segunda-feira, 30 de junho de 2008

A febre neoliberal

A inexistência de uma política regional de transportes aéreos e marítimos de passageiros e mercadorias está na origem de uma sucessão de erros cometidos pelo governo regional que põem em causa a gestão dos dinheiros públicos e o mau serviço prestado aos cidadãos e aos agentes económicos, pelos diferentes prestadores desses serviços.
É incompreensível, para além de ser caro, que a Região não disponha dessa política e dos planos estratégicos para o sector onde, claro está, a SATA ocupa um papel e uma preocupação central.
A onda de privatizações que se tornou dogma dos governos do PS com o conluio do PSD, pois quanto a esta e outras opções políticas as diferenças são muito ténues se é que chegam a existir, levaram à privatização do Banco Comercial dos Açores, hoje BANIF, Açores, com custos elevados para a receita pública. Senão, vejamos! Sendo um banco público, os resultados líquidos eram receita regional que, eventualmente, seriam a preços reais e inferiores aos que a gestão de Horácio Roque hoje apresenta. Mas… será que a receita fiscal que é arrecadada pela região, resultante da tributação do BANIF, é a preços reais, superior à receita que a região arrecadava quando o BCA era o banco dos açorianos!? Julgo que não e gostaria de ver esta afirmação desmentida com a respectiva demonstração financeira mesmo sem contabilizar as perdas indirectas, pois o serviço não melhorou qualitativamente. Pelo contrário, ao invés dos custos e taxas que os clientes hoje têm de pagar, encareceram substancialmente.
O mesmo se poderá aplicar à EDA que, não estando totalmente privatizada, para lá caminha. Mas isso, claro que só depois das eleições de Outubro porque agora não é o “timing” apropriado, assim como não o é para pôr em prática a segmentação da SATA.
Quanto à EDA, a parte privada cabe quase exclusivamente ao grupo Bensaúde, o que não seria relevante se não fosse o facto de as centrais térmicas utilizarem “fuelóleo” para a produção de energia eléctrica e o referido grupo deter o monopólio da venda deste combustível. Pois é! Muita coincidência… O serviço e o custo final é o que sabemos: um desceu na qualidade e o outro é o que os consumidores conhecem.
A febre liberal e privatizadora têm como alvos próximos a liberalização dos céus para o transporte aéreo e a privatização da SATA. A transformação da SATA, EP em SATA, SA foi um passo para abrir caminho, primeiro para a segmentação e depois, num horizonte não muito longínquo, para a sua privatização.
A privatização, ao contrário daquilo que nos é incutido na generalidade dos casos, não é sinónimo de melhoria da qualidade do serviço nem diminuição do custo final do produto ou serviço.
O exemplo do que acabei de afirmar é perfeitamente compreensível, quando nos lembramos do tempo de espera da bagagem no aeroporto de Lisboa. Desde que uma tal “Groundforce” iniciou o serviço de “handling”, dificilmente esperamos menos de 45 minutos pela primeira mala. A “Groundforce” é nem mais nem menos que uma empresa que resultou da segmentação da TAP. É isto que está anunciado para a SATA: a segmentação na SATA Handling e na SATA Serviços. Qual é a vantagem!? Nenhuma. Qual é o objectivo? Preparar a empresa para a privatização.
Afinal, é bem capaz de haver uma política e um plano estratégico para os transportes aéreo e marítimo! Plano de onde decorrem os maus serviços e a má gestão dos dinheiros públicos, bem visíveis nas opções na aquisição das frotas marítima e aérea e na qualidade dos serviços prestados.
Quanto à liberalização do espaço aéreo, que melhor exemplo da sua falência do que a Madeira? E a Madeira até tem aquilo a que se costuma chamar escala de mercado. Coisa que nós, pela nossa dimensão e dispersão geográfica, não temos e dificilmente viremos a ter.

sábado, 28 de junho de 2008

Há quem ache que sim...! Que isto é o futuro, que isto é desenvolvimento.

