quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Paco de Lucia - (1947-2014)


Paco de Lucia, um guitarrista de eleição, tendo nascido em Espanha, a sua música e arte ultrapassaram fronteiras.
Estava em Cancun, México de onde hoje partiu deixando um legado musical que o vai perpetuar.
Da sua sua arte ficam temas com este, Entre dos Aguas

Mário Coluna - (1935-2014)

O “Monstro Sagrado”, “Carregador de Piano”, ou simplesmente “O Capitão”. Estas eram algumas da alcunhas porque era conhecido Mário Esteves Coluna. A FIFA considera-o um dos 100 melhores futebolistas do Século XX, segundo a FIFA.
Mário Esteves Coluna ausentou-se ontem, guardo a memória de um atleta de exceção e de um Homem admirável.

Uma nota solta e o mar dos Açores

De concursos, elefantes e bentos tratarei numa outra oportunidade se considerar que se justifica desmitificar um assunto que tem mais de ruído do que substância, porém, hoje sempre direi que a pretensão de um sindicato, de um partido político e de alguns professores contratados era: 
i) a realização de um concurso externo para integração na carreira dos professores contratados, excluindo do acesso às novas vagas dos quadros os professores já integrados na carreira, nada mais justo dirão os professores do quadro, vulgo efetivos. Quando os professores no início, no meio ou no fim da carreira, percebessem a manigância que lhes estavam a preparar, isso sim seria contestação; 
ii) não satisfeitos, o sindicato, o partido e alguns professores contratados, propunham-se criar quadros de ilha, descaracterizando o posto de trabalho que, como sabemos, não pode e sobretudo, não deve ser uma área geográfica, com todos os perigos que daí advêm, quer para os contratados que vierem a ser integrados na carreira, quer para os professores dos quadros, sobretudo, os dos grupos e áreas disciplinares onde os horários na Unidade Orgânica escasseiam e que, mais tarde ou mais cedo Direção Regional de Educação colocaria no tal quadro de ilha. Isto é que é defender os professores, digo eu. Não, não digo. Isto é imediatismo que decorre de uma atitude leviana. A defesa dos professores, da Escola Pública de Qualidade, a defesa dos interesses das crianças e jovens que frequentam Sistema Educativo Regional, é um pouco mais do que isto e passa, sobretudo, por fazer a defesa de todos os Educadores e Professores, sem distinção entre professores contratados e/ou professores do quadro, 
Não querendo retirar nenhuma importância ao assunto existem, contudo, outras preocupações de igual relevância para os Açores e para o seu Povo sobre as quais importa tecer algumas reflexões, como seja por exemplo a defesa do Mar dos Açores.
Somos a Região portuguesa que dá verdadeira dimensão Atlântica à União Europeia. Temos, no nosso mar, recursos naturais de um valor incalculável que são alvo da cobiça dos grandes interesses estrangeiros. Recursos pesqueiros, materiais com interesse para a indústria da biotecnologia e recursos minerais que pertencem ao Povo, aos Açores e a Portugal.
A luta pela soberania nacional sobre as 200 milhas da Zona Económica Exclusiva não é, não pode ser, uma questão simbólica. Tem um valor económico real, valor que tem de reverter para os Açores e para o País no seu conjunto. A proteção e defesa do Mar dos Açores constitui-se, também, como uma questão essencial na recuperação da soberania nacional. 
PS, PSD e CDS, hipocritamente, dizem nos Açores lamentar muito o que os seus próprios partidos aprovaram na República e em Bruxelas. Foram estes partidos que aprovaram os tratados que nos roubaram a soberania sobre a Zona Económica Exclusiva. Foram estes três partidos, foram e continuam a ser, os cúmplices ativos da política de rapina dos recursos regionais e nacionais.
A proximidade das eleições para o Parlamento Europeu coloca esta e outras questões na agenda política regional e nacional é este o tempo de imputar responsabilidades aos “vendilhões” da Região e de Portugal, é este o tempo de penalizar política e eleitoralmente os partidos da troika nacional, é este o tempo de levar a luta até ao voto e dar apoio a quem, com coerência e desde sempre, combateu o roubo da nossa soberania marítima, a quem não vacila na defesa dos interesses regionais e nacionais e não se “vende” ao diretório político da União Europeia e aos interesses financeiros que o comandam.
Ponta Delgada, 25 de Fevereiro de 2014

