quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ganhar o presente, garantir o futuro

O setor agrícola tem sofrido as consequências das políticas europeias que favorecem objetivamente os grandes países produtores. A desregulação dos mercados tem favorecido os grandes países produtores e tem permitido que o setor da distribuição exerça uma verdadeira ditadura sobre os produtores, ditando preços e condições cada vez mais insustentáveis e levando à inexorável redução dos preços pagos à produção e à redução do rendimento dos agricultores. Pese embora o aumento de produção decorrente da modernização do setor, a verdade é que a redução do número de produtores e o abandono da atividade – também favorecida pelos subsídios europeus – levaram a que a nossa capacidade de produção esteja hoje subaproveitada, fazendo-nos perder riqueza e reduzindo o nosso peso no mercado. No caso da produção da leiteira, o alargamento das quotas leiteiras e o seu anunciado fim, tem demonstrado os efeitos negativos desta política e a necessidade absoluta de intervir no mercado, com uma regulação firme, que proteja a nossa produção. A solução para os problemas do setor agrícola passam, em primeiro lugar, por uma resposta no plano político, que deve partir do Parlamento Regional, para que as autoridades portuguesas contribuam ativamente para que seja encontrado um consenso no seio da União que permita alterar as regras mais gravosas da Política Agrícola Comum. Por outro lado, importa que seja mantida uma postura firme de recusa do fim das quotas leiteiras e a favor de medidas que reconheçam e protejam os setores agrícolas das Regiões Ultraperiféricas. Igualmente, é necessária uma intervenção no mercado de distribuição que contrarie o poder da grande distribuição, imponha margens de comercialização e efetivamente regule os preços dos produtos agrícolas. Importa também que se reforcem os mecanismos de apoio à diversificação agrícola e às produções destinadas ao mercado interno da Região ou ao consumo local de cada ilha, como forma de melhorar a nossa soberania e segurança alimentar, reduzindo as necessidades de importação e dinamizando também os mercados locais. Para os Açores a questão dos transportes é estratégica e a sua importância é transversal a todos os setores e áreas de atividade. Paradoxalmente, as políticas erradas seguidas a nível regional e da república, fizeram com que se tornassem o principal fator de estrangulamento das atividades económicas regionais. Este é o paradigma que é preciso mudar. A melhoria e redução de custos do transporte aéreo só passa pela defesa e valorização da transportadora aérea regional, a SATA, e não das miragens e promessas da entrada no mercado de agentes privados que terão forçosamente em mente apenas o seu próprio lucro e não a prestação de um serviço público de transporte aéreo de qualidade na Região. Um serviço tão estratégico para os Açores como é o transporte aéreo tem de ser forçosamente público e gerido de acordo com os interesses da Região. Simultaneamente precisamos de uma aposta decidida no transporte marítimo inter ilhas de carga e passageiros, e não apenas no grupo central, para redinamizar o nosso mercado interno e criar circuitos económicos e contribuir para a Coesão do nosso Arquipélago. Igualmente, é também necessário reforçar a aposta nos transportes terrestres, públicos e de qualidade, bem como criar, finalmente, um verdadeiro passe social que inclua os transportes marítimos, subsidiando o seu custo. Os avultados investimentos que são necessários nesta área terão um retorno multiplicado na dinamização da atividade económica e turística, na aproximação das várias ilhas e na Coesão do nosso arquipélago. Se no imediato temos de vencer a crise, ganhar o presente, temos também de saber como dar sustentabilidade à economia regional, ou seja, como garantir o futuro. 

Ponta Delgada, 18 de setembro de 2012

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 19 de setembro de 2012, Angra do Heroísmo 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Uma via açoriana para o desenvolvimento


