sábado, 30 de abril de 2022

há 77 anos

imagem retirada da internet
A 30 de abril de 1945 Adolf Hitler pôs fim à vida no seu bunker em Berlin.

Neste mesmo dia, depois das 14h, soldados do exército vermelho hasteavam a bandeira da União Soviética no telhado do edifício do Reichstag, em Berlin.

Estes símbolos e a origem nacional dos soldados que venceram a Batalha de Berlin continuam a incomodar. 

As tentativas de branqueamento da história para diminuir o papel decisivo da União Soviética na vitória sobre o nazi-fascismo, são conhecidas. 

A narrativa ocidental e os fascismos adormecidos que despertam e ganham expressão na Europa, andam de mãos dadas na cruzada contra os símbolos e os cidadãos que mais resistiram e lutaram para derrotar o nazi-fascismo.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 30 de abril de 2022


foi há 47 anos

imagem retirada da internet
Pelos 47 anos da vitória do Vietname sobre o imperialismo estado-unidense, ou a vitória da formiga sobre o elefante.

Podia ter optado por outra imagem. Podia, mas esta encerra uma dimensão sem paralelo: o regresso a casa de um casal de combatentes vietnamitas. 

A imagem transborda amor. 

Amor, convicção e a satisfação do dever cumprido. 

Foi um duro encargo, mas teve o fim desejado: a libertação do seu povo, do seu território, da sua pátria. 

Podia ter optado por outra imagem. 

Podia, mas nenhuma outra me comove como esta.


quinta-feira, 28 de abril de 2022

da árvore e da poesia na Letras Lavadas

foto by Aníbal C. Pires

O dia da Poesia e o dia da Árvore serviram de mote para uma interessante e inédita iniciativa da livraria Letras Lavadas.

Durante o dia 21 de março de 2022 foram distribuídos, em Ponta Delgada, aos transeuntes, forasteiros ou não, postais com imagens de diferentes exemplares de árvores que ponteiam na paisagem urbana da cidade. No verso da imagem um poema de alguns autores açorianos e açorianófilos.

foto by Aníbal C. Pires

Já passou mais e um mês sobre este acontecimento, mas é sempre tempo de dar pública conta da originalidade desta iniciativa da Letras Lavadas e, também agradecer o convite que foi formulado para participar nesta peculiar comemoração da árvore e da poesia.



árvores de Ponta Delgada

de folha caduca ou perene
em jardins, praças, avenidas e ruas
enfeitam a vida na cidade

frondosas ou aprumadas 
afloram sobre o casario 
da urbe com portas e mar

as árvores matizam 
de esperança a vida
e de verde a cidade

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 17 de março de 2022 (inédito)

quinta-feira, 21 de abril de 2022

inaceitável

imagem retirada da internet

Começam a ser insuportáveis as opiniões sobre a guerra na Ucrânia. Se é aceitável que a generalidade da população portuguesa assuma, como boa, a narrativa dominante, conquanto fosse expetável alguma atitude crítica, é triste e desolador, mas tudo bem. Assume-se o que é dito nas televisões e nas rádios como bom, percebo e compreendo. Fico, contudo, à espera para ver os atos de contrição quando perceberem que afinal não era bem assim.

Que cidadãos, bem formados e informados, não levantem a sua voz e questionem alguns dos factos que caraterizam a atual situação é inaceitável. Não se trata de condenar ou não condenar, condene-se o que tiver de ser condenado, mas aceitar a censura e ater-se apenas à informação que uma das partes produz é ser cúmplice na construção de uma imagem parcial da realidade. Para estes não há espaço para atos de contrição.

Quanto à generalidade dos jornalistas da nossa praça (regional e nacional) lamento o seu comportamento, quando no conforto das redações, ou mesmo a partir do sofá, debitam acriticamente as notas de imprensa que lhes chegam dos gabinetes de propaganda sem fazer o que seria elementar, comprovar a veracidade da notícia. Ou ainda, quando nas redes sociais regurgitam opiniões, em alguns casos, de ódio xenófobo e político em vassalagem à narrativa unilateral dos “donos disto tudo”.

