segunda-feira, 29 de abril de 2013

Porquê, alguém me explica

Estive, mesmo agora, a olhar para o planeamento da SATA Air Açores para os dias 2, 3 e 4 de Maio, 2.º período de greve dos trabalhadores do Grupo SATA.
No dia 2 ficam de fora o Corvo, as Flores, Pico, S. Jorge e Santa Maria, no dia 3, ficam de fora as ilhas de S. Jorge, Pico, Graciosa e Terceira, e no dia 4 ficam sem voo as ilhas de Santa Maria, Flores e o Corvo.
Ora, sabendo-se e conhecendo-se, a capacidade disponível da SATA, no quadro dos serviços mínimos, sabendo-se e conhecendo-se as características operacionais das aeronaves que atualmente realizam a operação interilhas, é incompreensível que a SATA não recorra ao " Planeamento de Voos Circulares" para que durante os 3 dias de greve os efeitos fossem minimizados, isto sem ferir a legalidade o que foi definido no Tribunal Arbitral.
Qual é o objetivo da administração da SATA!? Alguém me explica. Já agora expliquem-me também porque   raio da razão a palavra "Açores" desapareceu do logo da SATA.

Divórcio à iraniana, hoje no 9500


Da retrospetiva da realizadora Kim Longinotto, que o Cineclube de Ponta Delgada está a levar a cabo, passa hoje, pelas 21h30mn, na Sala 2 do Cine Sol Mar, DIVORCE IRANIAN STYLE.
É um olhar intimo sobre a vida conjugal do Irão e seus conflitos através das histórias de seis mulheres 
que invocam o direito de se divorciarem num país onde a lei favorece os maridos. Num registo 
alternadamente cómico e trágico e tendo por cenário um tribunal de divórcio em Teerão, 
acompanhamos estas mulheres no seu esforço para chegar a um resultado favorável num meio de 
leis parciais, políticas administrativas contraditórias e severas restrições culturais.
Podem espreitar o trailer aqui 

Há um oceano que nos une


Antes de iniciar este texto divulguei, nas redes sociais, a opinião de Manuel Leal publicada a semana passada na coluna que com regularidade publica no Expresso das Nove. O texto veio de New Jersey, onde o Manuel vive, a distância não impede este e muitos outros concidadãos nossos de acompanharem, de perto, a situação social, económica e política que se vive na Região e no País. “A insegurança na supressão da opinião divergente”. Foi assim que Manuel Leal intitulou o texto a que me tenho vindo a referir. O texto é, antes de mais, um gesto de solidariedade, é um abraço do tamanho do Atlântico e eu, quero agradecer publicamente o amplexo solidário do Manuel Leal, Bem hajas Manuel. Mas quero também afirmar que na divergência de opinião que temos sobre alguns assuntos conseguimos, ainda assim, estabelecer pontes que o oceano não consegue destruir e que vão para lá da solidariedade com que o Manuel me brindou. 
Conheci pessoalmente o Manuel ainda nem sequer fez um ano. Desse fugaz encontro nas Furnas e de um outro no Largo do Infante, na cidade da Horta ficou a simpatia e a admiração pelo Manuel, pela sua história de vida, pela sua frontalidade, pelo seu apego à família e à terra que o viu nascer. Estamos por aí Manuel, uma vez mais bem hajas pelo teu gesto.
Já agora deixo-te parte de uma reflexão que escrevi no limiar do século XXI, era assim como uma espécie de ensaio sobre a construção da “Identidade Regional”, fundado na análise de quatro premissas, a geografia, os movimentos autonomistas, a religiosidade e, a emigração, o excerto foca, ainda que superficialmente, o contributo dos emigrantes para a construção da identidade regional. Depois diz-me o que pensas sobre o tema.
(…) Tal como as Festas do Espírito Santo o fenómeno da emigração atravessa toda a sociedade açoriana, todas as ilhas, todas as freguesias viram os seus filhos partir na procura da concretização de sonhos e de melhores condições de vida.
A emigração açoriana que em determinada altura chegou a assumir características de autêntico êxodo, entre 1961 e 1991 emigraram mais de 100 000 açorianos.
Este fenómeno permitiu a formação de grandes comunidades açorianas no estrangeiro, particularmente significativas nos estados Unidos e no Canadá, onde a saudade da terra, a mesma origem geográfica e alguns aspetos culturais, apesar de oriundos de todas as ilhas do arquipélago, teve um efeito aglutinador que proporcionou um melhor conhecimento da terra distante e aproximou-os à volta de um sentimento comum: - ser açoriano.
A dispersão territorial do arquipélago que impedia que açorianos nascidos em diferentes ilhas se conhecessem e se identificassem com uma identidade regional é agora proporcionada longe da terra natal. 
Este facto leva-nos a afirmar que a identidade regional (o ser açoriano em toda a sua dimensão) foi, em parte, construída fora das suas fronteiras, isto é, germinou nas comunidades e transferiu-se gradualmente para a região, contribuindo para a construção da identidade regional.
A emigração constitui assim, um dos aspetos, paralelamente com os anseios de autonomia e a religiosidade, manifestada de forma ímpar pelo culto do Divino Espírito Santo, marcantes na construção da identidade regional. (…)
Talvez seja um pouco especulativo, que me dizes caro amigo.
Vamo-nos encontrando por aí Manuel, haja saúde. 
Um abraço,
Ponta Delgada, 28 de Abril de 2013

Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 29 de Abril de 2013, Ponta Delgada

Divagação 1


Foto - Aníbal Pires
Visão divina

Cresci crendo na linearidade das coisas,
Da vida imutável,
Do que sempre foi assim e sempre assim será
Por isso, talvez por isso raramente saia da severidade da esquadria,
Da inflexibilidade da reta
Por isso, talvez por isso admire enlevadamente a sinuosidade das curvas
Visão divina, num corpo de mulher madura
Adivinho cada depressão, cada elevação,
Interpreto cada marca do tempo no olhar efémero com que te toco
Percorro a orografia do teu corpo
Na transparência da textura que cobre intangíveis anseios
Olho-te, sem máscara
Toco-te com o meu olhar,
Desnudo-te, lentamente 
Desejo-te.

Ponta Delgada, 29 de Abril de 2013

domingo, 28 de abril de 2013

A insegurança na supressão da opinião divergente, por Manuel Leal


O texto que se segue foi publicado a semana passada no Expresso das Nove por Manuel Leal, ilustre colunista daquele jornal.
Conheci Manuel Leal o ano passado, no Vale das Furnas, num fim de tarde em que a selecção portuguesa jogava para o Europeu de 2012. Ele estava de visita à Região com a família, vivem em New Jersey, era uma visita às raízes e às memórias, uns dias depois um novo encontro com o Manuel Leal, no Largo do Infante, na cidade da Horta. Gostei do Manuel Leal, não posso dizer que me surpreendeu com este ato de solidariedade. Quando o conheci percebi que era um Homem íntegro, gostei dele. Da sua frontalidade e da sua história de de vida, por isso não me surpreendeu.
Sem prescindir de um destes dias podermos, de viva voz, discutir algumas das questões que o Manuel equaciona no texto, quero, publicamente, apresentar os meus agradecimentos por este gesto solidário.
Bem hajas Manuel Leal. 
Ponta Delgada, 28 de Abril de 2013

