domingo, 6 de março de 2022

a primeira baixa da ronda de negociações

imagem retirada daqui

As negociações bilaterais entre a Ucrânia e a Rússia não registam avanços dignos de monta, mas já provocaram a morte de Denys Kireev, um dos negociadores que integrava a delegação ucraniana. A comunicação social ocidental diz que: “(…) foi morto em circunstâncias nebulosas. Há notícias de que seria um espião de Moscovo.” (…). Bem! Se era espião de Moscovo não terá sido o “patrão” que o mandou assassinar. Direi eu, que não sou espião nem sou entendido no mundo nebuloso da espionagem internacional.

O cessar fogo, de 5 horas, anunciado e acordado não durou mais de 30mn. O cessar fogo destinava-se assegurar corredores humanitários, para permitir a saída da população civil que assim o desejasse e para permitir a entrada de produtos e bens para as populações civis afetadas pela guerra.

A responsabilidade pelo não cumprimento do cessar fogo acordado terá sido, como acontece sempre, de responsabilidade partilhada, porém subsistem algumas dúvidas sobre esta questão.

Em termos estritamente militares, julgo ser aceite por todos, o poderio bélico da Rússia é muito superior ao da Ucrânia. Aceite esta premissa pergunta-se então qual é o motivo para que a progressão das forças russas esteja a ser tão lenta. A resposta emocional alimentada pela comunicação social ocidental é, naturalmente, a forte e heroica resistência, não só do exército ucraniano, mas sobretudo, da ação armada, civil ou não, que se opõe à máquina de guerra russa. 

imagem retirada da internet
Não vou colocar em causa nem o heroísmo dos soldados ucranianos e, muito menos, a resistência dos civis, armados ou não. Mas existem outros fatores, de ordem militar e política, que justificam alguma lentidão na progressão das forças russas e que, sem necessitar de me socorrer de outras fontes que não sejam os órgãos de comunicação social de “referência” ocidentais explicam essa lentidão, ou seja, a presença de população civil, forçada, ou não, a permanecer, dentro dos centros urbanos, bem assim como a instalação de artilharia pesada dentro das cidades pelo governo ucraniano, numa clara violação da Convenção de Genebra, esta última parte não é referenciada na comunicação social, mas o Major General Raul Cunha, na RTP 3, afirmou-o claramente. 

A tomada da cidade de Mariupol é um dos principais objetivos desta guerra da Rússia à Ucrânia, as razões são conhecidas. Objetivo ainda não conseguido não pela ineficiência do exército russo, mas por duas outras razões a concentração do Batalhão Azov nesta região e a proibição de abandono da cidade e da região da população civil, por este grupo militar neonazi. Ao contrário do que a comunicação social nos vem dizendo, não são os russos que não deixam sair a população com os seus bombardeamentos contínuos, são os nacionalistas e neonazis (que não representam nem os ucranianos, nem a Ucrânia) que não deixam sair a população, nem deixam entrar a tão necessária ajuda humanitária. 

Desde que iniciei este escrito foi anunciado um novo cessar fogo na região de Mariupol, faço votos para que seja cumprido.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 06 de março de 2022


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