quarta-feira, 29 de março de 2023

Green God - um poema de Eugénio de Andrade

Hoje, pelas 18 horas, realizou-se na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada (BPARPD), uma sessão da “Academia das Letras” dedicada a Eugénio de Andrade. Com moderação de Ângela Almeida e intervenções de Paula Sousa Lima e Henrique Levy. Foram lidos alguns poemas por Célia Cordeiro e Aníbal C. Pires.

O público escasseou, mas nem por isso os a sessão deixou de ser útil, interessante e animada para quem se dispôs a passar o fim de tarde numa das acolhedoras salas da BPARPD.

Podia, mas não o vou fazer, elaborar uma síntese das intervenções e da tertúlia que se lhe seguiu, vou apenas referir a (minha) descoberta de um poema de Eugénio Andrade que foi referido pela Professor Eduíno de Jesus e que deixo transcrito para os amantes da poesia de Eugénio de Andrade.


Green god

Trazia consigo a graça
das fontes, quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens, quando desce.

Andava como quem passa,
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia do ar.

Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.

E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
de uma flauta que tocava.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 22 de março de 2023

fêmeas Beta e machos Alfa


foto de Aníbal C. Pires
As línguas, umas mais que outras, evoluem e apropriam-se de novas palavras e expressões, são dinâmicas, são “organismos” vivos. Se compararmos um texto do princípio do século XX, com um escrito de hoje, daremos conta, mesmo sem ser especialistas, de diferenças assinaláveis, quer de vocabulário, quer na ortografia, quer mesmo de forma, ainda que mantendo, no essencial, a sintaxe. É um processo natural que decorre da evolução social e científica e, da absorção, pela nossa língua materna, de vocábulos oriundos de outras línguas adaptados ao português, ou integrados sob a forma de “estrangeirismos”.

Estes fenómenos evolutivos da língua não me incomodam e, por norma, aceito-os com naturalidade, passo a usá-los quando escrevo, ou quando falo. Isto não significa que o faça de forma acrítica e passe, sem reservas, a incorporar todos os modismos da linguagem na forma como comunico. Não o faço por razões de ordem linguística, mas é, sobretudo, por razões que se relacionam com pretensos modernismos anódinos, mas que nada têm de inocente, como por exemplo: colaborador não é significado de trabalhador, vejamos o que diz o dicionário:  - trabalhador - que ou quem trabalha, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa; - colaborador - que colabora, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 

imagem retirada da internet

A tentativa de vulgarizar o termo colaborador como significado de trabalhador, tem tido algum sucesso mesmo entre os trabalhadores, que assim de repente deixaram de o ser e passaram a colaboradores. Eu fui trabalhador da administração pública, no exercício das minhas funções colaborei com outros trabalhadores na concretização de vários projetos, mas não deixei de ser trabalhador com um vínculo contratual que consagrava direitos, deveres e uma remuneração pelo meu trabalho. Tenho sido colaborador, gracioso, de alguns diários publicados nos Açores, atualmente sou colaborador do Diário Insular para onde escrevo, sem remuneração, de duas em duas semanas. 
O ensaio, bem sucedido, de desconstruir o conceito de trabalho e trabalhador é parte de uma estratégia cujos fundamentos ideológicos são antigos. O recrudescer das teses liberais deu-se a partir dos finais da década de 70 do século passado, não com o declínio, dos chamados países socialistas cuja implosão aconteceu mais tarde, mas do comportamento desviante dos partidos sociais-democratas e socialistas europeus. A linguagem tem sido utilizada na reafirmação das teses liberais e tem sido um elemento facilitador da sua penetração, por razões diversas, nas sociedades ditas ocidentais. Talvez seja bom recordar aos mais distraídos que os fundamentos teóricos do liberalismo construídos por John Locke (1632/1704) e depois desenvolvidas na perspetiva económica por Adam Smith (1723/1790), por outro lado o marxismo como filosofia e teoria económica surge posteriormente (Friedrich Engels (1820/1895) e Karl Marx (1818/1883), ou seja, o marxismo é mais recente e surge como uma resposta alternativa às velhas teses liberais e aos seus conhecidos efeitos sociais e económicos.