Aspecto do ciclo de uniformização da urbe.


Ou, como o prefiro designar a "funchalização" de Ponta Delgada e a "jardinização" do exercício do poder político nos Açores.

Há quem ache que sim... que isto vale a pena

Barreiras!
Dinheiros públicos... iniciativa privada.
Onde está o investimento no sector produtivo!?
Para quando as pessoas?

A Calheta de Pêro de Teive foi-se...


Que diria o eng. José Cordeiro daquela "coisa" que lhe plantaram em frente.

Tiraram mais um pedaço de céu ao horizonte

Vista de uma cidade em acentuado processo de "funchalização".

Em cartaz um novo "remake"

Sem comentários!

Mas lá que merece uma reflexão, lá isso merece.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Europa do nosso (des)contentamento

No momento em que escrevo não sei qual será o desfecho de mais uma edição da festa do futebol europeu. Sei quem são os finalistas e o meu apoio tende para os “nuestros hermanos” que, numa das meias-finais, cilindraram a equipa da Rússia. A selecção nacional ficou-se pela preparação da festa. Após um bom início, que uma vez mais nos fez acreditar que desta é que era, caiu aos pés de uma Alemanha discreta, mas eficaz.
Durante a realização do Europeu de futebol tiveram lugar algumas alterações no quadro das políticas europeias que vão afectar, a curto prazo, as relações laborais e as políticas de imigração o espaço comunitário. Aconteceu, apesar da exacerbada alienação mediática do futebol e novela, a iniciativa das transportadoras rodoviárias que em pouco mais de 2 dias deixou a capital sem combustíveis e com escassez de géneros alimentares, aconteceu aquilo que já se tornou uma imagem de marca de José Sócrates, sempre que sai da residência oficial, em S. Bento, tem à espera, nos mais recônditos rincões ou, nos espaços públicos mais conhecidos, um grupo de pessoas que lhe demonstra o desagrado sobre as políticas do seu governo. José Sócrates, ganhou o estatuto de figura pública que mais portugueses consegue mobilizar na contestação à sua governação. É obra! Pois o povo português devido a razões de ordem cultural e, quiçá, genética não é muito propenso a manifestar na praça pública o seu descontentamento.
Agora que o futebol foi para férias e mesmo na modorra do Verão depressa verificaremos que a Comissão Europeia nos quer a trabalhar até 65 horas por semana, que o Banco Central Europeu aumentou os juros, que foi aprovada uma Directiva Europeia que acentua a criminalização dos imigrantes e facilita a sua expulsão, ou seja medidas tomadas enquanto discutíamos a ida do Sr. Scolari para o Chelsea e os contratos milionários das estrelas da nossa selecção. Ah! Estão, também, a decorrer os exames nacionais que deixam anualmente os nossos jovens à beira de um ataque de nervos mas que este ano, ao que consta, até nem tem sido muito crítico pois o grau de dificuldade não tem nada de comparável com o passado. Até já se diz nas escolas que isto visa mais um ataque aos professores, ou melhor, que esta aparente diminuição do grau de dificuldade dos exames tende a justificar as tão contestadas políticas educativas.
Más-línguas, é claro! Quem é que se iria lembrar de uma coisa destas!? Justificar as tão contestadas políticas com a melhoria artificial dos resultados das provas de exames nacionais.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Viagens virtuais... riscos reais

