de utilidade política nula, servem apenas para alimentar a ideia de mudança e, para nos entreter com questões marginais.
A substituição de diretores regionais e membros dos Conselhos de Administração de algumas empresas públicas, anunciadas no passado dia 18 de Setembro, não é mais do que a construção de uma representação (imagem) de capacidade de recrutamento de quadros, de avaliação do trabalho político desenvolvido e, sobretudo, de demonstração de capacidade de introduzir correções ao rumo. Enfim, pura diversão para eleitor ver.

Gostei de estar consigo. Fique bem.
Voltarei no próximo sábado. Até lá.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 22 de Setembro de 2018

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