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As ordens executivas, para que se entenda um pouco da “democracia” estado-unidense, só podem ser assinadas pelo presidente se decorrerem dos poderes constitucionais que a constituição lhe atribui, ou se tiverem como base leis aprovadas anteriormente pelo Congresso. Ainda assim as ordens executivas podem ser contestadas se o entendimento for de que o presidente ultrapassou essas bases legais, ou os poderes que lhe estão atribuídos, aliás como já se passou com a questão da nacionalidade. Apesar do presidente dos Estados Unidos ter “decretado” o fim do “jus solis”, princípio que consiste na atribuição da nacionalidade de acordo com o lugar do nascimento, ou seja, é cidadão estado-unidense qualquer cidadão nascido em território dos Estados Unidos, mas, como dizia, apesar de Donald Trump ter decretado o fim deste princípio ele foi invalidado tendo por base a 14.ª emenda (1868). O entendimento legal e político nos Estados Unidos é que o fim do “jus solis” só é possível com uma alteração constitucional e, por outro lado, este ato fere o princípio da separação de poderes que, neste caso, é uma competência do Congresso. Embora Donald Trump tenha manifestado a intenção de acabar com o princípio a Constituição e o poder judicial impedem, de facto, qualquer mudança real.
Pode até parecer que sou um admirador da democracia estado-unidense, o que não é, obviamente, o caso, aliás durante o ano passado e até às eleições que deram a vitória aos republicanos em conversas com alguns amigos era por vezes entendido como um hipotético apoiante de Donald Trump, isto apenas por criticar a administração de Biden/Kamala e afirmar com alguma convicção, não por simpatia política ou outra, que a vitória seria do candidato republicano. A surpresa foi mesmo os republicanos terem vencido tudo. Com este texto estou, de novo, a correr o risco de ter alguns indefetíveis dos democratas estado-unidenses a acusar-me de estar alinhado com teses que abomino, mas que não me cegam e não podem tornar-se assim como uma espécie de autocensura. Por vezes a argumentação, quando nos querem silenciar, é um pouco assim: estás com a causa palestiniana e condenas o estado sionista! Então és antissemita. Queres uma solução pacífica para o conflito russo-ucraniano e condenas a corrida armamentista defendida pela União Europeia! Então és putinista. Críticas as administrações estado-unidenses, designadamente a de Biden/Kamala, no que concerne às suas responsabilidades diretas da guerra contra a Rússia! Então és trumpista. E outros exemplos poderiam ser enunciados, sendo que este tipo de argumentação tem como objetivo catalogar-te e desacreditar-te pois, tens uma opinião diferente daquela que é veiculada pelo mainstream. Enfim!Como já referi noutras ocasiões, gostando-se ou não se gostando do que Donald Trump é e representa, a verdade é que o povo estado-unidense lhe deu a maioria eleitoral e, será o povo dos Estados Unidos que, em primeira mão vai sofrer os efeitos das suas opções políticas internas e externas, mas também serão os estado-unidenses que o apearão do poder e não será necessária nenhuma ingerência externa, como aliás os Estados Unidos costumam fazer quando, pelo mundo fora, as escolhas populares não são do seu agrado, é da história não é do meu mau feitio.
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Quanto às relações externas e ao folclore da mudança de nome do Golfo, que será sempre do México, ou as declarações dobre o canal do Panamá e a Gronelândia que continuarão a ser o que são. Há, no entanto, um aspeto que tem marcado a agenda política que deixou os dirigentes da União Europeia (UE) em estado de choque. Isso mesmo a questão ucraniana e a normalização das relações entre os Estados Unidos e a Rússia. Pois é! Assim mesmo como acabei de escrever e que já há vários meses se adivinhava e vai acontecer com esta administração, como, mais tarde ou mais cedo, aconteceria com qualquer outra administração estado-unidense depois de terem atingido parcialmente os seus objetivos: destruição da Ucrânia e exigência de pagamento do apoio; e, a submissão da UE e o seu, consequente, empobrecimento. Quanto a outros como seja: fragilizar a China; e fragmentar a Federação Russa, antigo, mas sempre atual propósito do chamado “ocidente”, esses saíram completamente gorados.
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Ponta Delgada, 18 de fevereiro de 2025
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