Aníbal C. Pires, In Diário Insular et Açores 9, 26 de Fevereiro de 2014

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O concurso e uma espúria aliança

Estranha aliança
O concurso extraordinário para recrutamento e mobilidade dos educadores e professores tem sido alvo de uma grande polémica e muitas contradições.
Conhecida é a posição do BE assumida na proposta inicial e, posteriormente na proposta de substituição integral, as duas propostas foram retiradas no fim da discussão da generalidade, como também é público. A proposta inicial foi de imediato assumida pelo PCP e pelo PS, ao abrigo do ponto 2 do art.º 118 do Regimento da ALRAA. Importa esclarecer porquê a primeira, e não a de substituição, porque antes da deputada do BE retirar as duas propostas já tinham dado entrada na Mesa da ALRAA e distribuídas a todos os deputados, propostas de alteração à proposta inicial do BE, sendo assim só fazia sentido a assunção, pelo PCP e pelo PS, da versão original.
Seguiu-se o que também é do conhecimento público, o CDS/PP secundado pelo PPM, abandonaram o plenário e a discussão, os trabalhos foram interrompidos. Na manhã seguinte, antes de se iniciar a discussão do diploma, o BE anuncia o abandono do Plenário e da discussão.
Não faço nenhum juízo sobre esta tomada de posição pois esse juízo cabe em primeira e última instância ao Povo Açoriano.
Face ao que é conhecido, ou seja, as propostas do BE, o diploma que foi subscrito e aprovado pelo PCP, pelo PS e a abstenção do PSD, que participou nos trabalhos tendo apresentado 3 propostas de alteração, resta conhecer a posição do CDS/PP e do PPM sobre o conteúdo do Regulamento do Concurso Extraordinário.
É conhecida a posição sobre a forma e o processo, aliás é sobre isso que o PPM e o CDS/PP têm alimentado a comunicação social e conseguido primeira páginas e manchetes de jornal, mas é legítimo que o Povo açoriano e, designadamente, todos os educadores e professores da RAA conheçam a posição do CDS/PP e do PPM em relação à matéria de facto. Mas não, sobre as posições do Regulamento do Concurso, Nada. Digamos que em relação ao PPM não será difícil adivinhar, o deputado Paulo Estêvão tem património de intervenção em matéria de Educação de uma forma geral e sobre concursos, em particular. Quanto ao CDS/PP é mais difícil tentar qualquer exercício para perceber o que pensa o CDS/PP sobre o concurso extraordinário de educadores e professores.
Uma coisa é certa o concurso extraordinário vai atrasar-se devido ao comportamento do CDS/PP, do PPM e do BE e é as estes partidos que os educadores e professores têm de pedir responsabilidade por essa demora. 
Estranho mesmo é a comunicação social regional, cujo nobre objeto é informar, ainda não ter perguntado quer ao PPM, quer ao CDS/PP qual é a sua posição sobre o Regulamento do Concurso Extraordinário. 
Mas isso sou eu que acho estranho, as redações têm os critérios editoriais que tudo justificam.

Ponta Delgada, 25 de Fevereiro de 2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Europa, fundos estruturais e os Açores