Os Açores sofrem duramente os efeitos da crise nacional. As medidas de austeridade que têm vindo a ser tomadas pelos Governos Regionais e da República tiveram efeitos destrutivos no plano económico e social.
As empresas açorianas, frágeis e de pequena dimensão, orientadas sobretudo para o mercado interno, foram severamente atingidas pela redução generalizada do poder de compra das famílias e pela contração do investimento público.
Somos uma Região Autónoma, somos uma Região Ultraperiférica da Europa, somos, em suma, diferentes. O País e a União Europeia reconhecem essa diferença. Aplicar, como tem vindo a acontecer, políticas comuns, nacionais ou europeias, numa Região distante, com uma reduzida dimensão territorial e demográfica, dispersa e distante dos continentes é um erro, insistir no erro não é falta de visão ou desconhecimento, é ser cúmplice do centralismo, é ser cúmplice dos donos de Portugal, é ser cúmplice do Diretório da União Europeia, é ser cúmplice dos responsáveis pelos graves e dramáticos problemas com que no presente nos confrontamos.
Importar e aplicar, nos Açores, de forma linear modelos de desenvolvimento que mesmo em grandes espaços territoriais e de grande dimensão demográfica se estão a esboroar é manter esta Região e este Povo sob o jugo externo e perpetuar a crónica dependência e fragilidade económica.
A economia regional tem de se libertar da sua crónica dependência externa, tem de se fortalecer e blindar contra as conjunturas externas desfavoráveis aumentando a produção regional e dinamizando o comércio interno
A exigência de um futuro diferente para a nossa Região exige que sejam levadas a cabo mudanças profundas nas políticas regionais, nacionais e europeias, para permitir o desenvolvimento da nossa capacidade de produzir, de gerar riqueza, de criar emprego e distribuir melhor os frutos desse progresso, ampliando a solidariedade e a justiça social.
É na terra e no mar que está chave incontornável do progresso dos Açores. É no desenvolvimento do setor produtivo e das suas múltiplas atividades que se encontra a base de um modelo desenvolvimento sustentável e equilibrado.
É na bacia do Atlântico, Portugal e Europa, a Macaronésia, os Países Lusófonos e a Diáspora, que se encontram os nossos parceiros preferenciais e com os quais temos de, em definitivo, encontrar formas de cooperação económica, política e cultural.
É pensando os Açores sem deixar de considerar as especificidades de cada uma das ilhas sem, no entanto, as atomizar que podemos encarar com seriedade as políticas de coesão social, cultural, económica e territorial e, assim, consolidar uma via açoriana para o desenvolvimento sustentável.
Ponta Delgada, 17 de setembro de 2012

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 17 de setembro de 2012, Ponta Delgada

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Antero de Quental (1842-1891)

Antero de Quental

A tristeza do tempo! O espectro mudo
Que pela mão conduz... não sei aonde!
- Quanto pode sorrir, tudo se esconde...
Quanto pode pungir, mostra-se tudo. -

Cada pedra, que cai dos muros lassos
Do trémulo castelo do passado,
Deixa um peito partido, arruinado,
E um coração aberto em dois pedaços!

Odes Modernas

Crónica revisitada - 11 de Setembro


Comemorou-se, na passada segunda-feira, mais uma efeméride dos trágicos acontecimentos que abalaram o Mundo no dia 11 de Setembro de 1973. Falo-vos deste e não de outro porque a comunicação social de referência, normalmente, se encarrega de trazer à memória um outro 11 de Setembro, mais recente e mediático. O mediatismo resulta-lhe, não do número de vítimas ou dos horrores com que os “media” ganham audiências mas, do interesse em manter viva a chama onde a política externa dos Estados Unidos e de alguns dos seus fiéis aliados se alimenta. Porque, se se tratasse do horror ou do número de vítimas a notícia de primeira página ou a abertura dos rádio e telejornais talvez fosse o 11 de Setembro que aqui trago à memória.
Em Santiago do Chile, no dia 11 de Setembro de 1973, consumou-se um violento golpe militar liderado por Augusto Pinochet que, pela força das armas e do apoio inequívoco da administração dos Estados Unidos e da sua Central de Inteligência (CIA), derrubou um governo democraticamente eleito, passou pelas “baionetas” nazis dezenas de milhares de cidadãos chilenos.
Uma das vítimas desse famigerado dia foi Salvador Allende, presidente eleito pelo povo chileno, em eleições livres e democráticas, e com o reconhecimento da comunidade internacional.
A dualidade de critérios, ou melhor dizendo, a hipocrisia com que os Estados Unidos se posicionam, desde sempre, na cena internacional é alvo, não obstante a propaganda e a defesa servil e “estranhamente” militante de algumas personalidades da nossa praça, de uma cada vez maior atitude crítica a que um número crescente de cidadãos está a aderir. Para essa mudança de disposição contribui a globalização da informação, que permite o acesso a fontes diversas e, consequentemente, a formação de opinião independente, mas contribuem, sobretudo as dúvidas (ou certezas) que pairam sobre a história de terror construída à boa maneira de Hollywood em contraponto à crueza da realidade que pouco a pouco vamos constatando.
Que credibilidade pode ter o governo de um país que fomenta o terrorismo, que acolhe no seu seio terroristas como Posada Carrilles e mantém presos, apesar da condenação internacional, cinco cidadãos cujo “crime” foi o de evitarem atentados terroristas contra um país livre e independente.
Que credibilidade se pode reconhecer no governo de um país que fomenta conflitos e guerras, que se ingere na política interna de países soberanos e que criou uma nova espécie de monstros, cuja face mais visível dá pelo nome de Bin-Laden, que actuaram em diferentes pontos do planeta (Bósnia, Kosovo, Tchechénia, Afeganistão, Iraque, etc.) para mais tarde se fazer sentir a “necessidade” de intervenção dos exércitos imperiais.
O 11 de Setembro de 1973 foi um dos muitos crimes contra a humanidade perpetrados pelo governo e “inteligência” estado-unidense e que não foram julgados nem condenados pelo Tribunal Penal Internacional.
O 11 de Setembro de 1973 foi o silenciamento, pelas armas e pelo terror, de um país e de um povo que ousou, através do voto democrático, dar o poder à diferença.

