quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Este ano não


Este ano as palavras são estas.
Não estou disponível para continuar a alinhar nesta "festa" do consumismo nem de escrever sobre desejos e votos para o futuro.
Não contem, assim, com as habituais palavras de circunstância.
Os meus dias são todos dedicados à promoção e defesa da justiça social e à globalização do bem estar e de uma vida digna para todos.
Tenham um bom dia e fiquem com um discurso de 1940 que bem podia ser de hoje.

outros Natais

Foto -Aníbal C. Pires






Dezembro de 2008 e um texto ao qual dei o título "Postal de Natal" e do qual extraí este parágrafo para partilhar em véspera de um outro Natal











"(...) é nesse momento que as palavras ganham importância. Por ora não têm importância, são apenas minhas, As palavras, Palavras sem nexo à procura mais de uma lógica que do formalismo linguístico que as ordena e lhes dá sentido e rigor, isto tudo sem deixar, porém, de ter em vista uma ética social e política de intervenção para elas, As palavras. (...)"

utopiar

Foto - Aníbal C. Pires




Ainda não encontrei nada mais apropriado do que este fragmento de um texto, de Dezembro de 2008, para assinalar a data de que toda a gente, por estes dias, tanto fala.







"(...) Creio que, Se quiser eu, se quiseres tu, mesmo que eles não queiram, nós queremos e o nosso querer fará com que, outros creiam que é possível o tal mundo sonhado que eles teimam em adiar mas que eu, mas que tu, mas que nós continuamos a utopiar renovando a vida e a luta por um Mundo Melhor a caminho da globalização do bem-estar e da qualidade de vida. (...)"

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

o trigo do joio

Foto - Jorge Góis







Fragmento de um texto publicado em Outubro de 2008 no contexto pós eleições regionais desse ano.







"(...) Quando afirmo, como é costume, que nem as políticas, nem os seus atores são iguais não o faço de forma gratuita. Uma leitura mais atenta do quotidiano conduzirá, incontornavelmente, a essa conclusão. Há quem sirva o interesse público e há quem dele se sirva.
O tempo e a história se encarregarão de separar o trigo do joio. Uns perdurarão como se de uma obra de arte se tratasse, outros volatilizar-se-ão no discurso populista e demagógico com que seduzem os cidadãos e as cidadãs, outros serão vítimas das suas próprias práticas. E quer uns, quer outros serão reduzidos à sua insignificância quando o povo se decidir a ser livre, a exigir direitos e a recusar esmolas. (...)"

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

viagens

Foto - Aníbal C. Pires





Fragmento de um texto de 2008. Viagem marítima (Corvo/Flores) na lancha "Estrela"







"(...) o dia estava cinzento e, ao que sempre ouvi dizer, naquele profundo canal de águas escuras a vaga parece que nunca mais acaba.
A viagem demorou cerca de 55 mn. O mar não estava mau mas… sentei-me à popa com as duas mãos a procurar a segurança do banco e de um apoio na amurada de estibordo. Nem a água que a quilha da “Estrela” a momentos atirava no ar e vinha cair aos salpicos sobre mim me fizeram levantar, nem desgrudar as mãos do amparo a que me tinha estribado logo no início da viagem.
Ao aproximarmo-nos das Flores a vaga modificou-se pela “abrigada” de terra e aí levantei-me para entrar no Porto das Poças, em Santa Cruz das Flores, com pose de grande marinheiro. (...)

domingo, 20 de dezembro de 2015

a festa e o fastio

Foto - Aníbal C. Pires




Fragmentos de texto escrito e publicado em 2008, onde se reflete sobre o contínuo estado festivo que a nossa contemporaneidade promove.






"(...) A expectativa da aproximação de uma data festiva era, em si mesmo, uma festa. Festa que culminava naquele dia preciso e, depois de um período de acalmia recomeçava a espera de uma nova celebração. Tinha algum encanto, alguma magia. 
Outros tempos. A festa hoje é uma constante do quotidiano. É, direi mesmo, um modo de vida para alguns que procuram na tenda do 'circo' a mesa do pão que em casa escasseia.(...)

