sábado, 30 de agosto de 2008

Utopia para lá do Verão

O calendário dita o fim do Verão. Não da utopia! É o regresso das crianças e jovens às rotinas escolares. Para alguns cidadãos é o mergulho anual na triste e cinzenta realidade do quotidiano de uma vida feita de expectativas defraudadas. Para os que vivem permanentemente imersos, aqueles que só vêm à tona, respirando um fim-de-semana dissemelhante para afugentar a eterna crise e renovar a esperança. Esperança que teima em persistir na espera que o minguado salário cresça e não sobre mês. Para esses só muda a hora de Verão. Tudo o mais parece imutável, dia após dia, semana após semana, ano após ano!
É o “euromilhões” que ainda não foi desta vez, é o Benfica que desta vez é que é… São as eleições nos “states” que mobilizam mais atenção do que as regionais. É o “kit autonómico” do Governo Regional e a altercação de Carlos César com a República a propósito de…de… Ah! Sim… claro, que cabeça a minha, as eleições regionais estão aí à porta e para o partido-governo parece não haver barreiras éticas e legais. Em frente é que é caminho! Arregimentando, sem critério, quem se quiser servir na mesa do poder.
Ainda há por aí uns quantos teimosos, nem se percebe muito bem porquê, que tentam contrariar o poder absoluto emanado de San’tana e não se querem servir.
Uns teimosos que não prometem. Comprometem-se! Que não anunciam mais empregos mas exigem mais e melhor trabalho. Que não desconfiam dos trabalhadores dos Departamentos Públicos, mas exigem mais recursos de fiscalização e, sobretudo, um quadro legal para o trabalho que acabe com a precariedade e com uma injusta distribuição da riqueza gerada. Que não anunciam a descida das tarifas aéreas, mas que propõem uma política integrada de transportes marítimos e aéreos, de passageiros e mercadorias, que sirva os cidadãos e as economias locais e regional.
Uns teimosos que, ao invés de se perderem em querelas serôdias e balofas sobre o regime autonómico, propuseram a regulamentação do Referendo Regional, consagrado na Constituição da República desde 1997, mas o agora novel “dono” dos ideais regionais e autonomistas nunca se atreveu a propor.
Esses são os que não aceitam as imutabilidades e sabem que é possível mudar e dar cor à vida. A vida não tem que ser vivida no espectro do cinzento entre a laranja amarga e a rosa desbotada. A diversidade cromática e a pluralidade política podem transformar a vida num sonho de Verão!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Promiscuidades

À recente descoberta “de como é bom ser-se Açoriano”, pelo candidato a deputado do PS, nos círculos eleitorais de S. Miguel e de compensação, de seu nome Carlos César, a que me referi num outro espaço de intervenção dizendo: “Oh Senhor Presidente então!? A malta já descobriu isso há muito tempo não foi preciso abrir as Portas do Mar ao Mundo, para descobrir que ser açoriano é um estado de alma e que a identidade regional está presente em cada celebração do “Divino” por cá, ou além-mar, pois há muitos séculos que o mar nos abriu as portas do Mundo e que celebramos a açorianidade onde quer que nos encontremos. Porque é bom ser açoriano! Mesmo que vulcões e terramotos, por vezes, nos tenham empurrado para fora das ilhas.”
O Senhor Presidente a que me referia é, claro está, o tal candidato a deputado que o PS Açores apresenta pelo círculo eleitoral de S. Miguel e pelo círculo eleitoral de compensação e que actualmente desempenha as funções de Presidente do Governo Regional. Sim! É esse o tal senhor que tem uma nova ambição para os Açores, embora ainda não a tenha divulgado mas, que não é difícil perceber pois a sua intervenção pública denota que a ambição é, sobretudo, de ordem pessoal e de reforço do seu poder e influência. Ainda me passou pela cabeça que a ambição tivesse a ver com o desenvolvimento dos Açores, com a melhoria da qualidade de vida dos açorianos ou mesmo com o aperfeiçoamento e aprofundamento da autonomia, mas cedo percebi que as questões da coesão social, territorial e económica da Região, a precariedade das relações laborais, o facto de os trabalhadores açorianos terem um rendimento médio mensal inferior em 100,00€ aos trabalhadores continentais e a convergência real com o PIB nacional e europeu, não fazem parte da ambição do candidato a deputado e Presidente do PS Açores.
A ambição é outra e não é propriamente uma novidade. No passado recente uma ambição semelhante esteve na origem do declínio de Mota Amaral e do PSD Açores. Talvez seja por isso que os militantes do PS Açores estejam tão preocupados com a estratégia que o líder traçou para reforço da maioria socialista, buscando a todo o custo apoios indiscriminados na direita do PSD e no eleitorado do PDA. É, assim, como uma espécie de preocupante “déjà-vu” para os históricos do PS Açores.
A estratégia foi agora reforçada com uma genial ideia do Governo Regional dos Açores, a que o candidato a deputado preside, que consiste na distribuição de um “kit autonómico” a todos os açorianos. Esta iniciativa do Governo Regional dos Açores não fosse o “timing”, o custo ao erário público (continuamos a ser uma Região pobre) e o facto de distribuir massivamente uma carta do Presidente do Governo Regional, que por acaso se está a candidatar a deputado nas eleições de 19 de Outubro, e seria uma iniciativa louvável e até poderia ser subscrita por todos os actores políticos que intervêm na Região.
“Valha-nos Deus”! Onde chegou a qualidade da democracia regional! Não sei mesmo se isto terá paralelo na pérola atlântica que é o jardim de Alberto João.
Estamos a menos de 60 dias da realização de um acto eleitoral e o governo com esta iniciativa favorece, desavergonhadamente, um dos candidatos a deputado utilizando, para isso, dinheiros públicos. A seu tempo esta será uma factura que o povo açoriano imputará ao PS Açores e aos seus dirigentes.
Espero que alguém de direito, por exemplo: a Comissão Nacional de Eleições venha a terreiro por cobro a esta vergonhosa promiscuidade e reponha a legalidade pois a ética política e democrática, bem como outros valores, estão definitivamente arredadas da prática do PS de Carlos César.

