domingo, 11 de setembro de 2011

Um outro 11 de Setembro

Passam hoje 120 anos sobre a morte de Antero de Quental (18 de abril de 1842 – 11 de setembro de 1891).
O “momentos” regista da passagem desta efeméride com um pequeno tributo a este açoriano cujo pensamento contribuiu para agitar o seu tempo.

Evolução

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...


Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...


Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...


Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.


Antero de Quental, in "Sonetos"

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