sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo

O "momentos" deseja a todos os visitantes um Feliz Ano Novo!


O ano que se avizinha está anunciado como um dos mais dificeis da nossa história recente.

Não tinha de ser assim os responsáveis têm nome. PS, PSD com e sem CDS governam Portugal  à demasiado tempo.
É preciso energia e vontade para contrariar as inevitabilidades dos teólogos do mercado.
O bloco central informalmente recriado por José Sócrates e Passos Coelho, com a benção de Cavaco Silva impuseram ao país um caminho que nos conduziu a este aparente beco sem saída.
É tempo de insurgência, é tempo de luta, é tempo de lhes dizer BASTA!
É tempo de lhes dizer:
SIM! É POSSIVEL um outro rumo, É POSSÍVEL um MUNDO MELHOR.
Sem resignação e com toda a confiança no futuro!
Um BOM ANO NOVO! 

Passado e futuro

Seria altura de fazer um balanço sobre o ano que finda e uma projecção sobre o ano que se inicia mas não vou por aí. Não faltará quem faça uma e outra coisa, eu não me sinto fadado para adivinhações sobre o futuro próximo, nem para elaborar listagens de destaques de 2010, não obstante se me for perguntado sobre uma e outra coisa sempre terei algo a dizer sem grande dificuldade, designadamente sobre as decisões tomadas no País, na Europa e no Mundo que se vão revelar profundamente negativas para o bem-estar da humanidade quer em 2011 quer nos anos subsequentes, isto se a resignação e o desânimo se implantarem no espírito dos cidadãos o que, de todo, não me parece possa verificar-se.
A história está recheada de exemplos de luta pela dignidade e pela liberdade. Lutar pelo trabalho com direitos e justamente remunerado é uma luta elementar pela liberdade. Quem está desprovido do direito ao trabalho, não é justamente remunerado e não tem direitos tem a sua liberdade cerceada.
Não obstante, encontrar acontecimentos recentes que nos façam acreditar num futuro melhor afigura-se como uma tarefa difícil mas, porque sou uma pessoa optimista e positiva e depois porque a época é de difusão de mensagens enfeitadas com adjectivos de fé e esperança abstenho-me de aqui deixar qualquer tipo de sentimento de onde possa transparecer uma pontinha de desalento ou renúncia até porque isso não corresponde, seguramente, àquilo que verdadeiramente sinto.
É certo que nas últimas décadas os caminhos do progresso e da justiça social e económica sofreram, assim como uma espécie de inversão de marcha mas, como já referi, a história está repleta de exemplos de dominação e recuos e outras tantas de libertação e progressos sociais. E a história serve para isso mesmo, para aprendermos com ela e para ancorar a esperança ou melhor, a certeza de que o futuro pode ser melhor se não nos resignarmos à uniformidade do pensamento e do modelo de desenvolvimento que nos conduziu ao beco das inevitabilidades.
É com a certeza de que a luta dos indivíduos e dos povos por um Mundo melhor é a saída, a única saída do pantanoso labirinto em que os adeptos neoliberais da terceira via nos sufocam e sugam até à medula, é com essa certeza, a certeza de que o sonho tem futuro que vos desejo um BOM ANO de 2011.
Ponta Delgada, 20 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 31 de Dezembro de 2010, Ponta Delgada

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Para este fim de tarde

Yann Tiersen e a melodia Rue de Cascades.



Tenham um bom fim de tarde deste que é o penúltimo dia de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Com confiança

Mais um ano que chega ao fim para logo outro se iniciar e com ele a renovada esperança de que este será melhor que o anterior. O sentimento que nos invade por esta época de transição e as festividades que lhe estão associadas, mantêm-se como condiz com a tradição mas, a tradição já não é bem o que era. O sentimento é, assim como um misto de esperança que nos dá alento e de angústia provocada, não pela dúvida mas pela certeza que o futuro próximo está eivado de enormes dificuldades e que, desta vez, não haverá fogo-de-artifício que ajude à fantasia. Até no pão e no circo com que o poder costuma induzir a dormência no povo se nota alguma contenção. Não muita como convém, Não vá o povo despertar, ter algum devaneio e insurgir-se. A arreata de tanto esticar pode rebentar. O poder não gosta e aos poderosos não convém que o povo saia à rua sem as grilhetas da servidão gritando vivas à liberdade.
As medidas de austeridade impostas agora e sempre pelo “bloco central”, PSD e PS, já fazem sentir os seus efeitos e a apreensão está instalada. Mas não deixa de ser paradoxal, ou não, verificar que no balanço das compras de Natal os produtos de gama alta não foram afectados, ou seja, há quem a perpétua crise nunca afecte e perpetuamente vá engordando a cada furo do cinto que a generalidade dos portugueses vai apertando, veja-se o caso dos accionistas da PT a quem anteciparam a distribuição de dividendos para se esquivarem à tributação no ano que agora se vai iniciar, com isto perdeu o estado português vários milhões de euros, um valor suficiente para evitar os cortes em apoios sociais como seja o abono de família. Ainda houve uma tentativa, por proposta do PCP na Assembleia da República, para evitar mais esta obscenidade mas, os mesmos que impuseram os cortes nos salários e o aumento dos impostos trataram de chumbar a iniciativa dos deputados do PCP.
Em consciência não posso omitir as dificuldades que vamos enfrentar no ano de 2011 mas, também, em consciência cabe-me transmitir esperança no futuro. Esperança ancorada na convicção de que quando os povos se decidem a ser livres não há poder que lhe resista. É a história que o demonstra e o sonho que alimenta a confiança num futuro diferente… um futuro melhor.
Sem desalento e muito menos resignação ficam os votos de um Bom Ano de 2011!
Ponta Delgada, 28 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 29 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Esta tarde... Playing for change

Uma sugestão musical para esta tarde



A arte, neste caso a música, como factor mudança. Aqui no sítio "Playing For Change" podem aceder a outros temas.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Senta-te e desfruta

Foto by Aníbal C. Pires
Na caminhada da vida há espaço e tempo para folgar da incessante jornada.
Tempo de reflexão, espaço de contemplação, instantes de encontro com a existência
Foto by Aníbal C. Pires

Existência nem sempre linear.
Foto by Aníbal C. Pires

O caminho é mais do que uma linha e as portadas que dão para a luz nem sempre se abrem à nossa passagem.
Foto by Aníbal C. Pires

Os obstáculos assumem formas estranhas escondem a claridade que alumia o caminho para nova viagem.

