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Não estou a exagerar. A difusão de informação confere poder à comunicação social de massas. Poder que nem sempre é utilizado para informar, aliás é-o quase sempre para formar e modelar as consciências. Porquê, Pois bem, porque o poder da comunicação social, mesmo o setor público, está submetido ao poder político, económico e financeiro. Poder a quem interessa ter uma mole imensa de cidadãos a pensar e a consumir dentro de parâmetros pré-estabelecidos cujos instrumentos para a sua concretização são, em primeiro lugar os critérios editoriais; e, em segundo lugar o “valor” comercial da “notícia”, ou seja, as tiragens e as audiências.
Se argumentar que no setor privado tem de ser assim, não vou contra-argumentar, embora não esteja seguro de que tenha de ser mesmo assim, por outro lado dir-me-á que o setor público está liberto das imposições do mercado e não existe motivo para que a informação e os conteúdos produzidos sejam condicionados a interesses alheios ao interesse público. E eu direi, Assim deveria ser, mas não é o que realidade nos demonstra diariamente. De facto, e, ao invés do que seria desejável e expetável, os critérios editoriais e os conteúdos pouco, ou nada, se diferenciam das abordagens feitas pelo setor privado, claro que estou a referir-me, em particular, à radio e à televisão, mas não só. A agência noticiosa Lusa, fornecedora pública de conteúdos informativos para o setor privado está subjugada a critérios editoriais de mercado, ou não fosse a Lusa uma prestadora de serviços e daí não resultasse parte do seu financiamento.
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A opinião constrói-se com base na informação disponível, mas também da forma como a conseguimos descodificar e entender. Já ouviu falar no drama humanitário que se está a verificar no Iémen, Sei que sim, que já ouviu e já leu, hoje ou, talvez ontem. Angelina Jolie no âmbito da ACNUR veio a público denunciar a situação e pedir o fim do conflito. Nunca, até ontem, ou hoje, tinha ouvido falar em tal coisa. E já se perguntou porquê. Talvez porque seja a Arábia Saudita uma das principais responsáveis pelo conflito que está na origem da crise humanitária para a qual Angelina Jolie chamou a atenção e pediu intervenção da comunidade internacional.
Este é apenas um dos muitos exemplos que podem servir para sustentar a opinião que fui construindo ao longo do texto. Apenas um exemplo que até poderá não ser o melhor, mas foi aquele que me pareceu mais atual.
Ponta Delgada, 04 de Novembro de 2018
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 05 de Novembro de 2018
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