As eleições para o Parlamento Europeu, nos Açores, estão imbuídas de algumas perversidades ancoradas numa falsa premissa. Alguns dos intervenientes não têm qualquer pejo em mentir aos açorianos e em subverter a própria natureza destas eleições, com a cumplicidade da comunicação social da Região, afirmando-se como candidatos a um inexistente círculo eleitoral dos Açores, ocultando que, para todos os partidos e coligações, há apenas uma lista e um círculo nacional. Uma coisa é um desejo, outra bem diferente é a realidade. Esta mentira, mil vezes repetida, tem tido reflexos negativos nas opções dos açorianos e na abstenção. Em 2009 os eleitores decidiram alhear-se das eleições para o Parlamento Europeu (PE) e 77% dos eleitores açorianos optaram pela abstenção.
Face a este cenário uma das principais tarefas e preocupações nos meses que medeiam até à realização das eleições para o PE terá que se centrar, para quem não gosta do limbo informacional que reina na Região, no esclarecimento. A informação tem de ser clara sobre a importância do PE, desde logo, porque é o único órgão da União Europeia (UE) eleito diretamente pelos povos europeus, mas também porque é no PE que se conformam as políticas que afetam, para o bem e para o mal, o nosso quotidiano.
A mentira e a confusão informacional feita por encartados comentadores ao serviço do PS, PSD e CDS vão muito mais longe. Para enganar o Povo açoriano pintam uma visão cor-de-rosa desta União Europeia, enquanto tentam ocultar o facto de que os muitos milhões de euros de fundos europeus investidos na Região ao longo dos anos não serviram para melhorar a vida dos açorianos, nem para superar os nossos défices estruturais.
Os Açores continuam, ao fim de muitos milhões e milhões de euros de fundos estruturais e quadros comunitários de apoio, uma das regiões mais pobres, mais isolada, menos produtiva, mais endividada, mais injusta e mais desigual da UE.
Os fundos europeus serviram, Serviram sim, para favorecer os grandes grupos económicos da Região, para alimentar clientelas políticas, para as grandes obras de fachada, fundamentais para ganhar votos, mas sem utilidade produtiva. Os fundos europeus serviram, nos Açores, sobretudo para tentar calar descontentamentos, para nos fazer aceitar a destruição da nossa agricultura, a desvalorização dos nossos produtos num mercado liberalizado e desregulado, para nos fazer aceitar a perda de 100 milhas de soberania sobre a nossa Zona Económica Exclusiva que a UE entrega à rapina das grandes frotas estrangeiras, que delapidam os nossos recursos naturais sem medida e sem controlo, à medida que os pescadores açorianos empobrecem.
Serviram para nos fazer aceitar a destruição da nossa indústria açucareira, manietada por acordos internacionais estabelecidos para o interesse das grandes economias europeias e não para proteger uma pequena indústria regional.
Serviram para nos fazer aceitar o isolamento, pois as regras europeias sobre a concorrência, não permitem que alegadamente se subsidie a transportadora aérea regional, de forma a garantir o direito dos açorianos à mobilidade e ao não isolamento.
Os fundos europeus, serviram para acabar com o nosso direito a produzir e a desenvolvermo-nos. Foi isto que a União Europeia capitalista deu aos Açores e é isto que as açorianas e açorianos têm de rejeitar nas próximas eleições europeias, penalizando eleitoralmente os partidos responsáveis pelas opções que nos conduziram à dramática crise que vivemos.
Ponta Delgada, 24 de Fevereiro de 2014

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et Azores Digital, 24 de Fevereiro de 2014

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O concurso

Desde a passada semana, ainda durante o processo que culminou com a aprovação de um concurso extraordinário de recrutamento e mobilidade de pessoal docente, Sim os concursos não são apenas para recrutar são, também, para permitir a mobilidade dos educadores e professores entre os quadros das “Unidades Orgânicas”. Mas como dizia, desde a passada semana que se levantou uma vaga de críticas ao Regulamento aprovado, na ALRAA, para o aludido concurso extraordinário. As críticas têm várias origens, desde logo, de alguns docentes, mas sobretudo as análises são alimentadas pela luta política e partidária. Luta legítima, é certo, mas muito pouco ética, os eleitores na devida altura farão o seu juízo e saberão penalizar quem, por falta de argumentos e conhecimento das regras parlamentares, quer delas se goste quer não, volta as costas ao debate político e se demite, ainda que temporariamente, do poder que os eleitores lhe conferiram.
O concurso extraordinário tem como principal e primeiro objetivo a entrada na carreira docente de professores contratados em número igual às necessidades permanentes do Sistema Educativo Regional, processo que estará concluído em 2016, e que permitirá a entrada nos quadros de cerca de 300 professores contratados, ou seja, esquece-se, ou procura-se fazer esquecer, que esta importante medida visa o combate à precariedade docente, para resvalar para a discussão de situações muito particulares às quais o Regulamento do Concurso Extraordinário não satisfazem e que resultam de opções dos próprios. Existe quem tenha optado por ficar indefinidamente como contratado para ficar na vila, cidade e ilha de residência e que agora se queixa que o Regulamento o vai “obrigar” a concorrer a toda a Região, outros porém entraram nos quadros porque optaram por entrar para a carreira em detrimento de se manterem no seu local de residência.
O Regulamento do concurso foi desenhado tendo como pressupostos, desde logo, o interesse regional e o combate à precariedade docente, essas foram as principais preocupações do legislador, a par de outras como por exemplo manter uma proximidade estreita, senão mesmo coincidente, com o Regulamento do Concurso Ordinário, quer se concorde ou não com ele. Mas o legislador não se ficou apenas por aí, preocupou-se para que não se gerassem situações de injustiça provocadas por ultrapassagens na graduação dos candidatos, o que não seria de todo admissível. Não seria aceitável que no Regulamento aprovado um candidato com maior graduação profissional fosse ultrapassado por quem tem menos graduação, isso sim seria uma injustiça e a perversão de um concurso público.
Se o Regulamento satisfaz e atende a situações pessoais, Não. Mas mal estaríamos se os regulamentos dos concursos públicos fossem construídos para atender à satisfação de um interesse particular.
As opções que cada educador ou professor foi fazendo, ano a ano, produzem efeitos a curto, médio e longo prazo. Sendo escolhas pessoais a responsabilidade é também pessoal e os efeitos negativos ou positivos têm de ser assumidos pelos autores, por conseguinte não me parece, nem a mim nem a ninguém que seja capaz de olhar para além do seu umbigo, que os argumentos utilizados para criticar o Regulamento do Concurso Extraordinário transfiram para o legislador uma responsabilidade que não sua, antes decorre, como se comprova, de opções pessoais, ao poder legislativo cabe legislar para os cidadãos, e não para este ou aquele cidadão, ao poder legislativo cabe legislar em nome do interesse regional, e não para este ou aquele grupo de interesses.
Ponta Delgada, 18 de Fevereiro de 2014

