segunda-feira, 29 de julho de 2013

Concerto Sinfónico - os Artistas da FESTA


Não posso, porque se trata da Sinfonietta de Lisboa, enumerar todos os excelentes músicos que vão estar em palco na abertura da FESTA, a referência fica para o maestro Vasco Azevedo e para o solista Pedro Burmester.
Este ano o Concerto Sinfónico é dedicado à memória de Álvaro Cunhal, à sua obra, pensamento e luta. Aqui poderão encontrar as motivações para não perderem este momento na Quinta da Atalaia.

domingo, 28 de julho de 2013

António Zambujo - os Artistas da Festa


António Zambujo vai à FESTA.
Do Alentejo para o mundo, a obra de António Zambujo é reconhecida nos quatro cantos do globo, aclamada, por exemplo, no Brasil (com apoiantes tão ilustres quanto Caetano Veloso ou Chico Buarque) ou nos Estados Unidos (com rasgados aplausos do incontornável The New York Times).

Mariem Hassan - os Artistas da FESTA


Conhecida como a «Diva do Deserto», Mariem Hassan nasceu e viveu no Saara Ocidental, até à ocupação do território por Marrocos. Começou a sua carreira profissional com o grupo Mártir Luali, mas consolida-se no panorama da música a título individual com Deseos.
Com e pela libertação do povo saaraui a FESTA é também solidariedade internacional.

sábado, 27 de julho de 2013

Kumpania Algazarra - os Artistas da Festa


O prometido é devido. Hoje dou inicio à divulgação dos Artistas da Festa do Avante - 2013.
A FESTA é só o maior evento político e cultural que se realiza em Portugal, este ano realiza-se nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, no local habitual, Quinta da Atalaia, Amora Seixal.

E começo com os KUMPANIA ALGAZARRA.
A música deste grupo, de Sintra, sofre influências diversos estilos musicais e mistura sons vindos de todos os continentes, fazendo dos seus espectáculos autênticas viagens pelos sons do Mundo.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Olhar a cores


Olhar a cores

Oiço o teu olhar
Azul, preto, verde, castanho
É cor dos teus olhos, mulher
É luz que cintila no teu olhar

Castanhos como a terra fértil
Verdes como esta ilha de flores cerzida
Pretos de moira encantada
Azuis do céu e do mar

A todos procuro
Em todos aporto
Em todos me afundo
E todos me falam de ti, mulher

Sonho,
Ao ouvir o teu olhar, sorrir
Ao ver no teu olhar, murmúrios de amor
Amor de mãe, amiga, esposa, amante,
E gosto, 
Gosto da cor das palavras que os teus olhos irradiam

Aníbal C. Pires, Santa Cruz das Flores, 25 de Julho de 2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Causa efeito