Os utilizadores das novas tecnologias de informação e comunicação pesquisam e acedem à informação que desejam tendo a liberdade de escolher e de a confrontar com diferentes versões da mesma realidade. Esta é, sem dúvida, uma vantagem e, principalmente, uma alternativa à informação formatada que nos entra em casa pelas televisões e pelas rádios, pouco independentes, com uma visão unilateral do que se passa no País e no Mundo e, mormente, com graves omissões que escondem e escamoteiam visões diferentes da nossa contemporaneidade.
Isto, claro está, se a pesquisa não se direccionar para os sites e portais das grandes corporações que dominam o mercado da informação e comunicação. Se assim for teremos mais do mesmo.
Para além do acesso livre à informação os utilizadores da Internet recebem nas suas caixas de correio virtuais, informação avulsa, denúncias, apelos à mobilização em abaixo assinados ou para a defesa de causas ambientais, sociais, etc.
As potencialidades da Internet vão muito para além das que referi e com inúmeras vantagens para quem domina esta nova tecnologia – os sites pessoais, os blogues, os grupos temáticos de discussão possibilitam a livre discussão e a circulação de ideias.
Importa, por tudo o que ficou dito, que a entrada neste mundo virtual, onde podemos encontrar de tudo, seja feita com espírito crítico fundado numa sólida preparação académica que permita a descodificação de conteúdos e a sua validade.
A Escola está fortemente desperta para dotar as crianças e jovens dos saberes que lhes permitem a utilização destas ferramentas não está, porém, tão apostada, como deveria estar, em formar os seus aprendizes para as viagens no mundo virtual que, como qualquer viagem, encerra alguns perigos.

domingo, 22 de junho de 2008

Será da modernidade de que tanto nos falam!?

Recebi há “momentos” um mail de uma cidadã sob a forma de grito de desespero e pedido de ajuda na salvaguarda de Ponta Delgada, dos seus largos, das suas praças, enfim daquilo que torna esta cidade diferente e lhe confere identidade pela memória do património construído com parcimónia, equilíbrio e harmonia.
Quanto ao grito de desespero só posso fazer coro e gritar também!
Quanto ao pedido de ajuda dirigido a alguém que ponha cobro à destruição desta cidade e desta região na ânsia de uma uniformização que só poderá conduzir ao esgotamento do destino turístico Açores. A esse pedido de ajuda dirigido a alguém, tenho a dizer, e lamento desiludi-la mas… não há um “alguém” que acabe com isto.
Teremos mesmo de ser nós e não uma qualquer entidade ou ser superior.
Só se poderá por cobro às aberrações como a do largo de S. João ou daquela monstruosidade que está a ser erguida na Calheta de Pêro de Teive quando os cidadãos o quiserem. Um querer colectivo e crítico de muitos “alguéns” que dê força a quem tem vindo a “gritar” contra as soluções arquitectónicas que descaracterizam a cidade e, sobretudo contra os “donos da obra”, seja a Câmara Municipal ou o Governo Regional.
Agora um largo, amanhã uma praça, depois um jardim… logo mais a linha do horizonte!

Cultura é liberdade

Ser professor foi, em tempos, um prazer e esperança mais do que o exercício de uma profissão, ser professor é - era, deveria ser – caminhar pela vida de mãos dadas com a liberdade que só o conhecimento e a cultura conferem e, mormente, dotar os jovens aprendizes de cidadão dos instrumentos que lhes permitam libertar-se do espectro da eterna canga da servidão e da dominação.
Ser professor, hoje, é desilusão e sacrifício! Pelo que foi subtraído à essência da profissão docente mas, particularmente, pela unilateralidade da cultura do consumo, importada por uma clique dirigente sem valores a não ser a sua satisfação pessoal e imediata e para quem os cidadãos não passam de uma imensa mole de consumidores e produtores que convém manter acríticos e sob o jugo da servidão. Este é o papel da Escola de hoje como o foi durante a ditadura fascista, uma Escola reprodutora de desigualdades sociais e económicas que insiste em privar os cidadãos do acesso à liberdade que só a cultura e o conhecimento lhes pode conferir.
A liberdade individual só se completa com cultura, dito de outra forma e à maneira de José Marti: “ser culto é o único modo de ser livre”.
As soluções regionais e nacionais para responder à ineficácia e à insatisfação generalizada do papel da Escola na sociedade actual não passam de uma mera maquilhagem para satisfazer estatísticas. Não há abandono nem insucesso escolar no ensino básico! Porque será que eu não estou satisfeito!? Apenas para ser contra? Não, aliás teria todo o gosto em reconhecer, se fosse caso disso, que as vias diferenciadas de ensino são uma solução e não um paliativo ou, que o modelo de avaliação dos alunos do ensino básico fomenta a valorização dos percursos de aprendizagem ao invés de privilegiar momentos de medição de saberes empurrando os docentes exclusivamente para a preparação dos alunos para a realização de exames ou provas de aferição ou, ainda, que à concentração de escolas em gigantescas unidades orgânicas tivessem presidido razões de ordem pedagógica ao invés das motivações económicas na sua perspectiva mais redutora, ou seja, sem considerar as pessoas, a coesão social e a coesão territorial.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Abril está por cumprir... também no Corvo

