segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Equívocos - Crónicas radiofónicas

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Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM

Esta crónica foi para a antena a 01 de Setembro de 2018 e pode ser ouvida aqui






Equívocos

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Lá considerar, Ela até considera. E eu também considero que qualquer redução no Quadro Financeiro Plurianual pós 2020, ou no POSEI é prejudicial para o país e, em particular para os Açores. Mas existe uma diferença substantiva entre estes considerandos, não só uma, mas para já atentemos apenas nesta diferença.
Eu oponho-me de forma inequívoca à redução dos apoios à agricultura e ao desenvolvimento rural, ao POSEI e ao envelope financeiro das políticas de coesão, oponho-me, de forma inequívoca, à centralização de poderes, na Comissão Europeia, para a gestão do próximo Quadro Financeiro Plurianual. Oponho-me, e a família política que me representa no Parlamento Europeu também, esta é a tal diferença inequívoca. Os Deputados ao Parlamento Europeu eleitos pelo PCP irão votar contra.
E ela. E ela que até é Deputada ao Parlamento Europeu, Como votará. E a família política a que pertence, o Partido Popular Europeu, irá ou não aprovar o Quadro Financeiro Plurianual pós 2020 que consagra a redução dos envelopes financeiros para Portugal, mas destina um aumento das verbas para as políticas militaristas e securitárias.
Quem ler os comunicados de imprensa que emanam do seu gabinete ou, quem a ouvir falar em diferentes fóruns onde estas questões são abordadas, até parece que sim. Até parece que o discurso terá como desfecho a manifestação clara de um voto negativo. Mas só parece.
É o poder da comunicação. Nada que ela tivesse inventado quem a precedeu e quem a acompanha contam com o poder da sua comunicação, contam com um jornalismo onde o contraditório e a pesquisa são inexistentes e, contam, sobretudo, com anos e anos de propaganda, paga pelo Orçamento da União Europeia, que modela a vontade e a consciência dos cidadãos que, como sabemos, não são chamados (os portugueses nunca foram) a pronunciar-se sobre a construção de um certo modelo de Europa cujos órgãos, com exceção do Parlamento Europeu, a que ela pertence, não têm nenhuma legitimidade democrática.

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Mas não é só ela, Ele também. Ele é menos hábil na gestão da informação, aliás ele anda por lá a manter-se à tona de água para ver se não o esquecem na próxima candidatura. Quanto a ela tem servido bem os interesses da sua família política, mas nos Açores, nem sempre existe linearidade na escolha dos candidatos ao PE e perfilam-se muitos interessados. É claro que ela já se foi acautelando e até é a mandatária regional de um dos candidatos à liderança do seu partido, Sim do seu partido. É verdade que quando integrou a lista nacional do PSD, indicada pelos órgãos regionais, era independente. Era já não é, se é que alguma vez o foi.
Sofia Ribeiro, do PSD e Ricardo Serrão Santos, do PS, são conhecidos na Região como sendo os deputados açorianos ao Parlamento Europeu. Conhecidos até podem ser, mas não são. Apenas aqui têm residência e foi-lhes garantido nas candidaturas nacionais lugares elegíveis, ou seja, Sofia Ribeiro e Ricardo Serrão Santos foram eleitos com os votos de todos os portugueses, aliás antes do apuramento eleitoral nos Açores, quer um quer outro já estavam eleitos.
Não vou discutir se deveria, ou não, existir um círculo eleitoral regional para o Parlamento Europeu, essa é uma outra discussão e, quiçá, até poderá ser interessante, mas atualmente não existe, e em 2019, ano em que seremos de novo chamados para eleger os deputados pelo círculo nacional, ou seja, os deputados portugueses ao Parlamento Europeu, em 2019 não vai haver círculo regional, mas o circo mediático do PS e do PSD, nos Açores, com a complacência da comunicação social regional, virá a público apresentar os candidatos dos Açores.
Para além desta questão formal, que não é de somenos importância, importa avaliar o trabalho desenvolvido por cada deputado português na defesa do país, e neste particular, na defesa das questões específicas dos Açores. E não será difícil perceber, basta consultar o sítio do Parlamento Europeu, que quem mais e melhor defendeu as especificidades açorianas, no quadro do Parlamento Europeu, vem cá com alguma frequência, mas não é aqui que reside.

Fique bem.
É sempre um prazer estar consigo.
Volto no próximo sábado. Até lá.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 01 de Setembro de 2018

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