segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Hoje, como ontem, amanhã e sempre

O processo eleitoral teve ontem o seu desfecho. As opções dos cidadãos que participaram ditaram uma forte penalização eleitoral para o PCP e para o PEV. O PCP perdeu 4 deputados e o PEV perdeu 2, ou seja, neste último caso o PEV deixou de ter representação parlamentar.

O que traduzindo para os resultados da CDU significa que, no total, a quebra foi de 6 deputados.

Não vou procurar justificações, mais ou menos visíveis, para este resultado da CDU. Direi apenas que os eleitores penalizaram as forças políticas que abriram caminho, em 2015, à rutura do ciclo de austeridade e empobrecimento em que o país estava mergulhado e que deram corpo à recuperação de rendimentos, de direitos e da dignidade, mas também de alguns avanços sociais, para além de terem contribuído para um período de crescimento económico como já não se assistia em Portugal há, pelo menos, 19 anos. E tudo isso se fica a dever aos partidos agora penalizados eleitoralmente. Muito ficou por concretizar e os sinais de que o partido, que os portugueses beneficiaram eleitoralmente, quer inverter o rumo que vinha a ser seguido.


Não espero concordância com esta afirmação e muito menos qualquer tipo de manifestação de arrependimento pelas opções eleitorais que contribuíram para os resultados da CDU e para a maioria absoluta que nos vai governar. A informação estava disponível e tenho como bom que os meus concidadãos estão atentos, sabem interpretar o que lhes é dito, bem assim como desconstruir as tentativas de indução, de uma determinada opção eleitoral, que os comentadores e estudos de opinião regurgitaram até à exaustão na última semana de campanha eleitoral.


Estava tudo lá, só não leu os sinais quem não quis.

A luta do PCP não se esgota na intervenção institucional, nem nas batalhas eleitorais. Se são importantes os resultados eleitorais, claro que são, pois, permitem ao PCP intervir ao nível institucional. Mas não se iludam, a luta e intervenção do PCP não se esgota no parlamento, por isso dizemos, que os resultados não nos desalentam, nem nos derrubam. 



O PCP enfrentou 48 anos de ditadura e não tinha deputados, tinha presos nas cadeias fascistas, o PCP lutou por uma revolução democrática e nacional que se concretizou a 25 de abril de 1974.

O resultado eleitoral da CDU nos Açores acompanhou a tendência nacional de descida relativa e absoluta de votos. Como no resto do país, não foi por demérito dos candidatos, bem pelo contrário, que a CDU nos Açores foi penalizada eleitoralmente. Quem corporizou esta candidatura fê-lo com responsabilidade, empenho e sentido de intervenção cívica e política.


A Marta, o Horácio, a Noélia, o Else, a Dulce, o Paulo, a Vera, a Maria, o André e a Judite protagonizaram uma campanha de esclarecimento e mobilização a favor da CDU e de apelo à participação política e eleitoral. A candidatura contou com a organização do PCP e o contributo dos seus militantes e simpatizantes. 


Reconheço publicamente, enquanto Mandatário Regional da candidatura da CDU, o meu apreço e respeito por todos eles. Num quadro político complexo e do qual todos tinham consciência demonstraram coragem, é preciso tê-la, conhecimento e ligação às suas comunidades.

A candidatura da CDU soube, apesar da dispersão territorial, funcionar como um coletivo em permanente ligação à organização do PCP através do seu Coordenador Regional, o Marco Varela.




Deixo-vos, queridos camarada e amigos, este pequeno texto de Vladimir Maiakóvski que traduz o sentimento que me domina e, por certo, é comum a todos nós.







"Que os meus ideais sejam tanto mais fortes quanto maiores forem os desafios, mesmo que precise transpor obstáculos aparentemente intransponíveis. Porque metade de mim é feita de sonhos e a outra metade é de lutas."








Hoje, como ontem, amanhã e sempre sairemos à rua armados com este sonho transformador continuaremos a estar ao lado da luta dos trabalhadores e das populações dos Açores, ao lado da luta por um Mundo melhor, um Mundo mais justo.