Aníbal Pires é o único deputado comunista na Assembleia Regional dos Açores. Tem ali defendido, consistentemente, a agenda política dos trabalhadores, identificando-se com os menos protegidos. Colaborador gracioso do Açoriano Oriental há muitos anos, Pires foi agora afastado daquele jornal sem que a direção lhe desse a cortesia de uma explicação.
Recentemente, o líder comunista defendeu o aumento do salário mínimo contra o peso do PSD e do PS que quando convergentes, nas raras demonstrações conjuntas da promoção do interesse de quem representam, se transformam numa potente máquina demolidora. Só quem nunca observou ou falseia ignorar a pobreza a que o mísero salário mínimo condena as pessoas pode justificar a manutenção do statuo quo. O salário mínimo inadequado mantém uma percentagem elevada da população num estado de subsistência inaceitável, de ignorância, e por vezes de subserviência aos representantes do poder e da elite empresarial.
Não venho aqui defender a pessoa de Aníbal Pires, que reputo de indivíduo honrada e cidadão idóneo. Sou leitor dos seus artigos, de que por vezes discordo. Não sou nem nunca fui comunista. Tanto quanto sei não está em questão a sua idoneidade como ator social nem legislador. Por isso o propósito deste protesto é pugnar pelo constructo social da liberdade de expressão que neste caso não é o mesmo em termos jurídicos e constitucionais do direito de liberdade individual.
O Açoriano Oriental tem uma história de desrespeito pela liberdade de expressão, revelando contempto atitudinal pelo conceito humanista e universal da Pessoa como sujeito participante e agente que determina a razão e a existência do discurso político. Noutro tempo, com outra administração, e até interesses diferenciados mas similares numa dimensão social, fez-me vítima da mesma arbitrariedade retaliatória.
Na ideia do progresso, que serve de legenda à narrativa universal na evolução da sociedade e do conhecimento, a direção na marcha da libertação tem sido sempre para a frente. Raramente o mundo se quedou nos solavancos reacionários que o obrigou a dar um passo atrás. Nos conflitos que se geraram a partir da colisão de interesses limitados contra a difusão da narrativa multifacetada da condição existencial, em cada esquina do diálogo planetário a convergência triunfou. Neste processo hegeliano assenta o mais robusto sustentáculo da democracia como paradigma essencial ao bem comum. A responsabilidade individual e mesmo do grupo, como do cidadão e da empresa, só pode ser avaliada à luz do dia para que o fascismo e o nepotismo não embarguem a interdependência social e o processo político.
Compete à direção do jornal, no respeito para com o seu colaborador e os seus leitores, e até a sociedade em que se inserem, comunicar a razão do seu procedimento. Vejo isto como um dever deontológico, até porque a direção do Açoriano Oriental se terá negado a divulgar uma carta em que Aníbal Pires apenas comunica aos leitores que a partir da sua última crónica a sua colaboração cessou por iniciativa da administração. Era um gesto simpático e verdadeiro de responsabilidade e deferência para com os leitores.
Duvido de que o comunismo possa um dia corresponder aos melhores desejos da sociedade, do mesmo modo que o capitalismo nos destrói e nos sujeita ao fascismo oculto dos donos do mundo. O marxismo não morreu. Influencia hoje, como o evolucionismo darwiniano, as ciências desde a psicologia à biologia. Mas o pensamento do seu criador formou-se nas situações no século XIX que hoje já não predominam. Por outro lado, a psicanálise demonstrou a incongruência do marxismo perante o que então se chamava a «natureza humana». Fê-lo numa polémica famosa dos pensadores freudianos com os marxistas pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Mas desde que os comunistas respeitarem o processo democrático, como o fazem depois da morte de Álvaro Cunhal, entende-se que têm o direito de propagar a sua ideologia como outro qualquer grupo político. A preponderância do bem comum como objetivo do processo político exige a participação ampla e responsável de todos na matriz ideológica na concretização da solidariedade coletiva.
Neste contexto, a visão do mundo que o Açoriano Oriental projeta é ofensiva da dignidade humana e da açorianidade emergente como conceito social e político. Porque apenas numa sociedade livre a verdade sobrevive no percurso do desenvolvimento integral do indivíduo e da sociedade na dialética de valorização da Região e do açoriano. Quando se abafa a voz divergente que se ergue com civismo, sujeita ao respeito mútuo, criam-se os demónios que têm sido através da história os estímulos da ira popular. E do sustentáculo do fascismo, a ideia de que há vacas sagradas beneficiando de privilégios como se fossem direitos.
Por isso me declaro solidário para com Aníbal Pires, independentemente de ele ser deputado, comunista, seja o que for. Não se trata também de um julgamento das pessoas responsáveis pelo silêncio que lhe quereriam impor, mas a defesa da conceção de um comportamento ético e universal sobre que toda agente tem algo a dizer. O debate claro das ideias há de filtrar a razão.
A censura implica métodos de intimidação e represália em que a intolerância se manifesta na supressão do constructo social da igualdade universal. A administração do Açoriano Oriental, como entidade privada tem o direito de administrar a empresa e conduzir o conteúdo editorial como quiser e entender dentro dos parâmetros legais. Mas os órgãos de comunicação assumem-se com um estatuto inclusivo que impõe o alvará que lhes abre a porta ao público. De modo que o abandono arbitrária e sem causa da prática da liberdade lhe retira por carência de civismo a isenção exigida no jornalismo.
O discurso ad hominem não é permitido por nos lançar na esteira do paradoxo da intolerância. Todavia, quem sofre de medos que conduzem à supressão prepotente da opinião divergente deve sentir-se muito pequenino numa dimensão intelectual.