Ponta Delgada, 07 de Setembro de 2006

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Guest Star

Não têm como disfarçar as cumplicidades e os objetivos políticos

As séries televisivas e as novelas durante a produção e ciclo de vida estão sujeitas, como qualquer produto, a alterações. Essas modificações podem assumir várias formas, como sejam transformações no guião, resultado ou não de estudos junto da audiência, e a presença de um convidado especial, num ou mais episódios.
O grupo parlamentar do PSD na ALRAA, não alterou o guião ao longo da legislatura que agora está a chegar ao fim, ou seja, limitou-se a repetir até à exaustão a cartilha do fim de ciclo e do descontrole das finanças públicas regionais, a opção do PSD foi pela convidada especial, como se verificou na última sessão legislativa, a líder do PSD e ex-Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a Dra. Berta Cabral assumiu as suas funções de Deputada e foi, assim como a guest star do seu Grupo Parlamentar.
Em discussão estavam o “memorando de entendimento Açores Lisboa” e o Relatório da Inspeção Geral de Finanças. Esperava-se que a guest star pudesse entrar no debate político, tendo para isso sido “solicitada” por diversas bancadas, para explicar como pretende alterar, na forma e no conteúdo, o “memorando de entendimento”, esperava-se que, sobre o Relatório da Inspeção Regional das Finanças versus dívida pública da Região, a Dra. Berta Cabral pudesse clarificar como, face à “monstruosa” dívida pública, se executam todas as suas promessas eleitorais, visto que, como todos já percebemos, será necessário um aumento das receitas próprias, o que não é expetável, ou a “solidariedade” da República, o que também não me parece que venha a acontecer, para que o orçamento regional suporte todas as promessas da líder do PSD.
O PSD, em momento algum, fez a afirmação de um modelo de desenvolvimento alternativo, o PSD pela voz da sua guest star limitou-se a reproduzir uma intervenção vazia, construída com frases feitas para o ouvido dos eleitores e sem direito ao contraditório, ou seja, a prestação da guest star do PSD foi um monólogo mediático. Triste figura, sê-lo-ia para qualquer deputado, para qualquer líder parlamentar ou partidário mas, neste caso, vindo de quem afirma que tem pretensões a ser Presidente do Governo Regional foi, no mínimo, confrangedor e dececionante. Terá sido angustiante para alguns dos deputados do PSD, terá sido dececionante para alguns dos seus apoiantes mas, teve um significado político que não é despiciente e, para o qual chamo a vossa melhor atenção. 
Com a Região amarrada ao “memorando de entendimento” e com, na opinião do PSD, uma dívida pública descontrolada que melhor desculpa para justificar, considerando a remota e teórica hipótese do PSD vir a ser o partido mais votado em outubro, que afinal as promessas eleitorais da Dra. Berta Cabral e do PSD não se podem concretizar e até, pelo contrário terão de ser aumentados os impostos na Região e por fim aos mecanismos que compensam os custos da insularidade. Este é o significado político da prestação da Dra. Berta Cabral no último plenário ordinário da presente legislatura.
Ponta Delgada, 10 de setembro de 2012

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 10 de setembro de 2012, Ponta Delgada

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

UXU KALHUS - Os Artistas da FESTA

Nascemos em 2000 com o objectivo inicial de divulgar as danças e a música portuguesas. Somos um grupo folk português algures entre os universos da “fusão” e das “músicas do mundo” em constante renovação das fronteiras do tradicional.
São os UXU KALHUS e este ano estão num dos palcos da FESTA.

