As sanções da União Europeia e dos Estados Unidos à Rússia foram anunciadas e entraram em vigor. Os cidadãos, não querendo deixar os seus créditos por mãos alheias, seguiram as orientações oficiais deixando voluntariamente de consumir produtos e bens de origem russa. Ao que parece o vodca já passou de moda, embora o vodca ucraniano seja de tão boa, ou superior, qualidade como o vodca russo. O melhor é verificar pois, mesmo inadvertidamente, podemos ao invés de sancionar a Rússia com a abstinência de vodca estar a prejudicar as exportações ucranianas. Cá em casa ainda tenho uma reserva de vodca que me foi ofertado por uns amigos ucranianos com a garantia que é de superior qualidade. Vou consumir moderadamente esperando que o vodca ucraniano esteja disponível nas prateleiras dos espaços comerciais. Não estou a ironizar a não ser no que diz respeito ao consumo, mas que tenho em casa vodca ucraniano, lá isso tenho.
Mas na sanha de dar corpo às sanções, os portugueses não deixam os seus créditos por mãos alheias, soube-se por estes dias que um restaurante lisboeta que tem na sua ementa pratos da gastronomia russa, deixou de ser frequentado, isto é, e para que não subsistam dúvidas tem estado, como se oi dizer, “às moscas”. Percebo a atitude dos habituais e potenciais clientes: é russo não vamos, eles precisam perceber que não podem passar impunes. Percebo a intenção, mas neste como em outros casos, o desconhecimento da realidade nem sempre ajuda. Os postos de trabalho são ocupados por cidadãos de origem portuguesa e ucraniana. Não trabalha lá um russo sequer. O boicote, a manter-se, terá como efeito a extinção dos postos de trabalho. Quem vai para o desemprego serão ucranianos e portugueses.
Podem conferir a notícia aqui.
Quanto ao efeito das sanções nos grandes grupos financeiros, sejam eles de que nacionalidade forem, será incipiente. Os negócios decorrem com normalidade, sem mediatismo como convém, e a circulação e acumulação de capital continua garantida pois, como os especialistas sabem, não há SWIFT que os impeça. O mesmo não se poderá dizer dos cidadãos e das pequenas empresas deste e do outro lado do Mundo, como sempre as grandes vítimas.Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 5 de março de 2022
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