"(...) A vulgarização do estado festivo, enfastia. Pessoalmente estou desejoso que a festa acabe e que devolvam os espaços públicos aos cidadãos para quem a vida vai para além do 'circo' ou, se preferirem, para quem a vida pode ser uma festa sem o 'circo'. (...)"

sábado, 19 de dezembro de 2015

cultura é liberdade

Foto - Aníbal C. Pires







Fragmento de texto escrito e publicado em 2008






"(...) Ser professor foi, em tempos, um prazer e esperança mais do que o exercício de uma profissão, ser professor é, era, deveria ser, caminhar pela vida de mãos dadas com a liberdade que só o conhecimento e a cultura conferem e, mormente, dotar os jovens aprendizes de cidadão dos instrumentos que lhes permitam libertar-se do espectro da eterna canga da servidão e da dominação. (...)"

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

da saudade e do "Divino"

Foto - Aníbal C. Pires





Fragmento de texto escrito em Maio de 2008






(...) Regressei às ilhas afortunadas, a um dos seus mais belos rincões num tempo em que nestas ilhas, que tu gostando por vezes desgostavas, pela distância, pela ausência e pela saudade de nós, se celebra a partilha, a solidariedade e o espírito comunitário numa construção coletiva, recriada, reconstruída, em cada lugar, em cada freguesia, em cada ilha, onde um povo moldado pela severidade da natureza que tantas vezes o empurrou para lá do horizonte, continua, aqui nestas ilhas tantas vezes esquecidas, lutando estoicamente pelo futuro. (...)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

espaço de liberdade

Foto - Aníbal C. Pires sobre estudos a aguarela de Ana Rita Afonso





Fragmento de um texto escrito em Novembro de 2007 a propósito da exposição de arte contemporânea, SINAIS, promovida pela Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Ponta Delgada.





"(...) A arte contemporânea mais do que a contemplação do “belo”, de leitura simples e quase imediata da arte figurativa, possibilita viagens pelo imaginário individual na procura interpretativa do que se observa e sente, mais do que a procura do que o criador quis transmitir ou sentiu, embora, os dois percursos não sejam, de todo, indissociáveis. Esta será, porventura, uma das maiores virtualidades da arte contemporânea. Um espaço de liberdade para produzir e criar sem formatações nem preconceitos, espaço de liberdade para interpretar, fruir e sentir viajando na utopia do ver para além do que é alegórico. (...)"

da juventude

Foto - Madalena Pires






Fragmento de um texto escrito em 2008 e baseado numa conversa ao fim de tarde num espaço comercial da marginal de Ponta Delgada.





"(...)
- Então, meninas, o que querem ser quando forem grandes?
- Boa! Respondeu prontamente uma delas enquanto a outra soltava uma saudável gargalhada.
- Como!? Retorqui, atónito com a resposta
- Boa pergunta. Disse a jovem, esclarecendo.
- Ah! Percebo. Ainda não tomastes decisões para o futuro.
- Sim! É isso. Confirmou a Ana, já com a face levemente rosada.
 - Eu quero fazer medicina. Disse a bem disposta Maria, rindo ainda da pronta mas inusitada resposta da colega.
Depois deste breve diálogo, sobre o qual ainda se produziram algumas gargalhadas face à insólita e espontânea mas incompleta resposta, fiquei a reflectir sobre as expectativas e dificuldades desta geração. 
Geração nada e criada num tempo de exacerbada competitividade e com referências algo desvirtuadas por estereótipos de sucesso construído em imagens dum Mundo, em que o êxito está associado à capacidade de consumo, aos corpos esbeltos, ao parecer, ao ter, E onde mais do que ser, é importante possuir e, sobretudo, induzir sugestões de pertença ao Mundo dos individualmente bem-sucedidos. (...)"