Aníbal C. Pires, In Diário Insular et Açores 9, 19 de Fevereiro de 2014

Foto => Catarina Pires

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

"Cara a Cara" - hoje no Cine Clube de Ponta Delgada


Hoje no 9500Cine Clube, na Sala 2 do Cine SolMAr, pelas 21h30mn.
"Cara a cara" é um retrato actual de uma juventude que se põe à prova arriscando a vida, por uma tradição. Pertencem a um grupo masculino único, a quem dedicam os melhores anos da sua juventude. Aceitam as regras impostas por uma tradição e a disciplina de uma hierarquia. Juntos testam os limites da valentia e do medo. Na arena, sob o olhar expectante de uma assistência silenciosa, põem-se à prova, arriscando a vida. É "cara a cara" que jovens forcados em Portugal e no México enfrentam os touros e a vida.

Convergência

A criação do acréscimo regional ao salário mínimo, no limiar do século XXI, teve como fundamentação a necessidade de encontrar mecanismos que, por um lado compensassem os trabalhadores açorianos dos custos de insularidade e, por outro a convergência com o salário médio dos trabalhadores do território continental. Passados que estão mais de 14 anos sobre a instituição do acréscimo continua a verificar-se, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que a convergência está muito longe de ser alcançada e que a diferença entre o rendimento médio mensal dos trabalhadores continentais e dos trabalhadores açorianos, do setor privado, se tem ampliado, ou seja, o rendimento médio mensal dos trabalhadores açorianos tem vindo a diminuir, se a este facto aduzirmos que o custo de vida na Região continua a ser mais elevado nos Açores do que no território continental, então facilmente percebemos que outros indicadores sociais, como a pobreza e o desemprego, sejam mais penalizadores na Região do que no continente.
A opção política de sustentar o emprego, exclusivamente pelo apoio e pelo subsídio, às empresas falhou, constitui-se como um paliativo mas é insuficiente. É, assim, mais do que tempo de reconhecer que a política de contenção salarial, de diminuição dos custos do trabalho e de flexibilização das leis laborais em nada conseguiu favorecer a criação de emprego, Nem na Região, nem na República.
Não nego, nem escamoteio que há fatores externos, ligados à conjuntura nacional e internacional que também influem nesta situação. Mas é mais do que tempo de reconhecer que a falta de dinamismo do nosso mercado interno, concretamente, a falta de poder de compra dos açorianos, é um fator central nas dificuldades das nossas empresas e um dos grandes causadores de encerramentos, falências e, por conseguinte, de mais desemprego. 
Não dispomos poder, nem competência política, nem capacidade para intervir diretamente nos mercados nacionais e internacionais. Não dispomos poder, nem competência política, nem capacidade, nem um instrumento financeiro para ordenar aos bancos para que alterem as suas políticas restritivas na concessão de crédito e contribuam para o investimento. 
Mas dispomos do poder, temos competência e, sobretudo, temos a obrigação perante o Povo açoriano de utilizar o poder político autonómico para introduzir alterações, como o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional, contribuindo assim para aumentar o poder de compra das açorianas e açorianos, com custos reduzidos para as empresas regionais, dar um impulso positivo à nossa economia e um sinal de esperança a quem aufere rendimentos do trabalho tão baixos que, por vezes têm de ser complementados com contribuições do Rendimento Social de Inserção.  
E foi no uso das competências e do poder que o Povo açoriano nos conferiu que, uma vez mais, a Representação Parlamentar do PCP propôs que o acréscimo regional ao salário mínimo fosse aumentado de 5 para 7,5%. Proposta, uma vez mais chumbada, pelo PS e pelo PSD. Não é o momento adequado, diz o PSD, derramando lágrimas de crocodilo sobre o assunto. Concordo, mas tem de ser por via do aumento do salário mínimo da República, diz o PS demitindo-se, assim e uma vez mais, de exercer as competências autonómicas.
A proposta de aumento ao acréscimo regional ao salário mínimo nacional será, no uso das competências e do poder que o Povo açoriano nos conferiu, retomada pela Representação Parlamentar do PCP logo que regimentalmente seja possível.
Ponta Delgada, 17 de Fevereiro de 2014

