quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Velhas receitas, novas lutas


Não sei, de momento, se já foi devidamente esclarecido o significado da palavra recentemente reintroduzida no léxico político nacional por Passos Coelho, mas sei que a anunciada refundação do “memorando de entendimento” só pode ter um significado: mais austeridade, aprofundamento da ofensiva ao estado social e aos direitos laborais e, a preparação das consciências para um novo resgate.
A cada dia que passa, a cada nova medida, a cada novo orçamento se dão novos passos para que mais portugueses caiam no desemprego, a que cada vez mais pequenas e médias empresas encerrem, a que cada vez mais portugueses caiam em situações de pobreza.
A fórmula que a proposta de Orçamento de Estado propõe não é nova, não disfarça sequer a cristalização das ideias deste primeiro-ministro e deste governo. A receita é velha – desvalorizar o trabalho e os trabalhadores. E isso faz-se, certamente pela desvalorização direta e indireta dos salários mas faz-se, sobretudo, com taxas de desemprego elevadas, ou seja, com um desemprego estrutural.
Pode até parecer um paradoxo, mas não, não é. Quanto mais desempregados houver maior será a fragilidade de quem tem um posto de trabalho, debilidade que decorre da pressão do batalhão de desempregados à procura de emprego, sobre quem mantém uma atividade profissional. A instabilidade e o medo de perder o emprego são um instrumento de domínio do capital. Isto que afirmo também não é novo, até se pode dizer que será tão velho como a receita que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas estão a aplicar, é verdade mas, por isso mesmo vale a pena insistir na luta pela defesa dos direitos sociais e laborais.
A proposta de OE para 2013, para além do brutal aumento de impostos que terá efeitos devastadores na economia da Região e na vida dos açorianos, constitui mais um passo na tentativa de desmantelamento da Autonomia financeira dos Açores que está a ser levada a cabo por PSD e CDS. A diminuição das transferências para a Região e a redução das indeminizações compensatórias devidas à SATA são uma prova evidente deste processo e poderão ter consequências muito graves para os Açores no futuro próximo. 
Importa salientar que este endurecimento da política do PSD e do CDS tem recebido uma poderosa resposta por parte dos portugueses, com um importantíssimo desenvolvimento da luta social em múltiplos setores, envolvendo milhões de cidadãos que procuram afirmar a sua justa revolta e indignação perante a ruína nacional decretada em nome dos interesses estrangeiros. As enormes demonstrações públicas de descontentamento que têm acontecido por todo o país nos últimos meses são, o sinal claro da determinação dos portugueses na resistência à liquidação do seu país. 
Esta luta conhecerá um importantíssimo momento na greve Geral de 14 de Novembro, no qual confluirão as lutas e o descontentamento de todos os setores sociais.
Ninho do Açor, 29 de outubro de 2012

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 31 de outubro de 2012, Angra do Heroísmo

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Por aí


A disputa eleitoral e a necessidade de me afastar por algumas semanas justificam a minha ausência deste espaço.
Estou de volta com a mesma ou, ainda, maior determinação quer aos textos, quer à vida pública e política. A paciência e a persistência são virtudes revolucionárias e, como dizia Ernesto Guevara de La Serna: "Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida." É pelo sonho que me guio, é pelo sonho que luto e... o sonho, como disse António Gedeão, “o sonho comanda a vida”.
Ontem, andei por aí. 
Por aí à procura de memórias, calcorreando trilhos da minha infância e, por aí revisitei lugares onde fiz aprendizagens, onde destruí medos, onde ganhei amigos perdidos no curso da vida, onde brinquei, onde me iniciei nas primeiras letras e, até o velho relógio do campanário da igreja, onde aprendi a medir o tempo, lá estava. Continua a bater as horas sem que o tempo tenha passado por ele.
Mas o tempo passou, passou pela paisagem beirã transformada pelo avanço inexorável dos eucaliptos e pelos incêndios, aqui e ali ainda ponteiam resistentes pinheiros bravos lembrando outros tempos.
As formações graníticas da serra beirã, também elas exibem marcas do tempo, estas criações naturais transfiguram-se a cada olhar, ora rostos, ora cristas de galo, ora catedrais românicas, ora o que o olhar e o sonho quiserem.

