quinta-feira, 29 de junho de 2017

Luís Alberto Bettencourt e Zeca Medeiros - os artistas da Festa

Luís Alberto Bettencourt


O programa da Festa do Avante 2017 já foi divulgado. Como é hábito este blogue dará um contributo para despertar potenciais estreantes, mas também os repetidores, neste que é o maior evento político e cultural que se realiza em Portugal.




Zeca Medeiros



Os motivos de interesse são diversos e a cada ano renovados. Na edição de 2017 vão estar, nem mais nem menos, dois músicos açorianos. Pois é o Luís Alberto Bettencourt e o Zeca Medeiros juntos num dos palcos da FESTA. Não podia deixar de expressar a minha satisfação por ver estes dois amigos e excelentes artistas no programa da Festa do Avante 2017.




A Festa acontece nos dias 1, 2 e 3 de Setembro. Um fim de semana excelente para migrar para a Quinta da Atalaia, ali para os lados da Amora, no Seixal.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

O peido que foi sem o ser

Imagem retirada da Internet

Vejo conteúdos de televisão que eu próprio seleciono, ou seja, evito a escória informativa e opinativa, o lixo das tarde e manhãs da Júlia, da Fátima e outros quejandos, tenham lá o nome que tiverem, desporto e cinema vou vendo conforme a disponibilidade, mas ainda assim não o faço através dos canais de televisão, a minha opção são os conteúdos disponibilizados pela internet, ou seja, sou fã do streaming. Não ocupa espaço no disco e permite-me ver e ouvir aquilo que me dá na real gana.

Não vi o concerto solidário de ontem, mas a profusão de notícias e comentários sobre o anunciado e não concretizado ato do Salvador Sobral levou a que procurasse ver e formar opinião própria e, lá fui. O Youtube, mas não só, disponibiliza o momento e o contexto.

Vi e lamento. Não o que o Salvador Sobral disse e não concretizou.


Lamentável foram os aplausos que se lhe seguiram. Os aplausos resultam do estranho facto de aquele público estar disponível para exaltar sob a forma de gritinhos e palmas, muitas palmas, tudo o que o Salvador, em palco, fez e não fez. O Salvador, em minha opinião, ao dizer o que disse, mais não quis do que demonstrar que o público não tinha, nem critério, nem gosto musical, apenas estava ali a venerar o ídolo em que ele se transformou.

E o público aplaudiu. A reação do público essa sim é lamentável e deveria ser objeto de uma profunda reflexão no âmbito da psicologia social.


Mas aquele público percebeu, horas depois, o seu erro e sentiu-se vilipendiado, e hoje tratou de crucificar o ídolo que ontem, sem se peidar, peidou-se para o acriticismo reinante.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 28 de Junho de 2017 

Ainda não é a silly season

Imagem retirada da Internet
No Verão, não sei bem porquê, ficamos menos atentos e mais tolerantes. Talvez sejam as temperaturas e a humidade relativa do ar mais altas, as festas e festivais, ou as férias para quem as tem e pode gozar. Seja por estes ou outros motivos o Verão, por cá, que não temos incêndios florestais, costuma ser de absoluta calmaria, no entanto, a vida continua e, por vezes não é, de todo, acertado desligarmos completamente do que à nossa volta vai acontecendo, até porque alguns decisores têm por hábito dizer e fazer o que não diriam, nem fariam, quando estamos mais atentos e despertos para o que se diz e faz.
O país está a sair do estado de choque provocado pela tragédia que vitimou mortalmente mais de 6 dezenas de cidadãos e provocou incomensuráveis prejuízos. Os incêndios florestais vão continuar e as declarações e opiniões irão suceder-se ao mesmo ritmo, declarações e opiniões nem sempre refletidas, declarações e opiniões nem sempre ancoradas em factos, declarações e opiniões que se focalizam num acontecimento dramático, reduzindo este grave problema apenas ao imediato e ao mediático.
Se a ministra da Administração Interna se devia demitir agora, Não sei, talvez. Embora, tenha algumas dúvidas dos efeitos da sua demissão, afinal a responsabilidade direta das falhas já identificadas, ou das políticas de gestão florestal e agrícola não são imputáveis à personalidade que tutela, de momento, a Administração Interna, obviamente que as responsabilidades são deste governo, mas são, sobretudo, de anteriores governos e, como tal parte dessa responsabilidade pertence ao partido que governa o país, mas em boa verdade o PS não tem a responsabilidade exclusiva, essa responsabilidade é partilhada com o PSD e também com o CDS/PP. Talvez por isso seja cedo demais para que a Ministra da Administração Interna se demita, assim de repente, como se lhe está a exigir, sob pena de, ao encontrar-se o bode expiatório, as questões estruturais fiquem uma vez mais sem ser resolvidas.
As políticas para a floresta e para a agricultura, mas também políticas de coesão territorial que contrariem a desertificação do interior continental, o ordenamento e gestão do território, mais do que os fatores climáticos e meteorológicos que se verificaram e convergiram para que o incêndio do Pedrógão Grande tivesse atingido as proporções que são conhecidas, estas políticas, como dizia, estão na génese do flagelo anual que assola o território continental, mas que também já se verificou na Madeira. E são estas questões sobre as quais é necessário intervir e também apurar responsabilidades civis e políticas. O PS e o PSD, com o alternante CDS/PP, governam Portugal há mais 40 anos. Para o bem e para o mal foram eles que transformaram a face do país. Fica o meu lembrete e as conclusões serão, obviamente, vossas.

