terça-feira, 30 de novembro de 2010

Para não dizer que não falei de flores

Para todos os que ainda fazem da flor o seu mais forte refrão e acreditam nas flores vencendo o canhão, trago uma versão interpretada por Simone da canção (caminhando) de Geraldo Vandré.
Esta canção é um grito pela liberdade. Faz parte das minhas memórias e do meu imaginário mas é de uma actualidade lancinante.
A independência nacional, a liberdade e a democracia esvaem-se na ditadura dos “mercados”, talvez seja hora de… “Vem vamos embora/que esperar não é saber/quem sabe faz a hora/ não espera acontecer”


Aqui podem encontrar uma versão de estúdio do mesmo tema e aqui a versão de Geraldo Vandré.
Um bom feriado e muita e boa música.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pink Floyd para esta tarde

Fiquem com o tema "learning to fly" dos incomparáveis Pink Floyd.



Mas para aprender a voar podem mesmo fazê-lo aqui, porque sonhar acontece em qualquer lugar.

domingo, 28 de novembro de 2010

Consequente e com consequência

O PCP Açores tem-se assumido, ao longo desta legislatura e na continuidade do trabalho realizado pelos deputados que, de 1984 a 2004, antecederam a actual Representação Parlamentar do PCP como uma oposição consequente e com consequência.
Consequente com os seus princípios e matriz ideológica, consequente com um modelo de desenvolvimento regional harmónico assente na valorização dos sectores produtivos regionais e na diversificação avisada e acautelada da actividade económica, na redução da dependência externa, no direito à mobilidade e ao não isolamento tendo como finalidade o aumento da qualidade de vida e do bem-estar do Povo Açoriano, consequente na luta por uma sociedade cultural, social, e economicamente mais justa e ambientalmente sustentável.
Com consequência pois, estando apenas representado por um deputado, o PCP Açores tem influenciado a vida política regional de forma substantiva ao, pelo rigor, pela seriedade, pela coerência, pela oportunidade, pela alternativa mas sobretudo pela justeza das nossas propostas, tem construído um património acumulado de iniciativas que mereceram a aprovação em sede do Parlamento Regional produzindo efeitos positivos na Região e que sinalizam de forma incontornável a forma como o PCP se posiciona na vida política regional.
A discussão e aprovação do Plano e Orçamento da Região para 2011 veio uma vez mais confirmar que o PCP Açores é uma oposição consequente e com consequência.
A Representação Parlamentar do PCP Açores reafirmou que em muitas das suas opções no Plano e Orçamento, o PS Açores persiste em políticas que a crua realidade já demonstrou serem inócuas ou, mesmo nocivas para o desenvolvimento regional.
Os erros e as teimosias da maioria que suporta o Governo têm custado aos Açores tempo e oportunidades preciosas. Tempo e oportunidades que se esgotam a um cadência inexorável.
A continuada opção pelo apoio ao grande negócio privado, a obsessão pelo mega-projecto, pela ofuscante e dispendiosa campanha publicitária, em busca de, senão milagres económicos, pelo menos de vistosas bandeiras eleitorais para encher o olho aos mais incautos, ao mesmo tempo que não existe pejo de cortar verbas nos fundos escolares, nos apoios sociais, nas infra-estruturas fundamentais para a nossa Região. Mas houve também lugar ao reconhecimento de sinais positivos e de contra ciclo não confundindo, porém, esses sinais com a mudança que os Açores precisam. Esta é uma flutuação política conjuntural e, a disponibilidade do PS Açores para realizar mudanças se esgota numa prática continuada de insistência na importação de modelos desadequados à realidade social e económica da Região. De momento é apenas a ameaça da catástrofe económica e social que impõe ao PS Açores esta actuação.
O PCP Açores, pelo contrário, entende que o que se impõe é avançar, com arrojo, com determinação, para uma verdadeira mudança de políticas:
- Uma mudança que assuma a relevância do investimento público para alavancar o desenvolvimento regional. Uma mudança que aposte decisivamente no fortalecimento da base produtiva, na terra e no mar, em que assenta a economia da Região e no equilíbrio e complementaridade da já referida diversificação, avisada e acautelada, da actividade económica, designadamente o turismo.
- Uma mudança que faça da valorização do trabalho, dos trabalhadores, dos seus direitos e condições de vida, não só um objectivo central da acção governativa, mas também como o meio de desenvolver a procura interna, o dinamismo das empresas e a geração de riqueza.
Foi nesse sentido que as propostas do PCP Açores para o Plano e Orçamento foram construídas e apresentadas. Com o sentido da mudança e da ruptura reafirmando-se como uma oposição consequente e com consequência e consolidando os pilares de um projecto político alternativo.
Horta, 26 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In A União, 27 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lenine e... bom fim de semana