sábado, 27 de abril de 2013

Planeamento de voos circulares, para hoje


Mesmo sem se ser um especialista, basta ser um passageiro frequente, percebe-se que parte do planeamento da SATA Air Açores para hoje, dia 27 de Abril, está concebido como um “planeamento de voos circulares”, e bem. Bem porque como é sabido há necessidade de repor a regularidade, ou seja, devido ao mau tempo (irregularidades operacionais) ficaram alguns passageiros retidos durante o dia de ontem.
A pergunta que ontem dirigi ao Governo Regional procurando saber das razões que levaram a SATA a não adotar um “planeamento de voos circulares” para os dias da greve (23, 24 e 25 de Abril) ganha, assim, maior pertinência.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pink Saris - hoje no 9500 Cineclube


Hoje na Sala 2 do Cine Sol Mar, pelas 21h 30mn, passa o documentário PINK SARIS da realizadora Kim Longinotto.
Em "Pink Saris", acompanhamos a história de Sampat Pal, uma complexa e singular activista política, 
líder do movimento Gulabi Gang, que trabalha pelos direitos das mulheres na região de Uttar Pradesh, 
no norte da Índia. Assistimos ao empenho individual de Sampat, referência para muitas mulheres 
maltratadas, na mediação de dramas familiares, testemunhada por dezenas de espectadores, 
defendendo pessoas em situações de vulnerabilidade e que desnudam as convenções da sociedade
Indiana.
Podem visualizar o trailer aqui

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Haja paciência


Hoje é dia 25 de Abril, Festeja-se uma Revolução feita com flores, tolerante, talvez demasiado mas, tolerante que baste. Sobre o dia que comemoramos aconteceu são passados 39 anos e, de entre outras dádivas, esta tolerante Revolução, só podia ter sido protagonizada pelo povo português. Mas como dizia a Revolução de Abril trouxe-nos Democracia, trouxe-nos Liberdade, valores que para muitos de nós foram novidade naqueles dias que se seguiram à florida madrugada de Abril de 1974.
A liberdade, designadamente a liberdade de expressão é um bem inalienável e deve ser cultivada, o que me parece menos bem é que a tal liberdade de expressão seja utilizada para expressar opiniões sem fundamento e insultuosa para terceiros sem que estes acedam a essa opinião, ainda assim, tudo bem pois a fragilidade da opinião e o insulto ficam, normalmente num círculo restrito e esfarela-se com aquele odor fétido da matéria apodrecida.
Mas vamos ao que me motivou a escrever e publicar este texto. Acabei de ler uma publicação numa rede social em que o autor, depois de fundamentar, concluía:
“ (…) Ora, para mim, esta é a prova provada, como se isso ainda fosse necessário, que esta greve foi imposta de fora por profissionais sindicais, comunas, e com dois objetivos bem definidos: (…)
E perguntam, como é que o emissor dessa opinião chegou a tão brilhante conclusão, e eu transcrevo, obliterando apenas o nome da pessoa visada.
“Ontem tive conhecimento que o delegado dos Açores no Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, hospedeiro xxxxxxxx, tinha ido em plena greve de férias para CACUN, possivelmente de borla, ou seja, à custa dos nossos impostos. (…)”
Como facilmente se percebe a solidez da fundamentação é brilhante. Desde logo porque se está de greve não se pode estar de férias, depois a “finura” do insulto … o hospedeiro…, e ainda a possibilidade de ter ido de borla, não tem a certeza é uma possibilidade mas… serve, serve principalmente se aduzirmos o dado, “… à custa dos nossos impostos.” Nunca falha.
Os fundamentos tornam clara a conclusão, “(…) esta greve foi imposta de fora por profissionais sindicais, comunas, e com dois objetivos bem definidos. (…). Repare-se “… de fora…, …sindicais…" e, ainda como se isso não bastasse para sustentar a tese, "…comunas…", nunca falha.
Para que alguém pudesse expressar esta e outras opiniões muitos “comunas” deram a vida por isso, para que a democracia e a liberdade sejam mais do que um formalismo muitos “comunas” continuam a lutar.
Já agora deixo-vos os tais objetivos que segundo, este brilhante opinador, afirma que estão na origem da greve dos trabalhadores da SATA.
“(…) 
 1º. Prejudicar os Açores e os açorianos em dois momentos de grande importância para a economia da região; 
2º. Desestabilizar a SATA internacional, numa tentativa de a levar à falência e assim favorecer a TAP, evitando que esta seja privatizada e poderem continuar a manipular e servirem-se da TAP como Empresa Pública e assim terem os seus tachos de sindicalistas profissionais garantidos. 
Pena que os trabalhadores, açorianos, da SATA, não o tenham percebido e se tenham deixado manipular por quem os quer destruir e pondo em risco muitos dos seus postes de trabalho.
E Esta????????????”
Estas conclusões até têm uma novidade, eu pelo menos ainda não tinha dado conta de também estar a ser utilizada na campanha de intoxicação em curso, afinal a greve dos trabalhadores da SATA tem como um dos seus objetivos, veja-se só o brilhantismo, (…) e assim favorecer a TAP, evitando que esta seja privatizada e poderem continuar a manipular e servirem-se da TAP como Empresa Pública e assim terem os seus tachos de sindicalistas profissionais garantidos. (…)