A novela que há algumas semanas de desenrola na ilha do Corvo teve mais alguns desenvolvimentos e agora que o ex-presidente do Conselho Executivo resolveu vir a terreiro começam a deslindar-se alguns dos contornos desta, tão interessante como maquiavélica, trama.
Como é possível, passadas mais de três décadas sobre a Revolução de Abril e da Autonomia Regional, depois de 20 anos de governos do PSD e quase 12 de governos do PS, viver-se um clima de ingerência, de coacção, diria mesmo de autêntico caciquismo, naquela ilha e à volta da eleição para o Conselho Executivo da pequena escola que serve aquela população.
Que interesses tem o Governo Regional para se estar a intrometer num processo eleitoral que já foi validado duas vezes pela comunidade educativa!?
Afinal temos ou não um modelo de gestão democrática!?
Era bom e, sobretudo, desejável que a opinião pública regional fosse devidamente esclarecida sobre o que se tem passado na ilha do Corvo, qual o papel que alguns membros do governo têm tido nesta rocambolesca novela e qual o verdadeiro objectivo da sua intromissão!?

Propaganda enganosa

Hoje, ao fim da tarde, abri maquinalmente a caixa de correio e, como de resto é habitual, verifiquei que a correspondência do dia já tinha sido levada pela minha mulher ou, pelo meu filho mas, num olhar mais atento vi, no fundo da caixa metálica, que um pedaço de papel rectangular, de cor laranja bordeado a branco, tinha ficado esquecido. Ao retirá-lo para o colocar no lixo, pensando tratar-se de publicidade comercial não solicitada, verifiquei ser uma peça de propaganda do PSD assinada pelo Dr. Costa Neves. Trouxe comigo e depois de ler e manusear atentamente o documento de propaganda, é justo que o diga, reconheço que tecnicamente é uma peça de publicidade bem concebida e conseguida.
Tratava-se, porém, como a maior parte da publicidade bem concebida e conseguida (há excepções, claro que sim), de publicidade enganosa.
A primeira frase do líder laranja é incorrecta, não tem rigor, diria mesmo que é uma descarada mentira com que pretende induzir os eleitores (clientes) a comprar “gato por lebre”.
Em Outubro, os açorianos vão eleger novos deputados. Ao invés do que é afirmado na dita peça de propaganda.
Quer queiramos quer não! Quer gostemos ou, não! A verdade é que o governo da Região não é eleito. O governo regional e o seu presidente são produto de um resultado, de uma indigitação e, finalmente, de uma nomeação. Os representantes do povo açoriano são os deputados eleitos nas candidaturas dos diferentes partidos e coligações. O partido mais votado será, então, convidado a formar governo.
O PS e o PSD, até aqui são bem semelhantes, insistem em mentir aos açorianos ao tentarem, por via da propaganda enganosa, transmitir a ideia de que o presidente e o governo regional resultam de uma eleição directa.
Confiar o voto a quem, desde logo, começa por ser pouco rigoroso na formulação do verdadeiro objecto eleitoral, que é a eleição de deputados, é apostar na continuidade de um modelo de desenvolvimento que assenta em falsas premissas logo, o resultado não pode ser bom.
Se Costa Neves e Carlos César quiserem ser rigorosos devem dizer aos açorianos: que se os seus partidos vierem a ganhar as eleições de Outubro eles serão as personalidades indicadas para formar o executivo regional. Outro tanto se aplica a qualquer outro partido ou coligação que concorra a todos os círculos eleitorais, ou seja, que reúna as condições para poder eleger a maioria dos deputados
Vamos esperar que o povo açoriano decida e eleja um novo quadro parlamentar. E, vamos, sobretudo, discutir ideias e projectos.
Deixem-se de publicidade enganosa, para tanto, já nos basta a publicidade comercial.
Espera-se dignidade e seriedade na disputa eleitoral que já está em marcha e que culminará em Outubro com a eleição de 57 deputados regionais.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Talvez seja por isso que não passamos da cepa torta