sábado, 23 de agosto de 2008

Desporto e futebol

Os Jogos aproximam-se do fim e o país sempre acabou por vibrar com a prata e o ouro tão ansiados. As lágrimas da emoção rolaram pela face na alegria incontida de ver os nossos no pódio olímpico, fazendo-nos esquecer os desaires de uns, a infelicidade de outros e também as palavras irreflectidas ou descontextualizadas que alguns atletas e dirigentes proferiram e das quais a comunicação social fez eco. Mas sobre a participação nacional nestas olimpíadas muito se voltou a dizer e a escrever em análises pouco objectivas que quase sempre responsabilizavam os atletas pelas prestações menos boas. E, digo menos boas, porque considero que as provas realizadas pelos atletas foram boas face ao país desportivo e ao país real que temos e somos. Um país bem diferente daquele que José Sócrates e os seus ministros falam e para o qual governam, um país bem diferente de outros com a mesma dimensão populacional, com mais ou menos PIB mas, onde as pessoas são o cerne das políticas sociais e económicas.
Os atletas que representaram Portugal nos Jogos são os últimos responsáveis pelos “fracos” resultados globais e, como tal, não devem, nem podem ser julgados. A responsabilidade pela prestação nacional deve ser cometida aos ideólogos e executores das políticas desportivas nacionais.
O apoio aos atletas deveria ser incondicional pois são eles quem mais sofre com as prestações menos boas, mas que na hora da vitória, rápida e generosamente, procuram uma bandeira nacional onde se envolvem num gigantesco abraço ao povo português dizendo que aquela não é uma vitória sua. É uma vitória de todos os portugueses.
Se nos emocionamos com a alegria da vitória, não fiquemos indiferentes ao sofrimento dos atletas que nos representaram, mas que não conseguiram partilhar com o país o sabor da glória do pódio olímpico, eles merecem toda a nossa solidariedade e apoio. Ninguém terá sofrido mais do que Naide Gomes e Francis Obikwelu, de entre outros, pelas suas prestações menos boas. Sofreram por eles mas sofreram, sobretudo, por nós. Sofreram por não nos terem dado a alegria de uma medalha, a exultação de uma vitória.
Quanto a desporto teremos de esperar mais 4 anos. Até lá as televisões farão esquecer o fenómeno desportivo com futebol em anestesiantes doses de antecipações, directos, indeferidos, simultâneos, análises prospectivas e retrospectivas… mergulhando o país no limbo da essência e promovendo a futilidade do acessório.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Graciosas preocupações

As ilhas açorianas são possuidoras de um património paisagístico e ambiental único, cada uma com os seus encantos e graciosidade que as torna diferentes entre si, e parte de um todo cultural construído por mais de cinco séculos de convivência com um ambiente natural generoso e fecundo mas, por vezes devastador nas suas manifestações telúricas, eruptivas e atmosféricas que empurraram muitos açorianos para lá do horizonte.
Outros motivos houve para que os açorianos rumassem para Oeste na procura do sonho americano, razões que permanecem no tempo embora o rumo já não seja apenas para Ocidente e com uma dimensão que, não sendo dramática, é característica de que o desenvolvimento harmonioso e o sonho estão aquém do desejado e, anunciado profusamente a cada entrevista dos membros do governo e do seu presidente.
Com as expectativas goradas por políticas nacionais e regionais que acentuam o fosso entre quem detém a riqueza e quem vive do trabalho e sublinham as assimetrias de desenvolvimento regional, esquecendo as ilhas que ficam fora do tradicional eixo Ponta Delgada, Angra e Horta e com o futuro a perspectivar que também este tradicional eixo perca importância, face à ideia fixa que mercado e dimensão económica só mesmo em S. Miguel. Opiniões e opções que não partilho por considerar que o potencial económico açoriano, nomeadamente em relação ao turismo, vale pelo todo e não por, apenas, algumas parcelas da Região.



Mas, antes dos visitantes interessam os autóctones, independentemente da ilha onde residem. Interessa que se dê prioridade ao que é essencial e se secundarize o acessório, interessa que se garantam às populações as condições para que a opção seja ficar, regressar ou mesmo adoptar aquele lugar, aquela ilha como uma escolha de residência, uma opção de vida. Ou seja, garantir atractividade a cada uma das ilhas. E isso só é possível, desde logo, não só com uma política de transportes adequada às necessidades dos cidadãos e das economias de cada uma das ilhas, mas também que os serviços públicos sejam efectivamente garantidos e que a actividade económica seja revitalizada.
As ilhas de menor dimensão sofrem de um problema que se situa à cabeça das apreensões de quem se preocupa verdadeiramente com a Região e não está amarrado a preconceitos redutores que advêm de incompreensíveis “bairrismos”, nem à ideia dominante de que tudo deve ser conformado ao mercado e à competitividade da economia globalizada.
O declínio populacional, que afecta a maioria das ilhas, decorre do saldo natural mas não só. As migrações internas são também um factor de considerável importância e que a imigração não chega para colmatar.
Não considerar este como um grave problema de coesão, para o qual têm de se encontrar soluções integradas e participadas, é um erro de gravidade incomensurável do qual já se começam a sentir os efeitos.
Estive, recentemente, na Graciosa onde confirmei esta e outras preocupações para as quais já tive oportunidade de chamar a atenção noutros fóruns de intervenção política e de exercício de cidadania.
A ilha à qual foi dada a designação de Graciosa pelos seus encantos naturais e pela sua orografia e dimensão tem, no presente, um problema devidamente identificado e do qual já se começam a sentir os efeitos. Refiro-me à escassez de água potável. As rupturas de abastecimento já se fazem sentir e a qualidade da água já não é a melhor, pois a infiltrações nos aquíferos subterrâneos por água do mar estão a dar-lhe característica de salobridade. Quanto a isto o governo regional diz nada!
Os investimentos públicos na Graciosa (os anunciados, por concretizar, e os concretizados) também deixam muito a desejar. A construção do novo edifício escolar onde se pretende concentrar toda a população estudantil é caminho para a descaracterização do espaço rural e contraria qualquer política de coesão territorial e social. O porto da Praia e a intervenção que ali está a ser feita vai, a prazo, em nome de um segmento de actividade do qual ainda não se percebeu qual é a estratégia, acabar com a praia que lhe deu o nome.
Quando se atira dinheiro para cima dos problemas e não se procuram soluções integradas e sustentadas, apenas se adiam as dificuldades. Com o tempo, só o dinheiro desaparece tudo o mais subsiste e se agrava.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Viagem pela utopia

Estou!
… de passagem
Logo abraço
Nova viagem
Por ti… por mim… pelas gentes…
Embarco no sonho
Da utopia estimulante
De um porvir
Que quero e ouso diferente
Para ti… para mim… para as gentes
Um futuro sem promessas vãs
Onde reine a dignidade
A fome seja banida
As crianças sorriam
A paz prolifere
Na tolerância à diferença
Por ti… por mim… pelas gentes…
Quero!
Empreendo, um Mundo Melhor!
Sim!
É possível!
Sendo apenas… gente
Mulheres, homens, crianças
Por ti… por mim… pelas gentes…
… Pelo futuro que cresce no ventre de mulher
Sustentando a vida
… e o sonho

Regresso lento mas solidário

A viagem de retorno do Corvo às Flores foi por via marítima e envolta na solidariedade de que só as pequenas comunidades são capazes.
Não havia meio de sair do Corvo pois o avião “não passa” todos os dias e, incompreensivelmente, não existe (esperemos que por pouco tempo) uma carreira marítima que ligue diariamente as ilhas do Corvo e Flores.
Compromissos na Graciosa exigiam que me deslocasse para as Flores a tempo do avião que me havia de levar para S. Miguel, Terceira, S. Jorge e… finalmente Graciosa.
A Ana Brasil que me tinha esperado no Corvo já tinha providenciado o transporte por via marítima de modo a que pudéssemos seguir viagem. Não fosse o compromisso e teria ficado de bom grado mais uns dias no sossego daquela ilha.
Quando cheguei ao porto de Vila Nova do Corvo, exíguo para as necessidades e a pedir requalificação, lá estava a lancha “Estrela” com Mestre Jorge Ana ao leme e o Rui Pedras a coadjuvar.


Depois de embarcar a bagagem lá fomos entrando para a “Estrela”. Eu, a Ana Brasil, o Pedro Estácio e os filhos Micaela e Ruben que, não abdicaram de nos fazer companhia na travessia do canal que liga as ilhas ocidentais e até que o avião levantou das Flores rumo a S. Miguel.
Tinham-me informado, uns momentos antes, de que o mar estava bom e que o Mestre Jorge Ana era um bom marinheiro. O que, digamos, para um ser que foi criado no interior continental, embora seja um apaixonado pelo mar, foi uma informação que me deixou “aliviado”, pois o dia estava cinzento e, ao que sempre ouvi dizer naquele profundo canal a vaga parece que nunca mais acaba.
A viagem demorou cerca de 55 mn. O mar não estava mau mas… sentei-me à popa com as duas mãos a procurar a segurança do banco e de um apoio a estibordo. Nem a água que a quilha da “Estrela” a momentos atirava no ar e vinha cair aos salpicos sobre mim me fizeram levantar, nem desgrudar as mãos do amparo a que me tinha estribado logo no início da viagem.
Ao aproximarmo-nos das Flores a vaga modificou-se pela “abrigada” de terra e aí levantei-me para entrar no Porto das Poças, em Santa Cruz das Flores, com pose de grande marinheiro.

domingo, 17 de agosto de 2008

Rápida e estonteante

Passados alguns anos regressei ao Corvo e ao “Dornier 228-200”[1] numa rápida e estonteante viagem da qual vos deixo aqui a lembrança e umas imagens recolhidas durante aquela que foi uma das mais interessantes viagens aéreas que já realizei.








A descolagem: TROTLLE a "fundo" e aí vamos nós!










Aprontar a aterragem: Checklist ajuste da aeronave às condições meteorológicas que nem eram assim muito más.





Contacto visual: Já na final da "raquete" na aproximação ao aeródromo do Corvo.


Ainda antes de aterrar a primeira imagem e Vila Nova do Corvo.


[1] Comprimento: 16,56 m; Envergadura: 16,97 m; Altura: 4,86 m; Velocidade Cruzeiro: 370 Km/h; Altitude Cruzeiro: 3 000 m; Alcance: 2 500 Km; Cap. Combustível: 2 440 Lt ; Passageiros: 18

Atrasos

A viagem para Ocidente é ainda, ao fim de mais de 3 décadas de democracia e autonomia, uma aventura.
A irregularidade das ligações aéreas e marítimas com o grupo ocidental, atrasos e cancelamentos de voos sem justificação ou, com justificações insatisfatórias, cancelamento de escalas no transporte marítimo de passageiros é, apenas, um dos aspectos que qualquer viajante se dá conta. Por perceber fica, também, a inexistência, no presente, de uma ligação marítima diária entre o Corvo e as Flores.
Os transportes, sempre os transportes, aliás como não poderia deixar de ser numa Região insular e arquipelágica. Mas não só!
O grupo ocidental está, por vontade de Carlos César, sem aceder às vantagens do cabo de fibra óptica. Bem! Já prometeu que será desta, vamos crer que sim em nome da coesão regional.
As economias locais das ilhas ocidentais, para além das fragilidades que lhe são intrínsecas, continuam a ser prejudicadas pelas políticas de investimento público que o governo regional tem vindo a executar.

Na Ilha do Corvo os trabalhadores da queijaria estão sem receber salário desde Abril o mesmo se passa com os produtores de leite.
Na raiz do problema está, segundo a administração, o atraso na transferência dos apoios pelos serviços do governo regional. Alguns dos produtores deixaram de entregar matéria-prima e fabricam o seu próprio queijo.
A situação não é nova mas nunca foi devidamente encarada pelo governo regional que assim põe em causa um investimento público e a economia corvina pois, se a situação se prolongar por mais tempo, a queijaria do apreciado queijo do Corvo, acabará por encerrar. Este atraso na transferência de verbas é injustificável. O orçamento regional, como é do domínio público, está bem recheado.
Numa recente visita ao Corvo alguém me dizia: “Enquanto continuar a ser uma aventura vir ao Corvo não haverá desenvolvimento nesta ilha”.
Sábias palavras que reflectem uma realidade que se estende para além do Corvo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um "Gin" antes de rumar a Ocidente

Hoje sigo para Ocidente, depois de uma estadia de dois dias na Ilha do Faial, onde um dos jornais locais transformou um acontecimento político num não acontecimento, uma notícia numa não notícia.
Mas no Faial e na Região há outros OCS, com audiência e visibilidade global, que consideraram a apresentação do 1.º Candidato da CDU pelo Círculo Eleitoral desta Ilha, afinal, como uma notícia. Durante a tarde, alguém me telefonou de um qualquer canto do Mundo onde a RTP Internacional é televisionada, dando-me conta que a notícia tinha chegado até lá.
Mas vir e estar no Faial, para além do trabalho político desenvolvido, é sempre um enorme prazer ou não fossem os faialenses tão acolhedores, a cidade da Horta tão cosmopolita e hospitaleira e o Faial tão encantador.

O Café Sport, vulgo “Peter” é dos ex-líbris da cidade da Horta o que, de forma brilhante, melhor sintetiza tudo o que se possa dizer sobre esta ilha, esta cidade e estas gentes.
E claro, antes de rumar a Ocidente, com destino ao Corvo, um gin… no “Peter” com o Pico em todo o seu esplendor.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

... de Confiança!?

Fiquei hoje a saber, pela entrevista de Zuraida Soares ao Açoriano Oriental, que o BE era da esquerda de confiança e que o PS não.
Fiquei também a saber que a diferença entre o PCP e o BE, segundo a mesma fonte, residia no facto do BE ter feito a revisão da matéria dada e o PCP não (preguiçosos).
Para quem ambiciona ser a consciência do PS não está mal!
Ser de confiança! Tenho as minhas dúvidas… mas quem as não tem, e não é fácil confiar em quem parasita outros movimentos, ideias, propostas, causas…, em proveito próprio ou em nome de um bloco de interesses pouco claros.
Quanto à revisão da matéria dada penso que a líder incontestada do BE nos Açores se referia ao facto de aquela amálgama de bem-falantes imbuídos de "modernidade" ter abandonado o projecto de construção de uma sociedade socialista e ter optado pelo projecto social-democrata.
O PCP não fez, efectivamente, nenhuma revisão desta matéria mantém-se fiel ao compromisso que tem com os trabalhadores e com os povos e não foi por uma questão de inércia.
Enfim! Tudo bem mas… quando alguns dos genuínos militantes de esquerda, que apoiam o Bloco perceberem que só há Bloco e que a Esquerda é apenas a ambição de não deixar que o PS continue no seu desvario neoliberal.
Bem! Nessa altura a líder do Bloco terá muito que explicar onde foi parar a utopia (Esquerda) que mobiliza os seus apoiantes.

O "INCENTIVO" e a arte da não notícia

Tenho alguns anos de vida pública e, naturalmente, muitos contactos com jornalistas e órgãos de comunicação social.
Tenho cultivado, e cultivo, uma relação de grande respeito pelo trabalho dos profissionais da informação e pelas opções editoriais dos OCS. Concordando ou não com as escolhas, com os conteúdos ou a forma como a informação é produzida.
Uma única vez exigi o direito de resposta ao ser visado, de forma soez, num editorial de um já extinto diário que se publicou na Região.
Mas hoje ao ler o “Incentivo”, que se publica na cidade da Horta, não posso deixar de tecer algumas considerações sobre a notícia que faz a manchete do dia, sem nada exigir até porque a liberdade e a independência dos OCS é uma coisa que muito prezo.
O texto cujo objectivo seria o de informar os leitores sobre a apresentação do 1.º candidato pelo Círculo Eleitoral do Faial às eleições regionais afinal é uma não notícia.
Sobre o que foi dito pelo candidato apresentado a referência vai para o acessório e ainda por cima não constituiu surpresa, segundo o “Incentivo”, que há algum tempo atrás num outro texto de profunda análise política (adivinhação) afirmava, de forma eloquente que o Dr. Luis Bruno não seria candidato e que o PCP, dentro da sua estrutura haveria de arranjar um outro nome mas sempre sem constituir nenhuma estranheza.
Nesta sessão também fez uma intervenção o Coordenador Regional do PCP e da CDU Açores (cargo que desempenho) sobre o conteúdo nem uma palavra, apenas, a referência de que Aníbal Pires tinha feito uma comunicação.
Os faialenses que leram o “Incentivo” ficaram sem saber o que pensa a CDU sobre o actual estado da Região, também não foram informados de que o Senhor Francisco Gonçalves é o mandatário da candidatura, mas ficaram a saber que o meu camarada Mário Serpa tem um “espírito truculento”. Nunca percas esse espírito camarada Mário Serpa.
O “Incentivo” tem a sua linha editorial e a responsabilidade é exclusivamente da sua Direcção mas eu, enquanto cidadão não posso deixar de ter opinião.
E, assim:
- o texto do “Incentivo” é um arrazoado de juízos de valor e opinião que só teria legitimidade numa coluna de opinião;
- o texto produzido pelo “Incentivo” sobre o assunto não é, em definitivo, informação.
- é lamentável que um órgão de informação (público ou privado) se preste a fazer o contrário daquilo que é o seu objecto social –INFORMAR - e publique não notícias.
- os juízos e interpretações cabem aos leitores, não aos redactores e jornalistas, a estes cabe dar a notícia, isto é, INFORMAR.

Magalhães ou como se dá a volta ao “Zé Povinho”

Já vamos estando habituados à forma e ao conteúdo com que o governo de José Sócrates nos costuma brindar em “shows” mediáticos com base em tecnologia de ponta. Pode até dizer-se, com propriedade, que nunca um governo de Portugal dominou de forma tão eficaz as tecnologias ao seu dispor como este. Não sei se é do Ministro Mariano Gago ou, se a coisa se deve mesmo ao espírito empreendedor do primeiro-ministro que como sabemos é um “expert” na arte da inovação, seja em nome do défice, da construção europeia a todo o custo ou, do novíssimo “Magalhães”.
Todos estaremos lembrados dos seus discursos com recurso a halogramas, da visita à escola onde os alunos eram pequenos actores, dos 150 mil novos empregos virtuais, dos seus projectos de engenharia na Beira Interior, enfim, um sem número de artes que fazem do Eng. Pinto de Sousa uma figura incontornável da “esquerda” moderna, não fosse o seu desconhecimento sobre a proibição de fumar dentro das aeronaves comerciais e, teríamos um ser muito perto da perfeição.
Magalhães, nome de um navegador português que, como sabemos, realizou a primeira viagem de circum-navegação. Computador “Magalhães” é a designação adoptada para a estreia de mais um episódio da novela “socrática” a que Portugal assiste desde 2005.
A ante estreia decorreu no final do mês de Julho e o “Magalhães” foi anunciado como o primeiro portátil português. Este computador foi concebido para o segmento da população infantil (06-10anos), ou seja, para os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Alguns olhares mais atentos verificaram que afinal só o local e o capital são nacionais a tecnologia é da Intel, a ideia é de Nicholas Negroponte e data de 2005.
Pois é! Negroponte desenvolveu um projecto de fabrico de computador de baixo custo (100 dólares) para os países subdesenvolvidos e que designou: “One Laptop for Child”.
A Intel esteve inicialmente no projecto mas abandonou-o desenvolvendo o “Classmate PC” que foi apresentado mundialmente, no dia 3 de Abril, em Xangai e já se encontra à venda na Índia e em Inglaterra com a designação, respectivamente, de “Mileap X” e “JumpPC”.
Vá-se lá ver que o “Magalhães” não é mais do que a versão adaptada a Portugal do “Classmate PC” da Intel.
Qualquer semelhança com aquilo que foi anunciado oficialmente e abençoado pelo Eng. Pinto de Sousa é pura coincidência.
Mas os contornos deste episódio vão para além da falta de rigor do governo português e da “guerra” comercial que a Intel moveu à empresa de Negroponte.
O governo português aliou-se à Intel contra a MIT de Negroponte a troco de quê!? Primeiro era uma fábrica da Intel e a criação de 1000 postos de trabalho. No fim foi a entrega do fabrico e do mercado do “Magalhães” à empresa que produz os “Tsunamis”, sem qualquer espécie de concurso, e 80 novos postos de trabalho que poderão ir até aos 250 se a exportação para os PALOP se vier a concretizar.
Sobre o assunto existe abundante informação na Internet é, apenas, uma questão de a procurar.
E assim vai o Verão português!

