segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Estamos aí, para o que der e vier

No rescaldo das eleições autárquicas quero saudar e agradecer publicamente a todos os eleitores, militantes, ativistas e candidatos da CDU nos Açores pela confiança, empenho, dedicação e coragem.
Aos eleitores que através do seu voto depositaram a sua confiança nas candidaturas e projetos autárquicos da CDU expresso, não só o meu agradecimento, mas também a garantia de que os eleitos da CDU, nas Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia, tudo farão para afirmar o que diferencia a CDU de outros projetos políticos e, assumirão todos os compromissos firmados com as populações. Com e para pessoas na defesa da nossa terra, é este o mote que nos mobiliza e nos diferencia.

Aos ativistas e militantes o meu reconhecimento pelo empenho, trabalho e criatividade com que participaram na campanha eleitoral. Os escassos meios financeiros foram largamente compensados pela generosidade do vosso trabalho, pela vossa dedicação e empenho.

Aos candidatos eleitos e não eleitos quero expressar o meu reconhecimento e agradecimento por terem assumido esta batalha eleitoral. Foi uma contenda, como era esperado, travada de forma desigual. A nossa tarefa teve e tem por objetivo despertar consciências, não compramos “almas”, juntamos vontades.
Verificando-se situações díspares de freguesia para freguesia, de concelho para concelho, de ilha para ilha, o resultado eleitoral da CDU nos Açores tem de ser olhado como globalmente positivo. A votação para as Câmaras Municipais, tendo concorrido a menos que em 2009, manteve-se, número de eleitos aumentou e a votação para as Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia cresceu substantivamente.

Se estamos satisfeitos, Não. É dessa insatisfação que alimentamos a nossa determinação e, é com essa insatisfação que vamos continuar a “juntar vontades” para construir um Mundo melhor, digno e justo.
Se só vamos voltar à rua em 2017, Não.
Estamos aí, para o que der e vier, todos os dias, junto dos trabalhadores e do povo.

sábado, 28 de setembro de 2013

A reflectir no "DESFADO" dos portugueses - Ana Moura, logo no Teatro Micaelense



Um tema da ANA MOURA, em dia de reflexão.
Logo vou estar no Teatro Micaelense vendo e ouvindo este e outros temas na voz de ANA MOURA