Foto by Aníbal C. Pires

Encontrado o rumo seguimos de novo para porto seguro.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Boas Festas

Do cidadão, do Coordenador Regional do PCP Açores e do Deputado Regional para todos os leitores do "momentos", todos os amigos do Facebook e do Twitter ficam os votos de um BOM NATAL e um BOM ANO NOVO



Sobre o Natal escrevi recentemente e as minhas palavras podem ser lidas aqui e aqui. Estas são palavras e imagens de outros. Palavras e imagens de duas instituições que represento e me honra pertencer. O PCP o meu partido ao qual aderi em Setembro de 1975 e a ALRAA na qual exerço um mandato que me foi conferido pelo Povo Açoriano.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Solstício

foto by Aníbal C. Pires
Hoje, 21 de Dezembro de 2010, pelas 23h 38mn acontece, no nosso hemisfério, o solstício de Inverno, o que significa que esta será a noite mais longa do ano de 2010. As mitologias hindus, persas e romanas festejavam nesta época a vitória da luz sobre as sombras. Traduzindo livremente o significado mitológico dado ao solstício – vitória do deus Sol sobre as trevas – e, em jeito de comparação com a situação social, económica e política que nos mergulhou na escuridão de um túnel sem luz ao fundo, resta-nos fazer para que aconteça o fim deste ciclo de negrume, abrindo caminho à luz da mudança que alumie o presente e nos conduza pelos caminhos do futuro sonhado.
Devia estar a escrever sobre o Natal e a abrir caminho para no fim desejar, a todos os leitores e a todos os outros que não têm pachorra para me ler, umas Boas Festas. Mas, porque em determinados aspectos sou um conservador, prefiro louvar o Solstício de Inverno e o Sol que dá vida à Terra e a louvar a Terra que nos dá a vida. Saibamos cuidá-la e, sobretudo saibamos cuidar de todos as que a partilham connosco.
E chegado aqui já não estarei muito longe dos votos de Boas Festas que se formulam no Natal cristão, que substituiu o culto a Mitra após a vitória da cristandade, ao tempo do imperador romano Constantino, e do fim do paganismo. Isto porque afinal o que desejamos todos é o equilíbrio com a natureza - um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável – e um Mundo melhor. Um Mundo onde todos os nossos concidadãos independentemente da latitude e longitude onde habitam não sejam privados dos seus direitos e tenham as suas necessidades básica satisfeitas. Só assim será possível continuarmos a caminhada comum para o tal futuro sonhado.
O culto a Mitra ou o Natal estão associados ao Solstício de Inverno e, em boa verdade também com o nascimento de Jesus Cristo se fez luz, não a luz mística que conduz ao reino dos céus, mas a luz que iluminou os oprimidos e lhes deu força para se libertarem do jugo dos senhores.
Um Bom Solstício de Inverno ou se preferirem… Boas Festas!
Horta, 21 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 22 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A propósito de equidade

Mais um Natal… e o Mundo não melhorou. O Mundo desde o último Natal, aquele Natal em que formulámos votos de renovada esperança num Mundo melhor, piorou. Foi o nosso Mundo que piorou não aquele Mundo distante chamado por vezes: o Terceiro Mundo; o Mundo dos países pobres ou em desenvolvimento. Não! Não foi esse Mundo foi o nosso Mundo que piorou. Os outros Mundos, que há alguns Natais se afiguravam tão remotos, não medraram mas, como poderiam esses Mundos piorar se os seus cidadãos estão há séculos parados no limiar da dignidade humana, impedidos por uma qualquer barreira física ou virtual de passarem o patamar que lhes dá entrada num Mundo onde os desperdícios são uma obscenidade e no qual existem cada vez mais cidadãos que parece pertencerem a outro que não ao Mundo da abundância e do bem-estar.
O primeiro, o segundo e o terceiro Mundos, o nosso. Só temos esta casa comum a que chamamos Mundo. O Mundo está, a cada Natal que passa, mais injusto, mais desigual, mais desumano. O Mundo não melhorou… piorou.
O Mundo está mais igual na desumanidade que flagela os povos quer sejam do Norte rico ou, do pobre Sul.
Piorou e muito. Mais desemprego, mais pobreza, mais exclusão, mais desigualdades. Como podem ser boas as Festas para os milhões e milhões de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia, por semana, por mês, como podem ser boas as Festas para quem não tem trabalho, para quem não tem água potável, para quem é vítima da guerra. Como podem ser boas as Festas para os milhões de crianças que vão passar este Natal na rua.
Ainda assim não vou deixar de estender os votos de Boas Festas aos meus concidadãos que habitam este planeta. Tenho consciência que para todos nós podermos aceder ao padrão mínimo daquilo que consideramos serem umas Boas Festas se fica apenas pelo desejo que um dia isso venha a ser possível.
É por isso que existo. Existo para lutar pelo sonho que um dia todos os habitantes desta casa comum a que chamamos Terra tenham os seus direitos básicos garantidos o que, digamos, nem sequer é muito. Habitação, alimentação, educação, saúde e trabalho justamente remunerado. Será que é assim tão difícil garantir estes direitos básicos, será que não é possível?
Por um motivo ou outro todos julgamos que sim. Sim! É possível um Mundo melhor, e temos esperança, embora não baste tê-la é preciso fazer alguma coisa para que aconteça a mudança pela qual ansiamos. Façamos neste Natal e em todos os dias que se lhe vão seguir algo para que aconteça um Mundo melhor e que as palavras que no Natal profusamente proferimos se transformem em acção e em atitude de vida. Boas Festas!
Ponta Delgada, 19 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In A União, 21 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

domingo, 19 de dezembro de 2010

Niemeyer, Oscar

Completou este mês 103 anos de vida. Vida contada e por contar, vida que foi muito mais do que um sopro (nasceu, morreu, fodeu-se).
Niemeyer viveu e vive para além do sopro com que ele próprio definiu a vida. É um cidadão comprometido e que tomou Partido.

Fica aqui uma das suas frases:
Lembro-me da noite em que Fidel esteve em meu escritório. Convidei amigos e, à meia-noite, quando ele ia embora, o elevador enguiçou. Para pegar o outro, ele teve de passar pelo apartamento de um vizinho, que até hoje conta essa ocorrência com certo orgulho. Dá para imaginar o susto do casal ao abrir a porta e dar de cara com o Fidel? O único comunista que mora nesse prédio sou eu. Mas, quando Fidel saiu, o edifício todo estava iluminado e o pessoal batendo palmas. Dizem que é preciso a noite para surgir o dia, e foi isso que aconteceu com Cuba.
(OSCAR NIEMEYER)




Ao Homem, ao artista, ao militante comunista.

Doce de Shila

Redescobri este "Chula" interpretado pela Shila - jovem canadiana que viveu em Portugal nos anos 70 - por via de um "post" da Maria no Facebook.



Tempo de todos os sonhos... tempo de Reforma Agrária... tempo de Revolução.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Equidade e imoralidade

