sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Ocidente

A insularidade e os custos sociais e económicos que lhe estão associados assumem, em cada parcela do território açoriano, importância tão distinta como diferentes são as ilhas do arquipélago. Nesta viagem ao Ocidente açoriano alguém me dizia, numa das muitas conversas que fui mantendo com os cidadãos florentinos e corvinos, que a autonomia só fazia sentido para gerir as diferenças. Não sendo apenas esse o desígnio autonómico, não deixa, todavia, de ser uma aproximação aos fundamentos e ao conceito. Afinal foi com base nas especificidades regionais que o movimento autonomista ganhou forma e que, após a Revolução de Abril de 1974, foram criadas condições para a consagração constitucional desta forma especial de organização do Estado.
As diferenças justificaram a autonomia e a criação de um conjunto de instrumentos políticos nacionais e, posteriormente, comunitários com o objectivo de, no respeito pela diversidade, os Açores se guindassem para patamares de desenvolvimento idênticos à média nacional e europeia.
Se é certo que estamos ainda distantes de atingir esse propósito não é menos verdade que a autonomia política e administrativa possibilitou um ritmo de desenvolvimento assinalável que só foi possível pela descentralização de competências e pela existência de órgãos de governo próprio.
Nesta viagem a Ocidente constatei, uma vez mais, que nem sempre a gestão da diferença é atendida e que o sistema autonómico não tem realizado o seu principal desígnio. A coesão interna anda muito longe do desejável e, terá mesmo sofrido um retrocesso com a estratégia política e económica que tem vindo a ser adoptada nos últimos anos.
A Ocidente como na Graciosa, em S. Jorge, como no Pico ou Santa Maria continuam a subsistir, incompreensivelmente, necessidades não satisfeitas por falta de atendimento e entendimento, pelo poder executivo, das diferenças que marcam a realidade de cada uma das ilhas. E se algumas das necessidades estruturantes ainda não foram solucionadas, como seja um modelo de transportes de passageiros e mercadorias que potencie as economias locais e a economia regional, outras há que, tendo um carácter local, continuam por satisfazer e demonstram o carácter centralista do poder executivo regional que se mostra incapaz de reconhecer as especificidades locais e, por conseguinte fica inibido de adequar as políticas sociais e económicas às nove realidades sociais, culturais e económicas que coexistem na Região.
Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 28 de Agosto de 2009, Ponta Delgada

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Voo livre - Parapente em S. Miguel


Algumas imagens do 15º Festival Internacional de Parapente de São Miguel.
Não sou praticante nem adepto desta modalidade. Fui até lá por “mão” de uns amigos que se deslocaram a S. Miguel para participar mas… fiquei com uma pontinha de vontade de poder voar… livre como as aves.
Os registos fotográficos foram conseguidos no “Salto do Cavalo”.
Local privilegiado para observar o magnífico Vale das Furnas.

Para quem se interessa por Voo Livre pode aceder aqui e aqui a informação detalhada.








domingo, 23 de agosto de 2009

Prémio MasterBlog

O Navegador Solidário é um blogue comprometido com o futuro que no presente nos conduz pelo Mundo numa busca permanente por justiça social e pela dignidade dos povos e dos cidadãos.
Acompanho as viagens do Navegador Solidário e tenho-o como uma das minhas referências na blogosfera.
O Navegador Solidário conferiu-me o selo de “Master Blog”.
Agradeço a distinção e aceito-a.

A aceitação deste prémio tem associado o cumprimento das seguintes regras:

- publicar o selo
- divulgar no post o nome do blogue que te agraciou com o prémio
- escrever uma mensagem de agradecimento a quem atribuiu o prémio
- descrição (em 5 palavras) do blogue agraciado
- atribuir o selo a 5 ou mais blogues

O “momentos” é um blogue intimista, difusor, interventor, militante e comprometido com os povos.

O “momentos” atribui o Selo Master Blog aos seguintes blogues:

Fiat Lux * Carpe Diem
Política Dura
In Concreto
O Castendo
Firmeza no Rumo

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O triângulo com quatro vértices