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Satisfeito!? Assim, assim

Estou satisfeito com o aumento do montante do próximo quadro de apoio comunitário, claro que sim, mas mais do que quantidade de milhões de euros que continuam a ser alocados à Região e ao País importa saber como é que eles vão ser utilizados. Os milhares de milhões de euros dos anteriores quadros comunitários passaram ao lado da resolução dos graves problemas que nos afetam. Com o dinheiro da União Europeia fez-se obra necessária, obra de duvidosa utilidade, ou mesmo obra sem utilidade nenhuma. Com o dinheiro da União Europeia pagou-se para destruir a economia produtiva regional e nacional. E, embora pareça um paradoxo com o dinheiro da União Europeia, a dívida das autarquias, dos poderes regionais e do poder central, ou seja, a dívida pública aumentou, Sim, aumentou porque foi necessário recorrer a endividamento para completar a comparticipação dos fundos comunitários. A minha satisfação seria muito maior se, para além do montante global ter aumentado, houvesse um acréscimo das comparticipações dos fundos europeus, e isto porque o novo contexto económico nacional e europeu alteraram substancialmente as condições e possibilidades de investimento por parte das entidades públicas e atores privados, assim julgo que seria necessário um aumento das taxas de cofinanciamento, sob pena de se inviabilizar a realização de muitos dos investimentos necessários
O novo quadro é a oportunidade de superar défices estruturais que permaneceram ou mesmo se acentuaram ao longo do último período de programação, nomeadamente combatendo as fragilidades da economia regional que a crise que vivemos revelou. As dificuldades do setor primário açoriano são indissociáveis da política de redução da capacidade produtiva, de abandono de atividade para muitos produtores (agricultura e pesca) que tem sido seguida nos últimos anos, quer por imposição externa, quer por opção política interna. É, assim, necessário reorientar a aplicação dos fundos, priorizando o aumento da capacidade produtiva e geradora de riqueza, ao invés de continuar a aplica-los na redução de atividade. O aumento da produção regional, em especial nos setores tradicionais deve estar no topo das prioridades, sem no entanto esquecer o conjunto de produções inovadoras que se estão a afirmar na Região. 
Sei que o que atrás ficou dito não é nada de novo, poderia ter afirmado exatamente a mesma coisa há sete anos atrás, o que, em minha opinião, é revelador do falhanço da aplicação dos fundos comunitários, isto apesar das elevadas taxas de execução que deixa muito satisfeito o Governo regional. As taxas de execução podem ser as melhores do País e até da Europa mas, em boa verdade vos digo que os resultados da sua aplicação não me deixam nada, mas mesmo nada, satisfeito,
No próximo quadro comunitário de apoio a dinamização do mercado interno regional deve ser olhada como a prioridade das prioridades. Um mercado interno forte vai permitir reduzir importações, melhorar a balança comercial regional, bem como fomentar a criação de emprego e de oportunidades de negócio. A redução da nossa crónica dependência externa deixar-nos-ia menos permeáveis às flutuações dos mercados externos.
É, assim, necessário que se reforcem os meios destinados a ultrapassar os constrangimentos permanentes a que a Região está sujeita, nomeadamente no campo dos transportes internos e externos e dos custos que lhes estão associados. É necessário não apenas melhorar a ligação dos Açores aos continentes europeu e americano, como também apostar de forma decidida na melhoria dos transportes de passageiros e carga entre as diversas ilhas do arquipélago, unificando os mercados, fomentando as trocas e a criação de circuitos comerciais dando, desta forma, um novo e decisivo impulso à Coesão regional.
É necessário que este novo quadro dê substância concreta ao papel dos Açores enquanto porta atlântica da União Europeia, transformando a sua situação ultraperiférica de constrangimento para oportunidade. Assim, é necessário um reforço significativo dos meios destinados à cooperação e desenvolvimento de projetos com as restantes regiões da Macaronésia, com as quais os Açores devem construir e reforçar uma relação privilegiada.
Se estas forem as principais prioridades na afetação dos recursos financeiros do próximo quadro comunitário de apoio, aí sim ficarei satisfeito, muito mais satisfeito do que com o mero anúncio do aumento do valor global do envelope financeiro do próximo quadro comunitário de apoio (2014/2020).
Ponta Delgada, 24 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de Setembro de 2013, Angra do Heroísmo

O coração e a razão

A batalha política e eleitoral autárquica aproxima-se do seu desfecho. Não pretendo antecipar nenhuma previsão, nem tecer elaborados comentários a qualquer candidatura, aliás seria uma tarefa bem complexa tal é o número de candidaturas e candidatos. As eleições autárquicas são, pela sua natureza de proximidade, um excelente exercício de democracia participativa que importa valorizar. 
A natural personalização das candidaturas é, no entanto, aproveitada para branquear projetos políticos e responsabilidades da governação, presente e passada. Não será por mero acaso que os símbolos e as siglas partidárias, dos chamados partidos do arco do poder, são reduzidos à mínima dimensão possível nos diferentes suportes de propaganda eleitoral e, se projetam os nomes e as imagens dos candidatos. Claro que nesta última semana o esforço dessas candidaturas terá de se centrar no boletim de voto. Vai ser necessário explicar aos eleitores que se vota nos partidos e coligações e não no fulano ou sicrano, e repeti-lo até à exaustão. Se não o fizerem correm o risco dos eleitores ficarem surpreendidos quando, no recato da Assembleia de Voto, se depararem com três boletins de voto sem fotografias, apenas o nome do partido ou coligação e o respetivo símbolo. Não tenhamos ilusões é disso que se trata. A opção eleitoral no dia 29 é, uma vez mais, uma opção em projetos políticos partidários e não em personalidades. Tenho consciência que os protagonistas têm importância, sem dúvida. Sei que as decisões, designadamente as que resultam em opções eleitorais são ditadas pela emoção, mais do que pela razão. Mas também sei que por detrás da personalidade, mais ou menos simpática, mais ou menos mobilizadora, está um projeto político que tem associada uma matriz ideológica.
O melhor de todos os exemplos para ilustrar esta enunciação será mesmo Barack Obama, o Presidente dos EUA. Passados que foram os primeiros meses de exercício do poder, ainda no primeiro mandato, a aura deixou de brilhar e a esperança que nutriu o apoio de milhões de cidadãos, dentro e fora dos EUA, foi-se desvanecendo e veio a frustração, pelas promessas não cumpridas, pela submissão ao poder instituído, pela mesma política interna e externa, ou seja, Barack Obama seguiu escrupulosamente o roteiro político do seu partido, o Partido Democrata. A eleição de um descendente de africanos para presidir ao governo/administração dos EUA foi importante, Sim, sem dúvida mas apenas no plano simbólico, nada mais que isso.
As opções eleitorais dos portugueses catapultaram para o poder figuras como Paulo Portas e Passos Coelho, como antes acontecera com José Sócrates. Será que cada uma destas personalidades imprime, ou imprimiu, um cunho pessoal à governação do país!? Será que seria diferente com Ribeiro e Castro (CDS/PP), com Marques Mendes (PSD) ou, será diferente com António José Seguro (PS), Não, as opções políticas, verdadeiramente importantes, seriam exatamente as mesmas. A comunicação seria diferente, Sim, sem dúvida. Mas como não vivemos nem nos alimentamos de comunicação e imagem, talvez seja tempo de fazer as opções eleitorais aproximando a emoção da razão, ou vice-versa.
Ponta Delgada, 22 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 25 de Setembro de 2013, Ponta Delgada