The WisKey Dogs - Os Artistas da FESTA

Os concertos dos Wiskey Dogs parecem recriações do espírito rebelde dos anos 20 e 30 do século passado.
Também vão estar na FESTA.

Triquel - Os Artistas da FESTA

TRIQUEL é sinónimo de rock celta. A força e qualidade dos músicos, as letras das suas canções, que são um convite à reflexão sobre problemas actuais - reivindicativas mas também divertidas, rapidamente transbordam do palco e contagiam o público.
É o rock celta na FESTA

Terrakota e Convidados - Os Artistas da FESTA


Os Terrakota apresentam um novo espectáculo, reinventando temas antigos e compondo temas novos, sempre com o habitual espírito aberto e livre em torno da música do mundo de raiz, prosseguindo na exploração inventiva de um dos seus pontos mais fortes: a mistura de ritmos. A viagem continua a bordo de uma espécie de comboio transcontinental do groove.
Flourian Doucet e Diana Rego são convidados dos TerraKota para o espetáculo da FESTA.

Stonesbones & Bad Spaghetti - OS Artistas da FESTA

"Os Stonebones & Bad Spaghetti são a banda de Bluegrass portuguesa que se distingue pela energia da sua música e desempenho em palco. Ao vivo interpretam uma recolha abrangente de temas tradicionais e também inéditos, compostos neste estilo e cantados em português, parte dos quais presentes no seu EP de apresentação, "Ai Portugal".
Vão estar na FESTA

Shooglenifty - Os Artistas da FESTA

"Músicos de excepção, esta banda é conhecida pela qualidade, humor e energia dos seus espectáculos ao vivo, razões pelas quais é requisitada em todo o mundo. A propósito de uma actuação ao vivo, um crítico do jornal The Evening News comentou: “esta banda de grande talento conseguiu, desde o princípio, galvanizar o público, mantendo prestações de ritmo crescente que deixaram a multidão esfuziante”.
Estes músicos são os Shooglenifty e vão estar na FESTA

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Rão Kyao - Os Artistas da FESTA

Ao longo de uma carreira que já dobrou a vintena de anos, o lisboeta Rão Kyao tem-se distinguido pela sua persistente vontade em redescobrir o Oriente. Fazendo uso da flauta de bambu e do saxofone, ele foi encontrando inspiração na música indiana, árabe, africana e chinesa, restabelecendo assim o elo perdido entre a tradição musical portuguesa e o Oriente.
Vai à FESTA com Sara Tavares e outros.

Nancy Vieira - Os Artistas da FESTA

Nancy Vieira elege a mais tradicional sonoridade da música de Cabo Verde como base do seu caminho musical e vai estar na FESTA com Sara Tavares.

Sara Tavares - Os Artistas da FESTA

O  talento de Sara Tavares, não só de cantora mas também de compositora, tem vindo a amadurecer, reflectindo uma vivência repartida por Portugal, Cabo Verde ou pelas constantes viagens que leva a cabo pelo resto do Mundo.
Vai estar na FESTA e leva convidados.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sebastião Antunes e Quadrilha - Os Artistas da FESTA


Na FESTA a música popular portuguesa com Sebastião Antunes e Quadrilha.

Remo Cavallini Blues Band - Os Artistas da FESTA

Remo Cavallini é um jovem e talentoso músico oriundo do pequeno Luxemburgo. À imensa técnica que possui, Remo Cavallini acrescenta uma enorme emoção e um grupo de notáveis músicos que o acompanham e que fazem desta Blues Band um espectáculo que os admiradores do blues não quererão perder... na FESTA