Imagem retirada da Internet
Um outro aspeto que importa trazer a terreiro tem a ver com a falha das comunicações, ou seja com a inoperacionalidade do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) durante períodos críticos da tragédia e que, certamente, contribuiu para que o combate ao incêndio e o auxílio às populações não fosse tão eficaz quanto deveria ter sido. Também aqui é necessário apurar responsabilidades, desde logo, sobre os contornos do negócio, é disso que se trata, um negócio, mas também sobre a desobriga que o consórcio incluiu no contrato que celebrou com o Estado português.
O consórcio, que junta a Galilei (ex-SLN, dona do BPN) e a sua subsidiária Datacomp, a PT, a Motorola e a Esegur, é o responsável pelo fornecimento da Rede Nacional de Segurança e Emergência. Este consórcio não é, no entanto, responsável por falha do (SIRESP) porque introduziu no contrato exceções em casos de “força maior”, como sejam, “atos de guerra ou subversão, hostilidades ou invasão, rebelião, terrorismo ou epidemias, raios, explosões, graves inundações, ciclones, tremores de terra e outros cataclismos naturais que diretamente afetem as atividades objeto do contrato”. As exceções são, ao que me quer parecer, a principal razão da existência do SIRESP.
Pois bem quem assinou pelo Estado português tem de ser responsabilizado por isto. O SIRESP destina-se, ou devia destinar-se aos casos de força maior que são excecionados no contrato. Talvez por isto, mas não só, os acionistas do SIRESP têm recebido chorudos dividendos, em 2016 mais de 6 milhões de euros. Esta parceria público privada, vulgo PPP foi negociada por 538 milhões de euros pelo governo de Santana Lopes (PSD/CDS/PP), em 2004, acabando por ser assinada durante o governo de José Sócrates (PS), em 2006, por 485,5 milhões de euros. Fica a informação e os leitores concluam como bem lhes aprouver.
Ponta Delgada, 27 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 28 de Junho de 2017

terça-feira, 27 de junho de 2017

... do que não devia falhar, mas falhou

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires





Excerto de texto a publicar na imprensa regional e neste blogue







(...) Um outro aspeto que importa trazer a terreiro tem a ver com a falha das comunicações, ou seja com a inoperacionalidade do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) durante períodos críticos da tragédia e que, certamente, contribuiu para que o combate ao incêndio e o auxílio às populações não fosse tão eficaz quanto deveria ter sido. Também aqui é necessário apurar responsabilidades, desde logo, sobre os contornos do negócio, é disso que se trata, um negócio, mas também sobre a desobriga que o consórcio incluiu no contrato que celebrou com o Estado português. (...)

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Solidariedade permanente ou de ocasião

Foto by Diamantino Gonçalves, Serra da Maúnça, 2013
O apuramento de responsabilidades sobre as falhas verificadas nos sistemas de combate ao incêndio do Pedrógão Grande é um imperativo nacional. Que a impunidade não fique por aí à solta como o vento que soprou em todas as direções empurrando as chamas para locais inesperados, Não. Isso seria mais uma imoralidade.
Mas se estou de acordo com o que afirmei, não é menos verdade que será muito pouco se se ficar apenas por aí. Já todos percebemos, até à exaustão, que houve falhas e que os meios não foram suficientes, mas seria redutor se do apuramento de responsabilidades apenas resultasse a correção das questões conjunturais, ficando as questões estruturais e que se situam a montante, como seja a prevenção e as opções feitas na aquisição de meios e serviços de combate a incêndios e a outras situações de emergência, ficassem, como dizia, sem ser corrigidas e uma vez mais na obscena impunidade.
O tema é vasto e tem sido escalpelizado pela comunicação social, por artigos de especialistas, nas redes sociais e até pela Agnes Arabela, por isso pouco ou nada tenho a acrescentar ao assunto, a não ser enunciar algumas preocupações sobre o destino que o Estado português dá ao dinheiro que arrecada com a elevada tributação fiscal sobre os rendimentos do meu trabalho. E digo meu porque, certamente, existem outros cidadãos que não têm a mesma opinião sobre o destino que deva ser dado aos seus impostos.
Não quero que nem mais um cêntimo dos meus impostos seja canalizado para o apoio à plantação de eucaliptos em solo português. O atual primeiro ministro, em Janeiro deste ano, numa cerimónia de assinatura de um protocolo com o grupo ALTRI, no valor de 125 milhões de euros, atribuiu 18 milhões de euros, ao referido grupo, para melhorar a produtividade na plantação de eucalipto. Não senhor primeiro-ministro, dos meus impostos não. Nem para melhorar a produtividade do eucalipto, ainda que não seja aumentada a área do eucaliptal, nem para o Grupo ALTRI. Porque raio de razão, senhor primeiro-ministro, os impostos cobrados sobre o meu trabalho são canalizados para grupos e empresas privadas.

Imagem retirada da internet
Há um outro aspeto sobre o qual não posso deixar de expressar o meu desagrado, embora tenha uma opinião contrária à Agnes Arabela, não é sobre o que essa personalidade regurgitou, algures por aí, que me vou pronunciar. Cá por mim ficava satisfeito se os bombeiros portugueses ganhassem o dobro e ficassem a “coçá-los”, em vez de 9 meses, o ano inteiro. Isso significaria que as medidas preventivas estavam a dar resultados e que as populações que vivem em zonas de floresta podiam dormir descansadas, também no Verão.
Quero referir-me às ondas de solidariedade cidadãs e espontâneas, o que é bom, e momentâneas, o que não é tão bom assim, que se multiplicam para apoiar e reconhecer os bombeiros portugueses durante os períodos em que são visíveis, por um lado a sua importância e, por outro a falta de apoios públicos.
A maior parte destas iniciativas de solidariedade são genuínas e é bom que assim aconteça, não ficamos indiferentes, somos solidários e, sobretudo, ficamos bem com a nossa consciência. Representando muito, não é tudo, mas ainda assim é pouco, muito pouco.
Solidariedade com os bombeiros, SIM. Solidariedade todo o ano, por isso sou associado dos bombeiros da minha área de residência.  E você é sócio. Não, então associe-se, deixe-se de tretas e não se fique pelo momento, esteja sempre presente ao lado dos seus bombeiros.
Ponta Delgada, 25 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 26 de Junho de 2017

domingo, 25 de junho de 2017

... da redistribuição dos impostos

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2016) by Madalena Pires







Pequeno fragmento de um texto a publicar na imprensa regional e aqui neste blogue









(...) Não quero que nem mais um cêntimo dos meus impostos seja canalizado para o apoio à plantação de eucaliptos em solo português. O atual primeiro ministro, em Janeiro deste ano, numa cerimónia de assinatura de um protocolo com o grupo ALTRI, no valor de 125 milhões de euros, atribuiu 18 milhões de euros, ao referido grupo, para melhorar a produtividade na plantação de eucalipto. Não senhor primeiro-ministro, dos meus impostos não. Nem para melhorar a produtividade do eucalipto, ainda que não seja aumentada a área do eucaliptal, nem para o Grupo ALTRI. Porque raio de razão, senhor primeiro-ministro, os impostos cobrados sobre o meu trabalho são canalizados para grupos e empresas privadas. (...)

sábado, 24 de junho de 2017

Susana Baca – hoje no Teatro Micaelense





Foi com Latinoamerica do grupo Calle 13, que ouvi pela primeira vez a voz cristalina e comprometida de Susana Baca.


Deixo o vídeo para que possam desfrutar daquela canção. Uma canção de luta que nos fala da América e não apenas de uma certa América.
Hoje vou ver e ouvir, no Teatro Micalense, esta diva da música sul americana.
Susana Baca é muito mais do que uma voz, Susana Baca é uma personalidade fascinante que tem uma voz que dá voz à música peruana de raiz africana.
Vamos ver e ouvir Susana Baca, aqui com os Calle 13, no tema Latinoamerica. Para além de Susana e dos Calle 13 participam também Totó la Momposina, da Colômbia e Maria Rita, Brasil (canta em português) não aparece no vídeo mas a sua voz é inconfundível.



quinta-feira, 22 de junho de 2017

A banca só é nacional se for pública

A banca privada tem sido um fator de desequilíbrio, de instabilidade e de degradação económica e social, e tem-no sido porque se constituiu como um agente de concentração da riqueza na oligarquia financeira, no capital monopolista, nos grandes grupos económicos e na grande propriedade fundiária urbana e rural.
Mas as responsabilidades da banca não se ficam a penas por aí, ou melhor, para atingir os seus espúrios objetivos a banca privada desinvestiu e aspirou riqueza dos setores produtivos, das pequenas e médias empresas, para encaminhar para a especulação financeira, a bolha imobiliária e para os setores não transacionáveis de lucro resguardado. A banca privada contribuiu para o endividamento externo nacional ao explorar as diferenças de juros a que se financiava para emprestar a juros elevados em Portugal e instituiu um crédito usurário que afetou as famílias e os pequenos e médios empresários.

Mas os pecados da banca privada não se ficam porque facilitou a evasão fiscal, parasitou o financiamento público e comunitário, obteve injustificáveis benefícios fiscais, espoliou patrimónios públicos e privados e incitou a contenção salarial, a precariedade e a destruição do emprego bancário, descapitalizou as próprias instituições, tornou-se dependente dos apoios públicos, lesou o Estado com o auxílio e a perda de receitas fiscais, aumentou o défice e a dívida pública, agravou a situação financeira do país, acumulou milhares de milhões de euros de lucros privados e de prejuízos públicos.
A atuação da banca privada é um problema, nunca será a solução e está cada vez mais claro aos olhos dos cidadãos que apesar do branqueamento, todos vamos percebendo, que a verdade nua e crua é que sem Estado, sem a intervenção do Estado, sem os auxílios financeiros, os amparos fiscais e as garantias do Estado o sistema bancário português estaria de forma generalizada falido e em colapso.
A necessidade de conter os riscos sistémicos que persistem para a economia e de impedir mais transferências de prejuízos privados para a esfera pública, para o povo, bem como de garantir a solvência, a liquidez e o funcionamento regular das instituições financeiras, de assegurar uma efetiva regulação, supervisão e fiscalização da banca exige-se o controlo público do sistema financeiro.
Os conhecidos escândalos financeiros evidenciam que a recessão e a estagnação económicas golpearam fortemente a rentabilidade da banca, que globalmente registou resultados negativos a partir de 2011, seja diretamente pelas implicações na atividade intrinsecamente bancária, seja porque os bancos foram indevidamente arrastados pelo naufrágio da restante atividade empresarial dos respetivos grupos.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD), banco público mas gerido como se de um banco privado se tratasse, não ficou alheio aos efeitos da crise. A CGD necessita, desde logo, de uma recapitalização, da defesa do seu estatuto público e da reorientação comprometida com a defesa do interesse público.
Ponta Delgada, 20 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 21 de Junho de 2017

quarta-feira, 21 de junho de 2017

... da banca

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires





Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e neste blogue






(...) A necessidade de conter os riscos sistémicos que persistem para a economia e de impedir mais transferências de prejuízos privados para a esfera pública, para o povo, bem como de garantir a solvência, a liquidez e o funcionamento regular das instituições financeiras, de assegurar uma efetiva regulação, supervisão e fiscalização da banca exige-se o controlo público do sistema financeiro. (...)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sem título

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2016) by Madalena Pires
Podia ter dado  a esta publicação um título apelativo, mas não quis. Seria incapaz de através de um título trazer os leitores deste blogue à leitura desta publicação. Poderei até fazê-lo com outras temáticas, nunca com esta.

Ontem, nas redes sociais, alguns cidadãos de Ponta Delgada insurgiam-se contra o ambiente de festa que se vivia na cidade. O motivo que levou alguns cidadãos a indignarem-se e tornarem pública essa sua revolta relaciona-se diretamente com a consternação e o luto que se abateu sobre o País durante o fim de semana devido à tragédia do Pedrógão Grande e, o facto da Câmara Municipal de Ponta Delgada manter a animação urbana que tinha agendada para ontem, Domingo.
Não é fácil tecer considerações críticas sobre a atitude da edilidade ponta-delgadense. Se a animação tivesse sido cancelada, outras vozes viriam a terreiro demonstrar a sua indignação, estou certo disso. E quer uns, quer outros cidadãos teriam argumentos igualmente válidos para defender a sua posição face a qualquer que fosse a decisão da edilidade.
Tenho conhecimento que em alguns concelhos do continente foram cancelados eventos festivos que apenas se realizam anualmente. Talvez a proximidade tivesse influenciado a decisão, Talvez ou não. Talvez a decisão tivesse sido alicerçada em valores com os quais todos concordamos, mas nem todos praticamos, Não sei e por aqui me fico.
Enquanto cidadão ponta-delgadense teria apoiado, sem reservas, a Câmara Municipal de Ponta Delgada se, num gesto simbólico e solidário, tivesse decidido pela suspensão das iniciativas de animação que ontem decorreram em Ponta Delgada. Assim não aconteceu, mas nada mais acrescento ao assunto pois tudo o que viesse a escrever sobre o assunto iria, a mim próprio, parecer descabido e de falta de respeito para com as vítimas mortais e os seus familiares, bem assim como de toda a população que foi atingida pela tragédia provocada pelo incêndio do Pedrógão Grande.    

Do mau uso da floresta

Imagem retirada da Internet
Portugal está de luto. De novo o drama dos incêndios florestais e, desta vez, apenas num dos incêndios mais de seis dezenas de vítimas mortais.
E interrogamo-nos, Como foi possível. Como pode ter acontecido uma tragédia com esta dimensão catastrófica. Pode não ser, e não é, o momento mais adequado para levantar algumas questões de que todos fomos dando conta durante aquele sábado fatídico e trágico, mas é importante recolocar outras. Outras questões como a prevenção, o ordenamento do território, a política agrícola e florestal e a defesa nacional, Sim a defesa nacional.
Nasci no interior continental, o pinhal predominava e à sua volta uma economia florescente. Extração de resina e produção de madeira. As matas estavam limpas devido ao uso da floresta e às populações que retiravam dos pinhais as pinhas, os ramos secos e a caruma que utilizavam nas lareiras, fogões a lenha e nos fornos, por outro lado a atividade agrícola evitava, também, que o território fosse destinado apenas à monocultura da floresta. Tudo isso acabou. As florestas são de eucalipto para alimentar a indústria do papel e não há quem limpe a floresta porque já não se cozinha nos fogões de lenha, ninguém se aquece à lareira e os fornos de lenha só são utilizados lá de vez em quando.
Perguntarão se quando eu era criança não havia incêndios florestais, Sim havia, mas nunca com a dimensão de área ardida como aquela que se começou a verificar após o abandono de algumas atividades económicas ligadas à floresta, da substituição do pinheiro pelo eucalipto, do abandono dos campos agrícolas, da desertificação do interior. Não é só por estas razões, mas também, que os incêndios florestais a cada ano constituem uma catástrofe nacional.

imagem retirada da Internet
A alteração de políticas agrícolas e florestais, bem assim como a prevenção, devem ser prioritárias. Isto se na realidade se quiser evitar os cenários dantescos como aquele a que assistimos anualmente e, cujo exemplo presente é o da tragédia do Pedrógão Grande.
Os meios de combate aos incêndios, os sistemas de comunicação alternativos, os recursos humanos, enfim todo um dispositivo pronto a atuar com eficácia, é importante e também isso deve ser avaliado, mas nunca serão suficientes os meios se a montante não se alterarem as políticas, como já foi referido. Diz-nos um experiente piloto, que há 15 anos está no combate a incêndios, que nunca viu nada assim. Reuniram-se condições naturais para que o incêndio de Pedrógão Grande tomasse aquelas proporções. Em síntese dizia esse experimentado piloto, a mãe natureza ganhou. Ganha sempre, digo eu. E ganhará mais vezes ainda enquanto a atividade antrópica contribuir para isso. Sem sequer por em causa as afirmações do piloto, é bom lembrar que temperaturas elevadas e trovoadas secas acontecem com frequência nesta altura do ano, quanto ao clima mediterrânico é o nosso, não temos outro. E como essas condições naturais se vão certamente repetir todos os anos, o que é importante é alterar o uso do solo e ordenar o território de modo a evitar que, essas condições naturais, tenham condições propícias no solo para provocar tragédias catastróficas como aquela que aconteceu no Pedrógão Grande.
Alterar a política de defesa nacional porquê, Perguntarão os leitores mais atentos. Depois do fim da guerra colonial e da obrigatoriedade do serviço militar por todos os cidadãos a defesa nacional vocacionou-se para a sua integração na NATO e para missões internacionais. Todos os investimentos em equipamento e formação das Forças Armadas foi direcionado para essas missões, com prejuízo de aspetos tão importantes como a vigilância aérea e marítima dos nossos mares, que queremos legitimamente ampliar, mas também de missões de apoio ás populações e à proteção civil.
Os avultados investimentos em equipamento bélico e na formação das Forças Armadas para cenários de guerra são conhecidos. A questão é se essa é a política de defesa nacional que queremos para o nosso país.
Em memória das vítimas e por respeito às suas famílias o Estado português não pode deixar que tudo continue como até aqui.
Ponta Delgada, 18 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Açores Digital, 19 de Junho de 2017

domingo, 18 de junho de 2017

...da utilidade da floresta

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires





Um trecho do texto que será publicado, já amanhã, na imprensa regional e também neste blogue






(...) Nasci no interior continental, o pinhal predominava e à sua volta uma economia florescente. Extração de resina e produção de madeira. As matas estavam limpas devido ao uso da floresta e às populações que retiravam dos pinhais as pinhas, os ramos secos e a caruma que utilizavam nas lareiras, fogões a lenha e nos fornos, por outro lado a atividade agrícola evitava, também, que o território fosse destinado apenas à monocultura da floresta. Tudo isso acabou. As florestas são de eucalipto para alimentar a indústria do papel e não há quem limpe a floresta porque já não se cozinha nos fogões de lenha, ninguém se aquece à lareira e os fornos de lenha só são utilizados lá de vez em quando. (...)

De luto

imagem retirada da internet
Portugal está de luto. O último balanço aponta para 62 vítimas mortais no incêndio do Pedrógão Grande, uma vítima que fosse e já era uma perda irreparável. 
Uma tristeza imensa abate-se sobre mim, Como foi possível uma tragédia desta dimensão.
Não conheço as causas, não faço juízos, nem vou assacar responsabilidades. Não é este o momento. 
Mas não podia, não devia ter acontecido. Não pode voltar a acontecer.

sábado, 17 de junho de 2017

Superar preconceitos

Do arquivo pessoal
Daqui a uma semana completa 58 anos. É esposa, é mãe e avó. Iniciou-se à cerca de um ano no trailrun. Até hoje só tinha participado na S. Silvestre de Ponta Delgada e na S. Silvestre da Amadora, nas suas edições de 2016.
Hoje, pela primeira vez, participou numa prova oficial de trailrun, o ecologic, na Ribeira Grande, ilha de S. Miguel. Ilha onde escolheu viver há 34 anos, porque se apaixonou por ela, por esta ilha saturada de matizes de verde abraçada pelo imenso Atlântico. Consigo já trazia outras paixões que manteve e cultiva.
Fez uma prova magnífica classificando-se em primeiro lugar no escalão (femininos mais de 55 anos). Foi uma prova dura que, no caso dela, durou 4h e 42mn. A classificação geral e a classificação feminina que obteve foram, igualmente, excelentes.



Do arquivo pessoal
Não corre pela competição, mas pelo prazer de correr e por todas as vantagens que daí decorrem para o seu bem-estar físico e psicológico.
Mas para além do prazer e dos benefícios que a própria retira desta atividade, fica o exemplo da mulher, esposa, mãe e avó, que não se deixa manietar pelos anos, pela condição feminina, ou um outro qualquer preconceito que amarra as mulheres com mais de 50 anos a estilos de vida, tantas vezes, ancorados em argumentos que mais não pretendem do que perpetuar velhos e castradores estereótipos.
O exemplo da Madalena não é único é, apenas, um de entre outros, mas nem por isso deixa de ser valioso.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 17 de Junho de 2017

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Corpo(s)

Foto by Aníbal C. Pires
Atalhos

O corpo etéreo, 
Não se vê, não se toca
É imaterial e adorado
Esse corpo promete
O paraíso no além
Pois que seja
Esse corpo celebrado
Com um dia de feriado

Outros corpos
São o paraíso, aqui
Na Terra, prometido
São corpos humanamente
Divinos, tangíveis
Que abrem atalhos pró céu

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 15 de Junho de 2017

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Da memória que projeta no futuro

Aníbal C. Pires (Horta, 2013) by Carlos Pires
Hoje (dia 13 de Junho) passam 12 anos sobre a morte de Álvaro Cunhal. É de uma recordação que se trata, é verdade, mas mais do que para recordar trago esta data à nossa memória presente para projetar no futuro uma importante lição de vida e, mais ainda, uma verdade fundamental da condição humana, que me atrevo a formular desta forma, Somos homens porque sonhamos. Somos homens livres porque lutamos para realizar os nossos sonhos.
É este o ensinamento que retiro da vida e obra de Álvaro Cunhal e que reencontro em tantos rostos, em tantas vidas no Partido que era o seu Partido, neste Partido que é o meu Partido, neste Partido que é o Partido de muitos de nós.
 Um Partido onde acima de tudo sonhamos. Somos sonhadores desmedidos que sonham um mundo sem exploradores nem explorados. Um mundo onde a liberdade de sonhar e de trabalhar para realizar os próprios sonhos seja a regra para todos os seres humanos. Um mundo mais equilibrado, mais justo, um mundo mais feliz.
Este é o sonho que os comunistas de hoje partilham com incontáveis gerações que vieram antes de nós. Este é o sonho que partilhamos com milhões de homens e mulheres de todo o mundo e a raiz da fraternidade que nos une, fraternidade que dizemos de maneira tão bonita no calor humano da palavra “camarada”. Este é o sonho que partilhamos com Álvaro Cunhal, camarada de sonho e de luta para o realizar.
Aprendemos com Álvaro Cunhal a ser sonhadores militantes, pois sabemos, aprendemos, que quando a dureza da vida nos rouba a capacidade de sonhar, de ver um futuro diferente do presente que nos impõem, perdemos algo essencial. Um homem sem sonhos, um homem sem nada porque lutar, nunca será um homem livre.

Álvaro Cunhal pelo traço de Siza Vieiera
É por isso que os que querem manter a humanidade escravizada, amarrada à atafona de gerar lucros para outros, não gostam de homens que sonham e gostariam de ter um mundo sem sonhos, no fundo um mundo de cegos. Cegos que aceitassem passivamente e para sempre o seu domínio. Fosse em nome da União Nacional, dos tempos idos, seja em nome da troika, num áspero passado próximo, seja, no presente, em nome do Eurogrupo e do capitalismo apátrida e do desastre. São esses que pretendem roubar aos portugueses e aos povos da Europa e do Mundo a capacidade de sonhar uma vida, um país, um Mundo, diferente.
A esses, aos que querem perpetuar o seu poder sobre uma massa de explorados dóceis, direi e dizemos, como o Álvaro sempre disse, “Não! Aqui sonhamos! E lutamos e lutaremos para tornar os nossos sonhos realidade!”
Este sonho partilhado com Álvaro Cunhal é importante, mas é sobretudo um sonho útil. É, afinal, a condição dos nossos esforços e trabalhos. É por causa desse sonho que não nos deixamos ficar em casa, no ativismo do sofá e das redes sociais, descansados e vamos para a rua, ao lado das populações e dos trabalhadores, juntar-nos aos que sonham como nós, para unidos lutar, agir, transformar o Mundo e a vida.
Com Álvaro Cunhal aprendi, aprendemos muito, aprendemos que uma das mais importantes tarefas tem de ser a de ajuntar as vontades dos homens, tal como Baltazar Sete-Sois e Blimunda Sete-Luas, no romance de Saramago.

Ponta Delgada, 13 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 14 de Junho de 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

... do sonho que nos faz homens livres

Álvaro Cunhal pelo traço de Siza Vieira





Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e aqui neste blogue











(...) Hoje (dia 13 de Junho) passam 12 anos sobre a morte de Álvaro Cunhal. É de uma recordação que se trata, é verdade, mas mais do que para recordar trago esta data à nossa memória presente para projetar no futuro uma importante lição de vida e, mais ainda, uma verdade fundamental da condição humana, que me atrevo a formular desta forma, Somos homens porque sonhamos. Somos homens livres porque lutamos para realizar os nossos sonhos. (...) 

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Hierarquizar as prioridades

Foto by Aníbal C. Pires
A visita e as datas já foram. Nada de novo, até mesmo o discurso do Presidente do Governo Regional dos Açores mais pareceu um déjà vu. Há dois anos nas Lajes das Flores ouvimos, mais ou menos palavra, a mesma coisa. Ouvimos desculpas, sob a forma de um desafio, pela voz do presidente de um governo e de um partido que está manietado à sua própria inoperância.
Este ano, também no Dia da Região, Vasco Cordeiro veio uma vez mais sacudir a água do capote, como se o seu governo e o seu partido não fossem, eles próprios, parte do problema e responsáveis pela crise social e económica que varreu a Região. Existem fatores exógenos que contribuíram para a crise, Sem dúvida. Mas isso não justifica tudo. Antes da crise a taxa de desemprego nos Açores era, senão a mais baixa, uma das mais baixas do país, a produtividade e o PIB cresciam a ritmos superiores aos da média nacional, e depois, Depois da crise todos esses indicadores caíram para o fundo da tabela nacional. O que falhou, terão sido as competências autonómicas, a ineficácia governativa ou, a insistência na receita da austeridade, do desinvestimento público, dos baixos salários, da concentração da riqueza e outras liberalidades económicas que os governos do PS Açores têm adotado.
De um vasto conjunto de problemas que afetam a Região e a autonomia regional, alguns deles de origem externa como sejam os decorrentes do diretório de Bruxelas e Berlin, quiçá esses, sim merecedores de uma maior reflexão e de consequente tomada de medidas libertadoras, Vasco Cordeiro escolheu, já lá vão dois anos, a necessidade de uma Reforma da Autonomia como a solução milagrosa para os problemas sociais e económicos que afetam os Açores e o seu povo. Quando, em 2015, Vasco Cordeiro, nas celebrações do Dia da Região, nas Lajes das Flores, fez esta opção, o Presidente do Governo e do PS Açores demonstrou a falência, não da autonomia tal como ela está consagrada constitucionalmente, mas das opções económicas e políticas que o PS Açores, desde 2000, tem vindo a implementar na Região. É certo que os açorianos lhe deram mais uma vitória nas eleições de 2016, mas isso não significa que o rumo traçado por Vasco Cordeiro nos leve a bom porto. Os estado-unidenses elegeram Donald Trump e isso não constituiu, necessariamente, a melhor escolha para o povo dos Estados Unidos, nem para o Mundo.