Ontem, como um bom português, assisti ao jogo da selecção nacional e torci para que a vitória sorrisse à equipa nacional.
Não deu! Os possantes e atléticos suíços puxaram dos seus brios e não quiseram deixar este europeu sem uma vitória.
Não é por isso que deixarei de apoiar e torcer a pela selecção nacional, ainda que discretamente pois não sou muito dado a cachecois e pinturas faciais.
Mas não é para fazer análises ao resultado, ao desempenho dos jogadores, às opções do seleccionador que venho a terreiro falar do Europeu 2008. Houve um momento em que os comentadores da TV resolveram comparar a qualidade dos estádios deste Europeu com os estádios que há 4 anos foram o palco desta festa do futebol europeu, ou seja, com os estádios que Portugal construiu ou reconstruiu para a função e, claro está, não há comparação possível a qualidade dos estádios em Portugal está acima, muito acima, daqueles que a Suíça dispõe para este evento. Resta acrescentar que nesta altura já a Suíça ganhava e não se vislumbrava que Portugal conseguisse dar a volta ao resultado. Isto é, os comentadores estavam sem palavras... e vai daí resolveram comparar o estado do relvado e as acessibilidades aos estádios.
Os comentadores esqueceram-se foi de comparar a qualidade de vida dos suíços e dos portugueses.
Enquanto assim for não saímos da cepa torta.
É uma questão de prioridades e do adequado dimensionamento dos investimentos.