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ser diferente é "fixe"(*)

Por estes dias, já noite, ao entrar na envolvente a Ponta Delgada, vindo da rotunda de Belém e ao encontro do ritual da refeição em família o meu filho mais novo, jovem de 17 anos, dizia-me: “Oh pai! Isto está a ficar fixe até parece a 2.ª circular em Lisboa. As duas bombas de gasolina e o Mcdonald’s”.
A iluminação artificial, os anúncios a colorir a noite e se relativizarmos o fluxo do tráfico viário, àquela hora menos intenso, diria que… Sim, tem de facto alguma semelhança. Daí até ser “fixe”, entendendo “fixe” como qualitativamente bom. Tenho, obviamente, algumas dúvidas. Dúvidas porquanto esta semelhança é sinónimo de descaracterização. As soluções encontradas enquadram-se em paradigmas de uniformidade. E isso a meu a ver não é “fixe”.
Até percebo o João! A urbanidade marca presença na matriz cultural que caracteriza as suas vivências e, conceitos como progresso, crescimento e desenvolvimento têm ainda as fronteiras indefinidas. Para o João, um confesso fã do hip-hop, é natural que o crescimento urbano e o desaparecimento de sinais de ruralidade da malha urbana e suburbana da cidade se confundam com desenvolvimento. Para isto contribui a sua juventude mas, sobretudo, a construção de representações induzidas pelos meios de comunicação, em particular pela televisão, que reproduz modelos de vida estereotipados com uma matriz cultural urbana e terciarizada.
Ao João nos seus 17 anos até aceito e compreendo aquela observação, embora tenha procurado elaborar um argumento para a desconstrução da ideia de que ser igual a este ou àquele lugar não é, necessariamente, “fixe” e muito menos indicador de desenvolvimento. 
Ser diferente sim. Ser diferente é “fixe”! A diversidade é que torna a vida interessante e os lugares apaixonantes. E desenvolvimento não é sinónimo de volumetrias de betão que reduzem o horizonte, da pulverização do espaço urbano e suburbano por comércio franchisado ou de largas faixas de asfalto que nem sempre encurtam distâncias.
Não é fácil! Aliás, com o João o esforço foi inglório e não houve argumento que o fizesse mudar de opinião. Fiquei preocupado! Esta opinião de que assim é que é “fixe” não é, porventura, residual, bem pelo contrário será, com certeza, a posição dominante entre os jovens mas não só. Tenho ideia de que é também a opinião maioritária noutros grupos etários.
Sendo esta a opinião da generalidade da população não significa que o caminho que está a ser desenhado e apadrinhado pelos patrocinadores e decisores seja o do desenvolvimento. E se quanto aos patrocinadores, não fazem mais do que “vender” a ideia e concretizá-la, ou seja, este é o seu negócio, compreendo que invistam na promoção dos seus “produtos”, já no que concerne aos decisores é incompreensível que avalizem acriticamente tais modelos e optem por soluções que a prazo se irão revelar como profundamente erradas do ponto de vista do desenvolvimento e da qualidade de vida dos cidadãos.
Há quem opte por soluções e modelos de desenvolvimento urbano substancialmente diferentes com notórios reflexos na elevação da qualidade de vida dos seus habitantes e há quem insista em medir o conceito com o número de rotundas ou de fogos licenciados.
Eu, decididamente, fico-me pela “quiet city”. Opto pela tranquilidade e singularidade dos lugares.