Não é só o nome.
Esta canção é um espanto.



Paciência de Lenine.
Votos de um bom fim de semana para os visitantes habituais e ocasionais do "momentos"

Dreamer

Para esta tarde e depois da maratona da última madrugada (o Plenário da ALRAA prolongou-se até ás 5h da manhã).



Imagine de John Lennon

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Momento de clarificações

Os tempos conturbados que vivemos têm uma vantagem significativa: são tempos de clarificação.
O desmoronar do sistema financeiro internacional e a crise que se abateu, de forma aparentemente súbita e avassaladora, sobre o nosso País e sobre a nossa Região marcam, clara e inegavelmente, o fim de um longo ciclo de ilusões.
Caiu a ilusão da infalibilidade dos mercados que, assim nos afirmavam os nossos governantes, nos conduziriam inevitável e deterministicamente à maior das prosperidades possíveis e à mais justa distribuição da riqueza.
Caiu a ilusão do crescimento económico à base do aumento descontrolado do endividamento, desmantelando a base produtiva real do país, estrangulando a produção nacional.
Caiu a ilusão do nosso supostamente sólido sistema bancário e financeiro, que se desmora como um castelo de cartas perante a desconfiança dos emprestadores estrangeiros.
Cai, com estrondo, a sempre apregoada solidariedade europeia que, de ajuda e incentivo ao desenvolvimento do continente que deveria ser, se converte em mero garrote monetarista colonial, ao serviço das grandes potências.
Para os que ainda tinham dúvidas, a realidade da pobreza, do desemprego, do crescimento das desigualdades, do aumento da dependência externa e do endividamento, interromperam, definitivamente, a longa fantasia em que tentaram mergulhar os portugueses.
É tempo de clarificações.
Porque estão agora dolosamente às claras as duas caras do PS e do PSD Açores que tentam esconder os prejuízos que causam aos açorianos, lamentando e tentando minimizar o que eles próprios propuseram e subscreveram e aprovaram na República.
Muitos dos problemas que vão crescer, dos obstáculos ao desenvolvimento que vão aumentar, muito do sofrimento que se vai agravar se deve, de forma directa, às medidas tomadas pelo Governo da República, consagradas no Orçamento de Estado que o PS e o PSD viabilizaram.
Enquanto discursam no Faial sobre desenvolvimento, aprovam em Lisboa a recessão! Não lhes resta por isso, já, qualquer sombra onde ocultem a duplicidade e a hipocrisia política que praticam. Isso está clarificado.
Mas esta crise serve também para mostrar a escassa protecção de que gozamos face às conjunturas externas desfavoráveis porque, afinal, a tal crise que chegaria mais tarde aos Açores e se iria embora mais cedo parece ser, por cá, mais funda e com efeitos mais prolongados.
Os baixos salários – ainda mais baixos nos Açores; A pobreza e desigualdade – que se cava mais profunda e com ainda menor esperança nos Açores; O desemprego – que cresce muito mais nos Açores; As baixas qualificações – que são o lugar-comum dos trabalhadores açorianos; A paralisação da actividade e do investimento.
Esta semana discute-se na ALRAA o futuro próximo da Região e, pelo sentido das propostas apresentadas pelos diferentes partidos das oposições e a sua aceitação, ou não, pelo partido maioritário, é também um momento de clarificação.
Horta, 23 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de Novembro, de 2010.Angra do Heroísmo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Capitulação e domínio

