Defender a liberdade e a democracia foi-se convertendo, aos olhos de muitos cidadãos, num ato da liturgia da esquerda. Pelo calendário dos rituais comemoram-se o 25 de Abril, o 1.º de Maio, constrói-se anualmente a Festa do Avante e outros eventos evocativos mas, sempre de luta.
A narrativa dos cidadãos de esquerda, nas referências à defesa dos valores de Abril e à necessidade permanente de defender a liberdade e aprofundar a democracia pareciam, mormente às novas gerações assim, e tão-somente, como palavras que evocavam uma memória não o presente e, muito menos o futuro. Um pouco como comemorar uma data do passado que de algum modo influenciou a nossa vida coletiva, como a Restauração da Independência Nacional, em 1640, ou a implantação da República, em 1910.
As gerações do pós-25 de Abril cresceram e viveram numa sociedade que lhes proporcionou educação e saúde, tendencialmente gratuitas, um sistema de segurança social universal, acesso ao trabalho com direitos. Para quê defender e, até aprofundar, o que estava conquistado e faz parte integrante do nosso quotidiano, do nosso modo de vida e do nosso sistema político!?
Coisas que até há bem pouco tempo pareciam intocáveis começaram a colapsar e as consciências a despertar. O colapso foi anunciado por uns, escondido e planeado por outros. A situação que vivemos põe em causa aquilo a que alguns, em Portugal, chamam “as portas que Abril abriu”. Não sendo exclusiva dos portugueses, a crise, dizem-nos: é global; mas sendo a crise global não deixa de colocar ou, talvez por isso mesmo, coloque em causa as conquistas civilizacionais que resultam de séculos de evolução social que a história da humanidade regista – as portas que se foram abrindo ao longo da caminhada evolutiva do Homem
Ainda assim muitos portugueses continuam alegremente a admitir, porque a crise não é uma exclusividade nacional, que tem de ser assim.
Não! Não tem de ser assim. Não tem de ser assim nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar do planeta que nos acolhe.
Não tem de se reconfigurar o paradigma de desenvolvimento apenas para garantir que 1% da população mundial detenha tanta riqueza como os restantes 99% de terráqueos. Mas tem de se reconfigurar o modelo de desenvolvimento para garantir sustentabilidade à vida na Terra.
Não tem de se reconfigurar o modelo de desenvolvimento à custa dos direitos, dos salários e das pensões de quem trabalha e trabalhou para maximizar os lucros de quem vive da especulação financeira. Mas tem de se alterar o paradigma de desenvolvimento para que todos os cidadãos acedam a direitos básicos e universais como: a alimentação, o trabalho, a educação, a saúde, a água potável, a proteção social.
Há ainda muitos portugueses resignados e que aceitam como bom, como inevitável as políticas que lhes roubam direitos e rendimento, que lhes roubam o sonho e o futuro. Há também muitos outros portugueses que se indignam e que juntam a sua voz àqueles que sempre lutaram para manter as abertas “as portas que Abril abriu”.
Há muitos portugueses da geração pós-25 de Abril mas também das gerações que a precederam e deram como adquirido que a liberdade e a democracia eram intocáveis que começam, é sempre tempo, a perceber o significado do repetido grito de luta: “25 de Abril Sempre! 25 de Abril Sempre!”
Este e muitos outros gritos de revolta e luta fazem-se ecoar por todos os rincões deste maravilhoso planeta azul. São esses crescentes gritos de luta, que alimentam a esperança e o sonho num Mundo melhor, em que fundamento os votos de “Boas Festas” que vos quero desejar.
Boas Festas!
Ponta Delgada, 18 de dezembro de 2011
A narrativa dos cidadãos de esquerda, nas referências à defesa dos valores de Abril e à necessidade permanente de defender a liberdade e aprofundar a democracia pareciam, mormente às novas gerações assim, e tão-somente, como palavras que evocavam uma memória não o presente e, muito menos o futuro. Um pouco como comemorar uma data do passado que de algum modo influenciou a nossa vida coletiva, como a Restauração da Independência Nacional, em 1640, ou a implantação da República, em 1910.
As gerações do pós-25 de Abril cresceram e viveram numa sociedade que lhes proporcionou educação e saúde, tendencialmente gratuitas, um sistema de segurança social universal, acesso ao trabalho com direitos. Para quê defender e, até aprofundar, o que estava conquistado e faz parte integrante do nosso quotidiano, do nosso modo de vida e do nosso sistema político!?
Coisas que até há bem pouco tempo pareciam intocáveis começaram a colapsar e as consciências a despertar. O colapso foi anunciado por uns, escondido e planeado por outros. A situação que vivemos põe em causa aquilo a que alguns, em Portugal, chamam “as portas que Abril abriu”. Não sendo exclusiva dos portugueses, a crise, dizem-nos: é global; mas sendo a crise global não deixa de colocar ou, talvez por isso mesmo, coloque em causa as conquistas civilizacionais que resultam de séculos de evolução social que a história da humanidade regista – as portas que se foram abrindo ao longo da caminhada evolutiva do Homem
Ainda assim muitos portugueses continuam alegremente a admitir, porque a crise não é uma exclusividade nacional, que tem de ser assim.
Não! Não tem de ser assim. Não tem de ser assim nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar do planeta que nos acolhe.
Não tem de se reconfigurar o paradigma de desenvolvimento apenas para garantir que 1% da população mundial detenha tanta riqueza como os restantes 99% de terráqueos. Mas tem de se reconfigurar o modelo de desenvolvimento para garantir sustentabilidade à vida na Terra.
Não tem de se reconfigurar o modelo de desenvolvimento à custa dos direitos, dos salários e das pensões de quem trabalha e trabalhou para maximizar os lucros de quem vive da especulação financeira. Mas tem de se alterar o paradigma de desenvolvimento para que todos os cidadãos acedam a direitos básicos e universais como: a alimentação, o trabalho, a educação, a saúde, a água potável, a proteção social.
Há ainda muitos portugueses resignados e que aceitam como bom, como inevitável as políticas que lhes roubam direitos e rendimento, que lhes roubam o sonho e o futuro. Há também muitos outros portugueses que se indignam e que juntam a sua voz àqueles que sempre lutaram para manter as abertas “as portas que Abril abriu”.
Há muitos portugueses da geração pós-25 de Abril mas também das gerações que a precederam e deram como adquirido que a liberdade e a democracia eram intocáveis que começam, é sempre tempo, a perceber o significado do repetido grito de luta: “25 de Abril Sempre! 25 de Abril Sempre!”
Este e muitos outros gritos de revolta e luta fazem-se ecoar por todos os rincões deste maravilhoso planeta azul. São esses crescentes gritos de luta, que alimentam a esperança e o sonho num Mundo melhor, em que fundamento os votos de “Boas Festas” que vos quero desejar.
Boas Festas!
Ponta Delgada, 18 de dezembro de 2011
Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 19 de dezembro de 2011, Ponta Delgada
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