A autonomia só corre o risco de cristalizar se não for cultivada e exercida. Cabe, desde logo, ao poder político assumir uma cultura de exercício das competências autonómicas, mas é também tarefa de cada um de nós exercitar e cultivar a democracia e autonomia. E é no exercício da participação política que cada um de nós deve exigir ao poder político, designadamente o poder executivo, que exerça as competências autonómicas e só quando elas estiverem esgotadas, então sim, terá chegado a altura de pensar em reformar os mecanismos autonómicos, quanto aos instrumentos de participação política propostos por Vasco Cordeiro, também eles, não passam de ruído mediático pois, não será com listas abertas e outras panaceias que os abstencionistas se mobilizam para os atos eleitorais, pois a participação política de que fala Vasco Cordeiro não passa disso, participação eleitoral dos cidadãos para depois, convenientemente, mergulharem num estado de hibernação política até próximas eleições.
Nesta altura alguns dos leitores já me terão qualificado com os piores epítetos, sendo que centralista deve ter sido o mais suave de todos eles. Pode até parecer, mas não. Não se trata disso. É uma questão de hierarquização de prioridades. A existência, ou não, de Representante da República na arquitetura constitucional das autonomias regionais não é uma prioridade para o povo açoriano. Prioridade para muitos e muitos açorianos é encontrar, dia a dia, forma de colocar pão na mesa para que os seus filhos possam alimentar-se.

Foto by Aníbal C. Pires
Prioritário é proteger o acervo autonómico, prioritário é um modelo de desenvolvimento sustentável, prioritário é o desenvolvimento harmonioso da Região, prioritário é o aumento do rendimento disponível dos trabalhadores e das suas famílias, prioritário é o desenho de políticas públicas de emprego, prioritário é o combate à precariedade laboral, prioridade é o combate ao subemprego, prioridade é a promoção de políticas de emprego para os nossos jovens. Vamos resolver primeiro estes problemas pois não me parece que isso seja competência do Representante da República, a competência é exclusivamente nossa, e depois, Bem e depois vamos falar de alterações à arquitetura das autonomias regionais.
Não coloco de lado a importância da reflexão sobre a autonomia regional, deixei dito atrás que a autonomia deve ser cultivada e exercitada e isso é, no meu entender, a melhor forma de a discutir e de caminhar para o seu aperfeiçoamento. Se a não utilizamos até ao limite, estamos bem longe disso, e então será muito difícil e pouco rigoroso verificar o que é, ou não, necessário reformar na arquitetura da autonomia constitucional.
Ponta Delgada, 11 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 12 de Junho de 2017

domingo, 11 de junho de 2017

... da reforma

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires






Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e aqui neste blogue





(...) A autonomia só corre o risco de cristalizar se não for cultivada e exercida. Cabe, desde logo, ao poder político assumir uma cultura de exercício das competências autonómicas, mas é também tarefa de cada um de nós exercitar e cultivar a democracia e autonomia. E é no exercício da participação política que cada um de nós deve exigir ao poder político, designadamente o poder executivo, que exerça as competências autonómicas e só quando elas estiverem esgotadas, então sim, terá chegado a altura de pensar em reformar os mecanismos autonómicos (...)

sábado, 10 de junho de 2017

PETIPÉS, Lizuarte Machado

Foto by Aníbal C. Pires
Quando falamos da epopeia marítima açoriana a tendência é para fazermos a ligação imediata à baleação. E não é errado, mas não é só. A pesca, desde logo, mas a cabotagem açoriana cuja história não estará devidamente estudada, nem mereceu o mesmo interesse literário que a baleação, foi desde os primórdios do povoamento uma importante atividade económica.
Esta atividade permitia a ligação das freguesias e lugares da mesma ilha, uma vez que as a deslocação de pessoas e a troca de mercadorias, fosse pela orografia, fosse pela distância ou pela ausência de vias transitáveis, era mais fácil e rápida por via marítima.
Conheço alguns estudos e projetos de valorização da cabotagem e mesmo, pelo menos um livro, “Dos Barcos de boca aberta aos Navios a Motor”, de Manuel Vieira Gaspar, colega de profissão que tive o prazer de conhecer e desenvolver algumas atividades pedagógicas, tendo como mote a filatelia, entre a Escola Primária Milagres, e a então Escola Preparatória de Arrifes.
Para além deste estudo do professor Manuel Gaspar, existem também estudos da Doutora Fátima Sequeira Dias e um projeto alargado à cabotagem na Macaronésia, desenvolvido no âmbito do Interreg. Ou seja, há um espaço para ocupar, Haja quem.

Lizuarte Machado, imagem retirada da internet


Ligada à pesca, à cabotagem e à baleação está a indústria de construção naval, e é sobre esta atividade industrial que o Comandante Lizuarte Machado nos traz um importante contributo com a publicação, em finais do ano de 2016, de “PETIPÉS”. Tendo por base a sua coleção privada de petipés e o seu conhecimento profissional, Lizuarte Machado dá mais um contributo para a história marítima insular e para história da indústria da construção naval nos Açores.
Obrigado ao Comandante Lizuarte por este contributo.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Terror, choque, medo