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

ver o Sol chegar

Foto - Aníbal C. Pires





É mais um fragmento de um texto de 2007 que aborda, ainda que de forma metafórica, a generalização de vias diferenciadas de ensino na escola pública.









"(...) É nesta cidade com portas e mar apelidada de feliz mas igual a tantas outras deste país adiado. É do seu bojo, do bojo das cidades, do centro e da periferia, que emergem estes meninos sem condição para quem a Escola, esta Escola, que sendo pública e para todos é, cada vez mais, só para alguns e, a cada dia que passa, menos democrática. 
Estes meninos sem condição que hoje chegam à Escola nas cidades deste país, tenham, ou não, portas e mar, são os filhos dos filhos dos meninos que um dia depositaram a esperança, nos versos de denúncia das injustiças e das desigualdades sociais, contida no poema de José Afonso, e que numa madrugada de cravos florida foram correndo, ver o sol chegar. (...)"

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

de presidente em presidente

Foto - Madalena Pires

Quando em 2007 o Governo Regional substituiu, na Presidência do Conselho de Administração da SATA, o Eng. António Cansado pelo Doutor Gomes de Menezes escrevi, a esse propósito, um texto onde, de entre outros assuntos, abordava essa decisão do Governo Regional
O fragmento que abaixo publico foi retirado desse texto e, diria que, no fundo, o poderia ter escrito agora a propósito da saída do Dr. Luís Parreirão e da entrada do Eng. Paulo Menezes.





"(...) Sem nenhum desprimor, quer para um, quer para outro, mas a verdade é que para os cidadãos e para a economia regional o importante não é tanto saber quem é o Presidente do Conselho de Administração da SATA. Importante mesmo é saber se alguma coisa vai mudar na política de transportes aéreos dentro e para o exterior da Região. E que mudanças se vão verificar na cultura do grupo. Isso sim é verdadeiramente importante. (...)"

singular

Foto - Madalena Pires






Fragmento de texto publicado em 2007








"(...) e só esta pesada herança da qual ainda não nos libertámos e nos torna tão submissos, tão dependentes, permite a destruição da riqueza patrimonial que fazem destas ínsulas um lugar. Isso mesmo, um lugar. No sentido de único. Um lugar que não se confunde com qualquer outro. (...)" 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Revoltado

Uma foto da ilha de S. Miguel ao entardecer e uma pequena frase escrita pelo jovem que a publicou.
Parcas foram as palavras mas profundo e relevante é o seu significado.
Nasceu nestas ilhas do Atlântico Norte. Não foi por vontade própria que se ausentou, e isso transparece da pequena frase que acompanha a imagem. E se os motivos que o levam a afirmar, “De onde quero fugir (…) ” não são compreensíveis, para quem não lhe conhece a estória recente, já o amor à sua ilha e à sua Região estão bem patentes nas restantes palavras que escreve, “(…) é, ao mesmo tempo, para onde eu quero ir”.
Um entre tantos outros jovens açorianos que partem querendo ficar. E os Açores ficam mais pobres por cada filho seu que parte.

Aníbal C. Pires, Horta, 12 de Dezembro de 2015

da uniformidade dos costumes e dos lugares






Fragmento de texto escrito e publicado em 2007






"(...) A iluminação artificial, os anúncios a colorir a noite e se relativizarmos o fluxo do tráfico viário, àquela hora menos intenso, diria que sim, Sim tem de facto alguma semelhança. Daí até ser “fixe”, entendendo “fixe” como qualitativamente bom. Tenho, obviamente, algumas dúvidas. Dúvidas porquanto esta semelhança é sinónimo de descaracterização. As soluções encontradas enquadram-se em paradigmas de uniformidade. E isso a meu a ver não é “fixe”. (...)"