A destruição do Estado diminui a qualidade dos serviços que constitucionalmente lhe competem. As “imposições” da troika e a submissão do PSD, do CDS/PP mas também do PS, vieram acelerar este processo de desmantelamento das funções do Estado, processo que não é tão recente quanto os cidadãos mais distraídos pensam e, que se não for travado vai acabar por nos conduzir à completa dependência económica e política dos oligopólios financeiros, à servidão.
E se as insuficiências de setores como a educação, a saúde e a segurança social, que se traduzem na diminuição na qualidade dos serviços e apoio prestados, são a parte mais visível da estratégia neoliberal do menos Estado melhor Estado que, mais não pretende do que a sua privatização ou, pelo menos a paridade com o setor privado, encaminhando, assim, recursos financeiros públicos para remunerar o capital privado, outros setores da administração pública estão paulatinamente a deixar de cumprir as funções que lhe estão cometidas. E, tenho cá para mim, que nada disto é por acaso, mesmo sem me meter pelas tergiversações da teoria da conspiração.
Acabei de ler, há momentos, a síntese de um estudo do economista Eugénio Rosa, Sim é um dos economistas desalinhados do sistema, e eu gosto, Gosto de desalinhados, rebeldes e insurgentes pois, é com eles que a humanidade cresce e se liberta. O estudo demonstra a incapacidade da administração tributária e da segurança social na cobrança de dívidas aos designados “devedores estratégicos”, ou seja os grandes devedores, e atribui uma, de entre outras causas, para esse efeito devastador para as finanças públicas.
A causa, ou uma delas, reside na saída “voluntária” ou por despedimento, estava aqui a tentar encontrar um outro vocábulo com o mesmo significado para tentar amaciar o discurso, mas não vale a pena, é mesmo de despedimentos que se trata. Veja-se a Portaria N.º 221-A/2013 e outros normativos legais, em discussão na Assembleia da República, que visam o despedimento de milhares de trabalhadores da Administração Pública nacional, tudo em nome do obsessivo dogma da diminuição da despesa pública. Como se a despesa pública em Portugal fosse o grande problema. Na verdade é que a despesa pública em Portugal representa 47,4% do, PIB e na União Europeia a 27 representa 49,4%. Pois, a despesa pública na União Europeia é superior, em 2,5%, à despesa pública em Portugal, ninguém diria, mas o EUROSTAT é uma fonte confiável, digo eu.
A degradação dos serviços públicos será a causa, de entre outras, para que as Finanças e a Segurança Social não tivessem cobrado, entre 2010 e 2012, 4077,5 milhões de euros o que adicionando às dívidas de anos anteriores dá uma soma de 27884 milhões de euros de dívidas às Finanças e à Segurança Social. Nem vos falo dos 4392,9 milhões de euros de impostos que, entre 2007 e 2011, não foram arrecadados porque prescreveram devido à incapacidade do Estado de os cobrar, em tempo útil.
Não há dinheiro, então não há. Há, e é muito. Mas a opção consciente e de classe, dos partidos troikistas é a austeridade, são os cortes nos direitos e nos rendimentos de quem trabalha e de quem trabalhou. A opção são as privatizações de empresas e setores estratégicos para a economia nacional, a opção é a destruição do Estado.
A minha opção de classe é ao lado dos trabalhadores e do Povo português, a minha opção de classe é pelo lado do coração, pelo lado esquerdo da vida.
A receita não é nova e não deu resultado em lugar nenhum do planeta, a solução tem de passar pela rutura. Sei que é uma palavra forte mas se não rompermos com estas opções, que são políticas, o futuro está comprometido, está comprometida a nossa liberdade individual e coletiva.
Ponta Delgada, 16 de Julho de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 17 de Julho de 2013, Angra do Heroísmo

terça-feira, 16 de julho de 2013

Desalinhados, rebeldes e insurgentes

Gosto de desalinhados, rebeldes e insurgentes

É com eles, com os insubmissos, com os revoltados, com os desadornados

É com eles que a humanidade cresce e se liberta

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Terceiro Homem, hoje no 9500

Após a 2ª Guerra Mundial, chega a Viena Holly Martins (Joseph Cotten), escritor americano de 6ª categoria. Holly estava em crise e sem dinheiro, mas o seu velho amigo de escola Harry Lime (Orson Welles) prometera-lhe um trabalho. Holly tenta encontrar Harry e então fica sabendo que ele foi atropelado e teve morte instantânea. Intrigado, o escritor decide fazer sua própria investigação sobre o misterioso passado do amigo e descobrir o que de facto aconteceu.
Uma produção britânica do realizador Carol Reed e que conta com Joseph Cotten, Alida Valli e Orson Welles.
Aqui e aqui podem saber mais sobre este filme. Aqui podem visualizar o triller

Hoje pelas 21h 30mn, na sala 2 do Cine Sol Mar, em Ponta Delgada.