Equidade foi uma das primeiras palavras utilizadas para caracterizar a decisão, dos órgãos de governo próprio da Região Autónoma dos Açores de, em sede de Orçamento Regional, aprovar um conjunto de medidas que visam atenuar nos Açores, ainda que timidamente, os efeitos negativos que os sucessivos PECs estão e vão provocar na generalidade da população portuguesa e, por conseguinte, na economia nacional.
Grave foi forma leviana e o contexto em que a palavra, cujo significado também é justiça, foi utilizada. Mais grave ainda quando o argumento foi utilizado pelo próprio Presidente da República de quem se esperaria alguma sobriedade e ponderação antes de se pronunciar sobre competências autonómicas que estão consagradas constitucionalmente pois, quanto aos vómitos produzidos por comentadores, politólogos, analistas e outros quejandos cuja legitimidade é nenhuma, mesmo tratando-se de Marques Mendes ou Marcelo Rebelo de Sousa, não confundir notoriedade pública paga a peso de ouro com legitimidade democrática, não passam disso mesmo golfadas de indisfarçável cólera porque nos Açores se aprovaram medidas que contrariam a inevitabilidade das opções políticas decididas na República pelo PS, e subscritas pelo PSD, colocando, assim, em causa o discurso uniformizante que nos massacra diariamente e que mais não pretende do que a resignação dos cidadãos.
A legitimidade das medidas de compensação, remuneratórias e fiscais, já existentes e as que foram aprovadas no Orçamento Regional para 2011 não está em causa por muito que os esforçados apaniguados de Passos Coelho e José Sócrates tentem demonstrar. A Constituição da República Portuguesa e o Estatuto da Região garantem a sua validade política e legalidade.
Quanto à equidade e imoralidade, adjectivos muito utilizados na argumentação sobre as medidas aprovadas nos Açores e que não se limitam à remuneração compensatória, importaria perguntar: - Que equidade existe numa medida que corta nos salários a um grupo restrito de cidadãos portugueses? Por outro lado e sabendo-se que o imposto sobre o consumo não olha aos rendimentos de quem consome: - Que equidade existe no aumento do IVA?
Quanto às questões de ordem moral: - Imoral é ter um país com mais de 2 milhões de pobres sendo que, segundo a OCDE, 300 mil são crianças. Imoral é ter um país com 700 mil desempregados. Imoral é Portugal ser o país da União Europeia com mais trabalhadores precários. Imoral é a reivindicação do capital nacional e europeu para maior flexibilização nos despedimentos individuais. Imoral é José Sócrates dizer que não aceita esta reivindicação mas estar disposto a utilizar dinheiros públicos para comparticipar nas indemnizações que os empresários têm de pagar aos trabalhadores que despedem. Imoral é João Jardim não ter aplicado na Madeira o corte de 5% nos vencimentos dos detentores de cargos políticos e agora por em causa os poderes autonómicos. Imoral é este roubo perpetrado aos salários e aos rendimentos das famílias. Isto sim são enormes imoralidades.
Não venham agora os responsáveis directos e indirectos por este conjunto de imoralidades que transformou Portugal num inferno por em causa a legitimidade constitucional das medidas, muito aquém do que seria necessário e justo, tomadas pelos órgãos de governo próprio dos Açores e, muito menos com o discurso da pregação da equidade e da moralidade.
Ponta Delgada, 13 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 15 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

domingo, 12 de dezembro de 2010

Matizes do ocaso


Foto by Aníbal C. Pires

As viagens de avião oferecem sempre motivos de interesse.

São as pessoas com que nos cruzamos, o sorriso e a cumplicidade dos tripulantes, o comandante que não conhecemos mas cujo nome nos é familiar, as descolagens, as aproximações, a turbulência, a partida, a chegada, as memórias, os momentos como aqueles que vivi hoje na descida em aproximação ao aeroporto de Ponta Delgada.

Imagens de um entardecer a 10 mil pés.

Foto by Aníbal C. Pires

Foto by Aníbal C. Pires
Uma boa semana de trabalho para todos os visitantes ocasionais e habituais do “momentos”.

Foto by Aníbal C. Pires

sábado, 11 de dezembro de 2010

À margem

Terminei hoje uma visita parlamentar à ilha do Pico o balanço político foi feito e está disponível por aí.

À margem e no final desta visita deixo dois pequenos registos:

- depois de jantar tomei café num bar/café que se situa na zona do cais da Madalena. Enquanto aguardava que alguém me atendesse dirigiram-se a mim três indivíduos que me disseram: vimos cumprimentar o senhor e dizer-lhe que somos trabalhadores e seguimos com atenção o seu trabalho e intervenção política e queremos pedir-lhe que não deixe de defender os interesses de quem trabalha e de quem não tem voz, a não ser a sua.

- quando regressei ao quarto de Hotel tive, finalmente, tempo para dar atenção a um CD de música que foi enviado para a RP do PCP na Horta. Que agradável surpresa! A minha colega e querida amiga Ângela Dâmaso, empresta a sua voz a um conjunto de temas de música popular portuguesa e que voz... Fiquei, não só surpreendido porque desconhecia esta virtuosidade da Ângela, como também fascinado pela interpretação daqueles temas.

Dois momentos que não podiam deixar de ser partilhados pois, sendo apenas pequenos aspectos de um dia preenchido me deram prazer e, sem dúvida, reforçam o compromisso que tenho com estas este povo e com a luta por um Mundo melhor.

Sim! É possível.

Um Mundo Melhor

E, meus caros, a paciência, como disse a Maria um dia destes num comentário a um post do "momentos", a paciência é… revolucionária.

... por fim

E a montanha desnudou-se

O vento ameno do Sul libertou-a do manto de nuvens
E a alvura da neve refulgiu na luz suave do crepúsculo



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mais do Pico

Estou de visita à ilha do Pico e ainda não descansei o olhar na majestosa montanha, as nuvens insistem em escondê-la e nem o forte vento do quadrante Norte a desnudou, o seu manto nebuloso teima em esconder a alva neve com que se enfeita para o Natal.







Mas no Pico nem só a montanha merece a atenção do visitante. A vegetação que ladeia a estrada do mato e as sentinelas silenciosas* que brilham na escuridão da noite alumiando os caminhos do mar são registos, são olhares que se fixam na memória. Momentos de quietação em matizes de verde, azul e cinzentos sem fim.

* Farol da Manhenha, Piedade, Pico

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Top ten do "momentos"

Com a disponibilização pelo "blogger" dos posts mais vistos é possível elaborar um "top ten". No caso do "momentos" que conta até este com 636 posts é esta a lista dos 10 mais vistos desde Julho de 2010.

1.º -  À mesa com Nigella 
2.º - Educação Intercultural
3.º - A religiosidade e a identidade açoriana
4.º - Morreu António Dias Lourenço 
5.º - Samaritana
6.º - Uma mulher na presidência
7.º - Momentos em família
8.º - A poente
9.º - Bertolt Brecht - O Analfabeto político
10.º - Centenário da República Portuguesa

Se no caso do "memórias" o top corresponde por inteiro aos posts mais vistos, no "momentos" já o mesmo não se pode afirmar uma vez que o "blogger" só a partir de Julho de 2010 disponibilizou o serviço de estatisticas e o "momentos" foi criado em Março de 2008.