domingo, 10 de agosto de 2008

Oh paciência…

Os Jogos Olímpicos são um acontecimento desportivo mundial a que ninguém fica indiferente. Não tive oportunidade de ver, nem em directo, nem integralmente, a cerimónia de abertura dos Jogos. Do que tive oportunidade de ver, gostei! As cerimónias de abertura dos Jogos são, de há muito, momentos espectaculares e onde, naturalmente, os países organizadores aproveitam para mostrar aspectos da sua cultura e da sua capacidade de organização e de mobilização para projectos nacionais que, como este, têm impacto mundial.
A cerimónia de abertura e o espectáculo recolheram alguma unanimidade e poder-se-á dizer que os chineses ofertaram o Mundo com um espectáculo inolvidável, quer para quem o viu pela televisão quer, sobretudo, para quem teve oportunidade de estar, ver, ouvir e sentir toda a cerimónia que teve como palco o “Ninho de Pássaros”, designação dada ao Estádio Olímpico de Pequim.
Claro que nestas coisas nunca há unanimidade e, ainda bem, pessoalmente não gosto de unanimismos e, objectivamente, nada poderá ser tão perfeito que não possa ser alvo de críticas e de opiniões diferenciadas.
De entre muitas outras críticas, que não têm propriamente a ver com os Jogos e com o seu espírito, houve uma que me deixou estupefacto: a cerimónia de abertura e em particular o desfile da bandeira e da chama olímpica demoraram muito tempo, percorreram todo o estádio. Dizia, entediado, um dos comentadores de serviço na RTP 1 que acompanhou a cerimónia. Uma opinião que, como qualquer outra, merece respeito.
Mas respeito, também merecem os antigos campeões olímpicos que transportaram, dentro do “Ninho de Pássaros”, a bandeira e a chama até que uma foi içada e a outra chegou à pira olímpica. Mesmo em termos televisivos não foi entediante e para quem estava no Estádio Olímpico de Pequim só poderia ser assim, ou seja, foi mostrado a todos os que ao vivo presenciavam a cerimónia, quer a bandeira, quer o percurso alado do atleta que conduziu a chama até à pira olímpica. De outra forma não seria possível que todos pudessem observar as belas imagens finais de uma cerimónia encantadora.
À falta de palavras o comentador deu-lhe com a impaciência e com o excesso de tempo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O novo Código