(*) Este texto foi escrito e publicado em Outubro de 2007. Hoje é republicado sem nenhuma alteração. E pode ser lido como se tivesse sido escrito hoje mesmo, mantém como constataram, toda a atualidade.

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário
, 16 de Setembro de 2013, Ponta Delgada

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

E o novo se fez velho

Em Novembro de 2012, aquando da apresentação, discussão e aprovação do programa do XI Governo Regional, fiquei estupefacto com o discurso de apresentação do programa para o setor da Educação. Pensei para comigo, isto não pode ser só o desconhecimento de Fagundes Duarte transformado num texto literário. Então e o passado que tanto orgulha o PS!? Alguém se esqueceu de fornecer a Fagundes Duarte o rol de “sucessos” do PS no setor da educação, pensei eu.  
O novel Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura foi além, muito além das minhas expetativas, talvez por serem muito baixas, as expetativas. Na realidade não esperava nada de novo para o setor, conhecia o programa eleitoral do PS e conhecia a atuação política de Fagundes Duarte, enquanto deputado na Assembleia da República, designadamente no desempenho do seu papel de apoiante convicto de Maria de Lurdes Rodrigues, à data Ministra da Educação nos Governos de José Sócrates, conhecia-o também, pela leitura da opinião publicada onde era evidente a sua profunda aversão aos Sindicatos dos Professores, em particular à FENPROF e a Mário Nogueira.
No discurso de apresentação do Programa do XI Governo Regional, Fagundes Duarte agradou às Escolas, aos Sindicatos e aos educadores e professores, discurso que o terá colocado um nível acima do habitual estado de graça que mesmo os mais incrédulos costumam conceder aos novos governantes, sejam eles de novos ou velhos governos.
Fagundes Duarte anunciava a rutura com o passado, renegava tudo o que Álamo Menezes, Lina Mendes e Cláudia Cardoso tinham “construído”. O Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura anunciava ali, da tribuna da Sala de Sessões da ALRAA, a implosão do edifício legislativo construído ao longo de 16 anos pelo PS. Fagundes Duarte não iria deixar pedra sobre pedra do Sistema Educativo Regional.
Passado um ano e, algumas alterações cirúrgicas no Estatuto do Aluno e na Autonomia e Gestão das Unidades Orgânicas nada se passou de relevante, afinal Fagundes Duarte não passou das palavras de circunstância, isto no que concerne à Educação, porque em relação à Ciência, com exceção do litígio com os bolseiros de investigação científica, não se passou rigorosamente nada, mesmo nada. Como nada aconteceu em matéria de política cultural. É caso para dizer: “e o novo se fez velho.”
Nestes primeiros meses de mandato a avaliação de Fagundes Duarte é francamente negativa. E não há inauguração de Escola que o disfarce mesmo que seja a da Ponta da Ilha, onde Vasco Cordeiro foi dar uma mãozinha ao fragilizado candidato do PS, à Câmara Municipal das Lages do Pico. Discreta, mas uma ajudinha.   
Angra do Heroísmo, 09 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 11 de Setembro de 2013, Angra do Heroísmo

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Oferta e procura ou, talvez a crise