É lamentável e triste que as colunas vertebrais sejam tão maleáveis e que as suas opções políticas lhes toldem o olhar. Ou será apenas a incapacidade de interpretar a história e o mundo!!??

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 21 de abril de 2022 


quarta-feira, 20 de abril de 2022

#freedomforassange

imagem retirada da internet
A justiça inglesa decidiu hoje pela extradição de Julian Assange para os Estados Unidos. A execução fica por conta do ministério do interior inglês.

Todos conhecem Julian Assange e todos têm conhecimento dos “crimes” de que está acusado e pelos quais vai ser extraditado.

Julian Assange é um cidadão australiano e foi o fundador do site WikiLeaks. 

A WikiLeaks ganhou projeção mundial em 2010 quando divulgou documentos e imagens que colocavam em causa a narrativa oficial do Estados Unidos e dos seus aliados sobre a invasão do Iraque sobre o Afeganistão e ainda sobre o CableGate (divulgação de informação diplomática dos Estados Unidos).

Julian Assange incomodou o poder, incomodou a comunicação social corporativa, incomodou os senhores do mundo e os seus papagaios.

A perseguição não se fez esperar, daí até à sua prisão foi um ápice. Esteve asilado na embaixada do Equador de 2012 a 2019, mas a mudança na presidência daquele país sul-americano retirou-lhe esse estatuto e, desde então, tem estado preso em Inglaterra. Hoje foi dado o veredito final, o pedido de extradição do Estados Unidos teve despacho favorável.

A censura tem várias faces nesta parte do mundo que se apresenta como o paradigma da democracia e da liberdade. Se o caso de Julian Assange é antigo a atualidade trouxe-nos mais alguns elementos sobre o que pensam os líderes ocidentais da liberdade de informação e da capacidade dos seus cidadãos interpretarem a comunicação difundida.

Bruno Carvalho - imagem retirada da internet

A censura instituída, no espaço da União Europeia, a alguns órgãos de comunicação social não alinhados com a narrativa oficial, a prisão sem culpa formada, pelo estado polaco, do jornalista espanhol Pablo Gonzalez, o desaparecimento do cineasta chileno/estado-unidense, Gonzalo Lira, na Ucrânia, a tentativa de desacreditação do jornalista português, Bruno Carvalho, aliás bem sucedida em relação ao jornal “Público”, ou o assassinato, hoje pela manhã, do blogueiro Valery Kuleshov, em Kherson, Ucrânia, são apenas alguns exemplos da ação punitiva da democracia alinhada ao neoliberalismo reinante.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 20 de abril de 2022


Divagações à volta de viagens e do turismo

foto by João Pires
Viajar é sinónimo de conhecer, aprender, experimentar. Não encontramos estes significados no dicionário, mas as viagens, sejam simples passeios pelos espaços que habitamos, ou viagens para locais de não pertença, não digo lugares exóticos pois, tenho sempre a sensação que quando este vocábulo é utilizado traz consigo alguns atributos de valoração nem sempre muito positivos, mas como dizia, viajar é criar oportunidade para aprender e conhecer, experimentando e estando para sentir o pulsar da vida
e a gente dos lugares. Mesmo as hodiernas e, por vezes, mal-afortunadas viagens de estudantes para alguns não lugares. Mesmo dessas viagens poderá resultar alguma aprendizagem para a vida de quem embarca nessa espécie de ritual iniciático. Ou não! A dormência, provocada pelos excessos do consumo, bloqueia os sentidos e, como sabemos, a aquisição de conhecimentos faz-se através de estímulos sensoriais. Uma das aprendizagens, a haver alguma, poderá ser: sentir e usufruir não é compatível com o torpor induzido por substâncias que alteram o comportamento.  