domingo, 15 de junho de 2008

A propósito de um comentário

Caro Tibério,
Não tenho por hábito, talvez por ser um novato nestas andanças, referir-me aos comentários que são feitos aos “posts” do blogue “momentos”, porém vou fazê-lo relativamente à observação inicial que teve a amabilidade de deixar no texto “Justiça referendária”.
Faço-o por duas ordens de razão, a primeira pela pessoa que julgo ser. O Tibério tanto quanto me é dado saber é um jovem que não abdica de exercer os seus direitos cívicos e políticos, é um interventor e tem opinião. Apesar de nos encontrarmos ideologicamente separados por um enorme fosso merece-me todo o respeito e daí, sem pretender alimentar polémicas, este meu texto. A segunda porque importa desconstruir alguns dos argumentos que apresenta na tentativa de menorizar o voto e os votantes do Não irlandês, assim:
- Da mesma forma que existem dois votos Não (o esclarecido e o menos esclarecido) existem dois tipos de votos Sim. Penso que estaremos de acordo! Ou será que todos os votantes no Sim o fizeram com um conhecimento profundo e rigoroso das implicações resultantes do Tratado!!??
- Quanto ao oportunismo e falta de ética também aqui se poderão encontrar de ambos os lados, ou será que só os grupos católicos que apoiaram o Não foram eticamente incorrectos pois, quanto aos partidos socialista e comunista penso que não lhes poderá fazer essas acusações.
E os grupos da área do poder? Será que assumiram a condição de “anjinhos” na defesa do Sim!? Não me parece!
- Estive, como deve ter reparado, recentemente na Irlanda e havia, de facto, entre os apoiantes do Sim um certo mal-estar por alguns dos pendões e “outdoors” de apelo ao voto contra o “Tratado de Lisboa” recordarem as vítimas da luta pela independência penso que será a estas “tretas” que se refere quando, no seu comentário, afirma: “… que em vez de explicar o tratado e assumir a sua intenção de voto, preferiram simular o tratado inventando "tretas" que é prova de quem despreza a democracia.”
Pois bem!
Então diga-me lá, caro Tibério, não é de um problema de soberania e independência nacional de que se trata!? É, não é! Então se é não me parece que sejam “tretas” as alusões à independência nacional, aos seus heróis e a quem deu generosamente a vida pela independência da Irlanda pois, também agora se tratava de defender a independência e a soberania não só daquele país mas também do nosso.
Na História de Portugal houve quem tivesse lutado e morrido pela independência e houve quem a tivesse vendido por tostões. No nosso tempo há quem a defenda e há quem dela abdique por uns cêntimos. (Porreiro pá!)
É ou não verdade que o texto do Tratado retira mais soberania aos Estados-membros?
É ou não verdade que o texto do Tratado favorece os grandes países e que a Irlanda, Portugal e outros veriam os seus interesses ameaçados com aquela ideia peregrina da maioria qualificada!? Coisa nunca vista numa relação entre estados independentes pois, neste plano a única coisa que é aceitável é a unanimidade que permite aos países de menor dimensão defenderem-se das imposições dos países que dominam pelo poder económico, territorial e demográfico?
E já agora diga-me – Não ficou satisfeito pelos mares dos Açores afinal não passarem a ser os mares de Bruxelas!?
Eu fiquei, e continuarei a lutar e a intervir para que a Região e o País não se diluam num espaço onde não há lugar à diferença nem respeito pelas peculiaridades das economias e das geografias.

sábado, 14 de junho de 2008

Justiça referendária

Os irlandeses votaram pelos milhões de europeus que foram impedidos de o fazer pelos seus governos. Votaram Não ao Tratado de Lisboa e a acreditar (não é o caso) nas palavras de José Sócrates este desfecho é um sério revés na carreira política do eng. Pinto de Sousa. Porreiro pá!
A Irlanda tem uma tradição referendária que importa referir. Referendou a adesão e todos os Tratados que se seguiram. A uns disse que não, a outros disse que sim.
A Irlanda soube aproveitar, ao invés de Portugal, os apoios comunitários e projectou-se no seio dos seus pares.
Os partidos políticos irlandeses da área do poder apelaram desenfreadamente no apelo à participação no referendo e ao voto no Sim. Os irlandeses não foram em “tretas” e disseram que Não.
A Irlanda é um caso paradigmático e, por isso mesmo, é exemplar para que os dirigentes europeus possam tirar as devidas ilações do resultado do referendo do passado dia 12 de Junho.
Este não é, definitivamente, o caminho que os cidadãos e os povos desejam percorrer em comum na construção da União Europeia. O Tratado Constitucional, rebaptizado de Lisboa, encerra um modelo de organização política, económica e social que os cidadãos e os povos têm vindo a rejeitar.
O resultado do referendo irlandês não é dramático nem abre uma crise política, como alguns analistas têm vindo a fazer crer. O resultado do referendo irlandês decorre da própria democracia que, pelos vistos, só é boa quando serve os interesses da clique elitista dominante e os interesses económicos.
Não inventem porque não vale a pena! A contestação que tem estado na rua e que tende a generalizar-se é um sinal tão forte quanto o resultado do referendo irlandês.
O paradigma federalista e neoliberal já foi chumbado várias vezes pelos povos europeus, o melhor é arrepiar caminho e procurar os trilhos da Europa social, dos cidadãos e dos povos. Enquanto assim não acontecer os povos sempre que perguntados dirão: NÃO

domingo, 8 de junho de 2008

Desespero...