Mas voltemos ao cerne da questão que está na origem deste texto, isto é, a absorção de novos vocábulos e expressões no português falado e escrito que, como já referi, faz parte da evolução da própria língua. Outros, porém, não passam de modismos introduzidos pela onda da globalização e de uma pretensa modernidade bacoca. Coach, coaching, influencer, coworking, lock down, home office, bullying, etc... Estas palavras fazem hoje parte do vocabulário nacional, e, todas elas têm a seu equivalente em português. Outros exemplos, estes sim integrados e bem, oficialmente, na língua: telemedicina, cibersegurança, gentrificação, aporofobia e gerontofobia, de entre muitas outras; estes foram adaptados e assimilados naturalmente e como resposta à evolução linguística.  

imagem retirada da internet

A
nalisemos os termos coach e coaching que estão vulgarizados e até denominam alguns projetos educacionais em Portugal. Coach é um anglicismo que significa treinador ou instrutor, em termos da educação pode ser-lhe atribuída a designação de tutor ou professor tutor. O termo coach remonta à época medieval e era o nome dado aos cocheiros que, por norma, eram exímios treinadores de cavalos. A utilização destes estrangeirismos na linguagem corrente e especializada é dispensável, uma vez que temos o seu equivalente em português. Por outro lado, parece-me desapropriada a sua ligação à educação pois, educar e formar é muito mais que treinar para a obtenção de perfis repetitivos de desempenho (mesmo na formação profissional). Todos os outros vocábulos que enunciei têm palavras e/ou expressões em português, não fazendo grande sentido a sua adoção pelos falantes lusófonos. O 
exagero na utilização de vocábulos estrangeirados na comunicação oral feita em português, num tempo de grandes preocupações inclusivas, exclui. Direi que a utilização abusiva de termos como: briefing, budget, branding, insight, feed, info, trend, deadline, de entre outros, para além de excluir um segmento da população, constitui uma demonstração de imbecilidade por quem os usa pois, pretende transmitir uma imagem de modernismo pacóvio e, não raras vezes, serve como máscara para a incompetência do utilizador e, ainda que sem consciência, para a defesa de uma cultura globalista descaracterizadora.

Em relação às fêmeas Beta e aos machos Alfa, expressão que titula este escrito, é mais um contributo, com roupagem vanguardista, para um pensamento discriminatório e animalizante da humanidade. O tema a que expressão alude merece ser tratado de forma própria e com maior profundidade, contudo e para além do que ficou dito, por hoje sempre acrescento que nem sempre as fêmeas são Betas(inhas) e os machos, ditos Alfa, são na sua maioria betas(inhos) submissos e narcísicos, nem Betas chegam a ser. Voltarei às fêmeas Alfa e aos machos Beta ou, vice-versa.

Ponta Delgada, 21 de março de 2023

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 22 de março de 2023


treinar ou educar

foto de Aníbal C. Pires



Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.





(...) Analisemos os termos coach e coaching que estão vulgarizados e até denominam alguns projetos educacionais em Portugal. Coach é um anglicismo que significa treinador ou instrutor, em termos da educação pode ser-lhe atribuída a designação de tutor ou professor tutor. O termo coach remonta à época medieval e era o nome dado aos cocheiros que, por norma, eram exímios treinadores de cavalos. A utilização destes estrangeirismos na linguagem corrente e especializada é dispensável, uma vez que temos o seu equivalente em português. Por outro lado, parece-me desapropriada a sua ligação à educação pois, educar e formar é muito mais que treinar para a obtenção de perfis repetitivos de desempenho (mesmo na formação profissional). Todos os outros vocábulos que enunciei têm palavras e/ou expressões em português, não fazendo grande sentido a sua adoção pelos falantes lusófonos. (...)

terça-feira, 21 de março de 2023

da poesia, da árvore e da floresta

foto de Madalena Pires

A poesia, sendo para comer como disse Natália Correia, é uma necessidade diária. 

Hoje o calendário das celebrações dedica-lhe o dia. A exaltação da poesia coincide com o dia em que a árvore e a floresta se festejam. Não sei se é uma feliz coincidência, não me interessa conhecer as razões que estão na origem deste acaso, se é que foi por mera casualidade, ou outras mais intencionais e historicamente sustentadas razões, não me incomoda e em nada diminui a importância simbólica, mas objetiva e sublime, da poesia como arte, ou a relevância da árvore e da floresta para a qualidade de vida no planeta.