Concluída, que foi, a primeira fase de colocações no ensino superior, a comunicação social regional e nacional fez as suas manchetes com o número elevado de cursos que na Região e no País ficaram com vagas, muitas vagas, por preencher, registando-se mesmo que para alguns dos cursos a procura pelos alunos foi nula.
Não sei e não procurei, ainda, saber a que se fica a dever esta disparidade entre a oferta e a procura. Não sei e não procurei, ainda, saber se o número absoluto da procura diminuiu ou, se por outro lado foi a oferta de cursos que aumentou. 
Sei, no entanto, que o rácio de licenciados em Portugal é muito inferior ao rácio da União Europeia. Sei também que um dos problemas da produtividade da economia regional e nacional tem uma relação direta com um défice de formação, académica e profissional, da população ativa. Sei também que os portugueses trabalham, em média, mais horas e dias que a média dos trabalhadores da União Europeia. Sei, todos sabemos, que os custos do trabalho, em Portugal são dos mais baixos da União Europeia. Sei, todos sabemos, que os salários em Portugal são substantivamente inferiores à média da União Europeia.
A semana passada fiz uma referência neste mesmo espaço, ainda que indiretamente, à diminuição do número de alunos do Ensino Básico e Secundário no Sistema Educativo Regional, e não é só a natalidade que a explica.
Estes factos não podem deixar de nos preocupar. Por um lado parece haver um claro abandono da educação, básica, secundária e superior, por outro lado a necessidade de aumentar a formação académica da população é por demais evidente, isto se efetivamente todos quiserem aumentar a produtividade da economia nacional pois, como começa a ficar amplamente demonstrado não é por via da continuada desvalorização dos custos do trabalho que a competitividade da nossa economia aumenta. 
Os últimos anos e as opções políticas tomadas demonstram que o caminho da recuperação económica não é por aqui. E, não é por teimosia, nem por estupidez, que continuam a ser anunciadas medidas que insistem neste velho paradigma económico de reduzir o trabalho à servidão, é por opção. Uma opção política consciente, cujo resultado é o regresso a um passado distante e de má memória.
Mas porquê esta paulatina diminuição da procura e o aumento real do abandono da educação formal, seja qual for o nível de ensino!? Porquê?
Será porque os jovens e as famílias perceberam que a passagem pela Escola e pela Universidade não é o garante suficiente para a obtenção de emprego e para o almejado sucesso social e económico. Não tenho dúvidas que sim mas, esta não será, certamente, a principal razão para este fenómeno que constitui, em si mesmo, um sinal de retrocesso civilizacional e que terá no futuro próximo nefastas consequências.
Talvez a principal razão resida nos efeitos subjetivos e objetivos que a crise está a provocar e, assim sendo, só há um caminho: a rutura. 
Ponta Delgada, 09 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 09 de Setembro de 2013, Ponta Delgada

Foto=> Catarina Pires 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O voto protestado

Do alto do seu pedestal e escudado nos intocáveis critérios editoriais o responsável da informação da RTP Açores, com o colegial e inequívoco apoio do Diretor e Sub-Diretor do Centro Regional da RTP nos Açores, segundo as suas escritas e ditas palavras em comunicado oficial, tomou ontem posição pública sobre um voto de protesto aprovado na ALRAA.
Antecipando as notícias do Telejornal regional, o Diretor da Informação da RTP Açores, publicou na sua página pessoal do Facebook algumas considerações, que roçam o insulto, adjetivando grosseiramente a classe política, ou melhor, alguma classe política, não vá o diabo tecê-las pois assim, ao incluir, excluiu parte da classe política açoriana, o que lhe garante que quando for, e se o vier a ser, confrontado com aquela opinião poderá sempre afirmar que não era àquela família política, e muito menos ao seu responsável, que se referia.
No que a mim diz respeito sei que estou abrangido na opinião manifestada publicamente pelo Diretor de Informação da RTP Açores, ou não fosse eu um dos subscritores do voto de protesto que ontem foi aprovado, por unanimidade, na ALRAA, isto é, sou, segundo diretor, um dos elementos de uma “classe política sem vergonha na cara”. Isto por ser um dos quatro subscritores do voto de protesto, nem todos os partidos políticos o subscreveram embora, seis o tivessem aprovado. Não tenho dúvidas que, segundo a opinião do Diretor de Informação da RTP Açores, faço parte da tal “classe política sem vergonha na cara”, não só por ser um subscritor do voto, mas também e, quiçá, sobretudo porque em devido tempo, e fora dos holofotes mediáticos, lhe dei conta que não concordava com aquela decisão nem com os critérios, unilateralmente, decididos pela RTP Açores no que à cobertura da pré-campanha autárquica concerne. 
Não me preocupa a opinião pessoal que o responsável da informação da RTP Açores tem sobre a minha pessoa e sobre a força política que represento. Importo e importar-me-ei, isso sim, se essa opinião do diretor se traduzir num tratamento discriminatório, do PCP, da CDU e do trabalho político e parlamentar do Deputado do PCP, pela informação da televisão pública na Região. Se isso se vier a verificar serão, implacavelmente, utilizados todos os mecanismos legais para repor a tal isenção e rigor de que tanto fala o diretor, como aliás já se verificou em relação a outros órgãos de comunicação social.
Mas qual era afinal o conteúdo do voto de protesto que motivou a publicação!? Para quem viu o isento e rigoroso Telejornal da RTP Açores de ontem, sabe apenas que houve um voto aprovado na ALRAA, protestando pelo facto da Direção da RTP Açores concentrar os debates entre os candidatos às câmaras dos 19 concelhos da Região, nos estúdios de Ponta Delgada. O voto era um pouco mais do que isso mas, para o Diretor da Informação da RTP Açores, esse facto é de somenos importância para dele dar conhecimento aos telespetadores. No entanto, os mesmos telespetadores ficaram a conhecer o conteúdo integral do comunicado da RTP Açores. Foram certamente critérios editoriais que presidiram a esta opção do responsável pela informação da RTP Açores, o conteúdo do voto de protesto foi esquartejado na edição da notícia, o comunicado foi lido na íntegra. Tá certo.