O mês de Agosto convida ao convívio com os amigos, aos banhos de mar, à tranquilidade das matas e dos parques de piqueniques, a leituras e escritas lúdicas, enfim à descontracção que por estas latitudes está instituída, no essencial, por razões de ordem cultural que as próprias condições climatéricas foram impondo e que as lutas, por condições de trabalho dignas, consolidaram. Não é retórica, é verdade nada se conseguiu nem consegue sem elas. Não é por acaso que actualmente se fala em conquistas e na necessidade de as preservar. O horário de trabalho, as renumerações, a protecção social, as férias, etc., não foram dádivas, nem boas vontades, foram conquistas de gerações e gerações de trabalhadores.
Conquistas, com toda a propriedade, designadas civilizacionais, pois elas são uma das características mais importantes daquilo a que chamamos civilização. Por isso, também se fala em retrocessos, pois as novas leis do trabalho, as que já estão em vigor mas, sobretudo, as que no início da próxima legislatura o governo e o grande capital se preparam para aprovar, colocam as relações laborais com uma configuração aproximada das do final do século XIX. Há, efectivamente, retrocessos nas leis laborais! Não é palavreado político-sindical como, há falta de melhores argumentos, por vezes, se tenta contrariar quem lidera as lutas que se opõem às alterações ao Código Laboral.
Alterações propostas pelo governo do PS, com o apoio da UGT e das Confederações Empresariais e que revelam bem, que o PS de José Sócrates se submeteu aos interesses do poder económico e do grande capital transnacional.
O facto de ser Agosto não impede que este seja assunto para trazer a este espaço, aliás as férias, que a maioria dos portugueses está a gozar, é uma das tais conquistas de que falava. Tem, portanto, todo os sentido que as questões ligadas às alterações ao Código Laboral venham a terreiro nesta época do ano, não vá o “diabo tecê-las” e tirarem-nos as férias, pois o que se pretende com as alterações propostas é, suficientemente, preocupante. Ficam, como exemplo, algumas das normas que se pretende venham a ser introduzidas no Código Laboral:
- a desregulação do horário de trabalho, permitindo o aumento dos limites diários e semanais, sem pagamento de trabalho suplementar ou nocturno;
- a facilitação dos despedimentos individuais sem justa causa;
- a fragilização da negociação colectiva, permitindo que o patronato, por declaração sua obtenha a caducidade dos contratos colectivos;
- o ataque à liberdade de organização sindical;
- a desvalorização do custo do trabalho, tornando mais injusta a distribuição da riqueza, socialmente produzida, entre remunerações do trabalho e os lucros do capital.
Estas são, em traços simples, algumas das mais lesivas alterações propostas ao Código Laboral e, não tenhamos ilusões também se vão aplicar nos Açores e, como outras, aplicar-se-ão a todos os trabalhadores, quer sejam do sector privado, quer sejam da administração pública central, regional e local.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fantasia de Verão













À distância
Acercava-se uma mulher
Passeava feminilidade
Formas generosas
Adivinhavam-se
Sob um manto diáfano
De alvo linho
Passou
Espargindo a noite
De sensualidade
Segui-a com o olhar
Outros olhares
Sem distinção de género
Acompanharam o meu
Numa quimera
De Verão


domingo, 3 de agosto de 2008

Mais leituras, mais fotos e um novo rosto

O tempo convida a outros prazeres… outros momentos.
Mas sobra sempre algum tempo para o “momentos”, para meu prazer e espero que para vosso também.
As sugestões de leitura foram actualizadas, as fotos, também, e um novo rosto. Um rosto que muitos identificarão como sinónimo de coerência e luta e que está aí… na luta por um MUNDO MELHOR.
Os textos continuarão a ser publicados com a habitual frequência e… se o tempo me der tempo, será tempo de mais algumas informações e novidades na coluna da direita que até poderá passar para a esquerda.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Não foi o estado de sítio mas foi... quase o estado de choque

O texto anterior foi escrito um dia antes das declarações do Presidente da República cujo anúncio quase colocou em estado de choque os continentais, não porque se soubesse que o assunto da declaração era sobre os Açores mas, porque sobre o conteúdo das declarações presidenciais nada se sabia e muito mais se especulou ao longo do dia.
Claro que os comentadores nacionais ficaram desapontados!
Afinal “a montanha pariu um rato”, dizia-se…
Nos Açores era sabido que a declaração do PR versava as questões da Revisão Estatutária e o Acórdão do Tribunal Constitucional e o ambiente, sendo de expectativa, era de serenidade.
Os jornalistas e comentadores dos OCS nacionais ficaram desapontados! Porquê? Será que as questões autonómicas não são um assunto de interesse nacional!? Ou é uma vez mais o desconhecimento desta forma de organização especial do Estado, consagrado constitucionalmente e que resulta directamente da Revolução de Abril, a emergir de forma vergonhosa nas vozes que, supostamente, deveriam ter alguma autoridade para acrescentar algo de novo e importante à análise do conteúdo da declaração do PR.
Um pouco mais de consideração e conhecimento dos assuntos regionais não lhes ficaria mal.
Claro que eu também estou à espera que o PR se pronuncie sobre outras questões sobre as quais há muito se devia ter pronunciado. Mas isso não é motivo para desvalorizar esta, só porque o tema era o processo de Revisão do Estatuto Político e Administrativo da Região Autónoma dos Açores
Portugal não é apenas a Área Metropolitana de Lisboa!
Quanto ao Acórdão e às declarações do PR voltarei em próxima oportunidade.