Fica o poema e as imagens para celebrar este dia partilhado.





foto de Madalena Pires

QUAND
O VIER A PRIMAVERA 

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

ALBERTO CAEIRO


segunda-feira, 20 de março de 2023

dos equinócios

foto de Aníbal C. Pires



Hoje acontece o Equinócio da Primavera e inicia-se a estação do ano que dá o nome a este fenómeno astronómico.

Amanhã celebra-se a floresta e a poesia.

O “momentos” assinala a chegada da Primavera com  imagens e uma poesia primaveris.





Agora
foto de Madalena Pires

Abre-te, Primavera!
Tenho um poema à espera
Do teu sorriso.
Um poema indeciso
Entre a coragem e a covardia.
Um poema de lírica alegria
Refreada,
A temer ser tardia
E ser antecipada.
Dantes, nascias
Quando eu te anunciava.
Cantava,
E no meu canto acontecias
Como o tempo depois te confirmava.
Cada verso era a flor que prometias
No futuro sonhado…
Agora, a lei é outra: principias,
E só então eu canto confiado.

Miguel Torga

quinta-feira, 16 de março de 2023

Pelo centenário de Natália Correia

imagem retirada da internet

Em setembro passam cem anos do nascimento de Natália Correia. Hoje regista-se a passagem dos trinta anos da sua morte.

Prefiro celebrar-lhe a irrequieta e excitante vida literária ao invés do fim do seu voo.

Esta entrada no “momentos”, no dia em que o calendário assinala a sua morte, celebra a vida e obra de uma mulher controversa, intempestiva, teatral e capaz dos maiores dislates.

Amada, odiada e ignorada. Não era possível ficar indiferente a esta mulher e à imagem que cultivava. Confesso que nunca fiz uma aproximação à sua obra, tenho-a evitado por alguns aspetos, para mim ainda não muito claros, da vida pública de Natália Correia. Eu, pecador me confesso, tenho-me, por preconceito, alheado da obra de Natália. 

O Colóquio comemorativo do centenário de Natália Correia promovido pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, cuja curadoria científica foi da responsabilidade de Ângela Almeida, contribuiu para eliminar a minha resistência à obra da poeta, mesmo que as minhas dúvidas sobre alguns aspetos da vida pública e política de Natália Correia se tenham adensado. É chegado o momento, apesar de todas as reservas que mantenho em relação à cidadã, de conhecer um pouco mais da sua obra lírica e literária.

Ontem, à margem do Colóquio, numa pequena tertúlia com alguns dos oradores do evento li, a convite de Ângela Almeida, três poemas de Natália Correia e gostei.


Manhã cinzenta

Ai madrugada pálida e sombria
Em que deixei a casa dos meus pais...
E aquele adeus que a voz do mar trazia
Dum lenço branco, a acenar no cais... 

O meu veleiro – era de espuma fria –
Levava-o o furor dos vendavais.
À passagem gritavam-me: onde vais?
Mas só o meu veleiro respondia.

Cruzei o mar em direcções diferentes.
Por quantas terras fui, por quantas gentes,
Nesta longa viagem que não finda.

Só uma estrada resta – mais nenhuma:
Na ilha que o passado envolve em bruma,
Um lenço branco que me acena ainda...

Natália Correia

quarta-feira, 8 de março de 2023

Equívocos

imagem retirada da internet
As relações interpessoais em contexto familiar, como em outras conjunturas, sejam no ambiente de trabalho, na escola, no clube ou associação, não são imunes a gerarem alguma conflitualidade. O que não tem de ser dramático, afinal convivem interesses díspares e, estranho seria que em determinados momentos não tivesse lugar um choque entre distintas vontades, agendas, temperamentos. Enfim um sem número de diferenças que acabam, mais tarde ou mais cedo, por colidirem, dando assim origem a contendas que podem acarretar problemas, por vezes, insanáveis e o relacionamento ser afetado temporária ou definitivamente. Não há como evitar os litígios que se geram nas relações interpessoais, há certamente formas de os minimizar e, sobretudo, estratégias para os gerir. Não é, contudo, uma abordagem holística à gestão de conflitos nas relações interpessoais que, esta semana, trago para partilhar convosco. Este não é o espaço indicado para o efeito e o autor, tendo alguma experiência, não tem conhecimento que lhe permita fazê-lo.

