domingo, 13 de março de 2022

um cidadão sem medo

imagem retirada do mural de Lizuarte Machado
Sou amigo do Comandante Lizuarte Machado. As razões da amizade não se explicam, mas sempre direi, neste caso, que a sua verticalidade enquanto pessoa, com a devida correspondência política, contribui para que mantenhamos esta relação de proximidade.

O Comandante Lizuarte Machado não se escusa a exercer o direito de opinião, sempre assim foi desde que o conheço e, assim continua a ser. Claro que a verticalidade e a opinião, nem sempre alinhada, tem os seus custos, mas ainda assim continua a haver cidadãos sem medo de dizer o que pensam, como é o caso a que me refiro.

Isto tudo a propósito da tentativa de silenciamento, promovida pela administração de uma empresa pública regional com a conivência da tutela, consubstanciada num processo disciplinar ao Comandante Lizuarte Machado, tendo por base uma opinião formulada num comentário feito pelo visado numa rede social. Não é uma novidade, outros o fizeram e saíram-se mal.

A opinião veiculada pelo Comandante Lizuarte Machado não é ofensiva e exprime uma preocupação que, certamente, não será só dele. O assunto relaciona-se com a importância de uma empresa de cabotagem regional que assegura um importante serviço de utilidade pública e a tentativa da Portos dos Açores de desalojar a empresa de uma das infraestruturas que administra. O Comandante Lizuarte Machado, discordou publicamente (nas redes sociais). O assunto já chegou à ALRAA e já foi objeto de alguma discussão. Ou seja, já e do domínio público.

imagem retirada da internet
O governo do PSD/CDS/PPM, com pouco mais de 1 ano de governação, tem já um histórico de decisões e ação governativa que produz um efeito na população açoriana, mesmo entre os alguns apoiantes do atual governo, de apagar da memória cidadã os tiques autocráticos da governação dos anteriores governos do PS. Nunca, em tão pouco tempo, um governo conseguiu afugentar tantos apoiantes, eu diria que já só subsistem os indefetíveis, alguns beneficiários e outros tantos ingénuos.

O clima de medo e as ações persecutórias nos departamentos do governo e nas empresas públicas promovido por alguns responsáveis de topo e quadros intermédios do governo presidido por José Manuel Bolieiro, mas também no favorecimento a algumas empresas e grupos económicos vão, paulatinamente, provocando um grande sentimento de revolta no seio da população açoriana e, por conseguinte, a perda de popularidade desta solução governativa. A situação vivida pelo Comandante Lizuarte Machado não é, infelizmente, única. A diferença reside na atitude. Lizuarte Machado teve, e tem, coragem para lutar e denunciar a ação persecutória de que está a ser vítima.

No final do terceiro parágrafo faço uma referência que agora esclareço. No primeiro governo de Vasco Cordeiro, uma empresa pública regional instaurou um processo disciplinar a um dos seus trabalhadores (Comandante da Azores Airlines), ancorado num comentário feito pelo referido trabalhador numa das redes socias mais populares. O desfecho judicial resultou a favor do trabalhador e a empresa pública condenada a pagar uma indemnização de 300mil euros, valor a que se somaram todos os custos associados ao processo. Este é apenas um exemplo do que pode suceder quando o poder é exercido de forma autocrática.

Fica um abraço solidário ao Comandante Lizuarte Machado, o meu respeito e admiração pela forma como tem enfrentado esta ação persecutória da administração da Portos dos Açores e do Governo Regional.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 13 de março de 2022


Sem comentários: