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terça-feira, 16 de abril de 2024

a ocidente da ultraperiferia

Uma feliz coincidência que resulta de um convite da Área Sindical das Flores (SPRA), ao qual as Câmaras Municipais das Flores se associaram, vai acontecer a primeira apresentação pública do livro “Destroços à Deriva”. 

Apresentar o meu último livro de poemas na ilha das Flores tem, para mim, um profundo significado. Numa Região como os Açores onde, por força das circunstâncias geográficas, mas também pela vontade dos homens, existe uma tendência para a centralização. Promover a apresentação de um livro de poemas numa das ilhas periféricas da ultraperiferia é, só por si, um acontecimento que não posso deixar de realçar.




Hoje (16 de abril), pelas 20h30mn, no Museu das Lajes das Flores, vou dinamizar uma conversa/tertúlia sobre os “50 anos do 25 de Abril”. Seguindo-se a primeira apresentação pública, por Gabriela Silva (escritora), do livro “Destroços à Deriva”.


Amanhã (dia 17 de abril) durante a manhã e a tarde estarei com os alunos do 3.º CEB e Secundário da EBS das Flores para conversar sobre “Educação e o 25 de Abril”, mas também sobre livros e leitura. 




À noite (dia 17 de abril), pelas 20h30mn, no Centro Cultural de Santa Cruz, terá lugar uma conversa/tertúlia sobre os “50 Anos do 25 de Abril” e a apresentação pública, por Lília Silva (professora), do livro “Destroços à Deriva”.

Agradeço à Área Sindical das Flores (SPRA), à Câmara Municipal das Lajes das Flores e à Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.

Bem hajam!

Aníbal C. Pires, Santa Cruz das Flores (Hotel Servi Flor), 16 de abril de 2024


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Eugénio de Andrade

imagem retirada da internet



Texto sobre o centenário do nascimento de Eugénio de Andrade escrito para a edição especial do “Barbilho” dedicada ao poeta.







“Eugénio de Andrade viveu dentro das palavras. Ou delas. Talvez as duas coisas.” (…)

Eduardo Bettencourt Pinto(1)  


Eugénio de Andrade: um compromisso com o povo e a terra

A 19 de janeiro de 2023 o calendário das memórias regista o centenário do nascimento de José Fontinhas Neto, conhecido, honrado e agraciado, no país e no mundo da poesia, como Eugénio de Andrade.

E porque a geografia dos afetos determina muito do que viremos a ser, importa não olvidar que o beirão Eugénio de Andrade nasceu a Sul da Serra da Gardunha, na Póvoa da Atalaia, concelho do Fundão, onde viveu a sua meninice e ali retornava amiúde, se é que alguma vez dali se ausentou.

“Estive sempre sentado nesta pedra

escutando, por assim dizer, o silêncio (…)

(..) Estou onde sempre estive: à beira de ser água.

 Envelhecendo no rumor da bica

por onde corre apenas o silêncio.” (…)

(In Os sulcos da Sede)

Eugénio de Andrade cantou as gentes e a terra que o viu nascer. O amor pela Beira Baixa e pelo seu povo transbordam dos seus poemas. “Mulheres de Preto” e “Fim de Outono em Manhattan” são apenas dois exemplos onde podemos colher alguns versos que nos transportam para o sentir do seu povo, para os recantos da sua aldeia, para os sons, as cores, para a suave orografia dos campos que se estendem até à raia de Espanha, para as vertentes graníticas da Gardunha, ou para o pequeno monte onde se ergue Castelo Branco e “a passo largo se caminha para o Alentejo”.

“Há muito que são velhas, vestidas

de preto até à alma.


Contra o muro

defendem-se do sol de pedra;

ao lume

furtam-se ao frio do mundo.” (…) 

(excerto do poema “Mulheres de Preto”)


“Começo este poema em Manhattan

mas é das oliveiras de Virgílio

e da Póvoa da Atalaia que vou falar.

É à sombra das suas folhas

que os meus dias

cantam ainda ao sol.” (…)

(excerto do poema “Fim de Outono em Manhattan”)

Eugénio de Andrade viveu a maior parte da sua vida longe da Póvoa da Atalaia, mas esta aldeia beirã, as suas gentes, os seus labores e a paisagem moldaram o seu modo de sentir e estar na vida. É o próprio Eugénio de Andrade que o afirma: “A minha relação com as terras baixas e interiores da Beira é materna, quero dizer: poética. A tão grande distância do tempo em que ali vivi os primeiros oito anos da minha vida, o rosto de minha mãe confunde-se com a cor doirada do restolho e daquela terra obscura onde emergem uns penedinhos com umas giestas á roda, e alguns sobreiros de passo largo a caminho do Alentejo. (…) (…) camponeses na sua quase totalidade; e quando o não eram, o seu ofício era ainda o de uma relação privilegiada com as coisas da terra: pedreiros, carpinteiros, ferreiros. Fora destes mesteres, o restante da população lavrava, semeava, sachava, colhia. Ou pastava o gado, e fabricava queijo, azeite, vinho, pão. Lembro-me do cheiro dos lagares, das queijeiras, do forno, da forja - eram cheiros que entravam pelas narinas como tantos outros, mas só esses se infiltraram no sangue e aí ficaram, depositados em sucessivas camadas, para sempre, como ficou o aroma das estevas e do feno.” (…) (excertos do texto de Eugénio de Andrade, In Um Olhar Português)

A obra poética de Eugénio Andrade não sendo panfletária é, contudo, comprometida. Com algumas exceções, como por exemplo João de Mancelos (2), a maioria dos estudiosos eugenianos olha para a obra poética deste ilustre beirão apenas na sua faceta lírica vocacionada para o amor, o erotismo e a natureza. Mas a obra poética (de palavra preocupada) e a vida, (anti-institucional), de Eugénio de Andrade, talvez por isso arredada dos holofotes que projetam os encontros sociais e as tertúlias culturais, foi sempre de compromisso e de participação cívica. Os poemas a Chico Mendes e Vasco Gonçalves são, também eles, apenas dois exemplos desta faceta de compromisso cívico e político de Eugénio de Andrade.

(1) Eduardo Bettencourt Pinto, poeta de origem açoriana, nasceu em Angola, vive em Vancouver, Canadá. A epígrafe é um pequeno excerto do prefácio (pp 31) do livro de poemas Cântico sobre uma gota de água.

(2) “Uma palavra preocupada”: A escrita como ofício de cidadania em Eugénio de Andrade, de João de Mancelos.


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 20 de dezembro de 2022


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

pelos 95 anos de Eduíno de Jesus

imagem retirada da internet

O poeta, dramaturgo, contista e ensaísta Eduíno de Jesus completa hoje 95 anos.

Parabéns e um abraço amigo.

Para os visitantes do “momentos” fica um dos poemas do aniversariante.



O SOPRO

1

Como tenuíssima espuma de luz

eco perdido

da primeira vibração


algures

no imo do infinito

Nada


2

como um fogo

ainda não e 

jamais acendido


frémito de nenhuma 

coisa ou alma

digamos


3

súbito

explode no âmago da Palavra

irrompe indomável

em todos os sentidos do Sentido


e

o corpo do poema

ergue-

-se


E s p l ê n d i d o !


Eduíno de Jesus (1992)


domingo, 15 de janeiro de 2023

breve registo sobre “O Quarto do Pai”

Maria Brandão - Imagem surripiada da página da própria 
Acompanho a escrita da Maria Brandão desde o tempo em que os blogues ganharam importância e projeção. O blogue da Maria Brandão era uma das minhas referências e seguia-o atentamente. Não conhecia a Maria, mas interagia virtualmente com ela. A sua escrita, talvez por ter uma não sei quê de provocatório, sempre me empolgou. 

Li todos os livros que já publicou e sobre eles tenho grafado sempre algumas notas. Terminei há uns dias a leitura da sua última publicação, “O Quarto do Pai”, e, não resisto a escrever algumas e simples palavras sobre este seu último trabalho literário.

O tema que dá mote à narrativa é de uma pungente atualidade, mas não é de fácil abordagem. As sociedades ocidentais estão a envelhecer, o envelhecimento e tudo o que isso carrega para quem vive as maleitas da velhice, mas também para os familiares próximos que acompanham o processo.

A estória de um debilitado e dependente octogenário é construída com realismo e a gravidade que caraterizam a situação, mas a autora não abdica de lhe introduzir um humor subtil que estimula o leitor e, confere à narrativa a necessária leveza conciliadora com o dramatismo da dependência no envelhecimento e as memórias do tempo em que o corpo a tudo dava resposta.

A sua leitura é aconselhável.

Maria Brandão, O Quarto do Pai, Lajes do Pico, Companhia das Ilhas, 2022

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 15 de janeiro de 2023


domingo, 8 de janeiro de 2023

territórios literários

imagem retirada da internet

(…) a poesia é, direi eu, o seu território literário (…), a afirmação é minha e foi feita durante a apresentação de um dos romances de Henrique Levy, quando me referia à sua vasta obra poética e ficcional.

Li, por estes dias, a última obra de ficção de Henrique Levy “Vinte e sete cartas de Artemísia”. Para além de outras apreciações que possa vir fazer, há uma que não posso deixar de partilhar já, este romance é, de toda a obra publicada pelo autor, a que mais me tocou. Estes são os mais sublimes e poéticos textos que, em minha opinião, o Henrique já publicou.

Tratando-se de ficção pode-se perguntar: Então e onde fica a tal afirmação (…) a poesia é, direi eu, o seu território literário (…)!? E eu direi que as “Vinte sete cartas de Artemísia” têm uma dimensão poética que em nada abala o que afirmei, o território literário do Henrique Levy é, continua a ser: a poesia.





