O “chega” e o PSD chegaram a acordo para uma solução de governo à direita nos Açores, como se isso bastasse*. Esta é uma das notícias de hoje, dia em que se iniciaram as audições do Representante da República aos partidos com assento na ALRAA.
Não deixa de ser interessante que os termos do acordo anunciado contemple medidas como:
- redução do número de deputados;
- redução dos apoios sociais.
Eu percebo. São clichés que colhem amplo apoio na opinião pública e o “chega” vive disso mesmo. Quem parece não perceber é o “chega” pois, a revisão da Lei Eleitoral nos Açores que tenha por objetivo a redução de deputados vai ter como efeito o seu desaparecimento em próximo ato eleitoral para a ALRAA, vai penalizar o CDS e o PPM e, claramente, vai favorecer as velhas aspirações do PSD, mas também de setores importantes do PS.
Quanto à redução dos apoios sociais.
Eu também gostaria de os ver reduzidos como resultado da criação de postos de trabalho (diminuição do desemprego), do aumento do rendimento dos trabalhadores, das famílias e dos pensionistas. Sim este é o caminho que eu e outros defendem, não é o caminho do “chega”.
O caminho que o “chega” pretende trilhar com o PSD, o CDS e o PPM é o da alteração do quadro legal que atribui os apoios sociais. Também aqui o “chega” e os seus putativos parceiros políticos estão a cometer um erro de palmatória pois, grande parte do seu eleitorado está, ou virá a estar, dependente de apoios sociais.
Digo eu que pouco, ou nada, percebo de acordos políticos sem alma e sem projeto, mas que, não tendo ilusões, sobre o que poderá representar a continuidade da governação do PS, mesmo em minoria, estou particularmente preocupado com a possível formação de um governo que associa numa frente política que reúne não só a direita, mas também a extrema-direita.
Uma frente de direita e de extrema direita determinada por uma agenda que visa a intensificação da exploração, a liquidação de direitos, e, cujos elementos de união são, tão-somente, o revanchismo, reacionarismo e um desabrido oportunismo.
* (PSD, CDS, PPM e “chega” – 28 deputados; PS, BE, e “pan” – 28 deputados. A “iniciativa liberal” – tem afirmado que não viabiliza os “arranjinhos lisboetas”, embora esta posição seja, como se sabe, flutuante e tenderá a não ter importância nenhuma. Para os “liberais” qualquer coisa serve desde que soe à barbárie do mercado.)
Aníbal C. Pires, 06 de Novembro de 2020
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