As causas que, bastas vezes, estão na origem dos conflitos nas relações interpessoais, mesmo dentro do casamento, são motivados por imprecisões na comunicação ou, pela ausência dela. A comunicação, como a camaradagem, a amizade e o amor, deve ser fertilizada com clareza e utilizada sem subterfúgios ou códigos. Se assim não for os equívocos têm campo para medrar, o conflito instala-se e o afastamento acontece. Quantas e quantas vezes nos damos conta que os nossos relacionamentos, com quem tínhamos uma ligação de amizade, de trabalho, familiar (mais ou menos próxima), ou outra, esfriou e o afastamento, ou mesmo o corte de relações, acontece. Nem sempre procuramos a raiz que fez germinar a ausência, o evitamento, o afastamento ou fim de uma relação. Tenho para mim que se procurássemos encontraríamos, com alguma frequência, um mal-entendido comunicacional. Não só, mas também. 

imagem retirada da internet

As razões porque não procuramos as causas são de vária índole, desde logo, por não nos sentirmos culpados pois, no nosso entendimento nunca fomos incorretos ou desleais. Eu, por exemplo, costumo dizer: problema deles, comigo só se dá mal quem quer, e, eu não disse, nem fiz nada que justifique tamanha desconsideração. Esta expressão mais não significa do que sacudir a água do capote, isto é, estou, com este procedimento, a afastar qualquer responsabilidade pelo afastamento ou corte relacional. Mas será que não tenho!? É bem possível que sim, num qualquer momento a comunicação pode ter sido mal-entendida e resultar numa reação negativa do meu interlocutor. Ou então ignoramos, de todo, pois, a vida é complexa e entendemos que a situação não merece atenção nem desperdício de energia. São procedimentos legítimos e comuns e daí não vem mal ao mundo se a contenda não assumir outros contornos, e dela não resultar mais prejuízo para as partes do que aquele que advém do fim de uma relação, ou tão somente o evitamento. 

Tudo isto é aceitável. Existem, no entanto, alguns contextos em que é possível, mas não desejável, o evitamento, mas não o afastamento. Quem partilha o mesmo ambiente de trabalho, espaços onde se desenvolvem atividades comuns, ou dentro das famílias, pode evitar, mas não se pode afastar pois, acabam sempre por acontecer momentos de interação. Nestes casos o melhor é procurar o esclarecimento e se a deterioração do relacionamento tiver resultado de um mal-entendido, provocado por uma atitude, gesto, ou palavras que, por razões diversas, foram interpretadas como uma “agressão” ou desrespeito, então o melhor mesmo é procurar desfazer o equívoco e normalizar o relacionamento. Nem sempre é possível, mas é sempre desejável.

imagem retirada da internet
A comunicação oral, visual e corporal, até mesmo a escrita, é, como sabemos, sujeita a interpretações diversas. Por vezes por falta de alguns elementos comunicacionais, como por exemplo: - “não te esqueças/dizes enquanto te afastas/ainda esboço uma tentativa para /lá longe/te ouvir dizer o que não devo esquecer/já não me ouves/já não me vês/fico sem saber do que não esquecer/quero lembrar-me/tenho tanto para não esquecer/e lembro-me/mas como será que me posso lembrar/como queres que não esqueça/se te esqueceste de me dizer do que me devia lembrar.” Aníbal C. Pires, In Esperança Velha e outros poemas. A informação não se completou e pode acontecer um desentendimento, legítimo, pois faltava um elemento importante: alguém se esqueceu de dizer do que outro tinha de se lembrar. Coisa aparentemente de somenos importância, mas dependendo das circunstâncias pode ser suficiente para graves desentendimentos.  

A falta de elementos comunicacionais é mais frequente do que se possa pensar, não só pela informação estar incompleta, mas também por partirmos do pressuposto de que o que dizemos é suficiente para o entendimento do que queremos ou desejamos, ou ainda pelas diferenças na matriz cultural dos intervenientes, a interpretação do que fazemos ou dizemos nem sempre é entendida da mesma forma. Não sendo fácil eliminar todo ruído comunicacional, mas se queremos ser compreendidos sem interpretações obtusas devemos procurar que a nossa linguagem (oral, escrita, corporal) não dê aso a equívocos que possam levar a problemas nos nossos relacionamentos interpessoais. Como já referi, não é fácil. Ter consciência de que acontece é um primeiro passo para evitar mal-entendidos que podem prejudicar o relacionamento interpessoal.