As medidas de austeridade que assolam Portugal foram subscritas, em diferentes momentos, pelo PS e pelo PSD com a bênção de Cavaco Silva e, sempre com a inevitabilidade a dar-lhe o sustento político e a preparar consciências para uma resignada aceitação social.
O facto de o PS e do PSD se colocarem de acordo com este continuado ataque à economia e à soberania nacional, não constitui uma novidade pois, estas duas formações políticas disputam o poder pelo poder, ou seja, não as distingue um projecto político alternativo e, as “divergências” não passam de uma calculada estratégia eleitoral com data marcada. Esta disputa do poder pelo poder traduzida em mais de três décadas de alternância de governos laranja e rosa, aqui e além pintalgados de CDS, defraudarem as expectativas dos portugueses de diferentes gerações, liquidaram conquistas civilizacionais, desbarataram os dinheiros públicos, destruíram os sectores económicos produtivos e colocaram o país de cócoras face a essa entidade sem legitimidade a que chamam mercados.
Não deixa de ser interessante, embora dramático, verificar que a Alemanha tendo imposto a outros que, no quadro das políticas de integração europeia, desmantelassem os sectores produtivos manteve a saúde da sua economia ancorada nesses mesmos sectores económicos.
A Alemanha está a impor à generalidade dos países europeus por via pacífica aquilo que não conseguiu pela força das armas – a capitulação e o domínio.
Não é por acaso que a Alemanha tem taxas de crescimento muito acima da média dos seus parceiros de moeda única, em claro contra ciclo, não esquecendo que o sector financeiro alemão está a sugar, até ao tutano, os seus parceiros da Zona Euro por via da especulação financeira que resulta, obviamente da imposição de um valor comum para o défice público, sem atender aos contextos e características de cada uma das economias que, naturalmente têm ritmos e níveis de desenvolvimento diferenciados.
A promoção da equidade deve ancorar-se no reconhecimento da diferença e não na cegueira administrativa que o Pacto de Estabilidade e Crescimento tenta conformar.
Tratar de forma igual o que é diferente é contribuir para acentuar o fosso das desigualdades e não caminhar para o desígnio da coesão que, afinal é um dos principais pilares do projecto que esteve na génese da União Europeia.
A actual situação vivida por Portugal e pelos países da periferia europeia traduzem bem o fracasso do processo de construção e integração europeia, tal como ele nos tem sido “vendido” pelos europeístas e eurocêntricos.
Alguém me diz onde está o projecto europeu promotor da coesão social, económica, cultural e territorial? Alguém me diz onde está o projecto social europeu?
Ponta Delgada, 19 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In A UNIÃO, 19 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

domingo, 21 de novembro de 2010

Joaquim Gomes - Adeus camarada

Faleceu ontem, Joaquim Gomes, um dos históricos militantes do PCP. O "momentos" manifesta o seu pesar pela morte de Joaquim Gomes e apresenta as suas condolências à família.


Aqui pode encontrar alguns dados sobre este militante comunista.

sábado, 20 de novembro de 2010

Talking about a Revolution

Para esta noite e para estes dias de luta.



A luta por um Mundo melhor desceu hoje a Avenida da LIBERDADE e no dia 24 de Novembro toma a forma de GREVE GERAL.

PAZ sim! nato NÃO!

A distância, 900 milhas, não me permite participar na manifestação fica o apoio no "momentos".

 

Quem faz a guerra não quer a PAZ, quem quer a PAZ não faz a guerra.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Paz sim! Nato não!

Leiam aqui um importante esclarecimento feito pelos organizadores onde, de entre outros dados, darão por falta, na lista de apoiantes, de alguém ou de alguma organização que o senso comum daria como adquirido.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Greve Geral - 8 - Contra a resignação

É já no dia 24 de Novembro!



O descontentamento tem de se transformar em luta.

A Europa para lá do Euro

Angela Merkel declarou recentemente que “Se o euro falhar, a Europa falhará.” A frase potencialmente histórica da Chanceler Alemã ecoou com estrondo nos corredores do poder Europeu.
Angela Merkel resume desta forma toda a preocupação dos que vêm no projecto europeu apenas a criação de um bloco monetário que lhes permita a ampliação dos seus mercados e os defenda contra os ventos da crise que assolam todas as economias do planeta.
Ao colocar a união monetária como o único objectivo válido da construção europeia, Angela Merkel revela a verdadeira face da política que tem norteado UE. E, essa política, resume-se à defesa da estabilidade cambial, baseada no valor potencial dos mercados do conjunto dos países membros, e da livre circulação de capitais e mercadorias, de que se alimentam as grandes empresas dos países mais poderosos.
Reduzir o processo de construção europeia à questão monetária é passar ao lado dos grandes desígnios que inspiraram os fundadores da UE: a paz, a cooperação entre os povos, a defesa da democracia e a coesão social. A União Monetária e Económica deveria ser um instrumento para servir esses objectivos grandiosos e não um fim em si mesmo.
É porque os problemas que a UE vive neste momento derivam, justamente do afastamento desses objectivos e da criação de várias Europas, a várias velocidades, igualmente sujeitas a uma cega ditadura orçamental que não leva em conta os seus graus de desenvolvimento ou das suas dificuldades específicas.
O processo de integração falha quando se cava cada vez mais o fosso entre países ricos e países pobres. O processo de integração falha quando os estados membros deixam de ter a liberdade de definir as vias para o seu próprio desenvolvimento, sendo sujeitos a uma ditadura de mercado aberto que lhes impõem um determinado modelo económico e social. O processo de integração falha quando, cada vez mais, há uma franja de países que trabalha apenas para continuar a pagar os lucros fabulosos dos grandes grupos económicos. O processo de integração falha quando o autoritarismo dos poderosos se começa a tentar sobrepor ao diálogo democrático entre parceiros livres e soberanos.
Aprisionados que estão na sua redoma ideológica, os políticos liberais do Partido Popular Europeu e do Partido Socialista Europeu, não conseguem já, sequer, conceber outra forma de fazer Europa que não seja a da mera exploração desenfreada dos mercados e da acumulação de capital. Não entendem que há muito mais Europa para lá do Euro.
Horta, 16 de Novembro de 2010

Aníbal Pires, In Diário Insular, 17 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adeus

A passagem pela zona do Saldanha era obrigatória, o percurso do aeroporto ao Hotel Excelcior e mais tarde à Residencial Alicante assim o determinava. Ia com as equipas de Voleibol e Andebol do CDE Arrifes e fui-me habituando a acenar ao “Senhor do Adeus” que, invariavelmente nos dava a boas-vindas, a nós e a todos os que por ali passavam.


Soube hoje que João Manuel Serra se ausentou do Saldanha e não mais o veremos a dizer adeus a quem passa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

sem punhos de renda

Adicionei um novo blogue às minhas referências da blogosfera.


A partir de hoje "sem punhos de renda" faz parte da coluna "outras viagens... outros olhares".

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aminetou Haidar em Lisboa



A Reitoria da Universidade de Lisboa promove um debate com Aminettou Haidar, amanhã 4.ª feira - 10 de Novembro de 2010, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa .


O Conselho Português para a Paz e Cooperação apela à participação no debate promovido pela Reitoria da Universidade de Lisboa com a presença de Aminettou Haidar, activista saharaui dos direitos humanos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Greve Geral - 7 - Não arranjem desculpas

Dia 24 de Novembro não arranjem desculpas e vão à luta.