Horta, 06 de Setembro de 2013


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Boca Doce - os Artistas da Festa

Os "Boca Doce" vão animar a FESTA
Banda rock de versões de música portuguesa, «Boca Doce» foi formada em 2009, no concelho de Cascais, por actuais e antigos membros de grupos nacionais de referência (Aside, Fiona at Forty, Primitive Reason, Peste e Sida e We are the Damned). Inspirados em temas que marcaram e continuam a marcar a música portuguesa, os seus cinco elementos compuseram versões arrojadas, em que apostam no sentido de humor, criatividade e num espectáculo visual repleto de pormenores.

O futuro embolsado

O XI Governo, liderado por Vasco Cordeiro e tendo na tutela da Educação, Cultura e Ciência, o académico Fagundes Duarte, iniciou o seu mandato, se bem me lembro, em confronto com os bolseiros de investigação científica. Mais um dos paradoxos que caraterizam, não só o Governo na sua globalidade, mas também, e em particular, o Secretário Regional da Educação, Cultura e Ciência.
A aposta na ciência, na tecnologia, na inovação e na ciência, ou seja a investigação científica é (era) um dos pilares da “via açoriana para o desenvolvimento”, mas Fagundes Duarte resolveu minar, desde logo, os alicerces deste sustentáculo impondo, unilateralmente, cortes nas bolsas de investigação científica.
Com esta decisão Fagundes Duarte traiu as expetativas de várias dezenas de cientistas tentando alterar as regras que estavam contratualizadas, alegando que, por exemplo, o pagamento de propinas não estava incluído no valor da bolsa. O que constitui uma evidente falsidade que entra pelos olhos dentro de seja quem for que leia o Despacho Normativo n.º 77/2011, onde está escrito, preto no branco: componentes da bolsa: Inscrição, matrícula ou propina”.
Sendo certo que o XI Governo Regional é novo, não é menos verdade que a maioria partidária, ampliada em Outubro de 2012, é a mesma, o que nos leva a uma outra questão. Em 2012 foram atribuídas dezenas e dezenas de bolsas de investigação científica, porquê este recuo do novo Governo do PS!? O que é diferente de 2012 para 2013!? A orgânica do Governo e o titular da pasta, sim. Em 2012 houve eleições regionais, e em 2013 não, pois é. 
Ou será que Fagundes Duarte com a sua vasta experiência académica considera que os projetos de investigação não têm qualidade e que os critérios de atribuição das bolsas foram pouco exigentes!? O que dirá sobre isto o anterior titular da pasta da Ciência. E já agora como será que estão a funcionar os serviços da Ciência, pilar estruturante da “via açoriana para o desenvolvimento” que dependem da Secretaria de Fagundes Duarte!? 
Tenho consciência que a aplicação dos parcos recursos financeiros públicos deve ser objeto de cuidadosa análise e de rigoroso estabelecimento de prioridades mas cortar cegamente na investigação científica não é, por certo, uma decisão avisada. Não vejo como se justifica perante as prioridades anunciadas, pelo PS, durante a campanha eleitoral de 2012 e posteriormente assumidas no Programa do XI Governo Regional, esta atitude de penalizar os bolseiros de investigação científica nos Açores.
As decisões políticas, quer se queira, quer não, conformam o presente mas, sobretudo, desenham o futuro. Desinvestir na investigação científica é um profundo erro político que coloca em causa o desenvolvimento e a prosperidade que desejamos para a Região.
Num breve olhar para os orçamentos dos Estados e Regiões que pensam o futuro para lá de hoje, verifica-se que os recursos públicos alocados à investigação científica e tecnológica sobem a cada ano. Nos Açores, o novo Governo do PS, reduz, traindo a confiança das açorianas e dos açorianos.
Horta, 03 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 04 de Setembro de 2013, Angra do Heroísmo

Foto=> Catarina Pires

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O teatro na FESTA



Prosseguindo um trabalho que começou em 1986, a edição de 2013 do Avanteatro homenageia dois nomes maiores da cultura e da política portuguesas: Álvaro Cunhal e Joaquim Benite. Dizemos bem: da cultura e da política, porque para ambos a cultura era um acto político e a política uma expressão de cultura, visando o que tem de mais autêntico – a libertação do homem de toda a forma de exploração, o bem estar das populações, a felicidade.