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SATA - factos ou maledicências

Foto - Aníbal C. Pires
Cidadãos supostamente bem informados dizem-me de amiúde que eu estou sempre a criticar a SATA, que “digo mal” da SATA. Tenho muita intervenção escrita e publicada sobre a SATA, é verdade. Mas deixo o desafio para encontrarem intervenções ou textos publicados em que critico ou “digo mal” da SATA. Se alguém se der ao trabalho de pesquisar vai constatar que afinal não é bem assim, a não ser que considerem que quando questiono a estratégia da tutela ou a atuação do Conselho de Administração para as diferentes empresas do Grupo SATA, isso seja sinónimo de uma crítica gratuita ou do popular “dizer mal”. Quem aceitar o desafio irá atestar que a generalidade do que tenho dito e escrito sobre o Grupo SATA é, bem pelo contrário, em sua defesa, dos seus trabalhadores e da sua importância estratégica para os Açores. Discordar não é “dizer mal”. Discordar é, no essencial, tecer considerações sobre o que, em minha opinião, não está bem e pode e deve ser melhorado, sempre tendo no horizonte, não apenas a sua sobrevivência num mercado agressivo e híper competitivo, mas o seu crescimento e o contributo que pode dar para canalizar fluxos de pessoas, a economia regional delas necessita para alimentar a indústria do turismo, mas também de fluxos financeiros. Tudo isto foi possível, tudo isto pode ser possível, assim o queira a tutela e assim o execute o Conselho de Administração pois quanto à generalidade dos trabalhadores do Grupo SATA, tenho a certeza, que assim o desejam. Não conheço trabalhador do Grupo SATA que não esteja de acordo com uma estratégia de crescimento e a consolidação da SATA como empresa pública regional de transportes aéreos que ocupe o seu lugar no mercado nacional e internacional, que não se identifique com a premissa de que a SATA é um instrumento estratégico para o desenvolvimento regional e com a necessidade da sua afirmação no mercado nacional e internacional dos transportes aéreos.
Foto - João Pires
Afirmar que dentro do Grupo SATA está instalado um clima de medo e de intimidação não é “dizer mal” da SATA é a constatação de que o Conselho de Administração e os pequenos poderes intermédios instalados promovem uma cultura persecutória aos trabalhadores do Grupo SATA. E isto é um facto.
Afirmar que a SATA necessita adequar a frota para a operação de ligação a Lisboa a partir do Pico e do Faial, não é dizer mal, é procurar as respostas para ultrapassar as dificuldades dos condicionalismos operacionais dos aeroportos do Faial e do Pico, para diminuir os custos da operação, para melhorar a oferta, diminuir o custo da passagem para valores inferiores a 134,00 euros e tornar a operação rentável ao longo de todo ano. É possível sim. E quando for necessário aí estarei para o demonstrar.
Afirmar que a estratégia de redução da operação da Sata Internacional contribuiu para o descalabro financeiro do Grupo SATA, não é dizer mal, é constatar que o desequilíbrio operacional na SATA Internacional em 2013, ao contrário do verificado em anos anteriores, se deve que facto de que o valor libertado pelas rotas que historicamente geram valor não foi suficiente para compensar as rotas com margens historicamente negativas. E isto é um facto.
Afirmar que o plano estratégico 2015/2020 é, por um lado, redutor ao limitar o core business do grupo e, por outro, inexequível face à sua calendarização, não é dizer mal, é uma constatação de facto. As datas previstas para o phase in/phase out da substituição da frota não foram cumpridas e a ligação Açores/Cabo Verde/Açores está em banho-maria. E isto são factos.
Foto - Aníbal C. Pires
Afirmar que o Grupo não se preparou para o novo paradigma de transportes aéreos que foi introduzido na Região, não é dizer mal, é a constatação de que a SATA foi incapaz de se preparar para responder ao previsível aumento da procura. Dias houve, no Verão IATA, em que dos voos programados pela SATA Internacional mais de 45% foram realizados com recurso a ACMI, antes do Verão IATA a SATA Internacional reduziu frota de 8 para 6 aeronaves (menos um 320 e menos um 310), ou da dificuldade sentida pelos residentes em encontrarem lugares disponíveis para viajar dentro da Região. E se não é aconselhável a competição, pela tarifa praticada, com as low-cost, não deixa de ser incompreensível a diminuição da oferta da SATA Internacional em Ponta Delgada. E isto são factos.
Afirmar que ser Presidente da Associação de Turismo dos Açores (ATA) e administrador para a área comercial do Grupo SATA é, neste contexto de mercado aberto, incompatível, não é dizer mal da SATA, é uma constatação. Ou se vende para o Grupo SATA e se promove a empresa, ou se vende e promove a concorrência.
Recrutar personalidades externas para presidir ao Conselho de Administração (CA) quando dentro do CA existem quadros capazes de assumir essa função, não é dizer mal, é constatar um facto, o mesmo se poderá dizer quando se recrutam personalidades externas para chefiar Direções de Serviços quando dentro do Grupo SATA existem quadros superiores com potencial e know how para assumir essas funções, isto não é “dizer mal”, é um facto.
Por mais que isto incomode dentro e fora do Grupo SATA continuarei a opinar sempre que julgue necessário e se justifique.
Horta, 07 de Dezembro de 2015