Ponta Delgada, 7 de março de 2023

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 8 de março de 2023

tremor em Santana ou, até quando PSD!?

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Não sei e o pedido de demissão de Clélio Meneses precipitou a decisão de Nuno Barata da IL e do deputado independente, Carlos Furtado.

Face à retirada do apoio político, da IL e do deputado independente, ao Governo Regional faria todo o sentido que o Senhor Representante da República, a quem de deve a bênção da atual solução governativa açoriana, convocasse os 5 partidos que, com apoios globais e bilaterais, garantiram a estabilidade do governo PSD/CDS/PPM para que a situação fosse politicamente clarificada. 

Faria todo o sentido e é legítimo que os cidadãos tenham essa expetativa, mas tenho dúvidas que isso venha a acontecer. O Senhor Embaixador Pedro Catarino depende diretamente do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa tendo sido tão lesto a construir a esta solução, não terá agora a mesma disponibilidade, agilidade e a coerência para mandar fazer o que deveria ser feito.

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Assim não sendo tudo não passará de mais uma jogada de Nuno Barata e Carlos Furtado pois, como se sabe não podem apresentar moções de censura (está reservado apenas ao Grupos parlamentares, ou ainda a 1/4 dos deputados em exercício de funções). A moção de censura ao governo, face ao contexto político, estará afastada do horizonte do único partido (PS) que a poderia patrocinar, mesmo não sendo de iniciativa do seu grupo parlamentar. O Senhor Presidente do Governo Regional já afastou a hipótese de apresentar uma moção de confiança, ou seja, "a montanha pariu um rato".


Com a falta do apoio político da IL e do deputado independente eleito nas listas do Chega pode afirmar-se, com segurança, que o atual governo regional dos Açores perdeu a sua legitimidade democrática.

O PSD meteu-se numa camisa de “sete varas” da qual é cada vez mais difícil sair sem graves prejuízos eleitorais.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 8 de março de 2023


terça-feira, 7 de março de 2023

comunicar com clareza

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Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.



(...) As causas que, bastas vezes, estão na origem dos conflitos nas relações interpessoais, mesmo dentro do casamento, são motivados por imprecisões na comunicação ou, pela ausência dela. A comunicação, como a camaradagem, a amizade e o amor, deve ser fertilizada com clareza e utilizada sem subterfúgios ou códigos. Se assim não for os equívocos têm campo para medrar, o conflito instala-se e o afastamento acontece. Quantas e quantas vezes nos damos conta que os nossos relacionamentos, com quem tínhamos uma ligação de amizade, de trabalho, familiar (mais ou menos próxima), ou outra, esfriou e o afastamento, ou mesmo o corte de relações, acontece. Nem sempre procuramos a raiz que fez germinar a ausência, o evitamento, o afastamento ou fim de uma relação. Tenho para mim que se procurássemos encontraríamos, com alguma frequência, um mal-entendido comunicacional. Não só, mas também. (...) 

o grito de Clélio Meneses

imagem retirada da internet

Quem, como eu, observa à distância o atual contexto político regional e mesmo não dispondo de fontes, nem distantes nem próximas, ou seja, as minhas apreciações resultam apenas da informação pública, vale o que vale e, em abono da verdade, vale muito pouco. Valham-nos as fontes de informação alternativas. 

A espúria coligação governamental, legítima, mas desprovida de um projeto político coerente e estruturado, basta analisar o programa de governo para se perceber que mais não passa de um copy paste de algumas “bandeiras” políticas dos PSD, CDS/PP e PPM, com claro défice para o PSD, como aliás se tem vindo a comprovar. A governação e a atividade parlamentar, passado o momento inicial, deixou de merecer a minha atenção por considerar que os partidos da oposição, os movimentos de cidadãos e as populações, a seu tempo, mas em particular os partidos que validaram a solução governativa na Região, em especial o PSD, colocariam um ponto final na balbúrdia reinante. Assim não aconteceu, só os cidadãos eleitores poderão por cobro a todos os desmandos que, para além dos prejuízos que colocam em causa o nosso futuro coletivo, nos envergonham enquanto povo.