Desconhecimento ou má fé

As ilhas açorianas, situadas na bacia do Atlântico Norte, tiveram desde o seu povoamento, uma importância geoestratégica para as pretensões expansionistas de Portugal, assegurando, de entre outros, um porto seguro à frota do império, designadamente no seu regresso à capital. Actualmente e com a expansão, não imperial mas da plataforma marítima portuguesa os Açores continuam a ser determinantes para que Portugal se projecte ainda mais no Atlântico, aliás muito se tem falado no regresso ao mar e à economia do mar e, infelizmente, muito pouco ou nada se tem feito para aproveitar este que será, a par da língua portuguesa, um dos maiores activos do nosso país e que os responsáveis políticos que em Lisboa nos governam teimam, inexplicavelmente, em desbaratar.
Viver nos Açores tem custos mensuráveis e não mensuráveis o que não constitui propriamente uma novidade. É um facto histórico que Portugal sempre reconheceu ao criar, desde o povoamento, medidas que garantiam atractividade à fixação de pessoas nestas ilhas sem esquecer, claro que muitas outras para aqui vieram de forma compulsiva.
As medidas compensatórias pelos custos da insularidade “oferecidas” aos funcionários da administração do Estado nos Açores estão de há muito instituídas, num claro reconhecimento que viver nestas ilhas não é bem a mesma coisa que viver no território continental e procurando compensar, senão os custos que não são mensuráveis, pelo menos compensando os mensuráveis como seja um custo de vida que, nos Açores continua a ser muito superior à média nacional.
Já em democracia o Estado português organizou-se de forma especial reconhecendo constitucionalmente autonomia política e administrativa às regiões insulares da Madeira e dos Açores facultando-lhe poderes e órgãos de governo próprio.
O conceito de acréscimos salariais e outras compensações sobre os rendimentos para os trabalhadores da administração regional, local e do sector privado foi introduzido na discussão política e parlamentar açoriana, ainda na década de 80 do Século XX, pelo PCP Açores e pelos sindicatos, ancorando a sua fundamentação, não só no facto de os trabalhadores da administração central serem compensados pelo Estado, mas também pela necessidade de compensar os açorianos pelos custos da insularidade que advêm das especificidades geográficas: acentuada dispersão territorial, pequena dimensão territorial e populacional e distância ao continente.
O custo de vida é mais elevado nos Açores e o salário médio regional no sector privado é, actualmente, inferior em cerca de 100 euros mensais apesar de na Região ter sido instituído no final da década de 90 um acréscimo ao salário mínimo nacional.
Mas o poder autonómico não criou só acréscimos e remunerações compensatórias para os salários mais baixos da administração e de referência para o sector privado. Também por via fiscal, abdicando de receita, foram encontradas soluções para compensar os custos do viver insular e arquipelágico, assim o IVA, o IRS e o IRC têm, na Região Autónoma dos Açores, taxas reduzidas.
Em sede de Plano e Orçamento da RAA para 2011 foram aprovadas medidas que visam contrariar os efeitos negativos das políticas de austeridade aprovadas na República pelo PS e pelo PSD. As medidas aprovadas pela ALRAA mereceram da parte de iluminados responsáveis políticos e candidatos presidenciais comentários que mais não visam do que denegrir a autonomia regional e desfocar a atenção dos portugueses daquele que é o cerne da questão, ou seja, o brutal ataque ao rendimento dos trabalhadores quer por via da fiscal, quer pela redução e contenção salarial.
A generalidade das declarações, comentários e análises feitas sobre este assunto para além de revelarem um profundo desconhecimento da arquitectura do Estado conformam mais um ataque às autonomias regionais com as quais não posso pactuar.
Ponta Delgada, 07 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 08 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

sábado, 4 de dezembro de 2010

Céu para o fim de semana

Nos últimos dias os céus dos Açores tem estado de um cinzento escuro que nem mesmo a chuva constante (na ilha das Flores choveu continuamente durante 70 h) conseguiu clarear. Mas há outros céus ou, se preferirem, apenas a Céu que vos deixo aqui como uma raio de Sol a afagar a alma e alegrar este fim de tarde como se fora um prenúncio de um fim de semana ensolarado.



Uma voz que se afirma na imensa constelação de vozes da música brasileira. Descobri-a aqui neste blogue amigo e de referência.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esta tarde... beijo de saudade

Uma letra com dimensão atlântica, um instrumental fabuloso e duas vozes incomparáveis.



Um beijo que as ondas sagradas do Tejo transmitem ao oceano que acaricia os arquipélagos lusófonos do Atlântico.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Prós e contras a Restauração

Hoje é dia da Restauração da Independência Nacional. A 1 de Dezembro de 1640 os portugueses puseram fim a 60 anos de ocupação espanhola.

Nem todos nós (portugueses) temos desta comemoração e do que ela significou para Portugal o mesmo entendimento. Um número de cidadãos sem significado mas que tem vindo a ganhar simpatias e apoios pensa que a solução para os problemas que Portugal enfrenta passa por um projecto político ibérico. E não é fácil resistir à tentação quando do lado espanhol nos apresentam argumentos como o da imagem abaixo.


Os argumentos dos iberistas são pragmáticos e facilmente apreendidos embora não me convençam apesar de alguns, como os apresentados pelo blogue "E Deus Criou a Mulher”, sejam, de facto, muito apelativos.

Políticas de emprego

Os últimos dados oficiais sobre o emprego na Região dizem respeito ao 3.º trimestre de 2010 e, da sua análise, ainda que superficial, sobressaem alguns aspectos sobre os quais importa reflectir pois, o emprego ou a falta dele é uma preocupação transversal, embora nem todos tenhamos a mesma opinião e as mesmas soluções para resolver este flagelo social que priva de um direito básico milhares de açorianos.
A diminuição da taxa de actividade, o aumento da taxa de desemprego e a constatação de que o fenómeno do desemprego na Região, tal como no País, é um problema estrutural agudizado pela conjuntura. Estes são os aspectos que devem ser tomados em devida conta quando se pretende implementar políticas activas de emprego.
Sabemos que ter um número de disponíveis e desempregados é visto pelos empregadores como uma vantagem competitiva pois, permite-lhes pressionar os trabalhadores e os seus representantes, em sede de concertação e negociação, para a contenção salarial e para a flexibilização das leis laborais, aliás é o que tem vindo a verificar-se e o que a Comissão Europeia pretende que se venha a aprofundar em Portugal como uma das saídas para a “crise”. Nada disto é novo e o objectivo é o de sempre: manter ao ampliar os resultados (lucro) à custa da diminuição dos custos do trabalho.
Mas voltemos à Região, ao problema do emprego e às respostas que estão desenhadas para inverter este panorama que afecta cada vez mais famílias açorianas.
O Governo Regional aprovou um Plano de Emprego e afectou a esse plano um avultado envelope financeiro, 325 milhões de euros. A existência de um plano e a dimensão do seu financiamento são, em si mesmo, um factor positivo e denotam a preocupação pública pelo problema, embora a filosofia que preside ao Plano Regional de Emprego (PRE) seja o da transferência exclusiva para os cidadãos de uma responsabilidade que deve ser partilhada, ou seja, o fomento do auto-emprego, por outro lado e quanto à qualidade do emprego, por proposta do PCP Açores em sede de Plano e Orçamento de 2009, foi aprovado um Plano Regional de Combate ao Trabalho Precário, ao Trabalho Ilegal e ao Sub-emprego. Plano que está em vigor e que estando longe de atingir os resultados esperados não pode deixar de se considerar como um esforço público positivo para combater o flagelo que constitui a elevada precariedade e a economia paralela na Região.
O quadro legal que regula as relações laborais e o modelo económico de desenvolvimento mantém-se, porém, inalterados e a tendência é para, no primeiro caso, flexibilizar ainda mais os despedimentos e, no segundo assistimos à sua reconfiguração de onde resultará que o problema do emprego e da sua qualidade se manterá com níveis idênticos aos dos últimos anos. Não pretendo minimizar as iniciativas regionais que referi mas, realçar a sua insuficiência pois o problema do emprego e a valorização do trabalho e dos trabalhadores está directamente relacionado com as políticas económicas e o modelo de desenvolvimento que subscrevem, bem assim como o que daí decorre para o quadro legal das relações laborais.
Mas paradoxal é mesmo o discurso oficial da flexibilização, da redução e contenção salarial apresentado como uma das soluções para combater a crise conjuntural mas que bem vistas as coisas tem como finalidade a sua perpetuação. Paradoxal porque é sabido que o problema financeiro em Portugal sendo da dívida soberana é, também, um problema da elevada taxa de endividamento das famílias. E, não é necessário ser economista ou especialista em finanças para concluir que qualquer medida, aliás já tomada, que reduza o rendimento disponível das famílias só pode ter como efeito o agravamento da situação social e económica dos portugueses.
Ponta Delgada, 30 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 01 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

Dezembros

Neste Dezembro que hoje se inicia fica esta canção de Zeca Baleiro.