Chicago, Lago Michigan (2016) - foto by Aníbal C. Pires
Viajar é, cada vez mais, fazer turismo. E meu caro leitor da “Sala de Espera” turismo não significa, no meu dicionário de sinónimos, viajar. Conquanto se viaje para fazer turismo. Parece-lhe que estou confuso, e talvez tenha razão, ando profundamente perturbado com o que se passa pelo mundo: são as cheias e as vítimas, os golpes políticos palacianos (Paquistão), o perpetuar das guerras, a censura, a narrativa revisionista da história, os jornalistas presos – Julian Assange, mas também Pablo Gonzalez, ou Gonzalo Lira, recentemente desaparecido, e, por aqui me fico, a lista de preocupações é longa e, só a sua enumeração me afeta e revolta. Se isto é a civilização como será a barbárie para a qual a “comunidade internacional”, ou se preferirem o ocidente, nos está a guiar!?

Turismo é, por definição, a ação de fazer viagens para recreio. Ao fazer turismo nem sempre se viaja com o intuito de conhecer, aprender e experimentar, pode viajar-se apenas com um propósito lúdico. Não tenho nenhuma crítica implícita a este modo de viajar, também tenho feito algumas viagens que não vão além do lazer e do "dolce far niente" e, penso continuar a fazê-las pois, a minha idade já não aconselha a colocar a mochila às costas e partir, por aí, à descoberta.

Marraquexe, Marrocos (2018 - foto by Madalena Pires

Não pense o leitor que tenho uma posição radicalmente contra o turismo, ou seja, às viagens de lazer. Não, não tenho. E a oferta turística é cada vez mais diversificada quanto à sua natureza e à procura: lazer, saúde, aventura, cultura, religião, sexo, ambiente, gastronomia, enologia, espaço, enfim uma enorme panóplia. Procure o leitor e encontrará propostas para todos os gostos, por mais bizarros que possam parecer, haja bolsa para lhe suportar o desejo. O conceito de turismo evoluiu e vai muito para lá das clássicas viagens de lazer.

Os operadores turísticos adaptaram-se bem às necessidades do mercado e, nada tenho contra isso, se os destinos beneficiarem economicamente, o seu património cultural, ambiental e social não seja adulterado, e, a riqueza gerada contribua para elevar a qualidade de vida e o bem-estar das suas populações. Se os destinos não considerarem estas e outras premissas que lhes garantem competitividade e sustentabilidade não serão, por certo, os forasteiros que o farão, nem têm de o fazer, embora um pequeno segmento da população tenha consciência dos impactos negativos da procura massiva de alguns destinos turísticos e até os evite.

Sal, Cabo Verde (2016) - foto by Aníbal C. Pires
Se lhe disser que quando iniciei este texto a ideia era explorar a nostalgia e a sedução das aventuras romanceadas nas crónicas de viagem, estou a dizer-lhe a verdade. Ia juntar-lhe um ou outro apontamento sobre algumas das minhas viagens feitas à margem dos pacotes turísticos, mas a pena, neste caso o teclado, não quis seguir o guião e como constata ando por aqui a vaguear sem rumo, o que não deixa de ser, para mim, uma viagem desafiante. Para si que hoje passou pela “Sala de Espera” e ficou até agora, deixe-se ficar mais um pouco para ver até onde isto nos leva. 

Tenho evitado, neste espaço, abordar de forma direta e objetiva questões relacionadas com a atualidade política. Pretendo continuar nesta linha de evitamento e as referências seguintes sobre um assunto da atualidade política regional mantêm-se dentro da fronteira, por mim, traçada.

O Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA) vai, finalmente, ser revisto depois de vários anos de vazio legislativo. Aguarda-se que as aprendizagens feitas com o crescimento (2019) e as legítimas preocupações daí decorrentes, mas também com os efeitos económicos desastrosos durante o período pandémico (2020), tenham sido suficientes para a ALRAA expurgar, da proposta apresentada, os mecanismos de livre arbítrio e da satisfação de interesses de momento, colocando em causa um modelo que deve ter como prioridade a garantia de sustentabilidade do setor ancorada na qualidade e singularidade do destino Açores. O turismo pode, e deve, dar um forte contributo para a economia da Região, mas não deve haver pretensões de que possa vir a ser substitutivo de outras atividades económicas. 

Ponta Delgada, 19 de abril de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 20 de abril de 2022

terça-feira, 19 de abril de 2022

viajar ou fazer turismo

deserto do Sahara (2018) - do arquivo pessoal



Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.





(...) Turismo é, por definição, a ação de fazer viagens para recreio. Ao fazer turismo nem sempre se viaja com o intuito de conhecer, aprender e experimentar, pode viajar-se apenas com um propósito lúdico. Não tenho nenhuma crítica implícita a este modo de viajar, também tenho feito algumas viagens que não vão além do lazer e do "dolce far niente" e, penso continuar a fazê-las pois, a minha idade já não aconselha a colocar a mochila às costas e partir, por aí, à descoberta. (...)

sexta-feira, 15 de abril de 2022

domingo, 10 de abril de 2022

"não há atribuições coletivas de culpa."

imagem retirada da internet

Não nutro nenhum tipo de simpatia por Augusto Santos Silva, bem pelo contrário abomino-o. A sua prestação enquanto quadro do PS e ministro levam-me a fazer uma avaliação profundamente negativa do seu desempenho. Mas, como não há bela sem senão, por estes dias, enquanto Presidente da Assembleia da República, esteve bem, e só me resta reconhecê-lo publicamente. O Presidente da Assembleia da República interrompeu um deputado que, como é habitual, regurgitava um discurso de ódio. A intervenção de Augusto Santos Siva foi certeira e oportuna ao lembrar que em Portugal “não há atribuições coletivas de culpa.” Todos sabemos qual era o assunto, quais eram os visados e qual o propósito do dito cujo deputado e, assim sendo dispenso-me de tecer quaisquer considerações sobre este triste episódio.

Quando ouvi o Presidente da Assembleia da República lembrar que não “há atribuições coletivas de culpa”, e para não estar com teorizações sobre estereótipo, preconceito e discriminação lembrei-me de uma figura de linguagem simples e que explica o princípio: “não tomar o todo pela parte”. Este é um princípio que se aplica, ou deve aplicar, a todos os grupos culturais humanos e com o qual estaremos todos de acordo, menos os xenófobos e racistas. 

imagem retirada da internet
É inevitável não estabelecer o paralelismo com a atual e crescente russofobia, em particular no espaço europeu. Escuso-me a relatar vários incidentes que vão dos insultos às tentativas de agressão perpetrados por cidadãos europeus a cidadãos russos. Tenho consciência que não é difícil construir uma imagem negativa dos russos e da Rússia. Mas fazê-lo interessa a quem e é feito em nome do quê!? Da Paz não é certamente.

Não podemos considerar que os cidadãos russos são todos uns déspotas e assassinos pela invasão da Ucrânia, assim como não podemos apelidar todos os ucranianos de neonazis pelo facto de na Ucrânia existirem e terem preponderância, nos círculos do poder, os grupos neonazis. A ser assim tratar-se-ia de uma “atribuição de culpa coletiva”, o que não seria humanamente correto, para além de não ter cobertura pelo direito internacional.

imagem retirada da internet

Esta crescente onda de russofobia deve-se em grande parte à forma como a chamada “comunidade internacional e, em particular, a União Europeia, ou melhor as suas lideranças elaboraram as respostas sancionatórias à invasão russa da Ucrânia.

As sanções económicas e o apoio militar têm os efeitos conhecidos junto do alvo e na origem. 