Os dividendos da EDA

A 30 de Março pp a Assembleia Geral de acionistas da EDA resolveu, vá-se lá saber por quê, que o valor dos dividendos a distribuir seriam o equivalente a 11,4%, esta decisão foi tomada ao arrepio da proposta do Conselho de Administração da elétrica regional que propunha cerca de 5% para a distribuição de dividendos em relação ao ano de 2012.
A estrutura do capital social da EDA é composta por 50,1% da Região, cerca de 40% do Grupo Bensaúde, sendo o restante pertencente à EDP e a pequenos acionistas. A proposta do Conselho de Administração previa distribuir 3,5 milhões de Euros, o que corresponde, grosso modo, a uma remuneração do capital na ordem dos 5%. 
Os acionistas, não satisfeitos, decidiram remunerar-se com 8 milhões de euros. Oito milhões de euros que foram obtidos à custa de um aumento do preço médio do Kw de 17,5%, nos últimos 5 anos. Aumento pago pelas sacrificadas famílias açorianas e pelas empresas e cooperativas açorianas. Mas foi também à custa do roubo dos subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores da EDA que o capital público e privado se remunerou.
Num ano de aprofundamento da crise, num ano de sacrifícios impostos a todos os portugueses, o Governo Regional e os acionistas privados decidiram aumentar a remuneração dos acionistas da EDA em 228%, em relação a 2011. Destes 8 milhões de euros extorquidos aos trabalhadores, às famílias às empresas açorianas, 3,2 milhões vão direitinhos para o Grupo Bensaúde, em função da sua participação em cerca de 40% no capital da EDA.
Foi para isto que se aumentaram os preços da eletricidade. Foi para isto que se roubaram os trabalhadores das suas remunerações. Para engordar o maior grupo empresarial da Região. Quando se trata de cortar nos direitos e remunerações dos trabalhadores, quando se trata de receber avales do Governo Regional e do Governo da República, incentivos e apoios ao investimento, a EDA é uma empresa pública. Quando se trata de reduzir o preço das tarifas elétricas, quando se trata de distribuir os rendimentos que foram pagos pelas famílias e pelas empresas açorianas, a EDA já é uma empresa privada.
A elétrica regional não pode continuar a ser um instrumento para engordar os lucros do Grupo Bensaúde. A EDA tem de ser um instrumento para o desenvolvimento da Região, os seus benefícios e o seu desenvolvimento tem de beneficiar todos os açorianos. A EDA tem de ser uma empresa pública na hora de cobrar como na hora de distribuir dividendos.
Esta vergonhosa situação dá ainda mais força e, ainda mais urgência à proposta feita, no início da legislatura, pelo PCP Açores. Proposta que visava reduzir, em 10%, a fatura elétrica, proposta que visava aliviar o orçamento das famílias, proposta que visava reduzir a estrutura de custos das empresas e cooperativas regionais, proposta que no fundo visava distribuir parte dos “dividendos” pelos acionistas maioritários da EDA, o Povo açoriano.
Um novo ano legislativo se inicia em Setembro e será em Setembro que a proposta será renovada.
Ponta Delgada, 14 de Julho de 2013

Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 15 de Julho de 2013, Ponta Delgada

domingo, 14 de julho de 2013

Bana - (1932-2013)

Foi na Casa da Morna, em Lisboa, que tive o privilégio de ver e ouvir Bana ao vivo. Conhecia-o há muito. Desde criança que me interesso pela cultura cabo-verdiana e Bana contribuiu para que o meu gosto pelas mornas e por Cabo Verde crescessem comigo.


Bana retirou-se aos 81 anos depois de uma longa carreira de intérprete e embaixador da música de Cabo Verde.

domingo, 7 de julho de 2013

Aconteceu na Bolívia, aconteceu na América Latina


Uma equipa de cinema espanhola escolhe a Bolívia para rodar um filme sobre Cristóvão Colombo e a colonização, no guião entram também as figuras do dominicano Antonio de Montesinos e do padre Bartolomeu de Las Casas, ao primeiro é atribuído o primeiro discurso, durante um sermão, de defesa dos direitos naturais e humanos dos índios. Esta publicação tem como objetivo aconselhar a ver o filme, “Tambien la Lluvia” Mas a história que a equipa de cinema pretendia contar atravessa uma outra história, a luta em defesa da água como um bem público. Conheço as duas histórias e, porque julgo que vale a pena partilhar, até porque o perigo da privatização da água pende como uma ameaça sobre os povos de Portugal e da Europa, fica a sugestão para verem, também, este documentário de John Pilger, “A guerra na Democracia”
A questão da luta contra a privatização da água no Bolívia é tratada a partir de 1h 16mn 50seg, embora a recomendação seja para ver todo o documentário.