Joaquim Benite faleceu em Dezembro passado, mas nós não o esquecemos. Por todas as razões e também por esta: foi no Avanteatro que se estreou em 2000, no centenário do nascimento do poeta, um espectáculo com textos de José Gomes Ferreira, interpretados por Canto e Castro, e com encenação de Joaquim Benite. Um exemplo, entre outros, do extraordinário legado que nos deixou e sobre o qual se dará conta numa exposição. Dizia o Joaquim: «A vida não pode restringir-se à economia do quotidiano. A Arte — sonho do Homem — é o destino final do Homem.»

A peça «Um dia os réus serão vocês: o julgamento de Álvaro Cunhal», levada à cena pela Companhia de Teatro de Almada, estreou no passado dia 25 de Abril. Na edição 2013 do Avanteatro temos uma oportunidade única de a (re)ver, assim como de a discutir num debate previsto para o efeito. É mais uma forma de nos associarmos às comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal.

Estas são já razões suficientes para se marcar presença. Mas há muito mais. Há todo o restante programa com a chancela de qualidade que a cada ano se afirma deste espaço único da Festa: o Avanteatro!

O cinema na FESTA



A FESTA é uma manifestação cultural única e o cinema faz parte da oferta.
Apesar da sua curta existência, o CineAvante! já conquistou um lugar incontornável na Festa. Aqui, junto ao Espaço Central, o visitante tem a possibilidade de encontrar num só local o que de melhor e mais actual se faz no cinema português. Para além disto, fomenta-se o encontro com realizadores, actores e outros participantes num verdadeiro «cinedebate» enquadrado no ambiente mais amplo de liberdade, crítica e criatividade que é também a Festa.