As sanções culturais e desportivas não são aceitáveis, para além de configurarem a revisão e o branqueamento da história, contrariam o princípio da “não atribuição coletiva de culpa” enunciado por Augusto Santos Silva quando interrompeu o deputado.

Tchaikovsky - imagem retirada da internet



As sanções culturais, científicas e desportivas a cidadãos russos (mortos ou vivos) enquadram-se no que se designa “por atribuição coletiva de culpa”. 


As sanções culturais, científicas e desportivas não são aceitáveis e deveriam merecer um veemente repúdio.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 10 de abril de 2022


quarta-feira, 6 de abril de 2022

certezas e dúvidas fundadas

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Nos últimos dias a CS de referência e as redes sociais inundaram o espaço público com as imagens daquilo a que chamam, “o massacre de Busha”. Imagens terríficas e que não deixam ninguém indiferente. Não tenho uma opinião consolidada sobre a divulgação de imagens violentas, tenho, no entanto, consciência que as imagens que atentam contra a dignidade humana, sejam elas em ambiente de guerra ou não, devem ser divulgadas, desde que, devidamente contextualizadas e sem juízos prévios de quem as difunde, a não ser que tenham sido verificadas e investigadas. O que não foi o caso relativamente ao “massacre de Busha”. A exigência de uma investigação independente é um imperativo para se apurar responsabilidades e punir os autores. As convenções internacionais criminalizam os crimes de guerra e, assim deve ser.

Ainda a propósito da propagação de imagens violentas. Existem, com origem diversa para satisfazer todas as opiniões, e são divulgadas profusamente nas redes sociais, já estive tentado a divulgar algumas, não o tenho feito por me recusar a contribuir para o clima de radicalização de posições sobre uma guerra que nos afeta a todos e cujos efeitos se vão agudizar e prolongar no tempo.

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Sobre a saída das tropas russas, por opção estratégica ou outra, da região de Kiev, nada direi, pois, a ciência militar é para mim matéria desconhecida, todavia a forma como o exército russo saiu deixou a população civil ucraniana desprotegida e isso é, para mim, incompreensível, pois, os cidadãos que não se identificam e não apoiam a posição oficial ucraniana são, como se sabe, vítimas dos mais diversos abusos, também não faltam relatos e imagens que o podem comprovar. Nem todos os ucranianos patrocinam o poder instituído na Ucrânia, as suas vozes não são ouvidas no ocidente devido à censura imposta pela União Europeia a tudo o que não valide a sua própria narrativa. E não me refiro apenas aos ucranianos das zonas Leste e Sul que já estão sobre o controle do exército russo, por toda a Ucrânia há quem se oponha ao governo ucraniano, mas estes estão remetidos ao silêncio por razões que se compreendem.

Em relação aos acontecimentos de Busha, onde alguns veem certezas eu tenho dúvidas fundadas, desde logo: na cronologia dos acontecimentos, pelo facto de o exército convencional russo ser bem treinado e disciplinado, mas também por ter alguma dificuldade em aceitar que o exército russo cometesse tamanho erro.

imagem retirada da internet
A cronologia dos acontecimentos é conhecida, apenas direi que as imagens foram registadas 4 dias após a saída das tropas russas e que, nesse intervalo de tempo, existem imagens da limpeza das estradas pelas forças policiais e militares da Ucrânia e não são visíveis cadáveres, as imagens de satélite apresentadas pelo NYT, valem o que valem, ou seja, nada, por serem dos primeiros dias de abril e não, como foi anunciado. do dia 19 de março, por outro lado a confiabilidade das imagens de satélite, deixa muito a desejar desde que foram utilizadas para comprovar uma coisa que não existia (armas de destruição massiva) para justificar a invasão do Iraque. Existem outros dados, mas, para já, abstenho-me de os referir.

A divulgação das imagens de Busha veio acompanhada com alguns juízos e avaliações que, face à gravidade do que é observado, deviam ter sido mais prudentes. Não se pode, em situação alguma, atribuir a responsabilidade, julgar e condenar sem que decorra uma investigação e se ouça o acusado. A investigação foi solicitada pelo acusado, mas essa sua pretensão foi-lhe negada.