Para iniciar a semana os "Deolinda" e o tema "Movimento Perpétuo Associativo".

domingo, 7 de novembro de 2010

Distinção - Escritores Virtuais

O "Navegador Solidário" distinguiu o "momentos" com o selo "Escritores Virtuais".
Registo este reconhecimento público e agradeço a distinção. Oportunamente darei conta da lista de blogues a quem o "momentos" vai atribuir esta distinção.

sábado, 6 de novembro de 2010

Ícone dos anos 60

Jane Birkin, nasceu em Londres a 14 de Dezembro de 1946 e fez furor como actriz e cantora nos anos 60.



É um dos ícones da minha geração e passou recentemente no “momentos” com esta canção.
Hoje ficam duas fotos “surripiadas” do blogue “E Deus Criou a Mulher”.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Leonard Cohen para esta tarde

Ao fim das audições parlamentares aos membros do Governo Regional no âmbito do Plano e Orçamento para 2011.


Sem mais palavras Leonard Cohen 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma mulher na presidência

Dilma Rousseff, uma mulher na Presidência do Brasil. No caso brasileiro a primeira mulher a ocupar o cargo o que, em si mesmo, já é motivo de interesse pois apesar da igualdade de género consagrada legalmente estamos, no Brasil e na generalidade dos países ocidentais, muito longe da igualdade de facto, aliás a lei da paridade é, ao fim e ao cabo, o reconhecimento de que é necessária uma ajuda extra para garantir que as mulheres participem em igualdade com os homens na vida política. Mas não é tanto pelas questões de género que trouxe Dilma Rousseff para esta reflexão e partilha semanal com os leitores, embora a eleição de uma mulher para um tão alto cargo seja sempre um passo mais a caminho da tão almejada igualdade de género, a presidente eleita do Brasil é uma mulher mas, não é uma mulher qualquer, quer pelo seu passado de luta, quer pelo projecto político que herdou de Lula da Silva e que a partir de Janeiro de 2011 vai protagonizar mas, sobretudo por aquilo que pode trazer de novo à caminhada iniciada há 10 anos pelo operário que se tornou Presidente da República Federativa do Brasil.
Lula da Silva transformou o Brasil num país mais justo mas onde ainda subsistem profundas assimetrias sociais e económicas, impôs respeito ao vizinho do Norte e cooperou com os vizinhos do Sul, afirmou-se na cena internacional, não só como uma potência económica, mas também como um activo parceiro promotor da paz e da cooperação.
A sua sucessora herda um importante e reconhecido património político com o qual está comprometida e que conhece muito bem pois fez parte da equipa que o concebeu e concretizou mas, considerando o seu primeiro discurso, após a eleição, Dilma parece querer ir para além da mera gestão da sua herança política. Não é despiciente que a presidente eleita tenha referido no seu discurso de vitória que assumia como prioridade a erradicação da miséria e que contava com o envolvimento dos movimentos sociais para atingir esse objectivo.
As palavras de Dilma não deixam dúvidas quanto aos contornos do compromisso ao afirmar: “Ressalto, entretanto, que essa ambiciosa meta não será realizada apenas pela vontade do Governo. Essa meta é um chamado à nação. É preciso o apoio de todos para superar esse abismo que nos separa de ser uma nação desenvolvida”.
Se este compromisso comprova que Dilma pretende aprofundar o projecto político que tem vindo a transformar o Brasil, o facto de convocar os movimentos sociais demonstra, por outro lado, que tem a profunda consciência das dificuldades que vai enfrentar e da necessidade de manter alianças com as forças políticas e sociais que podem cooperar com o seu governo para a auxiliar a cumprir o compromisso assumido.
Dilma Rousseff tem noção que a atitude expectante que os movimentos sociais adoptaram após a primeira eleição de Lula, aguardando que o governo respondesse positivamente aos compromissos, dificultou a acção governativa que naturalmente se viu a braços com pressões da classe dominante.
O sucesso de Dilma depende, assim, da mobilização e da pressão política permanente dos movimentos sociais e foi isso, justamente, que a presidente eleita pediu, desde logo, às forças políticas e sociais que a apoiaram na campanha eleitoral, mas também a todos os brasileiros que estão dispostos a aprofundar as importantes mudanças sociais e económicas que se verificaram na última década e que constituem directa e indirectamente uma imensa maioria.
Ponta Delgada, 01 de Novembro de 2010