Aquando da apresentação do New Deal, na década de 30, o Presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt disse a determinada altura, “(…) a única coisa que devemos temer é o próprio medo (…)”. Esta ideia expressa pelo Presidente Roosevelt, embora tenha sido proferida num contexto muito particular, tratava-se de implementar uma revolução social-democrata nos Estados Unidos, inspirada na teoria económica de Keynes, cujos efeitos se prolongaram até à década de 70, mas como dizia, embora numa conjuntura muito própria, a ideia de que é o medo, o nosso próprio medo, que devemos temer é uma verdade insofismável.
Outros políticos e pensadores desenvolveram esta temática, Eduardo Galeano tem uma excelente reflexão, como só ele era capaz de o fazer, sobre o medo o seu efeito castrador e de dominação do poder sobre os cidadãos e os povos.  Naomi Klein produziu um excelente estudo, “Doutrina/Teoria do Choque”, em que demonstra que é durante e num breve espaço de tempo após uma situação de cataclismo ou de terror, ou seja, quando as populações estão mais fragilizadas e têm a sua atenção centrada na sua própria sobrevivência, que as medidas políticas e económicas mais retrógradas são implementadas e até aceites e apoiadas pelas populações.
O terror provoca o choque e o medo, o medo induz comportamentos passivos e pouco racionais, como por exemplo, a aceitação e apoio à construção de um muro na fronteira do México com os Estados Unidos, ou a onda xenófoba, racista e islamofóbica que se vive no chamado Mundo Ocidental. E não, Não se trata de um choque de civilizações ou de um conflito religioso, como por vezes nos querem fazer crer, se assim fosse o Mundo Ocidental estaria em guerra aberta com a Arábia Saudita, este sim um verdadeiro estado islâmico. Mas não, aliás como pudemos recentemente verificar com a visita de Donald Trump e com os negócios realizados entre os dois países, a maior venda de armamento dos Estados Unidos à Arábia Saudita. Mas este não é o assunto que hoje quero desenvolver, o que não significa que não lhe atribuo importância ou, que a ele não regressarei, até porque algo de insólito aconteceu lá para os lados do Golfo Pérsico. Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen cortaram relações diplomáticas com o Qatar.
Os atentados terroristas acontecem quase diariamente, bem se contabilizarmos todos os atos que infligem sofrimento e terror sobre a população, em qualquer parte do Mundo, então a frequência é tal que diria que os atos terroristas já fazem parte do nosso quotidiano, banalizaram-se. Ainda há alguns minutos foi noticiado mais um incidente, desta vez em Paris, no exterior da catedral de Notre Dame. Não sei mais pormenores, mas para todos os efeitos é mais um momento de terror. Que o digam os cidadãos que estão no interior da catedral e o agente da polícia que foi atacado.

O que resulta de um ato terrorista é o medo, com a alteração do modus operandi, o medo generaliza-se, cresce, sufoca, tolda o pensamento e a vontade. As medidas que vierem a ser implementadas para combater o terror serão aceites sem oposição. A nossa história recente está recheada de exemplos que o comprovam. Sendo que a invasão do Iraque, em 2003, é o paradigma da construção mediática de uma mentira aceite, pela generalidade da opinião pública mundial, como uma verdade. Verdade que justificou a invasão. O que ficou diferente, Tudo. Tudo ficou pior para o povo iraquiano que ainda está a pagar o tributo imperial aos seus invasores.
Sobre muitos dos atentados ocorridos nas capitais europeias, desde os mais recentes, a outros dos quais já nem lembramos, pendem muitas dúvidas sobre a sua veracidade, não da sua veracidade como um evento terrorista, mas sobre os verdadeiros mentores do ato. O jornalista free lancer John Pilger tem alguns artigos interessantes sobre esta temática, bem assim como o sítio canadiano na internet Global Research. As false flags são prática comum executadas por organizações a soldo de interesses que não são, propriamente, os interesses da humanidade.

Sobre o recente ato terrorista de Manchester pendem algumas dúvidas. Os rapazes de Manchester, todos eles referenciados, pelos serviços e inteligência ingleses e estado-unidenses, todos eles a movimentarem-se sem qualquer restrição.
E aconteceu, 
Aconteceu mais uma noite de terror, o choque abateu-se, uma vez mais sobre nós, o medo cresceu e com ele ampliaram-se as condições para o domínio e o controle dos cidadãos.

Ponta Delgada, 06 de Junho de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 07 de Maio de 2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

... da manipulação

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires




Pequeno trecho que antecipa o todo.










(...) O terror provoca o choque e o medo, o medo induz comportamentos passivos e pouco racionais, como por exemplo, a aceitação e apoio à construção de um muro na fronteira do México com os Estados Unidos, ou a onda xenófoba, racista e islamofóbica que se vive no chamado Mundo Ocidental. E não, Não se trata de um choque de civilizações ou de um conflito religioso, como por vezes nos querem fazer crer, se assim fosse o Mundo Ocidental estaria em guerra aberta com a Arábia Saudita, este sim um verdadeiro estado islâmico. (...)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

... das crianças




Este vídeo pretende assinalar o Dia Mundial da Criança.

As fotos são da minha autoria (registadas em 2000 em S. Tomé) e os textos da poetisa Alda Espírito Santo e foram expostas (2000/2001) na Universidade dos Açores no âmbito de uma iniciativa que celebrou S. Tomé e Príncipe e Timor Loro Sae.


Riley Keough - a abrir Junho


Riley Keough é modelo e atriz. É uma mulher bonita e no desempenho profissional brilha mesmo sem necessitar de dizer que é neta de Elvis Presley.




Porque é Junho trago à galeria do momentos esta mulher e deixo um vídeo com o trailer do filme “Lovesong”, que vi recentemente e do qual gostei. E gostei particularmente da interpretação de Riley Keough no papel de Sarah.