Para iniciar o mês que põe fim ao ano e que é também um mês de renovada esperança e... luta. Só com esperança não vamos lá.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Para não dizer que não falei de flores

Para todos os que ainda fazem da flor o seu mais forte refrão e acreditam nas flores vencendo o canhão, trago uma versão interpretada por Simone da canção (caminhando) de Geraldo Vandré.
Esta canção é um grito pela liberdade. Faz parte das minhas memórias e do meu imaginário mas é de uma actualidade lancinante.
A independência nacional, a liberdade e a democracia esvaem-se na ditadura dos “mercados”, talvez seja hora de… “Vem vamos embora/que esperar não é saber/quem sabe faz a hora/ não espera acontecer”


Aqui podem encontrar uma versão de estúdio do mesmo tema e aqui a versão de Geraldo Vandré.
Um bom feriado e muita e boa música.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pink Floyd para esta tarde

Fiquem com o tema "learning to fly" dos incomparáveis Pink Floyd.



Mas para aprender a voar podem mesmo fazê-lo aqui, porque sonhar acontece em qualquer lugar.

domingo, 28 de novembro de 2010

Consequente e com consequência

O PCP Açores tem-se assumido, ao longo desta legislatura e na continuidade do trabalho realizado pelos deputados que, de 1984 a 2004, antecederam a actual Representação Parlamentar do PCP como uma oposição consequente e com consequência.
Consequente com os seus princípios e matriz ideológica, consequente com um modelo de desenvolvimento regional harmónico assente na valorização dos sectores produtivos regionais e na diversificação avisada e acautelada da actividade económica, na redução da dependência externa, no direito à mobilidade e ao não isolamento tendo como finalidade o aumento da qualidade de vida e do bem-estar do Povo Açoriano, consequente na luta por uma sociedade cultural, social, e economicamente mais justa e ambientalmente sustentável.
Com consequência pois, estando apenas representado por um deputado, o PCP Açores tem influenciado a vida política regional de forma substantiva ao, pelo rigor, pela seriedade, pela coerência, pela oportunidade, pela alternativa mas sobretudo pela justeza das nossas propostas, tem construído um património acumulado de iniciativas que mereceram a aprovação em sede do Parlamento Regional produzindo efeitos positivos na Região e que sinalizam de forma incontornável a forma como o PCP se posiciona na vida política regional.
A discussão e aprovação do Plano e Orçamento da Região para 2011 veio uma vez mais confirmar que o PCP Açores é uma oposição consequente e com consequência.
A Representação Parlamentar do PCP Açores reafirmou que em muitas das suas opções no Plano e Orçamento, o PS Açores persiste em políticas que a crua realidade já demonstrou serem inócuas ou, mesmo nocivas para o desenvolvimento regional.
Os erros e as teimosias da maioria que suporta o Governo têm custado aos Açores tempo e oportunidades preciosas. Tempo e oportunidades que se esgotam a um cadência inexorável.
A continuada opção pelo apoio ao grande negócio privado, a obsessão pelo mega-projecto, pela ofuscante e dispendiosa campanha publicitária, em busca de, senão milagres económicos, pelo menos de vistosas bandeiras eleitorais para encher o olho aos mais incautos, ao mesmo tempo que não existe pejo de cortar verbas nos fundos escolares, nos apoios sociais, nas infra-estruturas fundamentais para a nossa Região. Mas houve também lugar ao reconhecimento de sinais positivos e de contra ciclo não confundindo, porém, esses sinais com a mudança que os Açores precisam. Esta é uma flutuação política conjuntural e, a disponibilidade do PS Açores para realizar mudanças se esgota numa prática continuada de insistência na importação de modelos desadequados à realidade social e económica da Região. De momento é apenas a ameaça da catástrofe económica e social que impõe ao PS Açores esta actuação.
O PCP Açores, pelo contrário, entende que o que se impõe é avançar, com arrojo, com determinação, para uma verdadeira mudança de políticas:
- Uma mudança que assuma a relevância do investimento público para alavancar o desenvolvimento regional. Uma mudança que aposte decisivamente no fortalecimento da base produtiva, na terra e no mar, em que assenta a economia da Região e no equilíbrio e complementaridade da já referida diversificação, avisada e acautelada, da actividade económica, designadamente o turismo.
- Uma mudança que faça da valorização do trabalho, dos trabalhadores, dos seus direitos e condições de vida, não só um objectivo central da acção governativa, mas também como o meio de desenvolver a procura interna, o dinamismo das empresas e a geração de riqueza.
Foi nesse sentido que as propostas do PCP Açores para o Plano e Orçamento foram construídas e apresentadas. Com o sentido da mudança e da ruptura reafirmando-se como uma oposição consequente e com consequência e consolidando os pilares de um projecto político alternativo.
Horta, 26 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In A União, 27 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lenine e... bom fim de semana

Não é só o nome.
Esta canção é um espanto.



Paciência de Lenine.
Votos de um bom fim de semana para os visitantes habituais e ocasionais do "momentos"

Dreamer

Para esta tarde e depois da maratona da última madrugada (o Plenário da ALRAA prolongou-se até ás 5h da manhã).