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 31 de janeiro de 2022


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

o bem mais precioso

foto by Tiago Redondo
Quem passou pela “Sala de Espera” do dia 12 de janeiro entrou, leu e conversou. Sim, conversou.

Uma querida amiga e leitora teve a amabilidade de me recordar que as antigas salas de espera eram, também, locais onde se conversava, por vezes em surdina, mas igualmente de forma a que todos ouvissem e pudessem participar no diálogo, se assim o entendessem. O meu regresso às colunas do jornal e a leitura do texto que abriu esta “Sala de Espera” gerou algumas conversas, umas públicas outras privadas (em surdina), o que me deixou satisfeito, permitam-me este registo, pois, quando conseguimos atingir o propósito só podemos ficar animados e com redobrada vontade de continuar a conversar convosco e a ouvir o que têm para dizer. 

Estamos a poucos dias de eleger 230 deputados para a Assembleia da República, cinco são eleitos pelo círculo dos Açores. Não sendo uma obrigação referir a questão eleitoral é, contudo, incontornável que neste espaço, sem fronteiras nem verdades absolutas, e neste momento, não deixe um registo que pretendo seja, apenas, um pequeno contributo para irmos votar. Votar onde cada um entender por bem, mas votar. 

foto by Madalena Pires

A abstenção sendo uma opção não serve nenhum intento pois, não retira legitimidade formal às eleições e não contribui, em nada, para mudar o que quer que seja. Quem se abstém delega a sua responsabilidade, valida os resultados eleitorais e certifica as políticas e os políticos que, os abstencionistas, tanto criticam. Por outro lado a liberdade, a autonomia e a democracia precisam de cuidados diários, como fazemos com um jardim que queremos sempre florido e viçoso. E participar é cuidar! Cuidar do presente e do futuro que queremos para nós e para os Açores, para o nosso país e para o mundo.


O voto útil, só é útil para o partido ou coligação que o recebe, ou seja, todas as opções são úteis. Importante mesmo é perceber a utilidade que cada partido ou coligação dá ao voto dos eleitores. Essa sim é a grande questão que os cidadãos devem considerar quando constroem a sua opção de voto.

E por aqui me fico no que diz respeito às eleições de 30 de janeiro. Depois do ato eleitoral é provável que venha a tecer algumas considerações sobre os resultados e os seus efeitos no nosso futuro próximo.

Não é de agora, sempre fui assim. Quando os lugares que intimam à quietude, naturais ou não, se enchem de ruído escapo-me furtivamente e procuro lugares do silêncio. Quando quero ruído e multidões, o que raramente acontece, procuro e vou, mas não gosto que me os imponham. Não faltam por aí lugares cheios de gente e onde a música e as palavras, numa amálgama de sons, abafam e anestesiam os sentidos. Não me dá prazer não sentir, ou ser induzido artificialmente em estados de euforia. 

foto by Aníbal C. Pires
Evito, mas nem sempre consigo furtar-me a umas idas para o seio da confusão de palavras gritadas e música muito acima dos decibéis aceitáveis para o ouvido humano. Raramente me divirto ou retiro algum prazer deste tio de atividade, digamos, lúdica. Há quem goste e se divirta, eu nem por isso. Respeito esta como outras opções de vida, mas na procura de dar utilidade ao tempo, o bem mais precioso da vida, prefiro os lugares do silêncio. Ler, escrever, ouvir música, uma amena cavaqueira numa roda de amigos, cinema, caminhar no verde e respirar azul, estar comigo (faz-me tão bem), procurar informação alternativa às “verdades” do mainstream (fundamental para a minha sanidade mental). Estas são algumas formas com que ocupo o meu tempo, não para que ele passe depressa, mas para lhe dar utilidade e com as quais me deleito.

Não pretendo impor formas de ser e estar na vida. Cada um de nós deve escolher, a cada momento, o que mais lhe aprouver para dar utilidade ao seu tempo e o caminho que quer percorrer, sem por em causa o bem-estar e as opções de terceiros. Eu continuo a escolher o meu caminho procurando, sempre, somar momentos de prazer à vida. Ou dito de outra forma procuro ser feliz pelo caminho e não no fim da caminhada.

