É incontornável não tecer algumas considerações sobre o caso RTP Açores e RTP Madeira e a intenção do governo da República, dada a conhecer pelo ministro Miguel Relvas, em reduzir a emissão destes centros regionais para 4 horas diárias, justamente a janela horária em que a programação dos canais nacionais mais pressão exerce sobre os potenciais telespetadores destes dois centros regionais.
A questão não é nova! A necessidade de reestruturação, desde logo, da RTP, SA e, no quadro da empresa de serviço público, dos respetivos centros regionais dos Açores e da Madeira é transversal à sociedade portuguesa. No caso particular dos centros regionais serão os açorianos e os madeirenses os primeiros interessados na sua reestruturação.
Diz o ministro que não é possível gastar mais de 24 milhões de euros com a televisão nos Açores e na Madeira. É muito dinheiro! Sem dúvida. E em tempo de sufoco financeiro esta afirmação de Miguel Relvas só pode colher apoio, designadamente no espaço continental e entre os cidadãos que não conhecem a realidade insular e arquipelágica, em particular a dos Açores.
Importa perguntar ao ministro se os 13 milhões alocados à RTP Açores são efetivamente usados para o funcionamento e produção do canal regional ou se se perdem pelo caminho!? Pode-se também perguntar ao ministro se ao invés da centralização administrativa e financeira que carateriza a RTP, SA não seria menos dispendioso e mais eficaz conceder aos centros regionais autonomia administrativa e financeira!? E o que pensa o senhor ministro do desperdício que representam os salários milionários do Conselho de Administração e de alguns “colaboradores” da empresa!? Ou o que pensa sobre a deslocação de uma equipa para Nova York para cobrir o caso DSK, quando todos sabemos que nos Estados Unidos reside e trabalha permanentemente um correspondente da RTP!? Que pensará o ministro quando a RTP envia para os Açores e para a Madeira equipas de reportagem escamoteando o fato de nas regiões existirem meios (exíguos, mas existem) e recursos humanos dotados de um conhecimento quotidiano da realidade que quem chega e parte uns dias depois nunca chegará sequer a percecionar?
Nada disto deve preocupar o ministro, digo eu. A principal preocupação, também sou eu que digo, advém da cartilha neoliberal que serve de bússola ao governo da República, governo do PSD/CDS é bom lembrar. Catecismo que visa, como já se verificou na venda do BPN, pagar o défice das empresas públicas e leiloá-las no mercado, ainda assim com a arrematação a ser viciada, como também o indicia a venda do referido banco. Todos conhecemos, é público, as ligações deste e de outros ministros a grupos económicos e interesses do capital financeiro nacional e estrangeiro. Miguel Relvas não passa de mais um títere ao serviço do capital que o acaso, não a vontade dos portugueses que elegem deputados e não ministros, colocou na comissão liquidatária do Estado português e mais não faz do que servir fielmente o seu amo.
Mas voltemos à RTP, SA a quem cabe cumprir o serviço público de rádio e televisão em todo o território nacional, nos Açores e na Madeira, como sabemos, esse serviço público só é eficaz e cabalmente realizado com a existência canais regionais, o ministro também o sabe mas para ele isso não tem significado e pouco lhe importa. Importante para Miguel Relvas, mesmo importante, é liquidar o Estado e desbaratá-lo pelos privados e, só assim se compreende a proposta de Duarte Freitas e os silêncios de Berta Cabral.
Duas notas finais. A primeira é uma saudação ao movimento criado no Facebook sob o lema “Unidos pela RTP Açores”, a segunda para informar que a partir de hoje os textos são escritos ao abrigo do acordo ortográfico ao qual adiro sem nenhum preconceito, não o tendo feito antes por não dispor de um conversor informático. Agora, com o dito conversor, tudo se tornou mais fácil e célere se facto, digo fato, funcionar.
Ponta Delgada, 04 de setembro de 2011
A questão não é nova! A necessidade de reestruturação, desde logo, da RTP, SA e, no quadro da empresa de serviço público, dos respetivos centros regionais dos Açores e da Madeira é transversal à sociedade portuguesa. No caso particular dos centros regionais serão os açorianos e os madeirenses os primeiros interessados na sua reestruturação.
Diz o ministro que não é possível gastar mais de 24 milhões de euros com a televisão nos Açores e na Madeira. É muito dinheiro! Sem dúvida. E em tempo de sufoco financeiro esta afirmação de Miguel Relvas só pode colher apoio, designadamente no espaço continental e entre os cidadãos que não conhecem a realidade insular e arquipelágica, em particular a dos Açores.
Importa perguntar ao ministro se os 13 milhões alocados à RTP Açores são efetivamente usados para o funcionamento e produção do canal regional ou se se perdem pelo caminho!? Pode-se também perguntar ao ministro se ao invés da centralização administrativa e financeira que carateriza a RTP, SA não seria menos dispendioso e mais eficaz conceder aos centros regionais autonomia administrativa e financeira!? E o que pensa o senhor ministro do desperdício que representam os salários milionários do Conselho de Administração e de alguns “colaboradores” da empresa!? Ou o que pensa sobre a deslocação de uma equipa para Nova York para cobrir o caso DSK, quando todos sabemos que nos Estados Unidos reside e trabalha permanentemente um correspondente da RTP!? Que pensará o ministro quando a RTP envia para os Açores e para a Madeira equipas de reportagem escamoteando o fato de nas regiões existirem meios (exíguos, mas existem) e recursos humanos dotados de um conhecimento quotidiano da realidade que quem chega e parte uns dias depois nunca chegará sequer a percecionar?
Nada disto deve preocupar o ministro, digo eu. A principal preocupação, também sou eu que digo, advém da cartilha neoliberal que serve de bússola ao governo da República, governo do PSD/CDS é bom lembrar. Catecismo que visa, como já se verificou na venda do BPN, pagar o défice das empresas públicas e leiloá-las no mercado, ainda assim com a arrematação a ser viciada, como também o indicia a venda do referido banco. Todos conhecemos, é público, as ligações deste e de outros ministros a grupos económicos e interesses do capital financeiro nacional e estrangeiro. Miguel Relvas não passa de mais um títere ao serviço do capital que o acaso, não a vontade dos portugueses que elegem deputados e não ministros, colocou na comissão liquidatária do Estado português e mais não faz do que servir fielmente o seu amo.
Mas voltemos à RTP, SA a quem cabe cumprir o serviço público de rádio e televisão em todo o território nacional, nos Açores e na Madeira, como sabemos, esse serviço público só é eficaz e cabalmente realizado com a existência canais regionais, o ministro também o sabe mas para ele isso não tem significado e pouco lhe importa. Importante para Miguel Relvas, mesmo importante, é liquidar o Estado e desbaratá-lo pelos privados e, só assim se compreende a proposta de Duarte Freitas e os silêncios de Berta Cabral.
Duas notas finais. A primeira é uma saudação ao movimento criado no Facebook sob o lema “Unidos pela RTP Açores”, a segunda para informar que a partir de hoje os textos são escritos ao abrigo do acordo ortográfico ao qual adiro sem nenhum preconceito, não o tendo feito antes por não dispor de um conversor informático. Agora, com o dito conversor, tudo se tornou mais fácil e célere se facto, digo fato, funcionar.
Ponta Delgada, 04 de setembro de 2011
Aníbal C. Pires, In A União, 6 de setembro de 2011, Angra do Hero
Sem comentários:
Enviar um comentário