Animado pela proximidade dos actos eleitorais de Setembro e Outubro o ciclo de festas que marca o Verão açoriano aí está em todo o seu esplendor e promete. Promete em novas embalagens velhas promessas para crónicos problemas.
O acórdão do Tribunal Constitucional (TC) que declarou algumas das normas do texto da 3.ª Revisão Estatuto Político e Administrativo dos Açores está a animar, ainda mais, este Verão climatérica e politicamente atípico. Como seriam as intervenções públicas do PSD e do PS Açores durante a “silly season” não fosse este facto que, sendo politicamente importante, era aguardado!?. A gratuita troca de acusações sobre episódios pretéritos de nada adianta agora, mesmo considerando que o TC foi para além das dúvidas do Presidente da República.
A próxima Assembleia da República, saída das eleições de 27 de Setembro tem poderes de revisão constitucional, não “poderes constituintes” como por aí tenho ouvido dizer, é nesse plano que, em minha opinião se deve centrar a discussão no que concerne às questões das autonomias regionais. Este é o momento para que as forças políticas se posicionem e explicitem, de uma forma clara, o que pretendem para as autonomias regionais no quadro da futura revisão constitucional, aliás como já o fez Alberto João Jardim, concorde-se ou não com a forma e o conteúdo, neste particular o que importa saber é qual é a posição do PSD de Manuela Ferreira Leite - ainda não conheço - e não a do soba da Região Autónoma da Madeira.
Pelo continente o Verão também está animado com festas, foguetório e outros episódios que dizem bem da profundidade do debate político sobre o futuro deste país feito, no presente, de desigualdades, injustiças, de desemprego, precariedade, exclusão e pobreza.
O facto político mais relevante da “silly season” continental foi o triângulo Sócrates, Joana Amaral Dias e Anacleto Louçã que, como se veio a verificar, afinal era um quadrilátero. Quem assediou a Senhora para integrar a candidatura do PS, pelo círculo eleitoral de Coimbra, afinal foi Paulo Campos, Secretário de Estado das Obras Públicas. Esta novela prolongou-se por vários episódios e só teve fim quando a cobiçada Joana regressou de férias.
E assim se vai debatendo o país e adiando o futuro.
Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 14 de Agosto de 2009, Ponta Delgada

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Prémio "Comprometidos y Más 2009"

O “momentos” foi agraciado pelo prémio “Comprometidos y Más 2009”. Esta distinção que muito nos honra foi-nos concedida pelo “Activismo de Sofá”.



O “momentos” atribui o prémio “Comprometidos y Más” aos seguintes blogues:
Mar à Vista; Cantigueiro; Navegador Solidário; O Cheiro da Ilha; O Tempo das Cerejas"

terça-feira, 11 de agosto de 2009

As ondas da modernidade

Os espaços públicos na proximidade do mar têm valor em si mesmo. Procuramos a praia para usufruir de um banho de mar, de um pouco de Sol, de uma esplanada pela manhã, ao fim da tarde, à noite. O encanto da beira-mar reside no que é natural, mormente, nos sons.
Como muitos outros cidadãos procuro junto ao mar alguns momentos de serenidade e de fruição do que a natureza tem para oferecer e diga-se que por estas latitudes ela foi bem pródiga. Há algum tempo um visitante expressava todo o encantamento que sentiu, após uns dias de estadia nos Açores, desta forma singela: - “Deus passou por aqui”. Esta expressão, simples na figura de estilo mas profunda no conteúdo, diz bem como os Açores foram bafejados por um património natural invejável e singular.
Um destes dias fui à procura do sossego do fim de tarde num espaço público junto ao mar. Como companhia um livro e determinado com o enorme desejo de fruir da luz aprazível do crepúsculo, da suavidade do marulhar das ondas espraiando-se de encontro à ilha. Ia preparado para outros sons, sons de conversas sussurradas a entrecortar as toadas do entardecer de um dia de Verão. Não ia era preparado para os ruídos que brotavam de um equipamento de difusão de música instalado naquele espaço que, julgava eu, não necessitaria mais do que a sua própria privilegiada localização para atrair pessoas (clientes). Olhei ao redor e não me pareceu, na expressão de quem por ali estava, que a “música” que nos era oferecida fosse do agrado de alguém, não pela “música” em si mesmo, mas por que “aquilo” estava a mais e feria de morte os naturais ruídos de um fim de tarde à beira mar.
As ondas da modernidade bacoca que varre a Região aculturam as gentes, moldam os comportamentos e deformam a paisagem da qual os sons também são parte.

domingo, 9 de agosto de 2009

Ternura de avó


Passeando pelo Verão
Num quadro de ternura

Momentos


O Verão permitiu a vinda da Margarida e alguns passeios pela tranquilidade dos parques florestais e pelas praias de S. Miguel.





































sábado, 8 de agosto de 2009

Sugestão da Livraria SOLMAR

A Livraria “SolMar” recomendou leituras de Verão para os políticos açorianos.
Já adquiri o que me foi gentilmente recomendado.

Educar para a cultura*

Ver,
Ouvir,
Sentir,
Desconstruir,
Criar,
Recriar,
Aprender a aprender com liberdade,
Construir percursos de aprendizagem
Nos trilhos do saber e da cultura que transformam e libertam o Homem.

Aníbal Pires, 05 de Dezembro de 2006

Isto é tudo o que Lina Mendes não quer para a educação nos Açores.