Não esperem pela chegada ao destino para encontrarem a felicidade, sejam felizes durante o percurso. A felicidade é mais o que colhemos durante o caminho do que algo que encontramos no fim da caminhada.

Ponta Delgada, 25 de janeiro de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 26 de janeiro de 2022


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

pequenos prazeres

foto by Madalena Pires



Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos




(...) Há quem goste e se divirta, eu nem por isso. Respeito esta como outras opções de vida, mas na procura de dar utilidade ao tempo, o bem mais precioso da vida, prefiro os lugares do silêncio. Ler, escrever, ouvir música, uma amena cavaqueira numa roda de amigos, cinema, caminhar no verde e respirar azul, estar comigo (faz-me tão bem), procurar informação alternativa às “verdades” do mainstream (fundamental para a minha sanidade mental). Estas são algumas formas com que ocupo o meu tempo, não para que ele passe depressa, mas para lhe dar utilidade e com as quais me deleito. (...)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

escolhas

 

foto by João Pires

(...) os lugares enchem-se de ruídos e eu procuro silêncios. (...)


Aníbal C. Pires, setembro de 2018

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Declaração de intenções

imagem retirada da internet
Há três anos interrompi a publicação de textos de opinião na imprensa regional. Foi uma decisão pessoal, como pessoal é este retorno às páginas do Diário Insular (DI) que sempre manteve a porta aberta para o meu regresso. Não posso deixar de agradecer a disponibilidade do DI para, de novo, me acolher. Nada que me espante pois, quando em 2009 outros me dispensaram, foi o DI que me facultou espaço e, até janeiro de 2019, me publicou. Ficam, assim, os meus respeitos à Direção do DI e a todos os seus trabalhadores.

Esta “Sala de Espera” terá regularidade quinzenal e pretende trazer aos leitores do DI opinião aberta sobre temas sem fronteiras, nem verdades absolutas. Ficarei satisfeito se ao saírem da “Sala de Espera” se sintam impelidos a “dialogar” com o autor procurando refutar argumentos, apresentar outros pontos de vista. Enfim que a curta permanência, como convém em qualquer “Sala de Espera”, não vos deixe indiferentes, nem deem por mal empregue o vosso tempo. Este é o meu propósito.

Numa sociedade híper mediatizada e centrada no acessório a escolha dos títulos revela-se fundamental para atrair a atenção dos potenciais “clientes”, neste caso os leitores. Esta coluna tem por título “Sala de Espera”, e o leitor mais atento já estará a opinar: bem podias ter escolhido outro para a tua coluna pois, este é pouco, ou nada, apelativo. É verdade. As salas de espera, ou a memória que delas temos, remetem-nos para espaços onde aguardamos por alguém, ou alguma coisa e, esperar não é uma atividade agradável, por outro lado as salas de espera são (ou eram) lugares pouco confortáveis, diria mesmo, que as salas de espera são (ou eram) lugares inóspitos, ou seja, lugares onde não queremos permanecer por muito tempo, mas todas as salas de espera têm (ou tinham) algumas revistas e jornais para que, quem aguarda possa “matar” o tempo com a leitura de um ou outro texto cuja ilustração ou título despertasse mais atenção.

imagem retirada da internet
As salas de espera são (ou foram) locais onde se lê (ou lia) e foi essa a razão, e não outra, que esteve na origem do nome que dou a este espaço de opinião que se espera seja lido. Não era bem esta a designação era uma outra, segundo os cânones atuais, talvez servisse melhor o objetivo, mas discriminava e esta coluna não pretende excluir ninguém.

“Lounge” seria, de longe muito mais adequado aos nossos tempos e, sem dúvida, mais convidativo para entrar e fruir do espaço, mas, convenhamos, discriminatório e, por outro lado as salas de espera evoluíram e já não são o que eram, pelo menos algumas.