Mas tá bem. São custos da Democracia e da Liberdade, suportam-se bem. Estes valores maiores não têm preço. Precisamos isso sim é de cuidar deles, hoje e todos os dias, assim como quem cuida de um jardim.

As Portas que Abril Abriu



Este poema de José Carlos Ary dos Santos, dito pelo próprio, é de todos os que se escreveram sobre a Revolução de Abril o que melhor traduz a realidade vivenciada pelos portugueses antes e nos dias, anos que se seguiram ao 25 de Abril de 1974.

25 de ABRIL SEMPRE!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Porque não escrevo no AO - esclarecimento


Continuam a perguntar-me, com frequência, das razões porque não escrevo para o Açoriano Oriental. Quem me pergunta diretamente tem a minha resposta mas para quem o não faz e, ainda assim, considera no mínimo estranho que não apareçam textos meus neste diário regional fica aqui, uma vez mais a explicação.
Basta seguir os links clicando aqui, aquiaqui.
Importa também esclarecer que o Açoriano Oriental nunca veio a terreiro prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto.

Tem direito, mas hoje não nos convém


Sobre a luta dos trabalhadores do Grupo SATA, tenho a minha opinião. Opinião à qual dei corpo através de um Projeto de Resolução que foi discutido na Assembleia durante o Plenário de Abril. Não vou hoje dissertar sobre o assunto mas não posso deixar de comentar um dos argumentos que mais tem sido utilizado para criticar a luta dos trabalhadores do Grupo SATA. Não, não é a questão da legalidade ou ilegalidade da aplicação à SATA do que foi acordado entre a administração da TAP e os seus trabalhadores, sobre isso só mesmo os tribunais têm poder para ajuizar.
O que não posso deixar, sem prescindir de mais tarde quando as águas acalmarem e a neblina que se abate sobre a Região dispersar, voltar ao assunto e à sua real dimensão. 
O que mais me choca é o argumento que, reconhecem o direito inequívoco dos trabalhadores à greve mas, nestas datas não. Direitos sim mas só podem ser exercidos às segundas, quartas e sextas. Nas terças, quintas, sábados e domingos têm direito, mas não podem exercê-lo. Se isto não é hipocrisia então não sei como classificar quem advoga que os trabalhadores não têm o direito de decidir sobre as datas em que consideram ser mais adequadas para exercer o direito constitucional à greve. Ou será que os direitos têm de ser suspensos só porque esse dia, ou dias, não convêm à administração da empresa.
Lembra-me Manuela Ferreira Leite com a sua proposta “de suspensão da democracia” mas, lembra-me também Pedro Passos Coelho e as considerações que teceu sobre as decisões do Tribunal Constitucional e da oportunidade dessas deliberações, ou ainda, as apreciações sobre os “bloqueios” constitucionais. Pois é! Têm de se decidir. Querem um sistema democrático e um estado de direito ou, querem qualquer outra coisa semelhante à que Portugal viveu durante quase meio século.
As formas e os conteúdos da pressão que tem sido exercida sobre os trabalhadores do Grupo SATA seja por via dos “apelos à consciência”, seja sob a forma do ataque soez. Ataques que denotam, nalguns casos uma profunda ignorância mas também denotam objetivos que vão muito para lá da luta concreta e conjuntural dos trabalhadores da SATA. 
O que nas últimas semanas se tem escrito e dito sobre os trabalhadores da SATA, sejam eles operadores de rampa ou pilotos, o que se tem dito e escrito sobre a empresa e sobre a aviação civil leva-me a concluir que temos na Região o maior número de especialistas em aviação comercial por quilómetro quadrado do Mundo. 
Com a recessão e o desemprego que assolam o País e a Região talvez esta seja uma boa oportunidade de exportar estes “experts” para as grandes companhias aéreas europeias e asiáticas, ou mesmo para as companhias “low cost”, mas atenção se a opção forem as “low-cost” talvez seja bom lembrar que também estes trabalhadores têm direito à greve e que o exercem nas datas que consideram mais convenientes, talvez seja bom lembrar que o modelo de negócio das “low-cost” não está ancorado nos baixos salários, aliás a massa salarial nestas empresas é, em tudo, semelhante à massa salarial da TAP e da SATA. O modelo de negócio está, desde logo, liberto de obrigações de serviço público e quando isso não se verifica têm direito a indeminizações compensatórias. Quanto recebe do erário público a Easy Jet para voar para a Madeira, é uma questão de verificarem. Mas não só, quem já utilizou o serviço das “low-cost” percebe que as obrigações para com os passageiros são substantivamente diferentes das que a SATA e a TAP estão obrigadas e, também percebe que a forma de operar destas companhias não se coaduna com a operação que a SATA Air Açores e a SATA Internacional prestam na Região.
Dir-me-ão que as tarifas praticadas pela SATA são elevadas e limitam o direito à mobilidade dos cidadãos. Direi, é verdade. É verdade e esse é um problema que urge ser resolvido, mas também direi que a solução nunca poderá passar por desmantelar a companhia aérea regional, a solução em minha opinião, eu que não sou nem pretendo ser um especialista nestas matérias, tem de ser construída com a companhia aérea regional, e não à margem dela.  
Ponta Delgada, 23 de Abril de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 24 de Abril de 2013, Angra do Heroísmo

