segunda-feira, 26 de julho de 2021

#LetCubaLive

 

Há 68 anos (26 de julho de 1953) teve lugar o assalto ao quartel de Moncada, Santiago de Cuba, ao quartel Carlos Manuel Céspedes, no município de Bayamo. A ação de Fidel Castro e dos seus companheiros de armas não teve sucesso, grande parte dos revolucionários morreram durante o ataque e os sobreviventes foram presos e condenados.

Esta data deu origem ao movimento 26 de Julho que, em 1957, com apoio de outras organizações opositoras à ditadura de Fulgêncio Batista, deu início a partir da Sierra Maestra de uma luta de guerrilha que culminou com a vitória, a 1 de Janeiro de 1959, dos revolucionários liderados por Fidel Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e Raul Castro, de entre outros.

Cuba vive uma situação complexa como complexos são os tempos pandémicos, mas apesar das dificuldades internas, grande parte delas provocadas pelo desumano bloqueio que os EUA impõem a Cuba, o povo cubano não baixa os braços em defesa da sua Revolução, da liberdade e da dignidade. Hoje foi mais um dia de luta, hoje foi 26 de Julho (M - 26-7).

#SiempreEs26

domingo, 25 de julho de 2021

a Otelo Saraiva de Carvalho

imagem retirada da internet

Nunca escrevi ou comentei sobre o papel de Otelo Saraiva de Carvalho na Revolução portuguesa. 

No dia da sua morte não posso deixar de o dizer: Obrigado!

Não é muito nem pouco, é justo.


terça-feira, 13 de julho de 2021

Sobre Cuba

 

A agressão externa a Cuba ao povo cubano não é de agora. As investidas tiveram o seu início com o derrube do governo de Fulgêncio Batista, ou seja, com o fim do governo delegado da administração estado-unidense na ilha.

Com ações terroristas armadas, Baía dos Porcos, com atos bombistas (hotéis e avião da Cubana de Aviaçon), com ataques biológicos e, com o bloqueio económico. Estas ações são as que têm maior visibilidade e, ainda assim, a generalidade dos cidadãos do mundo ocidental não as conhece. O bloqueio, talvez. Afinal já foram aprovadas, pelas Nações Unidas, mais de duas dezenas de resoluções a pedir o fim do embargo (desde 1992 que a ONU aprova resoluções contra o embargo, a última das quais aconteceu a 23 de junho de 2021), de alguma delas a comunicação social deve ter feito eco.

Mesmo tendo consciência dos efeitos do bloqueio/embargo a Cuba vê-se por aí muito cidadão (liberais e da esquerda moderníssima) a afirmar que as dificuldades de Cuba se devem ás opções políticas do povo cubano e dos seus governantes, e que o bloqueio/embargo só serve como desculpa para justificar as insuficiências cubanas.

Se assim é, caros senhores e senhoras, então levantem o bloqueio e acabam-se as desculpas.

A agressão externa (guerra híbrida) a Cuba e ao povo cubano teve nos últimos meses um forte investimento (milhões de dólares) para procurar a ocorrência de uma tempestade social que colocasse em causa a revolução cubana e as suas conquistas.

Quem conhece um pouco da história cubana tem consciência de que não é tão fácil como parece. Os cubanos mais do que outros povos prezam a sua soberania e a sua pátria e, como se viu, mobilizaram-se para por cobro à ação de agentes pagos pelos Estados Unidos que aproveitaram manifestações de descontentamento do povo cubano, aliás só mesmo quem não conhece, ou pouco conhece, teve a veleidade de pensar que a reação do presidente cubano não seria a de ir para as ruas de San Antonio de los Bãnos falar com os descontentes, tal como Fidel de Castro foi para a Baía dos Porcos aquando da invasão.

Cuba, o seu povo e o seu governo reconhecem as dificuldades, não as escondem e apenas têm uma exigência, exigência que deveria ser de todos pois, trata-se de uma questão de humanidade: o cumprimento das Resoluções das Nações Unidas, ou seja, O FIM DO BLOQUEIO.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 13 de julho de 2021  


segunda-feira, 5 de julho de 2021

Cabo Verde

foto by Aníbal C. Pires


Hoje comemora-se o Dia da Independência de Cabo Verde. Para assinalar esta data republico um texto escrito e publicado em julho de 2004.





Cabo Verde visto de fora

foto by Aníbal C. Pires
Seja pela imensidão dos espaços continentais, pela peculiaridade e beleza das regiões insulares, da cultura e encantamento dos seus povos, pela guerra colonial com que, mesmo sem a viver, com ela cresceu, ou, apenas, pelo mítico magnetismo que exerce sobre quem a sonha. Quem sente os sons, cheiros e sabores desta terra fascinante a que ninguém fica indiferente e que todos os portugueses da minha geração, independentemente dos seus percursos de vida, têm no seu imaginário, África, Quem a sente não lhe fica indiferente.

O meu fascínio por África, e em particular por Cabo Verde, surgiu e foi-se desenvolvendo durante a minha infância, vá-se lá saber porque é que uma criança nascida e criada em terras do interior do continente português, e de onde só saiu quando jovem adulto, se sentia atraída por uma terra, um povo e uma cultura tão distantes, não disse diferente, nem digo, porque sempre senti pelo povo de Cabo Verde e pela sua cultura uma grande proximidade, talvez mesmo identificação, ainda que, por ser uma criança do interior, me faltasse o azul do mar e a sua imensidão.

Não sei se pela dolência das mornas, se pela harmonia das mazurkas, se foi a alegria do funaná e da coladeira, ou os ritmos alucinantes da tabanca e do batuque que o fascínio por esse povo, moldado pelo vento Leste, pelo imenso Atlântico, pela chuva que não cai e pela dor da hora di bai, foi crescendo e ganhando uma cada vez maior admiração.

foto by Aníbal C. Pires
Só muito recentemente o sonho de menino se concretizou, conhecer Cabo Verde. A afeição reforçou-se e, ainda que embargado pelos sentidos, compreendi porque, desde sempre, senti grande identificação com este povo e a sua cultura. A interioridade onde nasci e cresci, a insularidade e o viver ilhéu, de mais de vinte anos, facilitaram a compreensão e o estabelecimento de paralelismos, semelhanças e vivências que unem, e de diferenças que não afastam, antes se complementam e me aproximam mais do povo de Cabo Verde.

A estabilidade política, a consolidação do regime democrático e um exemplar aproveitamento da ajuda externa e, sobretudo, a dignidade e a vontade de um povo, catapultaram Cabo Verde para o grupo de países com um Índice de Desenvolvimento Humano médio. O percurso trilhado nos últimos vinte nove anos por este pequeno país africano, insular e arquipelágico e, a que os técnicos do Banco Mundial vaticinaram a inviabilidade económica, é exemplar para África e, em particular, para os restantes Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

Cabo Verde, micro estado insular, arquipelágico e Atlântico, comemorou, no passado dia 5 de Julho, o vigésimo nono aniversário da sua independência, em vez de apreciações sobre percurso trilhado ou, de uma análise prospetiva sobre o futuro deste jovem país no quadro da Macaronésia, das relações com os Açores e da estratégia de aproximação à União Europeia, e para além do que já ficou dito, gostaria de deixar algumas linhas de homenagem à comunidade transnacional cabo-verdiana – os cabo-verdianos da terra-longe.

foto by Aníbal C. Pires
Para os cabo-verdianos, o que hoje parece ser fruto das modernas tecnologias e da globalização, o transnacionalismo, tem sido um modo de vida desde o século XV. As comunidades cabo-verdianas encontram-se dispersas por quatro continentes e 18 países, sendo que, a comunidade da Nova Inglaterra é considerada a mais antiga e maior. As semelhanças da emigração cabo-verdiana com a emigração açoriana, para os Estados Unidos, estão descritas em estudos académicos, na história da baleação e na literatura. Dias de Melo, em Pedras Negras, não por mero acaso ou qualquer razão de ordem literária, coloca no convés da barca baleeira que levaria o Francisco Maroco e o João Peixe-Rei para a aventura americana um cabo-verdiano, “(…) António, Tony me chamam aqui a bordo, e nasci em Cabo Verde. É melhor vocês mudarem também os nomes p’ra americano. John… Frank…. Venham comigo. (…)

A dispersão dos cabo-verdianos pelo mundo tem origem nas clássicas motivações da emigração, comuns a muitos outros povos. E, também, como muitos outros povos o ideário de retorno à terra-mãe está sempre presente, embora, como se sabe, poucos retornem. A coesão e pujança da comunidade transnacional cabo-verdiana assentam em dois pilares, que foram, igualmente, basilares na construção da própria cabo-verdianidade e identidade nacional. O crioulo, língua nacional, e a representação coletiva do território, a relação com a terra-mãe, que nos cabo-verdianos tem um acentuado carácter mágico-religioso.

Para os cabo-verdianos da terra-longe e, em particular aos que vivem e trabalham na Região Autónoma dos Açores, aqui fica a minha homenagem e os votos de que Cabo Verde possa continuar na senda do progresso e do desenvolvimento.


Ponta Delgada, 08 de Julho de 2004


Lyudmila Pavlichenko - a abrir julho

imagem retirada da internet



Lyudmila Pavlichenko, sem mais palavras, abre o mês de julho no momentos.