foto by Madalena Pires |
É tempo de renovar votos de esperança em futuros prósperos, de paz e amor, mas já nem isso faço. Passados que são algumas décadas da minha existência considero que não vale a pena insistir. Não tem dado resultado, nem se vislumbra que venha a acontecer alguma mudança significativa que resulte de belas palavras ditas e escritas na quadra natalícia e na passagem do ano e, por conseguinte, desisti de as enunciar e, sobretudo de as tornar públicas através de publicações nos hodiernos suportes a que chamam redes sociais ou, mesmo aqui, nas clássicas colunas de opinião da imprensa.
Se isto significa que me demiti da minha intervenção cívica!? Não. Se o que ficou dito expressa a ideia de desistência, ou qualquer abalo nas convicções que sempre guiaram a minha vida pública e pessoal!? Também não. O que terá mudado foi a minha atitude perante a hipocrisia reinante e, porventura, uma crescente intolerância face a agendas políticas apresentadas como vanguardas do mundo ocidental que remetem para segundo plano a essência do que verdadeiramente urge resolver.
foto by Jorge Blayer Góis |
Os últimos parágrafos podem até parecer, mas não são uma confissão, pois quem comigo priva sabe que este é, desde sempre, o meu pensamento e, por consequência, esta declaração de princípio (ou fim) só é novidade para quem conhece apenas alguns dos aspetos mais relevantes da minha vida pública. Quando muito o que ficou dito nos últimos parágrafos poderá ser entendido, isso sim, como um aviso prévio, para a eventual radicalização do discurso público nos suportes a que tenho acesso. Apenas isso e nada mais do que isso. Como sempre as conclusões, se é que as há, deixo-as para os leitores da “Sala de Espera” que esta semana por aqui passarem.
O meu regresso às colunas do Diário Insular está a completar um ano. Não vou, à semelhança de outras situações, fazer nenhum balanço, direi simplesmente que: o regresso e a presença quinzenal neste espaço têm sido muito prazerosos e enriquecedores.
foto by João Pires |
É bem possível que nem sempre o tenha conseguido, mas este foi o intento e continuará a ser. Confio que os textos que por aqui vão lendo, mais do que serem do vosso agrado, vos despertem para a reflexão e para o contraditório, ainda que os ecos dessa leitura nem sempre cheguem ao autor, daí não vem mal ao mundo, mas estou recetivo a ouvir/ler as vossas opiniões. Por outro lado, agradeço a confiança da direção editorial do Diário Insular que me continua a acolher no seu painel de colunistas, o que muito me honra.
Ponta Delgada, 27 de dezembro de 2022