Foto: João Pires, aeroporto de PDL

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O oceano que nos aparta


A recomendação ao Governo Regional, apresentada sob a forma de Projeto de Resolução, para a aquisição de um navio de transporte de passageiros, carga e veículos para ligar durante todo o ano as ilhas de Santa Maria e S. Miguel é mais uma daquelas propostas do PCP que, independentemente do destino que lhe foi dado, vai ser de certeza concretizada no futuro.
E vai sê-lo, mais cedo ou mais tarde, independentemente do Governo, das maiorias ou das ideologias que as conduzem, porque a proposta é uma evidência que resulta de uma necessidade sentida.
É evidente porque é inegável a importância estratégica do transporte marítimo na nossa Região. É evidente porque a proximidade e dimensão das ilhas de Santa Maria e São Miguel criam oportunidades que a Região não pode continuar a desbaratar.
Não haverá força política, organização ou cidadão que conheça minimamente os Açores, que possa, em consciência, negar que a ampliação da oferta de transportes marítimos é decisiva para o desenvolvimento regional. É minha convicção que a criação de uma ligação marítima regular, durante todo o ano, entre as ilhas de São Miguel e Santa Maria para transporte de passageiros, mercadoria e viaturas reúne, ainda que em surdina, um amplo consenso. Se, como julgo e ficou demonstrado durante a discussão da proposta, estamos de acordo em relação à necessidade, tal já não parece suceder em relação ao timing da criação desta ligação.
Alguns continuam a querer adiar o assunto mais um tempo enquanto voltam a estudar o óbvio, outros terão, eventualmente, diferentes prioridades para a criação de novas ligações e, outros hesitarão perante um investimento de algum vulto.
Sou um defensor do planeamento e, por conseguinte, defendo a necessidade de um Plano Integrado de Transportes – aéreos, marítimos e terrestres -, direi mesmo que é uma lacuna indesculpável da maioria que está há anos no poder e que, até agora, sempre preferiu ter “mão livre” para prometer ou realizar conforme as suas prioridades políticas.
Quando esse Plano chegar ao Parlamento regional, se ainda por lá estiver, terei toda a disponibilidade para o discutir e aprovar, desejo é que esse momento não seja remetido para as calendas e continue a ir de anúncio em anúncio, de promessa em promessa, de legislatura em legislatura.
Sendo favorável ao planeamento, como já afirmei, não considero, contudo, que essa seja uma razão suficiente para atrasar mais um projeto que é consensualmente reconhecido como essencial. Não discordo, pelo contrário apoio, a criação de um Plano Integrado de Transportes para a Região. Mas parece-me óbvio e incontestável que este consenso em torno da criação de uma ligação marítima entre as ilhas do Grupo Oriental terá forçosamente de estar contemplado nesse plano. Sendo assim não se percebe que a recomendação apresentada pelo PCP tenha sido reprovada. 
Planeie-se, estude-se, discuta-se, mas não atrasemos ainda mais o desenvolvimento das nossas ilhas. Este era o momento certo para uma decisão que colocasse em marcha o processo de aquisição de um navio para ligar as ilhas do Grupo Oriental, era o momento certo para que este projeto pudesse ser abrangido pelo próximo quadro comunitário de apoio, a possibilidade não se esgotou aqui mas, para quê perder mais tempo.
As virtualidades da proposta eram claras, o fomento de um mercado potencial na ordem de 140 mil pessoas, aproximando duas ilhas que sendo vizinhas têm estado distantes, teria óbvios resultados positivos em termos da criação de circuitos comerciais e turísticos, abrindo as portas para o estabelecimento de sinergias envolvendo os agentes económicos das duas ilhas. 
O desenvolvimento harmónico da Região tem de ser construído com nove unidades interligadas, acessíveis, unidas pela cultura e pela história, mas também por sólidas parcerias e circuitos trocas comerciais, com base no produzir local e consumir local, é justamente reforçando as ligações marítimas interilhas que construiremos uma Região coesa, multipolar, em vez da Região unipolar, concentrada e macrocéfala que temos tido nos últimos anos.
Ponta Delgada, 21 de Abril de 2013

Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 22 de Abril de 2013, Ponta Delgada

sábado, 20 de abril de 2013

Foi hoje, à tardinha


Entre as 18h e as 20h estive na Livraria Sol Mar. Era dia da apresentação da 2.ª edição do livro do Vamberto Freitas. O Imaginário dos Escritores Açorianos, agora editado pela Publiçor, com a estampa da “LETRAS LAVADAS”.
Com o Vamberto estiveram muitos amigos, os amigos das letras e outros, muitos outros. Foi um bom este regresso a S. Miguel.

Encontros


A semana do Plenário de Abril terminou ontem pelas 17h, mais coisa menos coisa, cheguei a hoje a S. Miguel ao princípio da tarde e ainda a tempo de estar com dois queridos amigos e professores. O tempo foi escasso, partiram para Lisboa a meio da tarde mas foi bom, mesmo muito bom estar algumas horas com a Ana Paula Beja Horta e com o Jorge Malheiros que vieram a Ponta Delgada participar no PANAZOREAN FESTIVAL. Uma vez mais o PANAZOREAN FESTIVAL coincidiu com um semana de Plenário da ALRAA o que, de todo me impediu de participar e de estar mais tempo com eles.
Só agora consegui chegar até aqui e confesso-vos que, estando satisfeito porque revi amigos de quem sinto a falta e com gostaria de privar com maior frequência, estou cansado. O trabalho parlamentar, por muito que possa e deva ser criticado, é muito exigente, não duvidem. Para quem, como eu, não tem companheiros(as) de bancada, não é nada fácil. Mas desolador mesmo é olhar para a comunicação social regional e constatar que as iniciativas que protagonizo em nome do PCP continuam a ser obliteradas ou, quando não são, diluem-se na opacidade das notícias generalistas onde se fica sem saber quem disse o quê, quem propôs, com que propósito, Enfim, nada a que não esteja habituado mas hoje talvez pela memória, pelo que ficou para trás e que me dava muito prazer, talvez por isso esta desvalorização me esteja a doer um pouco mais do que o habitual.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Madrugada bendita


Benedita 

Ditosa madrugada, Maria 
Como outras auroras tem Abril
Alvoradas que nos alentam, Maria
Tu és esperança, tu és futuro,
Num presente furtado ao povo de onde nasceste 
Por ti, Maria
As madrugadas de Abril vão de novo brilhar
E tu, Maria Benedita minha neta
Terás presente, terás futuro

Ponta Delgada, 8 de Abril de 2013

Irmã - hoje no Cineclube de Ponta Delgada


Minha Irmã Trailer Original

Um filme de Ursula Meier

Sinopse: Suíça. Simon (Kacey Mottet Klein) é um garoto de 12 anos que comete pequenos roubos em uma estação de esqui. Ele mora com a irmã, Louise (Léa Seydoux), e vende os produtos roubados para vizinhos do conjunto habitacional em que vive. Quando Louise perde o emprego, ela passa a depender dos ganhos do irmão. Só que o tempo passa e ela, sem perceber, fica cada vez mais dependente dele.

domingo, 7 de abril de 2013

Almada Negreiros - pelos 120 anos do seu nascimento


Em 2000, numa das duas deslocações que fiz a São Tomé e Príncipe, estive junto das ruínas da casa (Roça da Saudade, Trindade) onde nasceu à 120 anos José Sobral de Almada Negreiros. 