A condenação foi de imediato acompanhada da penalização sob a forma de mais sanções à Rússia e de apoio em equipamento militar à Ucrânia. As sanções penalizam o povo russo, é certo, mas são igualmente penalizadoras para os povos europeus que estão a caminho da penúria, a corrida armamentista e o reforço dos meios militares ucranianos abrem a senda da guerra e barram as soluções de Paz.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 6 de abril de 2022


Antes, durante e depois

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A cerimónia de entrega dos Óscares reduziu-se à sua insignificância, não fora um inaceitável incidente e tinha passado quase sem se dar conta do evento. Sou um fã da chamada “sétima arte”, mas nunca me interessei pelo ritual, criado pela “Academia”, para anunciar os vencedores das diversas categorias em apreço, se bem que, posteriormente, procure saber quem foram os premiados.



O meu interesse pelos Óscares é relativo, embora fique cativado pelo antes e depois da liturgia encenada para promover a indústria cinematográfica de Hollywood. Este ano a minha atenção, para além de procurar conhecer a lista de nomeações, centrou-se na exigência e na ameaça de um ator, duplamente premiado, dirigida à organização. Sean Penn exigiu à Academia que o presidente da Ucrânia pudesse dirigir-se em vídeo, direto ou pré-gravado, à assistência e, por conseguinte, a todos os telespetadores que por esse mundo assistissem ao evento. Esta era a reivindicação do ator que, há falta de outros argumentos, ameaçou destruir (quebrando ou derretendo) as duas estatuetas que lhe foram atribuídas, em 2004, pelo seu desempenho em Mystic River, e, em 2009, como protagonista do filme Milk, isto caso a organização não atendesse ao seu pedido. A exigência de Sean Penn não foi aceite e, tanto quanto sei, a ameaça não foi cumprida. Eu pelo menos não dei conta, mas como não vejo televisão é bem possível que as estatuetas já tenham sido destruídas, até pelo facto de considerar o ator um homem de palavra e, por norma, não deixa os seus créditos por mãos alheias. Pode o leitor ter interpretado o que acabou de ler como uma ironia, e não se enganou, desde logo porque para estar bem informado o melhor, mesmo, é não ver televisão, e por outro lado, já tive pelo cidadão Sean Penn mais consideração. Mas o que eu penso dos conteúdos informativos e do ator é, obviamente, irrelevante para o caso.

Lady Gaga e Lisa Minnelli - imagem retirada da internet
A exigência antes, o incidente durante, a ameaça que ficava para depois ou, para o baú onde se arquivam as inconveniências. Em síntese, estas são, no essencial, as questões centrais dos Óscares de 2022. Pouco ou nada se falou dos filmes nomeados e dos vencedores, ou ainda de outros aspetos, quiçá mais interessantes, por serem humanos, que ficaram à margem dos noticiários e do dirimir de argumentos a favor e contra os protagonistas do incidente que marcou a entrega dos Óscares deste ano. Lady Gaga e Lisa Minnelli protagonizaram o melhor momento da noite e o público correspondeu com uma ovação de reconhecimento à carreira de Lisa Minnelli. Lady Gaga mostrou como a solidariedade e o respeito podem ser manifestados de uma forma discreta, mesmo tratando-se de um espetáculo onde, como todos tiveram oportunidade de ver, já vai valendo de tudo.