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et e Azores Digital, 17 de Fevereiro  

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Com ou sem

A situação social e económica que, nos últimos anos, atirou milhares de açorianos para o desemprego e para a emigração exige a adoção de medidas, pelos poderes públicos, que mitiguem os danos sociais e económicos, por conseguinte todas as ações e programas, ainda que casuísticas e conjunturais, são bem-vindas para atender às crescentes situações de emergência social. São bem-vindas mas não são suficientes. Atenuam o sofrimento dos cidadãos que estão privados do direito ao trabalho e ao rendimento mas não se constituem como solução transformadora. Não solucionam nem os problemas sociais, nem solucionam os problemas que afetam a economia regional e nacional, adiam-nos na secreta esperança que o projeto de construção da União Europeia retome os “eixos”, adiam-nos na secreta esperança que os mercados financeiros se acalmem e abdiquem dos chorudos lucros ganhos por conta do empobrecimento dos cidadãos e dos povos, adiam-nos na secreta esperança que depois da troika tudo seja diferente. E é isto que nos dizem, e é isto que a maioria de nós interioriza, na secreta esperança que possamos recuperar rendimento e direitos sociais que até há bem pouco tempo eram considerados inalienáveis e pelos quais tanto se lutou, sofreu e morreu.
Não sou homem de querer retirar a esperança a ninguém, mas secretas ou assumidas estas esperanças são vãs. Com troika ou sem troika, com União Europeia ou sem ela, com mercados calmos ou nervosos a verdade é que quando o fim da crise for “decretado” já o bando de fieis rapazes à teologia do mercado, a quem o povo português entregou o poder, trataram de destruir o Estado tal como ele está arquitetado na Constituição da República Portuguesa. Estamos e vamos continuar mais pobres, mais desprotegidos. Agora como depois de a crise ser “decretada” é pela luta dos trabalhadores e da população que se trava esta bárbara ofensiva contra a civilização. Só esperança e sonho sem lutar pela sua concretização é pouco, muito pouco. E não será preciso ir além da cultura popular para que, na sua imensa sabedoria, costuma dizer: “fia-te na Virgem e não corras…”, ou seja, não basta ter fé, é preciso agir, é preciso lutar.
O governo da República, pela mão do PSD e do CDS/PP e com a cumplicidade ativa do PS, que a célebre expressão da abstenção violenta tão bem documenta, tem vindo paulatinamente a destruir o Estado democrático.
Encerramento de Escolas, Hospitais, Repartições de Finanças e Tribunais. A asfixia financeira do Poder Local e a imposição de uma lei de compromissos que coloca em risco o investimento público do Poder Local, logo agora que tanto dele se necessita. A desresponsabilização e demissão do Estado nas Regiões Autónomas, particularmente nos Açores, perpetrada por velhos e novos centralistas, são alguns dos motivos para nos mobilizarmos para continuar a lutar pela democracia, a lutar pelo nosso Povo, a lutar pela nossa Região, a lutar por Portugal livre e soberano, a lutar por Portugal de Abril. 
Ponta Delgada, 09 de Fevereiro de 2014

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et Azores Digital, 10 de Fevereiro de 2014