As sua obra é conhecida e uma das suas telas mais divulgadas será o retrato de Fernando Pessoa.












Almada Negreiros para além das artes plásticas destacou-se também como poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo e coreógrafo.
A sua vida foi marcada por uma preocupação central a procura do "ponto de Bauhütte"


O painel, gravado em pedra no átrio de entrada do edifício principal da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, foi uma das últimas obras de Almada Negreiros. O painel consiste na sobreposição de alguns traçados geométricos resultando numa construção geométrica intrincada, onde linhas rectas e linhas curvas se cruzam por um processo elaborado e criativo.   

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Uma questão de línguas


Li, há poucos minutos, uma notícia publicada nas redes sociais que, só podendo ser uma brincadeira de mau gosto, me deixou perplexo. Não vou reproduzir a notícia, fico-me apenas pelo título. Rezava assim: “Dilma aceita sugestão de Obama para fazer o inglês se tornar a língua oficial do Brasil”. Verifiquei a data, a publicação é antiga, Setembro de 2012, nem sequer coincide com o dia das mentiras, hoje sim, o dia da publicação deste texto é dia das mentiras, mera coincidência asseguro-vos, não vão pensar que se trata de uma brincadeira do autor.
A notícia para além de atónito deixou-me irritado, desde logo porque sendo uma notícia com já alguns meses, não tinha dado conta da sua publicação e, depois, Bem, e depois deixou-me profundamente preocupado. Mais do que a minha irritação e perplexidade quero partilhar convosco os motivos da minha preocupação, a confirmar-se a notícia desta opção de Dilma Rousseff, perante os efeitos que poderá causar no património do mundo lusófono.
Como se sabe, em Timor e Moçambique não faltam vozes e movimentos a quererem que o inglês seja adotado como língua oficial, sendo que em Timor o inglês, a Constituição timorense assim o consagra, é uma língua de trabalho e, Moçambique é membro, desde 1995, da Commonwealth. Agora é do Brasil que chega esta notícia.
Não tenho dúvidas da utilidade e das mais-valias, mais para os cidadãos que para os povos, que o bilinguismo pode potenciar e, no caso de o inglês ser a segunda língua essas vantagens são por demais evidentes. Mas daí a consagrar uma segunda língua, cultural e historicamente estranha, como língua oficial, tenho as minhas dúvidas e julgo que a língua materna viria, a prazo, a ser profundamente prejudicada com tal opção.
Posso perceber, compreendo sem fazer nenhum esforço, quer as opções de Timor, quer as opções de Moçambique, basta atentar ao contexto geográfico, político e económico em que esses dois países, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), se inserem para compreender, o mesmo não poderei dizer no caso de o Brasil vir a adotar o inglês como língua oficial em detrimento do português.
À medida que ia evoluindo no texto a pergunta tomou forma e não posso deixar de a colocar. Que importância dá Portugal à língua dos mais 240 milhões de lusófonos espalhados pelo Mundo, o que é, e para que serve a CPLP? 
Afinal era mais do que uma pergunta mas julgo que, qualquer delas, pertinentes, pelo menos para mim são duma atinência lancinante, tendo até em consideração o momento cinzento que se vive em Portugal e que, em boa parte, resulta de um eurocentrismo acrítico e do desperdício do acervo de conhecimento, em vários domínios das ciências – agricultura, geografia, medicina, etc. -, que Portugal acumulou durante o período da colonização e da história comum que durante vários séculos partilhámos com os povos dos países da CPLP.
Para as perguntas que fiz há certamente várias respostas, conforme o ponto de vista do observador. Eu também tenho a minha opinião e não é nada favorável à estratégia de Portugal, direi mesmo que Portugal se tem dado ao luxo de desperdiçar um dos seus maiores ativos, o português é só a sexta língua mais falada do Mundo, o inglês ocupa o quarto lugar. Quanto à CPLP a sua existência é mais do que justificada, contudo não passa de uma mera organização formal, já a sua ineficácia é intolerável face ao que poderia e deveria potenciar.
Ponta Delgada, 31 de Março de 2013

Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 01 de Abril de 2013, Ponta Delgada

Juliette Binoche - a abrir Abril







Esta parisiense fascina-me e é, como sabem, uma excelente e premiada atriz falo, é claro de Juliette Binoche.
Podem ver alguns dos seus desempenhos em "Chocolate", "Cópia Certificada" e "Bleu".
No sítio habitual podem encontrar outras fotos de Juliette
Votos de que Abril não deixe de o ser.