sábado, 6 de julho de 2013

Frida Kahlo

Frida Kahlo (1907-1954). Nasceu a 6 de Julho de 1907 em Coyoacán, México. Passam hoje 116 anos sobre o seu nascimento e, no próximo dia 13, 59 anos sobre a sua morte.
O momentos já lhe dedicou uma publicação que pode ser revista aqui.
Sobre a sua obra e existência nem me atrevo a tecer considerações. Gosto da forma como passou pela vida e admiro o seu legado artístico, É único, como Frida o foi.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Farsas, fugas e feitiços

A dramática situação social, económica e política que se vive na Região e no País não pode, nem deve, ser dissociada das eleições para as autarquias que se vão realizar a 29 de Setembro deste ano. Os esforços dos partidos troikistas na personalização das candidaturas autárquicas procurando, assim, descolar os seus candidatos das responsabilidades, que o PS, o PSD e o CDSPP, efetivamente têm no aumento do desemprego, no empobrecimento dos cidadãos, no empobrecimento das famílias, no empobrecimento do País e da Região e pela tentativa de esvaziamento da Autonomia Regional. Tentativa de esvaziamento que se traduz na ofensiva centralista de Passos Coelho e Paulo Portas, mas também pela atitude demissionária do Governo Regional, de Vasco Cordeiro, ao recusar utilizar as competências autonómicas para contrariar as medidas das políticas de austeridade e de ataque aos direitos dos trabalhadores e ao Povo açoriano.
A luta pelo poder, apenas pelo poder, está a caraterizar a estratégia do PSD e do CDS/PP que se têm socorrido de todos os meios para instalar a confusão neste período pré-eleitoral. Nada inibe os partidos responsáveis pela atual governação em Portugal nesta luta de poder, pelo poder, nem mesmo a recuperação do apêndice, o PPM que, como sabemos, foi um dos partidos da extinta e de má memória AD, agora ressuscitada na Horta, e que é utilizado com outros contornos conforme a geografia e o calculismo eleitoral. 
A esta estratégia de “descolar” do Governo da República e das medidas que flagelam a generalidade dos trabalhadores e do povo português, está associada a criação de um clima de aprofundamento da bipolarização da qual o CDS/PP tenta fugir a sete pés, refugiando-se em coligações pré-eleitorais ou, apoios tácitos ao PSD. Percebo, e os eleitores também.
Proliferam também, por aí, os “ grupos de cidadãos” e, se reconhecidamente alguns desses movimentos têm genuinidade outros, porém, não passam de farsas orquestradas por feiticeiros e feitiços ancorados no sentimento antipolítica e políticos e, no anti partidarismo. Estes últimos contam com ingenuidade e o pouco esclarecimento dos cidadãos para obterem apoios eleitorais que guindem os seus promotores para o exercício de cargos públicos, ou seja, estamos perante um exercício daquilo a que posso designar por, “alpinismo político”, e aos protagonistas e mentores nada mais adequado do que adjetivá-los de, “free lancers” da política e da vida pois, nada mais pretendem do que a satisfação de interesses de índole pessoal. Para confirmar esta afirmação atente-se aos nomes dos protagonistas e às correspondentes formações políticas e sociais que por aí emergem (movimentos/plataformas) como cogumelos no Outono. Sobre alguns destes projetos “políticos” facilmente se pode constatar quais os seus reais objetivos, os protagonistas de ontem encontram-se hoje a liderar outros projetos. Projetos “políticos”, por vezes, tão antagónicos como são os ideais monárquicos dos ideais republicanos. Será que os move o interesse público ou é apenas uma motivação para satisfazer interesses pessoais? Será que estão contra o “sistema”, como enunciam, ou será que os move a ambição de ao “sistema” pertencerem!? A esta e outras farsas, fugas e feitiços os eleitores, que não são ingénuos e muito menos estúpidos, saberão dar a devida resposta como já, no passado, o fizeram.
Vila do Porto, 01 de Julho de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 03 de Julho de 2013, Angra do Heroísmo

Foto de Madalena Pires

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Claudia Cardinale - a abrir Julho




É um retorno à minha juventude quando esta mulher povoava os meus sonhos.
Também um tributo à mulher e à actriz.
Claudia Cardinale é uma mulher bela e sensual, é uma cidadã que não deixou passar a vida ao lado, actriz de Fellini e de Visconti com uma curta passagem pelo cinema estado-unidense, não se deixou deslumbrar por Hollywood.
Nasceu em Tunis filha de pais sicilianos.