Imagine de John Lennon

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Momento de clarificações

Os tempos conturbados que vivemos têm uma vantagem significativa: são tempos de clarificação.
O desmoronar do sistema financeiro internacional e a crise que se abateu, de forma aparentemente súbita e avassaladora, sobre o nosso País e sobre a nossa Região marcam, clara e inegavelmente, o fim de um longo ciclo de ilusões.
Caiu a ilusão da infalibilidade dos mercados que, assim nos afirmavam os nossos governantes, nos conduziriam inevitável e deterministicamente à maior das prosperidades possíveis e à mais justa distribuição da riqueza.
Caiu a ilusão do crescimento económico à base do aumento descontrolado do endividamento, desmantelando a base produtiva real do país, estrangulando a produção nacional.
Caiu a ilusão do nosso supostamente sólido sistema bancário e financeiro, que se desmora como um castelo de cartas perante a desconfiança dos emprestadores estrangeiros.
Cai, com estrondo, a sempre apregoada solidariedade europeia que, de ajuda e incentivo ao desenvolvimento do continente que deveria ser, se converte em mero garrote monetarista colonial, ao serviço das grandes potências.
Para os que ainda tinham dúvidas, a realidade da pobreza, do desemprego, do crescimento das desigualdades, do aumento da dependência externa e do endividamento, interromperam, definitivamente, a longa fantasia em que tentaram mergulhar os portugueses.
É tempo de clarificações.
Porque estão agora dolosamente às claras as duas caras do PS e do PSD Açores que tentam esconder os prejuízos que causam aos açorianos, lamentando e tentando minimizar o que eles próprios propuseram e subscreveram e aprovaram na República.
Muitos dos problemas que vão crescer, dos obstáculos ao desenvolvimento que vão aumentar, muito do sofrimento que se vai agravar se deve, de forma directa, às medidas tomadas pelo Governo da República, consagradas no Orçamento de Estado que o PS e o PSD viabilizaram.
Enquanto discursam no Faial sobre desenvolvimento, aprovam em Lisboa a recessão! Não lhes resta por isso, já, qualquer sombra onde ocultem a duplicidade e a hipocrisia política que praticam. Isso está clarificado.
Mas esta crise serve também para mostrar a escassa protecção de que gozamos face às conjunturas externas desfavoráveis porque, afinal, a tal crise que chegaria mais tarde aos Açores e se iria embora mais cedo parece ser, por cá, mais funda e com efeitos mais prolongados.
Os baixos salários – ainda mais baixos nos Açores; A pobreza e desigualdade – que se cava mais profunda e com ainda menor esperança nos Açores; O desemprego – que cresce muito mais nos Açores; As baixas qualificações – que são o lugar-comum dos trabalhadores açorianos; A paralisação da actividade e do investimento.
Esta semana discute-se na ALRAA o futuro próximo da Região e, pelo sentido das propostas apresentadas pelos diferentes partidos das oposições e a sua aceitação, ou não, pelo partido maioritário, é também um momento de clarificação.
Horta, 23 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de Novembro, de 2010.Angra do Heroísmo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Capitulação e domínio

As medidas de austeridade que assolam Portugal foram subscritas, em diferentes momentos, pelo PS e pelo PSD com a bênção de Cavaco Silva e, sempre com a inevitabilidade a dar-lhe o sustento político e a preparar consciências para uma resignada aceitação social.
O facto de o PS e do PSD se colocarem de acordo com este continuado ataque à economia e à soberania nacional, não constitui uma novidade pois, estas duas formações políticas disputam o poder pelo poder, ou seja, não as distingue um projecto político alternativo e, as “divergências” não passam de uma calculada estratégia eleitoral com data marcada. Esta disputa do poder pelo poder traduzida em mais de três décadas de alternância de governos laranja e rosa, aqui e além pintalgados de CDS, defraudarem as expectativas dos portugueses de diferentes gerações, liquidaram conquistas civilizacionais, desbarataram os dinheiros públicos, destruíram os sectores económicos produtivos e colocaram o país de cócoras face a essa entidade sem legitimidade a que chamam mercados.
Não deixa de ser interessante, embora dramático, verificar que a Alemanha tendo imposto a outros que, no quadro das políticas de integração europeia, desmantelassem os sectores produtivos manteve a saúde da sua economia ancorada nesses mesmos sectores económicos.
A Alemanha está a impor à generalidade dos países europeus por via pacífica aquilo que não conseguiu pela força das armas – a capitulação e o domínio.
Não é por acaso que a Alemanha tem taxas de crescimento muito acima da média dos seus parceiros de moeda única, em claro contra ciclo, não esquecendo que o sector financeiro alemão está a sugar, até ao tutano, os seus parceiros da Zona Euro por via da especulação financeira que resulta, obviamente da imposição de um valor comum para o défice público, sem atender aos contextos e características de cada uma das economias que, naturalmente têm ritmos e níveis de desenvolvimento diferenciados.
A promoção da equidade deve ancorar-se no reconhecimento da diferença e não na cegueira administrativa que o Pacto de Estabilidade e Crescimento tenta conformar.
Tratar de forma igual o que é diferente é contribuir para acentuar o fosso das desigualdades e não caminhar para o desígnio da coesão que, afinal é um dos principais pilares do projecto que esteve na génese da União Europeia.
A actual situação vivida por Portugal e pelos países da periferia europeia traduzem bem o fracasso do processo de construção e integração europeia, tal como ele nos tem sido “vendido” pelos europeístas e eurocêntricos.
Alguém me diz onde está o projecto europeu promotor da coesão social, económica, cultural e territorial? Alguém me diz onde está o projecto social europeu?
Ponta Delgada, 19 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In A UNIÃO, 19 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

domingo, 21 de novembro de 2010

Joaquim Gomes - Adeus camarada

Faleceu ontem, Joaquim Gomes, um dos históricos militantes do PCP. O "momentos" manifesta o seu pesar pela morte de Joaquim Gomes e apresenta as suas condolências à família.


Aqui pode encontrar alguns dados sobre este militante comunista.

sábado, 20 de novembro de 2010

Talking about a Revolution

Para esta noite e para estes dias de luta.



A luta por um Mundo melhor desceu hoje a Avenida da LIBERDADE e no dia 24 de Novembro toma a forma de GREVE GERAL.

PAZ sim! nato NÃO!

A distância, 900 milhas, não me permite participar na manifestação fica o apoio no "momentos".

 

Quem faz a guerra não quer a PAZ, quem quer a PAZ não faz a guerra.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Paz sim! Nato não!

Leiam aqui um importante esclarecimento feito pelos organizadores onde, de entre outros dados, darão por falta, na lista de apoiantes, de alguém ou de alguma organização que o senso comum daria como adquirido.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Greve Geral - 8 - Contra a resignação

É já no dia 24 de Novembro!



O descontentamento tem de se transformar em luta.

A Europa para lá do Euro

Angela Merkel declarou recentemente que “Se o euro falhar, a Europa falhará.” A frase potencialmente histórica da Chanceler Alemã ecoou com estrondo nos corredores do poder Europeu.
Angela Merkel resume desta forma toda a preocupação dos que vêm no projecto europeu apenas a criação de um bloco monetário que lhes permita a ampliação dos seus mercados e os defenda contra os ventos da crise que assolam todas as economias do planeta.
Ao colocar a união monetária como o único objectivo válido da construção europeia, Angela Merkel revela a verdadeira face da política que tem norteado UE. E, essa política, resume-se à defesa da estabilidade cambial, baseada no valor potencial dos mercados do conjunto dos países membros, e da livre circulação de capitais e mercadorias, de que se alimentam as grandes empresas dos países mais poderosos.
Reduzir o processo de construção europeia à questão monetária é passar ao lado dos grandes desígnios que inspiraram os fundadores da UE: a paz, a cooperação entre os povos, a defesa da democracia e a coesão social. A União Monetária e Económica deveria ser um instrumento para servir esses objectivos grandiosos e não um fim em si mesmo.
É porque os problemas que a UE vive neste momento derivam, justamente do afastamento desses objectivos e da criação de várias Europas, a várias velocidades, igualmente sujeitas a uma cega ditadura orçamental que não leva em conta os seus graus de desenvolvimento ou das suas dificuldades específicas.
O processo de integração falha quando se cava cada vez mais o fosso entre países ricos e países pobres. O processo de integração falha quando os estados membros deixam de ter a liberdade de definir as vias para o seu próprio desenvolvimento, sendo sujeitos a uma ditadura de mercado aberto que lhes impõem um determinado modelo económico e social. O processo de integração falha quando, cada vez mais, há uma franja de países que trabalha apenas para continuar a pagar os lucros fabulosos dos grandes grupos económicos. O processo de integração falha quando o autoritarismo dos poderosos se começa a tentar sobrepor ao diálogo democrático entre parceiros livres e soberanos.
Aprisionados que estão na sua redoma ideológica, os políticos liberais do Partido Popular Europeu e do Partido Socialista Europeu, não conseguem já, sequer, conceber outra forma de fazer Europa que não seja a da mera exploração desenfreada dos mercados e da acumulação de capital. Não entendem que há muito mais Europa para lá do Euro.
Horta, 16 de Novembro de 2010