As “Vinte sete cartas de Artemísia” são, no seu conjunto, o mais belo poema construído pelo Henrique Levy.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 6 de janeiro de 2023


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Reconhecer e agradecer

Declamar poesia é, talvez, a melhor forma de a divulgar e de lhe conquistar novos públicos. O Grupo Palavras Sentidas tem contribuído, de forma ímpar, para a promoção da poesia e da cultura. Não sendo, e ainda bem, um caso único nos Açores este grupo de cidadãos, coordenados pelo Mário Sousa, têm desenvolvido um trabalho notável na difusão de cultura ancorada na poesia. Cultura sem geografias que a confinem ao espaço, ao tempo, ou aos poetas, ainda que, os autores açorianos, ou açorianófilos, sejam privilegiados nas suas tertúlias. 

O Grupo Palavras Sentidas e a Livraria Letras Lavadas promoveram, no passado dia 18 de fevereiro (sexta-feira), mais um sarau poético. Como já fizeram noutras ocasiões dedicaram esta iniciativa à divulgação de um autor. Desta vez coube-me a mim ser o alvo desta singela homenagem, o que muito me honrou e que agradeço publicamente. Foi com satisfação, e alguma emoção, que ouvi o som das palavras que um dia derramei no papel. Palavras que ao serem ditas ganharam uma nova dimensão. Grandeza que só os leitores podem conferir às palavras escritas.

O meu obrigado à Fátima Mateus Ramos, ao Grupo Palavras Sentidas e à Livraria Letras Lavadas. Foi um prazer estar convosco e abraçar-vos.


Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 18 de fevereiro de 2022


quarta-feira, 7 de novembro de 2018

João Afonso no Centro Cultural da Caloura

O meu primeiro contato com João Afonso aconteceu ainda na década de 90, ou seja, coincidiu com a sua participação no trabalho “Maio Maduro Maio” a que tive a oportunidade de assistir, não no S. Luís, mas no espetáculo que encerrou um congresso da FENPROF.
Fiquei rendido, claro que os temas eram de José Afonso, claro que o José Mário Branco já tinha o seu espaço nas minhas referências musicais, mas quer a Amélia Muge quer o João Afonso constituíram-se como uma novidade, uma agradável novidade.
A voz tranquila de intensão do João Afonso ficou-me nos ouvidos e, desde então, fui acompanhando o seu percurso musical. Nunca mais vi nenhum espetáculo do João Afonso ao vivo, mas conto fazê-lo já na próxima sexta-feira (9 de Novembro de 2018), pelas 21h, no Centro Cultural da Caloura. É um concerto intimista (Azul, verde para crer) que terá como convidado Zeca Medeiros. Uma outra voz, não tão tranquila, mas também cheia de intensão.
O último trabalho de João Afonso, “Sangue Novo”, tem letras de Mia Couto e José Eduardo Agualusa e música do João. Seguramente irão ecoar na noite da Caloura alguns dos temas deste trabalho, mas espero poder ouvir, também, algumas canções dos seus trabalhos anteriores e, serão sempre bem-vindos, se para isso houver tempo e oportunidade, alguns temas de José Afonso, tio do João.

Foto by Aníbal C. Pires




Vou de vez em quando, nem sempre com a frequência que desejaria, ao Centro Cultural da Caloura. Vou pela harmonia do espaço, vou pelas exposições, vou para privar alguns momentos na companhia do Professor Tomaz Borba Vieira saboreando, ou não, um chá que acompanha a troca de impressões sobre os temas mais diversos, digamos que não é só sobre arte que ocupamos o tempo, E faz-me bem, muito bem.









Foto by Aníbal C. Pires



Quando cruzo o limiar do portão e enquanto percorro o caminho até ao edifício do Centro Cultural sinto-me transportado para um Mundo que conheci, mas que já não existe. E deixo que a harmonia e tranquilidade me invada, ainda que tudo ao meu redor, tal como a voz do João Afonso, tenha uma energia que se sente e vive de forma intensa.



Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 07 de Novembro de 2018

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Da escola, do ensino, da cultura


Educar para a cultura

Ver, ouvir, sentir, desconstruir, criar, recriar, aprender a aprender com liberdade, construindo e reconstruindo percursos de aprendizagem a caminho do saber e da cultura que transformam e libertam o Homem.

Aníbal C. Pires, 05 de Dezembro de 2006

quinta-feira, 27 de março de 2014

Exposição sobre Álvaro Cunhal - Museu de Angra


O Museu de Angra do Heroísmo inaugura amanhã, 28 de Março de 2014, pelas 18h, a exposição Álvaro Cunhal - Vida, pensamento e luta. Exemplo que se projeta na atualidade e no futuro.
A exposição vai estar patente até Junho na Sala Dacosta.
Não deixem a ir à sessão de abertura onde para além de outras palavras, serão lidos textos de Álvaro Cunhal pelo Grupo de Teatro Residente A Sala.