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 03 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Em 2004

O hábito de guardar revistas e jornais perdi-o à velocidade com que a internet se foi substituindo ao suporte físico dos documentos e disponibilizando informação de arquivo. Um destes dias na limpeza do antigo “arquivo” feita com o intuito de conseguir mais espaço e uma gestão mais adequada do que vou guardando deparei com um título que fazia a capa de uma revista de informação generalista, publicada em Setembro de 2004 mas, de uma actualidade pungente – “Ataque à classe média”. O subtítulo explicava no que consistia essa investida – “Na saúde, educação, transportes, combustíveis, benefícios fiscais… As famílias portuguesas são cada vez mais sacrificadas.”
Folheei, a dita revista, e alguns dos textos de informação e opinião podiam muito bem ser publicados em Outubro e Novembro de 2010 que ninguém daria pelo facto, tais são as semelhanças nos argumentos, prós e contras, para debelar a situação económica e financeira que na altura se vivia e que na actualidade se mantém. A diferença reside no facto de em 2004 o governo ser da responsabilidade do PSD e, em 2010 essa responsabilidade caber ao PS, se é que se pode considerar esse facto como uma desconformidade.
A proletarização dos trabalhadores – do sector privado e do sector público - com o consequente empobrecimento da generalidade das famílias é um processo que vem de longe e, é bom que o recordemos, trata-se de um procedimento que tem sido conduzido alternadamente pelo PSD e pelo PS, partidos que com ou sem o CDS/PP tem vindo a governar Portugal há 34 anos com os resultados que estão à vista de todos: endividamento e dependência externa crescentes, desmantelamento do sector produtivo e terciarização da economia, transferência de competências do Estado para entidades públicas de direito privado, entidades reguladoras, estabelecimento de parcerias público privadas, privatização dos sectores sociais, isto tudo em nome da modernização, da competitividade e da globalização dos mercados, ou seja, de conceitos míticos fabricados e postos em prática desde o início da década de 70 do século XX e que visam tão-somente a redução dos Estados ao mínimo essencial, sendo que esse modelo de Estado básico serviria apenas como moderador social das bizarrias do mercado e se limitaria a actuar politicamente em áreas como a defesa, a justiça, a segurança interna, as finanças e as relações externas e, ainda assim com algumas franjas destas competências entregues ao sector privado.
O resultado disto está há vista de todos. O país está a braços com um grave problema que, sendo financeiro, é sobretudo económico. Porém as soluções são retiradas do antigo cardápio: redução da despesa pública à custa dos salários, do congelamento das pensões e das prestações sociais, aumento da receita por via do aumento da tributação fiscal sobre o consumo (IVA) e sobre os rendimentos (IRS).
De fora ficam as soluções que, certamente, podem e devem reduzir a despesa e aumentar a receita, diminuindo no acessório e tributando quem deveria ser colectado, soluções que passem pela revitalização da economia nacional, designadamente pelos sectores produtivo e da transformação, reduzindo a dependência externa e produzindo riqueza o que, naturalmente aumentaria a receita pública.
Julgo que ninguém tem dúvidas que uma economia forte está menos exposta às conjunturas externas desfavoráveis e logo menos permeável à especulação financeira.
Ponta Delgada, 01 de Novembro de 2010
Aníbal C. Pires, In A União, 02 de Novembro de 2010, Angra do Heroísmo

Greve Geral - 6 - A juntar a outra razões

Há muitos motivos para lutar e manifestar o descontentamento face ao regabofe em que se tornou estes país.



Isto, no conjunto do despesismo, são amendoins mas... tudo somadinho a outros aspectos constitui-se em mais um motivo para aderir à Greve Geral de 24 de Novembro.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma na Presidência

As eleições brasileiras deram a vitória a Dilma Rousseff.


Veja aqui algumas informações e opiniões sobre a vitória de Dilma.