Aníbal Pires, In Diário Insular, 17 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adeus

A passagem pela zona do Saldanha era obrigatória, o percurso do aeroporto ao Hotel Excelcior e mais tarde à Residencial Alicante assim o determinava. Ia com as equipas de Voleibol e Andebol do CDE Arrifes e fui-me habituando a acenar ao “Senhor do Adeus” que, invariavelmente nos dava a boas-vindas, a nós e a todos os que por ali passavam.


Soube hoje que João Manuel Serra se ausentou do Saldanha e não mais o veremos a dizer adeus a quem passa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

sem punhos de renda

Adicionei um novo blogue às minhas referências da blogosfera.


A partir de hoje "sem punhos de renda" faz parte da coluna "outras viagens... outros olhares".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aminetou Haidar em Lisboa



A Reitoria da Universidade de Lisboa promove um debate com Aminettou Haidar, amanhã 4.ª feira - 10 de Novembro de 2010, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa .


O Conselho Português para a Paz e Cooperação apela à participação no debate promovido pela Reitoria da Universidade de Lisboa com a presença de Aminettou Haidar, activista saharaui dos direitos humanos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Greve Geral - 7 - Não arranjem desculpas

Dia 24 de Novembro não arranjem desculpas e vão à luta.


Para iniciar a semana os "Deolinda" e o tema "Movimento Perpétuo Associativo".

domingo, 7 de novembro de 2010

Distinção - Escritores Virtuais

O "Navegador Solidário" distinguiu o "momentos" com o selo "Escritores Virtuais".
Registo este reconhecimento público e agradeço a distinção. Oportunamente darei conta da lista de blogues a quem o "momentos" vai atribuir esta distinção.

sábado, 6 de novembro de 2010

Ícone dos anos 60

Jane Birkin, nasceu em Londres a 14 de Dezembro de 1946 e fez furor como actriz e cantora nos anos 60.



É um dos ícones da minha geração e passou recentemente no “momentos” com esta canção.
Hoje ficam duas fotos “surripiadas” do blogue “E Deus Criou a Mulher”.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Leonard Cohen para esta tarde

Ao fim das audições parlamentares aos membros do Governo Regional no âmbito do Plano e Orçamento para 2011.


Sem mais palavras Leonard Cohen 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma mulher na presidência

Dilma Rousseff, uma mulher na Presidência do Brasil. No caso brasileiro a primeira mulher a ocupar o cargo o que, em si mesmo, já é motivo de interesse pois apesar da igualdade de género consagrada legalmente estamos, no Brasil e na generalidade dos países ocidentais, muito longe da igualdade de facto, aliás a lei da paridade é, ao fim e ao cabo, o reconhecimento de que é necessária uma ajuda extra para garantir que as mulheres participem em igualdade com os homens na vida política. Mas não é tanto pelas questões de género que trouxe Dilma Rousseff para esta reflexão e partilha semanal com os leitores, embora a eleição de uma mulher para um tão alto cargo seja sempre um passo mais a caminho da tão almejada igualdade de género, a presidente eleita do Brasil é uma mulher mas, não é uma mulher qualquer, quer pelo seu passado de luta, quer pelo projecto político que herdou de Lula da Silva e que a partir de Janeiro de 2011 vai protagonizar mas, sobretudo por aquilo que pode trazer de novo à caminhada iniciada há 10 anos pelo operário que se tornou Presidente da República Federativa do Brasil.
Lula da Silva transformou o Brasil num país mais justo mas onde ainda subsistem profundas assimetrias sociais e económicas, impôs respeito ao vizinho do Norte e cooperou com os vizinhos do Sul, afirmou-se na cena internacional, não só como uma potência económica, mas também como um activo parceiro promotor da paz e da cooperação.
A sua sucessora herda um importante e reconhecido património político com o qual está comprometida e que conhece muito bem pois fez parte da equipa que o concebeu e concretizou mas, considerando o seu primeiro discurso, após a eleição, Dilma parece querer ir para além da mera gestão da sua herança política. Não é despiciente que a presidente eleita tenha referido no seu discurso de vitória que assumia como prioridade a erradicação da miséria e que contava com o envolvimento dos movimentos sociais para atingir esse objectivo.
As palavras de Dilma não deixam dúvidas quanto aos contornos do compromisso ao afirmar: “Ressalto, entretanto, que essa ambiciosa meta não será realizada apenas pela vontade do Governo. Essa meta é um chamado à nação. É preciso o apoio de todos para superar esse abismo que nos separa de ser uma nação desenvolvida”.
Se este compromisso comprova que Dilma pretende aprofundar o projecto político que tem vindo a transformar o Brasil, o facto de convocar os movimentos sociais demonstra, por outro lado, que tem a profunda consciência das dificuldades que vai enfrentar e da necessidade de manter alianças com as forças políticas e sociais que podem cooperar com o seu governo para a auxiliar a cumprir o compromisso assumido.
Dilma Rousseff tem noção que a atitude expectante que os movimentos sociais adoptaram após a primeira eleição de Lula, aguardando que o governo respondesse positivamente aos compromissos, dificultou a acção governativa que naturalmente se viu a braços com pressões da classe dominante.
O sucesso de Dilma depende, assim, da mobilização e da pressão política permanente dos movimentos sociais e foi isso, justamente, que a presidente eleita pediu, desde logo, às forças políticas e sociais que a apoiaram na campanha eleitoral, mas também a todos os brasileiros que estão dispostos a aprofundar as importantes mudanças sociais e económicas que se verificaram na última década e que constituem directa e indirectamente uma imensa maioria.
Ponta Delgada, 01 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 03 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Em 2004