Obrigado e desculpe

Não, Obrigado não. Não gosto da palavra. Bem talvez não seja do vocábulo mas da utilização a que ele se dá. Prefiro bem-haja e, ainda assim, dispenso agradecimentos por atos que promovo a favor de outros, sejam esses outros anónimos individuais ou coletivos, sejam esses outros indivíduos do meu círculo de amizades, ou mesmo do meu círculo familiar. Não gosto. Não gosto, mas verbalizo com muita frequência a expressão, obrigado, muito obrigado. Faço-o naturalmente, assim fui educado no tempo e no espaço da minha infância e juventude, integrei essa aprendizagem como parte dos ritos da ruralidade e da urbanidade que vivenciei. Veio de casa, veio do seio da família e permanece. Pode parecer um paradoxo, Sim talvez seja uma, de outras contradições que transporto comigo mas, dispenso a obrigação e não faço nada que obrigue outros a que me fiquem obrigados, dependentes. Abomino as dependências e as teias que as servidões tecem. Outro paradoxo, afinal, eu próprio sou um dependente, não dispenso o prazer de um cigarro, um prazer de entre outros prazeres, outras dependências, quiçá, mais deleitosas que aspirar o fumo de um cigarro e sem os perniciosos efeitos da nicotina e do alcatrão.
Desculpa, peço desculpa! Aí está, outra expressão que frequentemente utilizo para com os outros, mas não gosto, não gosto mesmo nada, que me seja dirigida. E aborrece-me profundamente quando os pedidos de desculpa são reiteradamente utilizados, é muito erro junto. O pedido de desculpa está, geralmente associado a um incorreção cometida, a um juízo precipitado, à verbalização irrefletida. Claro que nem sempre é assim, pedimos desculpa, se a educação nos aconselha, por muitas outras razões e por pequenas coisas, pequenas coisas que estão muito longe de serem erros, injustiças, palavras menos apropriadas. Também cometo erros, muitos erros, e peço desculpa por eles. Aprendo com os meus erros e não me lembro, vá lá talvez aos meus pais, de ter pedido desculpa, por mais de uma vez, à mesma pessoa e, muito menos pelo mesmo erro.

Chegado aqui, sem saber muito bem como e porquê aqui vim ter, fico sem perceber se sou tolerante ou intransigente com os outros. Agradeço como toda gente, mas não gosto que me digam obrigado, peço frequentemente desculpa mas não gosto que me solicitem a indulgência. E eu que tenho de mim a ideia que sou um pragmático, ou não serei. Sei que sou teimoso, muito obstinado, orgulhoso que baste, mas capaz de reconhecer quando estou errado. Mas ao reler o que escrevi até aqui começo a duvidar de mim, ou melhor, a colocar em causa aquilo que julgo ou julgava ser, já nem sei muito bem o que pensar e dizer ser sob pena de ter de recorrer à psicanálise, luxo a que não me posso dar, para além do estigma que sobre mim ficaria a pairar.
Será que tenho de deixar de fumar e dedicar-me mais a outras dependências, as tais, as mais deleitosas e menos nocivas prá saúde, ou isto é apenas o cansaço associado a precoces efeitos da silly season.
Muito obrigado a quem conseguiu ler até ao fim e, quero apresentar as minhas sinceras desculpas se as vossas expetativas foram goradas durante a leitura do texto.
Ponta Delgada, 29 de Junho de 2013 

Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 01 de Julho de 2013, Ponta Delgada

Fotos de Madalena Pires