Na pequena ilha do Corvo está instalado o desespero nas hostes da laranja amarga e da rosa desbotada, agora, em renovados tons de azul celeste.
A perspectiva mais real ou menos real de que um pequeno partido possa intrometer-se na contenda eleitoral e eleger um deputado pela Ilha do Corvo preocupa seriamente os “instalados” do poder e da oposição.
O certo é que a manipulação e a coação sobre a população, nomeadamente, sobre os docentes que recentemente foram eleitos para o Conselho Executivo da Escola de Vila Nova do Corvo está instalada com o conluio da Secretaria Regional da Educação e Ciência que, como é habitual, uma vez diz que sim, outra vez diz que não, num “NIM” que perturba o bom funcionamento das instituições e configura ilegalidade e abuso do poder.
A qualidade do regime democrático na Região Autónoma dos Açores é a que se vai constatando.

Silenciem-se as vozes dos hereges!
Saúde-se quem nos guia na senda..., na senda,...
Bem não me ocorre fico-me pela saudação.
Ave César!

A preto e branco

Antes mesmo de ter sido encontrado o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos tive oportunidade de, num outro fórum, considerar como histórico o facto de pela primeira vez, qualquer que fosse o vencedor das primárias, o candidato ser diferente. Diferente não pelas propostas e pelo projecto mas sim pela origem e pelo sexo. É assinalável e um vestígio, ainda que ténue, de que nos Estados Unidos também pode haver rupturas com o conservadorismo e o preconceito instalado.
Barack Obama foi o preferido dos democratas e Hillary Clinton já assumiu, não só a sua derrota nas primárias, mas também o seu apoio ao candidato de origem africana procurando, assim, unir o partido para uma batalha eleitoral que promete ser muito disputada, isto para além do sistema eleitoral para a presidência dos Estados Unidos ser complexo e estar concebido para evitar qualquer “devaneio” do povo.
Mas mais do que a complexidade do sistema eleitoral que, efectivamente, não é uma eleição directa, Barack Obama vai ter de enfrentar um candidato republicano cujo nome e tom de pele podem ser determinantes no resultado final. O que é que irá prevalecer? Num país capaz do melhor e do pior, mas onde o conservadorismo, o preconceito e a discriminação continuam a imperar, a verificar-se a vitória de Barack Obama sobre John Mcain então sim poder-se-á afirmar que algo está a mudar na sociedade estado-unidense. Veremos se na disputa directa entre um candidato homem (branco) e um homem (negro), para que lado se inclinam os eleitores! Quem vencerá? O conservadorismo ou, a diferença encarnada por Barack Obama. Não tanto pelo que isso possa representar em termos das mudanças políticas internas e externas mas pelo que, de simbólico, pode vir a representar para o futuro.
Há, porém, um outro aspecto e é justo que se referencie. Os republicanos representam a continuidade das políticas internas e externas dos Estados Unidos e, uma vitória do preconceito e da discriminação, ou seja, de Mcain levará a que o Mundo continue a assistir à recessão económica, à manutenção de uma política de agressão, ocupação e ingerência nos assuntos internos de países soberanos, ao desrespeito pelas decisões das Nações Unidas, etc., etc. Entre a diferença, encarnada por Obama e o vazio do discurso republicano, sustentado, abusivamente, por citações bíblicas, opto pela diferença!

domingo, 1 de junho de 2008

Não lugares

As cidades crescem e transformam-se…


Por vezes em lugares que não distinguimos de outros lugares.
A modernidade uniforme de diferentes lugares é algo de deprimente e maçador!

Lugares

As cidades crescem e transformam-se…

Mantendo características com as quais as identificamos e distinguimos de outros lugares.