Passou sensivelmente um ano desde que o Governo, tardia e relutantemente, acabou por reconhecer que a tal crise “que chegaria mais tarde aos Açores e que se iria embora mais cedo”, tinha afinal chegado. A crise estava instalada muito antes de ser “decretada” e não tem dado sinais de se ausentar nem mais, nem menos depressa como profeticamente foi anunciado.
Quase um ano passou sobre a criação de um pacote de medidas para combate à crise e aos seus efeitos. É, portanto, tempo de se proceder a um balanço da sua eficácia.
Os dados e indicadores necessários para este balanço aí estão e são claros para todos os que os quiserem ler sem a cegueira do dogmatismo.
O grau de endividamento das empresas e das famílias, a retracção da produção e do consumo, o crescimento do desemprego, são indicadores reais e não há cenários de confiança ancorados na excitação da alta bolsista, das últimas semanas, que os disfarcem.
Os que acenam como sinal de confiança e retoma a recuperação de que se tem verificado nas principais bolsas onde se desenvolve a economia virtual, como sendo um indício infalível da ansiada recuperação da economia real, demonstram que nada aprenderam com o desastre global que vivemos, pensando provavelmente, que tudo voltará a ser como dantes, com os sectores especulativos a continuar a desbaratar a riqueza das nações por tóxicas fantasias financeiras, a troco da miséria de mais metade dos habitantes do planeta.
A verdade que temos de enfrentar é que, não só a crise não está debelada, nem controlada, nem terminada, como na verdade se aprofunda. O que temos de assumir é que muitas das medidas tomadas se revelaram completamente insuficientes.
O ritmo de destruição de emprego na Região atinge níveis alarmantes em todas as áreas de actividade, nomeadamente, nos serviços e entre os trabalhadores qualificados. O brutal aumento do desemprego e as expectativas pessimistas que, quer a União Europeia, quer a OCDE, tornaram públicas sobre a sua evolução para o ano de 2010 exigem políticas concretas, eficazes e assertivas para contrariar esta tendência negativa. Uma tendência que põe em causa qualquer pretensão de desenvolvimento harmonioso, qualquer esperança de avançarmos no caminho da tão desejada coesão social, territorial e económica.
Por outro lado, os rendimentos dos trabalhadores açorianos, apesar dos mecanismos existentes, em termos de fiscalidade e de acréscimos salariais, continuam a apresentar valores substancialmente inferiores aos dos seus congéneres continentais. A pobreza e a exclusão social são uma realidade em curva ascendente da qual, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista humano, não nos podemos alhear metendo, como essa magnífica ave que dá pelo nome de avestruz, a cabeça na areia.
Em tempo de discussão do Plano e do Orçamento Regional para o ano de 2010 são necessárias novas políticas de investimento que valorizem o trabalho e os trabalhadores. Políticas que coloquem as pessoas antes dos lucros.
Quase um ano passou sobre a criação de um pacote de medidas para combate à crise e aos seus efeitos. É, portanto, tempo de se proceder a um balanço da sua eficácia.
Os dados e indicadores necessários para este balanço aí estão e são claros para todos os que os quiserem ler sem a cegueira do dogmatismo.
O grau de endividamento das empresas e das famílias, a retracção da produção e do consumo, o crescimento do desemprego, são indicadores reais e não há cenários de confiança ancorados na excitação da alta bolsista, das últimas semanas, que os disfarcem.
Os que acenam como sinal de confiança e retoma a recuperação de que se tem verificado nas principais bolsas onde se desenvolve a economia virtual, como sendo um indício infalível da ansiada recuperação da economia real, demonstram que nada aprenderam com o desastre global que vivemos, pensando provavelmente, que tudo voltará a ser como dantes, com os sectores especulativos a continuar a desbaratar a riqueza das nações por tóxicas fantasias financeiras, a troco da miséria de mais metade dos habitantes do planeta.
A verdade que temos de enfrentar é que, não só a crise não está debelada, nem controlada, nem terminada, como na verdade se aprofunda. O que temos de assumir é que muitas das medidas tomadas se revelaram completamente insuficientes.
O ritmo de destruição de emprego na Região atinge níveis alarmantes em todas as áreas de actividade, nomeadamente, nos serviços e entre os trabalhadores qualificados. O brutal aumento do desemprego e as expectativas pessimistas que, quer a União Europeia, quer a OCDE, tornaram públicas sobre a sua evolução para o ano de 2010 exigem políticas concretas, eficazes e assertivas para contrariar esta tendência negativa. Uma tendência que põe em causa qualquer pretensão de desenvolvimento harmonioso, qualquer esperança de avançarmos no caminho da tão desejada coesão social, territorial e económica.
Por outro lado, os rendimentos dos trabalhadores açorianos, apesar dos mecanismos existentes, em termos de fiscalidade e de acréscimos salariais, continuam a apresentar valores substancialmente inferiores aos dos seus congéneres continentais. A pobreza e a exclusão social são uma realidade em curva ascendente da qual, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista humano, não nos podemos alhear metendo, como essa magnífica ave que dá pelo nome de avestruz, a cabeça na areia.
Em tempo de discussão do Plano e do Orçamento Regional para o ano de 2010 são necessárias novas políticas de investimento que valorizem o trabalho e os trabalhadores. Políticas que coloquem as pessoas antes dos lucros.
Aníbal C. Pires, IN A UNIÃO, 30 de Outubro de 2009, Angra do Heroísmo