Foto => Catarina Pires

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Foi há 25 anos


Há 25 anos fui ao aeroporto de Ponta Delgada despedir-me de familiares que regressavam a Lisboa, via Funchal, num voo da TAP. Era uma segunda-feira com tantas outras, a aerogare estava movimentada pois, para além desta ligação a Lisboa, estavam também passageiros para os voos interilhas e para um voo charter, ao que me lembro, com destino aos Estados Unidos.
Depois das despedidas e da descolagem do voo para Lisboa abandonei o aeroporto com destino à Escola onde e então lecionava.
Passado algum tempo recebi um telefonema da minha companheira a informar-me que se tinha despenhado um avião em Santa Maria. A minha primeira reação foi incutir-lhe alguma calma pois, os familiares em viagem para Lisboa eram os pais da minha companheira.
 Sem outra informação ainda disponível depressa se iniciou alguma especulação e as primeiras notícias, sem confirmação, apontavam para que a aeronave acidentada teria sido a que tinha saída algum tempo antes de Ponta Delgada com destino ao continente americano. Só mais tarde a informação deu conta de que o avião que se tinha despenhado, um B 707 da Independent Air, vinha de Bérgamo, Itália, e tinha como destino a estância turística de Punta Cana.
O B 707 tinha embatido no Pico Alto e não houve sobreviventes, foi o maior acidente aéreo que se verificou no espaço português.
Ao longo destes 25 anos verificaram-se outros acidentes aéreos nos Açores, um avião militar alemão no Aeroporto de Ponta Delgada e um ATP da SATA Air Açores que colidiu com o Pico da Esperança, na ilha de S. Jorge, também nestes acidentes não houve sobreviventes.
A evolução que se verificou na navegação aérea, na formação de pilotos e a tecnologia instalada, quer em terra quer nas aeronaves reduzem ao mínimo a hipóteses de acidentes aéreos como os que se verificaram em Santa Maria e em S. Jorge.
Existem, todavia, na União Europeia grandes pressões comerciais e uma competitividade irracional que tendem a desregular a profissão dos pilotos e tripulantes de cabine, aliás procurando seguir o modelo vigente nos Estados Unidos da América. Pressões que só podem vir a colocar em causa a segurança de voo na aviação civil e comercial. Infelizmente já existem exemplos que ilustram o resultado desta desregulação e desvalorização dos pilotos.

Who fucked Victoria Nuland

Quem fodeu a norte americana e Secretária de Estado Adjunta para a Europa ao divulgar esta conversa telefónica onde a determinada altura a Senhora diz: a UE (União Europeia) que se foda… Expressão que obteve a anuência do seu interlocutor.
Mas quem deve estar fodido com isto tudo são os “democratas” ucranianos, os imparciais jornalistas e comentadores que pululam nas redações da comunicação social nacional de referência e, claro, fodido estará também o presidente Barack Obama, não pela indesmentível ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos de países soberanos, isso não é novidade, mas pela linguagem de Victoria Nuland. Mas que foda, terá exclamado o presidente Obama, quando foi informado do sucedido.
Quanto à UE, ao que foi apurado, ninguém se sentiu fodido com as palavras desta diplomata estado-unidense, pois entre Bruxelas, Paris e Berlin ninguém assumiu que estivesse a ser realmente fodido, o que demonstra o desnorte que reina na EU.
O tema da conversa telefónica de Victoria Nuland e o Embaixador estado-unidense versava a necessidade de uma maior intervenção da ONU e dos Estados Unidos na “crise” política ucraniana.

Não deixem de ouvir a conversa telefónica enquanto a não retiram do Youtube.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Zonas Húmidas


Hoje comemora-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas.
O ”momentos” face à importância destas zonas, à sua beleza e à vida que ali prolifera não podia deixar de assinalar este dia, alertando para a necessidade da sua proteção e preservação.
A foto é uma vista parcial da Lagoa das Sete Cidades, uma das muitas Zonas Húmidas que existem nos Açores.

Foto => Madalena Pires

Françoise Hardy - a abrir Fevereiro


A "capa" de Fevereiro é dedicada a Françoise Hardy. Nasceu em  Paris no ano de 1944.
Em 1961 a oferta de uma guitarra, após a conclusão dos estudos secundários, marca o início de um percurso de compositora e cantora. Ainda em antes de 1961 chegar ao fim, em Novembro, assina o seu primeiro contrato com a discográfica Vogue.

Tous les garçons et les filles é o seu primeiro êxito.