* Este pequeno texto, hoje revisitado, foi escrito, a pedido dos meus alunos, para um desdobrável de divulgação de uma exposição, no Museu Carlos Machado, promovida por alunos do 2.º CEB, da Escola Básica Integrada Canto da Maia.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Promessa a prazo

Uma das medidas propostas no programa eleitoral do PS, a fazer fé na comunicação social pois ainda não conheço a versão oficial, é que o Estado deposite 200 euros numa conta-poupança em nome de cada bebé que vier a nascer.
Quando dei conta ocorreu-me o rol de promessas feitas pelo mesmo PS na campanha eleitoral de 2005. Promessas, ao que me lembre, por cumprir pelo menos as mais emblemáticas e populares. Promessas que associadas ao grande descontentamento e contestação social das políticas do governo do PSD/CDS, de então, garantiram a maioria absoluta a Sócrates e uma ampla votação à esquerda, num claro sinal de que a maioria dos eleitores queriam um novo rumo para Portugal. Os portugueses sentiram-se atraiçoados e demonstraram-no ao longo dos últimos anos enchendo as ruas e as praças deste país dizendo bem alto aquilo que pensam de José Sócrates. É hora de levar o descontentamento até ao voto e dotar o país de um novo quadro parlamentar equilibrado que potencie o diálogo democrático e que impeça o absolutismo.
Mas voltando aos 200 euros com que o PS quer ofertar os bebés através da abertura de uma conta-poupança que o titular ao atingir a maioridade poderá aceder. Pois bem! Não fosse um valor residual (na vizinha Espanha são 2500 euros) e até poderia dar o benefício da dúvida, sob reserva, a esta proposta. Reserva porque a medida, à semelhança de outras, parece-me mais dirigida à banca do que propriamente às famílias ou aos jovens -daqui a 18 anos.
Do que se trata afinal é a de entregar anualmente à banca 20,5 milhões de euros (considerando o número de nados vivos em 2007). Valor de que a banca vai dispor durante 18 anos. Um bom negócio para a banca pois, para as famílias e para os jovens o valor que encontrarão ao fim de 18 anos (segundo a DECO) será de 252 euros. Talvez dê para financiar o jantar de aniversário. Isto se entretanto o banco depositário deste valioso pecúlio não tiver tido o destino do BPN e do BPP.
O incentivo à natalidade, o apoio às famílias e aos jovens passa, também, por incentivos financeiros mas não é, seguramente, nem o único, nem sequer o melhor caminho para se atingirem níveis de natalidade que contrariem a actual tendência de envelhecimento da população, ou de apoio às famílias, nem de políticas de juventude.
Para que servem 200 euros prometidos a prazo quando este PS, e não outro, penaliza as mães com horários de trabalho prolongados, salários de miséria e o espectro do desemprego a cada gravidez.
Para que servem 200 euros prometidos a prazo quando este PS, e não outro, martiriza as educadoras e professoras com um modelo de avaliação anacrónico em que uma licença de maternidade as pode impedir de obter uma avaliação de Muito Bom ou Excelente.
Este é o PS que não aumentava os impostos, que criaria 150 mil novos postos de trabalho este é o mesmo PS que agora acena às famílias com 200 euros por cada novo filho e à banca com uma “injecção” anual de mais de 20 milhões de euros. Porque será que estou com a estranha sensação de que, tal como em 2005, o PS está a preparar-se para fazer duas campanhas distintas, uma para o povo e outra para o capital.
Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, Ponta Delgada, 07 de Agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

As “BlogConf”

Depois da blog-conferência de Sócrates a blog-conferência de Louçã, isto tudo depois do encontro de Paulo Rangel realizado com os blogues durante a campanha para o Parlamento Europeu.

Disto tudo retenho as palavras de Anacleto Louçã: “Nós queremos ganhar as eleições da Internet!”.
Julgo que sim, o Francisco é capaz de ganhar as eleições na Internet até porque os discípulos do Anacleto vivem no ciberespaço e fazem a revolução na blogosfera, no conforto do sofá e do ar condicionado.

Hiroshima nunca mais

Realiza-se hoje uma Concentração promovida pela Marcha Mundial Pela Paz e Não Violência, assinalando o 6 de Agosto de 1945 – lançamento da bomba atómica em Hiroshima.
A concentração terá lugar pelas 19h00, no Largo de S. Domingos, em Lisboa.



O Conselho Portugês para a Paz e Cooperação (CPPC) que se associa a esta iniciativa, apela ainda aos órgãos de comunicação social, às organizações e instituições democráticas, aos homens e mulheres deste País, para que se empenhem na criação de uma opinião pública que exija o cumprimento e o compromisso do governo Português na defesa dos Tratados internacionais conducentes à não proliferação e à abolição das armas nucleares.