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 10 de Dezembro de 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

da diversidade

Foto - Aníbal C. Pires






Fragmento de texto escrito e publicado em Dezembro de 2004









"(...) É tempo de nos rebelarmos, por nós e pelos nossos filhos, e procurar um novo rumo para a barca da vida. Vida que queremos digna e justa no respeito e tolerância pela diversidade cultural deste planeta que tem, naturalmente, múltiplas vozes e onde qualquer tentativa de impor uma única, mais tarde ou mais cedo, fracassará. (...)"

da esperança

Foto - Aníbal C. Pires





Fragmento de texto escrito e publicado em Maio de 2007







"(...) Vale a pena lutar mesmo quando a esperança parece que já não vale a pena. É na luta que a esperança renasce e, renascendo já valeu a pena. (...)"

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

e renasce

Foto - Aníbal C. Pires







Fragmento de texto escrito e publicado em Dezembro de 2006










"(...) E, a utopia perdura e renova-se a cada acto de injustiça, a cada mentira embrulhada em armas de destruição maciça, a cada fábrica que encerra, a cada anúncio dos lucros da banca, a cada comunicação da taxa de desemprego, a cada novo sem abrigo, a cada criança que é traficada e escravizada, a cada acto de agressão à dignidade humana. (...)"

Escolhas

Foto - Madalena Pires






Fragmento de texto escrito e publicado em Março de 2006.







"(...) A vida singular e coletiva é construída, a cada passo, por escolhas. As nossas opções pessoais e coletivas determinam, se não totalmente pelo menos em grande parte, o nosso futuro enquanto indivíduos. Ou seja, quando decidimos ir “por ali” em vez de ir “por aqui” ou “por acolá” estamos a escolher o que queremos para nós dali para a frente. (...)"