O hábito de guardar revistas e jornais perdi-o à velocidade com que a internet se foi substituindo ao suporte físico dos documentos e disponibilizando informação de arquivo. Um destes dias na limpeza do antigo “arquivo” feita com o intuito de conseguir mais espaço e uma gestão mais adequada do que vou guardando deparei com um título que fazia a capa de uma revista de informação generalista, publicada em Setembro de 2004 mas, de uma actualidade pungente – “Ataque à classe média”. O subtítulo explicava no que consistia essa investida – “Na saúde, educação, transportes, combustíveis, benefícios fiscais… As famílias portuguesas são cada vez mais sacrificadas.”
Folheei, a dita revista, e alguns dos textos de informação e opinião podiam muito bem ser publicados em Outubro e Novembro de 2010 que ninguém daria pelo facto, tais são as semelhanças nos argumentos, prós e contras, para debelar a situação económica e financeira que na altura se vivia e que na actualidade se mantém. A diferença reside no facto de em 2004 o governo ser da responsabilidade do PSD e, em 2010 essa responsabilidade caber ao PS, se é que se pode considerar esse facto como uma desconformidade.
A proletarização dos trabalhadores – do sector privado e do sector público - com o consequente empobrecimento da generalidade das famílias é um processo que vem de longe e, é bom que o recordemos, trata-se de um procedimento que tem sido conduzido alternadamente pelo PSD e pelo PS, partidos que com ou sem o CDS/PP tem vindo a governar Portugal há 34 anos com os resultados que estão à vista de todos: endividamento e dependência externa crescentes, desmantelamento do sector produtivo e terciarização da economia, transferência de competências do Estado para entidades públicas de direito privado, entidades reguladoras, estabelecimento de parcerias público privadas, privatização dos sectores sociais, isto tudo em nome da modernização, da competitividade e da globalização dos mercados, ou seja, de conceitos míticos fabricados e postos em prática desde o início da década de 70 do século XX e que visam tão-somente a redução dos Estados ao mínimo essencial, sendo que esse modelo de Estado básico serviria apenas como moderador social das bizarrias do mercado e se limitaria a actuar politicamente em áreas como a defesa, a justiça, a segurança interna, as finanças e as relações externas e, ainda assim com algumas franjas destas competências entregues ao sector privado.
O resultado disto está há vista de todos. O país está a braços com um grave problema que, sendo financeiro, é sobretudo económico. Porém as soluções são retiradas do antigo cardápio: redução da despesa pública à custa dos salários, do congelamento das pensões e das prestações sociais, aumento da receita por via do aumento da tributação fiscal sobre o consumo (IVA) e sobre os rendimentos (IRS).
De fora ficam as soluções que, certamente, podem e devem reduzir a despesa e aumentar a receita, diminuindo no acessório e tributando quem deveria ser colectado, soluções que passem pela revitalização da economia nacional, designadamente pelos sectores produtivo e da transformação, reduzindo a dependência externa e produzindo riqueza o que, naturalmente aumentaria a receita pública.
Julgo que ninguém tem dúvidas que uma economia forte está menos exposta às conjunturas externas desfavoráveis e logo menos permeável à especulação financeira.
Ponta Delgada, 01 de Novembro de 2010
Aníbal C. Pires, In A União, 02 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

Greve Geral - 6 - A juntar a outra razões

Há muitos motivos para lutar e manifestar o descontentamento face ao regabofe em que se tornou estes país.



Isto, no conjunto do despesismo, são amendoins mas... tudo somadinho a outros aspectos constitui-se em mais um motivo para aderir à Greve Geral de 24 de Novembro.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma na Presidência

As eleições brasileiras deram a vitória a Dilma Rousseff.


Veja aqui algumas informações e opiniões sobre a vitória de Dilma.

domingo, 31 de outubro de 2010

"Riders on the storm" para esta noite

Mais um tema dos Doors no "momentos".



Podem encontrar aqui e aqui outros temas dos Doors e de Jim Morrisson

"Pão por Deus" ou "Dia das Bruxas"

No início de Novembro de 2005 publiquei, no Açoriano Oriental, um texto sobre questões de identidade, rituais e aculturação que hoje partilho com público mais alargado do "momentos".

Rituais
Os rituais sejam comemorativos ou, simplesmente, de rotinas diárias constituem um factor importante, senão mesmo determinante, na construção da identidade e memória colectiva das comunidades e dos povos.
Os rituais comemorativos estão, geralmente, associados a ciclos naturais (mudança das estações do ano), a calendários religiosos ou a mitos.
Podemos discordar, ou não, dos princípios que estão na génese de alguns dos rituais comemorativos que enformam a cultura das comunidades e povos. Podemos até discordar da prática de alguns rituais mas é, no entanto, inegável que é através deles que se identificam e diferenciam culturalmente os grupos humanos. Os rituais são como que um bilhete de identidade da diversidade cultural que caracteriza a humanidade.
A cultura tem, tal como outras manifestações e realizações do homem, servido para submeter grupos humanos. O domínio de um grupo humano sobre outros grupos humanos pode caracterizar-se pela acentuação das diferenças – assim se justificou a escravatura e o colonialismo – ou, então, pela assimilação e padronização cultural – característica da sociedade de consumo. A cultura que, em determinado momento histórico, é dominante impõe, acentuando as diferenças ou estimulando a assimilação, os seus padrões culturais e ideológicos.
O fenómeno de globalização que caracteriza a contemporaneidade favorece, claramente, a assimilação cultural. A denominada civilização ocidental é tida como uma referência e modelo, incontestáveis, de desenvolvimento económico e de bem-estar. E, se esta é uma verdade insofismável, não é menos verdade que este desenvolvimento e bem-estar foram, e são, conseguidos pela submissão cultural e económica de outras sociedades.
Do século XV até meados do século XX a prosperidade ocidental advinha de um domínio que se estruturava na “superioridade” de uma cultura sobre outras e que cultivava a separação e a segregação dos indivíduos e das culturas. O fim da II Guerra Mundial e o processo de descolonização que se lhe seguiu levou ao reconhecimento e aceitação, internacional, de um Mundo de culturas.
Um Mundo culturalmente diversificado e liberto da “hierarquização” cultural punha em causa o crescimento e o bem-estar de quem economicamente continuava a dominar. O caminho que se seguiu é o que todos conhecemos: a uniformização dos padrões culturais, segundo os “valores” ocidentais. A assimilação cultural assume-se, assim, como uma vantagem económica. Quanto mais expandidos e padronizados estiverem os hábitos culturais e de consumo maior escala se dá aos mercados.
Que melhor exemplo do que um dos aspectos mais “sui generis” da cultura das comunidades e dos povos – a alimentação.
O abandono, por um elevado número de famílias portuguesas, de hábitos alimentares tradicionais considerados, pelos especialistas em nutrição humana, equilibrados e ajustados às nossas necessidades calóricas, em detrimento de uma dieta alimentar importada, padronizada e desequilibrada nutricionalmente, é um exemplo do quanto pode ser perniciosa a assimilação cultural, particularmente, quando associada a cegos interesses económicos. Não é por acaso que a obesidade e as doenças do aparelho digestivo aumentaram para o nível de preocupação nacional.
A música é, também, um exemplo paradigmático da uniformização cultural a que a sociedade global nos submete utilizando o poder, neste como noutros exemplos, dos meios de comunicação de massas. Há outros músicos e músicas para além da MTV.
Não quero transformar esta reflexão em mera retórica identitária, no entanto, e reconhecendo que os contextos sociais e históricos evoluem e que a globalização não tem, forçosamente, de ter apenas aspectos negativos quero deixar-vos com a constatação de um facto – esta semana o calendário da identidade e da memória açoriana assinalou o ritual comemorativo do “Pão por Deus”, o calendário comercial celebrou “o Dia das Bruxas”.
Palvarinho, 01 de Novembro de 2005

John Lee Hoocker para esta madrugada

John Lee Hooker (1917-2001) um virtuoso da guitarra e cantor de blues.



Hoje à noite redescobri John Lee Hoocker na Antena 2.
Podem ouvir aqui e aqui outros temas de Hoocker.