A era Fagundes - nova etapa para a Educação nos Açores

Estamos a poucos dias da abertura oficial de um novo ano escolar e não se preveem atrasos no seu início ou, qualquer espécie de instabilidade nas Escolas da Região. A abertura oficial será com pompa e circunstância, como convém. Quanto ao consenso e ao bom-senso, convir convinha, ao Secretário Regional da Educação Cultura e Ciência mas, em nome do bom-senso não é possível o consenso.
Não é possível o consenso quando a justificação, dada por Fagundes Duarte, para a diminuição de professores contratados não é, exatamente, proporcional à diminuição de alunos, faltam variáveis na relação causa(s) efeito na justificação que o Secretário tornou pública, isto para não questionar a alegação que foi utlizada para justificar a redução de alunos, num ano em que seria de esperar o seu aumento, ou já nos esquecemos do alargamento da escolaridade obrigatória e dos seus esperados efeitos. A diminuição da natalidade não evidencia tudo, assim como a redução do número de professores contratados não se deve só à diminuição de alunos. As conhecidas orientações telefónicas dadas às Escolas para não incluírem aulas de substituição nos horários dos docentes e a para reduzirem o número de professores de apoio é, uma das tais variáveis que faltam na equação. Haverá outras, talvez com menos impacto mas, ainda assim, no limbo da legalidade como seja a deslocação de professores por espúrias conveniências.
O ano escolar de 2013/2014, primeiro ano da era Fagundes, vai iniciar-se com esta e outras obscuridades e, também com algumas recentes alterações cujo alcance ficou muito aquém do enunciado e anunciado no discurso de apresentação do Programa do XI Governo, feito em Novembro de 2012, pelo titular da pasta da educação.
Mas se as alterações já feitas a alguns dos diplomas que estruturam o Sistema Educativo Regional não foram as respostas esperadas e anunciadas na “via açoriana para o desenvolvimento”, outras adulterações, ao anunciado no fulgor dos discursos, foram feitas no recato dos gabinetes da Carreira dos Cavalos, longe do poder legislativo e à margem dos professores e educadores.
As contradições do discurso público de Fagundes Duarte e as práticas da Direção Regional de Educação começam a colocar em evidência as fragilidades do Secretário Regional. Podia socorrer-me de outros exemplos para fundamentar esta opinião mas, ao ler a Portaria n.º 60/2013, de 1 de Agosto, novo “Programa Oportunidade, não tive dúvidas que este é o um bom exemplo, talvez o melhor, do paradoxo em que Fagundes Duarte se está a submergir.
Todos nos lembramos, pelo menos os mais atentos a estas coisas da educação, da adjetivação que Secretário Regional da Educação Cultura e Ciência utilizou para se referir a vias diferenciadas de ensino que Álamo Menezes introduziu no Sistema Educativo Regional, refiro-me ao precoce PROFIJ e a todas as formas que foram dadas aos programas de recuperação de alunos. Guetos, foi como Fagundes Duarte designou estes programas, e muito bem, digo eu que os lecionei e sempre os critiquei, mas em bom rigor o novo “Programa Oportunidade” não só mantém o cariz discriminatório, como introduz algumas novidades cujo resultado vai acentuar a marginalização de centenas de crianças e jovens.
O “Programa Oportunidade” afinal não é um, são quatro programinhas e deixa de fora os alunos abrangidos pelo Regime Educativo Especial, o que feitas as contas somam cinco programas que apenas servem para alimentar as estatísticas da escolarização, pois não se vislumbra como será possível recuperar alunos com apenas a coadjuvação, do professor titular do 1.º ciclo, de dois tempos semanais na área da educação física ou, com a submissão dos alunos em recuperação a provas iguais aos alunos do ensino regular para poderem continuar a frequentar um ano suplementar do “Programa Oportunidade”. 
A possibilidade de criação de cursos vocacionais para alunos com menos de 14 anos de idade é outra das novidades que Fagundes Duarte introduziu no “Programa Oportunidade”, facto que contraria o seu próprio discurso, quando procura distanciar as políticas educativas na Região das políticas do Ministério da Educação. Os programas vocacionais do Secretário Regional não são mais do que uma cópia mal-amanhada do programa experimental do Ministro Nuno Crato.
Horta, 01 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 02 de Setembro de 2013, Ponta Delgada

Foto=> Catarina Pires

UHF - os Artistas da FESTA


Os UHF trazem à Festa do Avante! A Minha Geração, álbum editado no dia 24 de Junho de 2013, fruto de diversos ciclos criativos que agora se cruzaram. A banda de Rock'n'Roll de Almada, que celebra 35 anos de uma carreira recheada de grandes sucessos, demonstrará em palco o porquê de serem uma das bandas mais antigas de Portugal ainda no activo, com a força e a energia a que sempre habituaram os seus públicos.

domingo, 1 de setembro de 2013

Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal - os Artistas da FESTA


Fundada em 1991 e reunindo ao longo da sua existência alguns dos melhores músicos portugueses, a Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal está ligada ao histórico clube que lhe deu o nome, um dos mais antigos da Europa, e foi sucessivamente dirigida por Zé Eduardo, seu fundador, Pedro Moreira e actualmente Luís Cunha.
Interpretando com dinâmica e brilhantismo temas consagrados e composições originais de alguns dos seus membros, a OJHCP irá, certamente, protagonizar um dos mais aguardados concertos da FESTA.

Guitar Not So Slim - os Artistas da FESTA


A menos de uma semana da FESTA o momentos continua a divulgação dos artistas que vão passar pelos vários palcos da Quinta da Atalaia.
Os Guitar Not So Slim refrescaram o panorama musical espanhol misturando o melhor de dois mundos, o antigo e o novo, tanto em termos musicais como de continentes. O outro lado do Atlântico está representado pelo norte-americano Troy Nahumko (guitarra e vocais), enquanto o lado de cá conta com o peso de Moi Martin (baixo e vocais), José Luis 'Harmonica' Naranjo (harmónica) e Lalo Gonzalez (bateria). O resultado é um tipo de música que dispõe bem toda a gente.

Nicole Kidman - a abrir Setembro


Para alourar Setembro e prolongar o Verão fica esta australiana/americana que dá pelo nome de Nicole Kidman.


Da sua carreira destacam-se os filmes Moulin Rouge e The Hours. Vi recentemente o seu trabalho, ao lado de Sean Penn, no filme A Intérprete, e gostei do filme e da interpretação de Kidman.