foto de Madalena Pires |
A poesia, sendo para comer como disse Natália Correia, é uma necessidade diária.
Hoje o calendário das celebrações dedica-lhe o dia. A exaltação da poesia coincide com o dia em que a árvore e a floresta se festejam. Não sei se é uma feliz coincidência, não me interessa conhecer as razões que estão na origem deste acaso, se é que foi por mera casualidade, ou outras mais intencionais e historicamente sustentadas razões, não me incomoda e em nada diminui a importância simbólica, mas objetiva e sublime, da poesia como arte, ou a relevância da árvore e da floresta para a qualidade de vida no planeta.
Fica o poema e as imagens para celebrar este dia partilhado.
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
ALBERTO CAEIRO
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