Não forma, formata

Foto - Aníbal C. Pires
Ando já há algum tempo a matutar na ideia que a evolução social e civilizacional não foi tão longe quanto julgava, mas não só. Mesmo o que ajuizava ser um acervo consolidado da humanidade, afinal tem pés de barro. Avaliei mal. Não evoluímos socialmente tanto quanto me parecia, continuamos a comportarmo-nos como aquilo que afinal somos, animais. Animais cuja evolução que decorre do conhecimento, da ciência e da tecnologia nos está a encaminhar para um triste fim. As declarações de princípios subscritas e aplaudidas nas instâncias internacionais, pela generalidade dos países do Mundo, não passam de meras e bonitas declarações de circunstância para protelar a necessária rutura com um modelo de desenvolvimento depredador, insustentável e que provoca gritantes e profundas injustiças sociais e económicas.
A vitória da Frente Nacional de Marie Le Pen nas eleições regionais francesas terão contribuído para que hoje tivesse optado por este tema, por esta preocupação. Não porque tenha avaliado mal, isso é de somenos importância, os meus juízos não são infalíveis e dúvidas tenho cada vez mais. A preocupação decorre da constatação que os sistemas educativos são ineficazes, ou seja, não transformam. Direi, para ser justo, que em Portugal houve um tempo, muito curto é certo, em que a
Foto - Aníbal C. Pires
Escola se assumiu com um dos agentes ativos da transformação da sociedade. Um perigo ao qual rapidamente se pôs cobro. E a Escola voltou ao que sempre foi, uma Escola que não transforma, uma Escola que reproduz e tende a perpetuar modelos e estilos de vida atomizados.
A atomização social não acontece(u) por acaso, por exemplo o empreendedorismo, tão em voga, não passa de uma desresponsabilização coletiva em nome da liberdade individual e, da desresponsabilização coletiva na promoção de políticas públicas de emprego, sem que isso coloque em causa a liberdade individual. Promover iniciativas de autoemprego não deve significar a demissão coletiva de promoção do emprego para todos. Julgo mesmo que só com a assunção coletiva da necessidade de promover de políticas públicas de emprego se pode garantir a liberdade individual, ou seja, manter o desemprego a taxas elevadas, ou promover o emprego sem direitos, isso sim, é privar os cidadãos de um direito básico e cercear a sua liberdade individual.
A penetração na opinião pública e, por conseguinte, a aceitação pela maioria dos cidadãos de uma cultura atomizada da sociedade não promoveu a diferenciação, estamos mais iguais nos costumes. A uniformidade dos hábitos e do pensamento favorece o domínio dos cidadãos e o poder gosta e serve-se dessa imensa mole de gente a pensar e a consumir o mesmo.
E é com base na premissa anterior que o discurso xenófobo aliado a um evento recente deu a vitória a Marie Le Pen nas eleições regionais francesas, e é com base na premissa anterior que a direita portuguesa colheu um apoio significativo nas eleições de 4 de Outubro, e é com base nessa premissa que uma grande parte da opinião pública mundial continua a ver num muçulmano um potencial terrorista.
Poderia dizer que a comunicação social de massas é um forte aliado do secular poder do capital financeiro, mas não estaria a ser rigoroso. A comunicação social de massas não é um aliado, é o instrumento do poder financeiro para exercer domínio sobre os cidadãos, tornando-os mais iguais nos costumes e escravos do pensamento único.
Um povo informado e culto não se verga perante os amos, não se deixa manipular, exige e luta. Um povo informado e culto é uma ameaça ao poder secular do capital financeiro e dos seus representantes políticos. Um povo informado e culto não se deixa amordaçar, não tem medo. Um povo informado e culto não se domina, é livre.
Talvez por isso a Escola não forme, formate.
Horta, 06 de Dezembro de 2015

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 07 de Dezembro de 2015

domingo, 6 de dezembro de 2015

da liberdade

Foto - Aníbal C. Pires


Fragmento de texto a publicar amanhã na imprensa regional e aqui no blogue.

"(...) Um povo informado e culto não se domina, é livre. 
Talvez por isso a Escola não forme, formate. (...)"

sábado, 5 de dezembro de 2015

Não é de agora

Foto retirada da internet
Fragmento de um texto publicado no momentos e na imprensa regional em de Dezembro de 2008

"(...) As virtualidades da globalização estão à vista! A desgraça foi, em definitivo, globalizada. Já não precisamos de olhar para o Sul do subdesenvolvimento e fazer campanhas de angariação de géneros e ficar de consciência tranquila. Ao Norte desenvolvido e civilizado não faltam cidadãos para alimentar, para cuidar.(...)"

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sem que o tempo tenha passado por ele

Foto - Aníbal C. Pires
Fragmento de um texto escrito no Ninho do Açor, Castelo Branco, em Outubro de 2012 e publicado, ainda em Outubro, no momentos e na imprensa regional.

"(...) Ontem, andei por aí.

