sexta-feira, 25 de março de 2022

a perversão dos conceitos

 

imagem retirada da internet
A morte de Madeleine Albright, foi motivo para a comunicação social de “referência”, mas também para alguns líderes da “comunidade internacional” afirmarem as qualidades humanistas e pacifistas da falecida.

Quem conhece a vida pública e política daquela que foi a primeira mulher a exercer o cargo de Secretária de Estado da administração estado-unidense, presidida por Bil Clinton, não pode em consciência, subscrever estes obituários.

Madeleine Albright tem responsabilidades diretas nos bombardeamentos a Belgrado, em 1999, primeira ação ofensiva da NATO (constituída como uma aliança militar defensiva), mas esta pacifista e humanista não se fica por aqui. As sanções económicas impostas ao Iraque, após a invasão ao Kuwait, que duraram de 1990 até 2003, provocaram morte de meio milhão de crianças iraquianas com menos de 5 anos, dados da ONU, fazem também parte do seu mórbido curriculum.

A frieza e a frase com que respondeu à jornalista, Leslie Stah, da CBS, no programa 60 minutos quando esta a questionou sobre se valeu a pena impor as sanções económicas ao Iraque, que mataram meio milhão de crianças iraquianas é reveladora e desmente todas as parangonas que agora, pela sua morte, foram ditas e escritas.

Quando Leslie Stah lhe diz que, segundo a ONU, por causa do bloqueio morreram mais de meio milhão de crianças iraquianas, mais do que em Hiroxima, e lhe pergunta se, sob o ponto de vista dos Estados Unidos esse preço valera a pena? A pacifista e humanista Madeleine Albright respondeu que tinha sido uma escolha muito difícil, mas nós achamos que valeu a pena. Vejam o vídeo que vos deixo abaixo e verifiquem.


Está tudo dito. Ou eu tenho um conceito profundamente errado sobre a paz, a democracia e o humanismo, ou então alguma coisa está muito mal no seio da chamada “comunidade internacional”, que como se sabe se resume a pouco mais do que os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e a Austrália. Isto não é civilização é barbárie.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 25 de março de 2022


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