Este texto surge na sequência da demissão do Dr. Clélio Meneses a quem reconheço, para além de outros atributos, paciência, muita paciência. Mas, pela experiência política que acumula, o Dr. Clélio Meneses, só pode queixar-se de si mesmo pois, não é propriamente um político ingénuo, ou seja, quando aceitou o exercício do cargo que agora abandona sabia ao que ia e que tipo de dificuldades iria encontrar. O Dr. Clélio Meneses foi cúmplice na construção de uma solução política sem alicerces sólidos e com um processo de edificação e funcionamento minados por agendas esconsas. Não quero, com esta afirmação, retirar qualquer mérito ao demissionário Secretário da Saúde e Desporto, não é disso que se trata, pois, esta sua atitude pode até contribuir para que o PSD inicie um caminho de reencontro e reassuma o seu espaço político na Região sem depender dos apêndices que o têm corroído.

A decisão do Dr. Clélio Meneses está ancorada em questões que decorrem do exercício do cargo, ou seja, esta demissão tem um profundo significado político, em particular, para o PSD.

O Dr. Clélio Meneses veio dizer: para mim chega; aguardemos que outros dirigentes e militantes do PSD venham fazer coro com o Dr. Clélio Meneses e que o PSD possa extirpar os apêndices que o estão a conduzir para uma agonia eleitoral.

Fica um abraço ao Dr. Clélio Meneses e o reconhecimento pela sua paciência e fair play (2anos e 3 meses, não é para todos).

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 7 de março de 2023


segunda-feira, 6 de março de 2023

pelo 102º aniversário do PCP


O PCP comemora hoje 102 anos de existência, de resistência e de luta por um país mais justo, independente e desenvolvido.

O PCP é hoje, como foi durante a longa noite fascista, alvo dos mais soezes ataques alimentados pelos seus inimigos de classe.

A direita liberal, base de todos os fascismos, reergueu-se pela mão dos oligopólios apátridas que dominam a política nacional, da União Europeia e dos Estados Unidos.

As corporações mediáticas dão voz aos populistas liberais e alimentam o anticomunismo primário. Cumprem o seu papel enquanto parte dos conglomerados empresariais que ditam as agendas “informativas”.

O PCP mantém-se fiel aos princípios e, por isso, não morreu, nem morre, como amiúde têm vaticinado os acólitos do mercado, do liberalismo e do fascismo.

Viva o PCP!


quinta-feira, 2 de março de 2023

alguns dados sobre os 15 anos do "momentos"

foto by Madalena Pires
Em dia de aniversário deixo alguns dados sobre o “momentos”

Nestes 15 anos foram divulgadas 2675 publicações, registaram-se 883955 visualizações e 811 comentários às postagens.

A publicação que teve mais visualizações “folga, na Graciosa”, 9560.

Seguem o blogue 56 pessoas.

As visualizações têm origem, um pouco, por todo o mundo. Sendo que os países que acumulam mais visitantes são:

- Portugal;

- Estados Unidos; e 

- Brasil,

Esta aventura vai continuar. Sei que os blogues passaram de moda, mas mantenho-me por aqui enquanto tiver alguma coisa para partilhar para lá dos 140 carateres e da efemeridade das “redes sociais” mais populares, das quais também faço uso.

Agradeço a todos os visitantes que aqui vêm com frequência, mas também aos que “picam” pontualmente este espaço.

Bem hajam!


dia de aniversário do "momentos" - 15 anos na blogosfera

completam-se hoje 15 anos que dei início a este blogue. tem sido uma experiência enriquecedora e que me tem proporcionado bons "momentos".

talvez ainda regresse hoje com mais alguma informação relacionada com o blogue que hoje festeja o seu 15.º aniversário.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Aleksandra Kollontai - a abrir março

imagem retirada da internet




O pioneirismo na história da luta das mulheres e da sua emancipação tem nas mulheres soviéticas, neste caso russa, vários exemplos.  Aleksandra Kollontai, é uma das muitas mulheres que contribuiu para a causa feminista mundial.