Mas não há olhar, nem sonho, que contradiga os sinais de abandono a que votaram este território. Bem sei que estou a percorrer trilhos do passado mas, as encruzilhadas são do presente. Há aqui e ali ténues sinais de esperança. Sinais que subsistem no olhar do envelhecido povo do interior beirão. Um povo que resiste, como pode, à desertificação do seu território. 
A passagem abrupta e imposta de país rural a país fornecedor de serviços teve um efeito destrutivo no tecido social e económico do interior português. Se na memória está viva a interioridade que decorria da distância e da centralidade da capital, no presente a interioridade é visível pelo abandono, pelo envelhecimento da população e pela desertificação mas, sobretudo pela opção no imediato como se não houvesse amanhã e, é do porvir que se trata quando se pensa uma Região, quando se pensa um país.
Pensar e agir para hoje, pensar e agir a soldo de mandantes externos só podia e pode ter o efeito que hoje estamos a viver. Uma economia que não produz, um povo abandonado e adormecido, um povo dominado pelo medo de mudar. Medo instalado por aí e por aqui.
Ninho do Açor, 28 de outubro de 2012

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 29 de outubro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

Caminhos da Gardunha

O avanço dos eucaliptos e os incêndios transformam a paisagem da serra beirã

Aqui e ali alguns pinheiros bravos resistem

Formações graníticas exibem as marcas do tempo


Criações naturais
Transfiguradas a cada olhar

Em fantasistas divagações


Vestígios do tempo
Abandonado pelos homens


Trilhos do passado
Permanecem na lembrança

Encruzilhada do presente


Esperança no futuro
Nas faldas da Gardunha



sábado, 27 de outubro de 2012

Por aqui. Em S. Vicente da Beira


Por aqui fiz aprendizagens de infância,



Por aqui perdi medos,
Por aqui ganhei amigos perdidos no curso da vida.



Por aqui brinquei,
Por aqui me iniciei nas primeiras letras,


Por aqui, no relógio do campanário aprendi a medir o tempo.


Por aqui, em S. Vicente da Beira.



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pausas 3






Embora o tempo se tivesse mostrado inconstante a pausa de hoje também teve os seus motivos de interesse.
Costa Norte de S. Miguel. Dos Remédios à Ribeira Grande.
Podem ver outras fotos no "memórias"

Pausas 2






À descoberta de S. Miguel. Nos últimos dias estive nas Sete Cidades e no regresso a Ponta Delgada fiz um desvio à procura de um aqueduto. O desvio ficou a dever-se ao "geocaching". Uma atividade de ar livre que tem destas vantagens - a descoberta e o conhecimento.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Pausas


Ponta da Madrugada - Nordeste


Ponta da Madrugada - Nordeste


Vista para a Tonqueira - Nordeste


A costa Sul - Povoação


O mar ao Sul na Vista do Rei



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Gente de Confiança - Açores 2012



Estou de regresso após uma ausência prolongada devido à campanha eleitoral para a ALRAA.

A todos os candidatos, ativistas, simpatizantes e eleitores da CDU deixo aqui os meus agradecimentos pela forma empenhada com que fizeram a campanha eleitoral.
Sem o vosso contributo não teria sido possível a manutenção da nossa Representação Parlamentar.
A todos o meu obrigado!
Em jeito de retribuição deixo-vos um vídeo com imagens e sons da campanha eleitoral.
Após uns dias para um merecido descanso temos de nos voltar para as lutas do presente e do futuro.
Conto convosco!
Podem sempre contar comigo.
Boa noite