Por aí à procura de memórias, calcorreando trilhos da minha infância e, por aí, revisitei lugares onde fiz aprendizagens, onde destruí medos, onde ganhei amigos perdidos no curso da vida, onde brinquei, onde me iniciei nas primeiras letras e, até o velho relógio do campanário da igreja, onde aprendi a medir o tempo, lá estava. Continua a bater as horas sem que o tempo tenha passado por ele. (...)"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Nada de novo

Foto - Madalena Pires
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), na passada semana aprovou, apenas com os votos favoráveis do PS, o Plano de Investimentos e o Orçamento para 2016. O PS aprovou meia dúzia de propostas de alteração, das muitas dezenas de propostas apresentadas pelos cinco partidos da oposição. Até parece que o PS é um partido que, mesmo sem disso necessitar, está aberto a acolher as propostas e a dialogar com os partidos da oposição. Mas só parece.
O Plano e Orçamento consubstanciam as opções e a estratégia do governo regional, apoiado pela maioria absoluta do PS na ALRAA, estes dois instrumentos continuam a não dar respostas aos grandes problemas da nossa Região. Antes pelo contrário são o reflexo da teimosia e da cegueira políticas, agravadas pela ânsia de perpetuação no poder suportada por maiorias absolutas acríticas como as que têm caracterizado o PS nos Açores.
Assim, estes documentos, em vez de desenhar uma política, tentam esconder uma realidade. Em vez de procurarem soluções, insistem nos erros. Ao invés de resolver adiam ou escondem os problemas. Em vez de dar resposta aos anseios, tentam calar os descontentamentos. Em vez de serem ferramentas para governar, são instrumentos para angariar apoios eleitorais.
O Plano e o Orçamento são também a continuidade de uma política que teve e tem efeitos destrutivos na nossa Região. A política que falhou em desenvolver o nosso sector produtivo e que não o conseguiu proteger das flutuações internacionais e que colocou os agricultores e pescadores açorianos à beira de um ataque de nervos por incapacidade de satisfazer compromissos e encargos com o financiamento dos seus investimentos, devido à queda do rendimento do seu trabalho. A política que tudo fez e tudo faz para tornar mais barato o custo do trabalho, mais baixas as remunerações dos trabalhadores, mais precários e com menos direitos os seus vínculos.
A política que transformou o trabalho, de direito humano básico, em benesse supostamente caritativa, dando aos açorianos que tiveram a desdita de ficar sem emprego o “privilégio” de serem explorados à vontade, de trabalharem sem quaisquer direitos nem regalias, a troco de salários miseráveis.
Esta é a política que esqueceu, ou guardou na gaveta, o primeiro dos objetivos da nossa Autonomia, a coesão social e territorial dos Açores. E, assim, continua a centralizar medidas e investimentos onde for preciso ganhar votos ou consolidar clientelas, de um lado, e a contribuir para o esvaziamento e a agravar a desertificação, por outro, deixando-nos com um arquipélago a várias velocidades, onde o fosso de desenvolvimento socioeconómico é cada vez mais fundo e onde os contrastes, também sociais, são cada vez mais gritantes.
Confesso que tinha esperança, talvez por estarmos à entrada de um ano de eleições regionais, de um vislumbre de uma inversão da política seguida até aqui, de um vestígio de mudança de atitude, de uma centelha um rasgo de imaginação e coragem política para reconhecer erros e fazer diferente. Mas não, a expetativa que tinha foi uma vez mais defraudada. Nada disso se encontra nos documentos aprovados. Apenas a velha política deste Governo, para mal dos Açores e dos açorianos.
Ponta Delgada, 01 de Dezembro de 2015

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 02 de Dezembro de 2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Angélique Namaika - a abrir Dezembro







E porque bonitas são as mulheres que lutam Angélique Namaika abre o “momentos” de Dezembro de 2015.














Porque é mulher e porque o tema dos refugiados tem estado na ordem do dia fica este pequeno tributo à vencedora do prémio Nansen 2013, atribuído pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).









"Angélique Namaika já ajudou a transformar a vida de mais de duas mil mulheres e meninas que foram abusadas e forçadas a deixar suas casas. A maioria destas mulheres protagonizam histórias de sequestro, trabalho forçado, espancamento, assassinato e outras violações de direitos humanos."