Como outros espaços as salas de espera também se foram transformando, algumas são tão cómodas como os “lounges”, ainda que sem a disponibilidade de todas as facilidades e serviços que alguns “lounges” dispõem, mas cada vez mais, quem tem antecâmaras para receber clientes, investe na melhoria das suas condições procurando dar conforto a quem espera.

imagem retirada da internet
É a evolução, o progresso e a necessidade de modernizar para competir nos mercados em crescente concorrência. Sim, obviamente, a evolução das salas de espera está relacionada com essas premissas, mas não é só. Existe uma questão, bem mais prosaica, que justifica o investimento no conforto e disponibilização de outros “serviços” nas salas de espera: a minimização dos efeitos do tempo de espera na observação da eficácia dos serviços de atendimento e, particularmente, dos serviços que se aguardam para lá da antecâmara.

Quanto maior for o tempo de espera mais tempo tem o cliente, desde logo, para se aborrecer/irritar, mas também para observar o funcionamento da organização. Se o tempo de espera for para lá do aceitável (continua a acontecer) mais tempo terá o cliente, aborrecido/irritado, para detetar falhas nos serviços o que poderá ter como consequência, se a avaliação for negativa, nunca mais regressar. Proporcionar aos clientes conforto e a disponibilização de alguns serviços, para além das revistas e jornais, como sejam televisão e sinal aberto para aceder à internet induz no cliente, que aguarda atendimento, uma sensação de bem-estar e distração que dissipa eventuais avaliações negativas. Afinal foi tão bem acolhido que a qualidade dos serviços é, por vezes, remetida para um plano secundário.

Explicada que está a opção pelo título desta coluna de opinião resta-me tentar transformar, sem artifícios, este espaço num “lounge” onde todos tenham lugar. É essa a minha intenção, a avaliação fica, como sempre, a vosso cargo.

Ponta Delgada, 11 de janeiro de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular 12 de janeiro de 2022

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

... propósitos

foto by Aníbal C. Pires




Passados 3 anos estou de regresso à imprensa regional.

Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual também aqui, no blogue momentos





(...) Esta “Sala de Espera” terá regularidade quinzenal e pretende trazer aos leitores do DI opinião aberta sobre temas sem fronteiras, nem verdades absolutas. Ficarei satisfeito se ao saírem da “Sala de Espera” se sintam impelidos a “dialogar” com o autor procurando refutar argumentos, apresentar outros pontos de vista. Enfim que a curta permanência, como convém em qualquer “Sala de Espera”, não vos deixe indiferentes, nem deem por mal empregue o vosso tempo. Este é o meu propósito. (...)



sábado, 1 de janeiro de 2022

Judite Barros Costa - a abrir janeiro

Lindas são as mulheres que lutam.

O “momentos” abre o mês de janeiro e o ano de 2020 como uma mulher de personalidade forte e profundamente enraizada na sua comunidade. 

Uma personalidade social, cultural e profissionalmente empenhada, uma personalidade que de forma desprendida tem dado o seu contributo para que o nosso porvir coletivo possa ser diferente, possa ser mais justo. 

Uma personalidade que transporta consigo a chama da esperança num Mundo melhor e que acredita que é possível travar o avanço de velhos fascismos, ainda que vestidos com as “novas” roupagens das democracias liberais.

É de uma mulher dinâmica e determinada que vos falo.

É da professora, da dirigente cultural e sindical, e da ambientalista que vos falo.

É da cidadã de corpo inteiro que vos falo. 

É uma mulher que coloca e tem colocado, em todos os aspetos da sua vida, os princípios e valores da esquerda, a esquerda sem rótulos ou acessórios anódinos. 

É a minha amiga, colega e camarada Judite Barros da Costa.

A Judite tem 52 anos, é natural de Ponta Delgada, reside na Ribeira Grande, é Licenciada em Línguas e Literaturas Clássicas, pós-graduada em Literatura Portuguesa e Mestre em Cultura e Literatura Portuguesas. É docente na Escola Secundária da Ribeira Grande e dirigente do Sindicato dos Professores da Região Açores.

A Judite é a cabeça de lista da candidatura da CDU, pelo círculo eleitoral dos Açores, às eleições de 30 de janeiro de 2022 para a Assembleia da República.


Aníbal C. Pires – Mandatário Regional da CDU pelo círculo eleitoral dos Açores.