O presidente ucraniano não participou nos Óscares, mas o Grammys Award, realizado no passado domingo em Las Vegas, abriu-lhe espaço e Volodomyr Zelensky aproveitou-o para dar continuidade à sua narrativa e alimentar uma guerra que ninguém quer, mas é fomentada com estes e outros episódios e, impõe, à permeável opinião pública ocidental, uma visão unilateral e parcial do conflito bélico que está nas bocas do mundo, como se outros não devessem, também, merecer a nossa atenção. E sobre esta participação especial nos Grammys por aqui me fico antes de ser acusado de qualquer coisa que não sou. Não valorizo (nunca valorizei), à semelhança dos Óscares, o Grammys Award, mas se sou fã do cinema com a música mantenho uma relação de dependência, não vivo sem ela. Nunca me imaginei a escrever um texto sobre estes temas (Óscares e Grammys) e, em abono da verdade, confesso: quando me sentei para escrever não era bem isto que trazia em mente, mas depois pensei em si e no seu bem-estar. 

Para quê trazer-lhe um assunto sobre o qual, passados dois anos tanto se continua a falar e o essencial continua por fazer, isto é, o necessário reforço do investimento do sistema público de saúde. Investimento acompanhado de alterações ao atual paradigma.

imagem retirada da internet

Uma vez que a pandemia já é uma endemia, ou está em vias disso, e, por assim ser, passou para nota de roda pé nos telejornais, para as páginas mais recônditas dos jornais e para apontamentos “en passant” nos noticiários das rádios. Desta vez não é ironia, agora trata-se o assunto com mais sobriedade, o que me parece salutar, e por outro lado existem outros centros de interesse de maior consumo mediático. É o mercado a funcionar, também na comunicação social. 



Com o regresso da racionalidade à agenda das questões de saúde pública a pressão sobre os decisores políticos abrandou e este será, digo eu, um excelente momento para se avaliar, propor e colmatar as insuficiências que se verificaram durante a pandemia. Não as respostas a uma situação excecional, mas as não respostas do Sistema Regional de Saúde durante situações de exceção. Não querendo, nem podendo, alongar-me mais direi apenas que a crise sísmica vulcânica de S. Jorge veio colocar a nu a premente necessidade de construção de um novo Centro de Saúde nas Velas.

Ponta Delgada, 5 de abril de 2022

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 6 de abril de 2022


terça-feira, 5 de abril de 2022

em segundo plano



Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.





(...) Em síntese, estas são, no essencial, as questões centrais dos Óscares de 2022. Pouco ou nada se falou dos filmes nomeados e dos vencedores, ou ainda de outros aspetos, quiçá mais interessantes, por serem humanos, que ficaram à margem dos noticiários e do dirimir de argumentos a favor e contra os protagonistas do incidente que marcou a entrega dos Óscares deste ano. (...) 

domingo, 3 de abril de 2022

#VamosConTodo - maratona mediática

foto by Aníbal C. Pires
A 2 e 3 de abril decorre uma maratona mediática de apoio a Cuba.

Juntei-me a essa iniciativa e deixo aqui uma pequena mensagem de apoio a Cuba e integrada na maratona mediática..


Olá!

Sou Aníbal Pires, vivo nos Açores, sou professor, ativista social, sindical e político.

O bloqueio é um ato unilateral e criminoso que os Estados Unidos da América impõem a um país livre e soberano.

O bloqueio, a Cuba e ao seu povo, tem sido condenado ao longo dos últimos 29 anos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.  

Esta maratona mediática, pelo fim do bloqueio, à qual aderiram cidadãos, organizações sociais, sindicais e políticas, terá grande relevância mundial e vai encontrar, estou certo disso, eco junto de outros cidadãos e organizações engrossando, assim, o movimento mundial que exige o fim do bloqueio.

O bloqueio económico a Cuba, imposto pelos Estados Unidos e condenado por uma larga maioria dos países do Mundo, é uma clara e inequívoca forma de ingerência de uma potência estrangeira num país livre e soberano.  

O povo cubano tem direito ao desenvolvimento, ao bem-estar e ao respeito pelas suas opções políticas, económicas sociais e culturais. 

Cuba é um país livre e solidário e deve merecer um largo apoio internacional.

Abaixo o bloqueio!

Viva Cuba!

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 2 de abril de 2022