Ainda o memorando Açores Lisboa


Assistimos, esta semana no Plenário da ALRAA, a um denodado esforço do P S para tentar tapar o sol com a peneira, empenhado em transformar água em vinho, para tentar convencer as açorianas e açorianos que o acordo que assinou com o Governo PSD/CDS é muito bom para os Açores, demonstra a solidez das finanças regionais e – imagine-se! – Até permite defender a Autonomia!
Bem pode o PS dar mortais à retaguarda e flic-flacs empranchados que, o que o memorando demonstra é claro: Foi a sua política e os seus governos que nos conduziram até aqui, sabemos que a conjuntura de crise não ajudou mas, também, sabemos que o governo regional não soube, ou não quis, estou mais inclinado para a segunda hipótese, priorizar o investimento para atenuar a crónica dependência da economia regional, não soube ou não quis priorizar o investimento público em áreas economicamente reprodutivas, não soube ou não quis financiar o setor da saúde, não soube ou não quis manter as finanças públicas equilibradas e, agora, foi subservientemente assinar um “memorando de entendimento” para conseguir o refinanciamento da dívida pública a troco da suspensão das competências autonómicas.
Quanto deste dinheiro reverteu para os açorianos e para as suas condições de vida? Vão perguntar aos desempregados, aos novos e velhos pobres açorianos: quanto é que receberam e que efeito teve nas suas vidas todo este esbanjamento! Quanto deste dinheiro serviu para o desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade de criação de riqueza nos Açores? A resposta é nada ou, quase nada. Porque este endividamento surge apenas das obras megalómanas para garantir resultados eleitorais, da obsessão pelo betão e pelo asfalto, que fez crescer artificialmente o setor da construção civil que agora é insustentável manter.
E, agora, chegado aqui e confrontado com uma dívida que não consegue pagar, o Governo Regional do PS faz nos Açores o que já tinha feito no país: foi a correr chamar o FMI, neste caso, em bom rigor, o Governo Regional foi prestar vassalagem aos administradores nomeados pela troika para Portugal, ou seja, o Governo do PSD/CDS, deixou a Autonomia em Lisboa e trouxe 135 milhões de euros. 
Durante o debate, provocado por uma interpelação do Grupo Parlamentar do PS, foi verdadeiramente surreal ouvir o candidato a Deputado, Vasco Cordeiro, dizer que este acordo “atesta a boa gestão das finanças públicas e defende a Autonomia”.
E Deputado Vasco Cordeiro não foi capaz de explicar como é que amarrando-nos a todas as medidas de austeridade que o PSD e o CDS se lembrarem de inscrever no Orçamento de Estado para 2013 se defende a Autonomia? Assim como não explicou como é que comprometendo-se a Região “não aplicar medidas compensatórias”, que possam minorar o sacrifício dos açorianos e os custos da insularidade estamos a defender a Autonomia? Por explicar ficou também como é que autorizando o Governo Central a reter transferências devidas e receitas fiscais se está a reforçar a Autonomia açoriana?
Mas, nesta questão como em muitas outras, se o PS diz “mata”, o PSD diz “esfola”. Se uns propuseram, os outros aceitaram. Se o PS cavou a dívida e pediu o resgate financeiro, o PSD e o CDS, aproveitaram a oportunidade para esmagar a Autonomia que nos restava.
E bem pode vir a líder do PSD Açores, que durante esta semana é convidada especial do Grupo Parlamentar do PSD, a Dra. Berta Cabral, afirmar e reafirmar a promessa de que se ganhar as eleições vai promover a alteração dos termos do acordo. Como!? Como, se do lado que impôs as condições está o PSD, do lado de quem impôs as condições estão os seus companheiros Passos Coelho e Vítor Gaspar e o aliado do momento, o CDS de Paulo Portas. 
O Deputado Artur Lima ao dizer que a Autonomia foi trocada por um prato de lentilhas procurou, uma vez mais, passar incólume de responsabilidades. O CDS é um dos partidos que governam o País e é bom, que as açorianas e açorianos, o não esqueçam – é o CDS de Paulo Portas e Artur Lima, é o PSD de Passos Coelho e Berta Cabral que estão empobrecer os portugueses, a arruinar as pequenas e médias empresas e a delapidar o património nacional com as privatizações já executadas e com as anunciadas privatizações, para o imediato, da RTP, SA, da ANA e da TAP.
Horta, 04 de setembro de 2012 

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 05 de setembro de 2012, Angra do Heroísmo

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Pasión - Os Artistas da FESTA


Deste grupo diz-se na página da FESTA:

"Queremos contar-vos um sentimento demasiado grande para não ser partilhado. Não será novo, dir-nos-ão. Mas é único. Como toda a verdadeira paixão. A canção espanhola e a morna nostalgia de um mar africano e europeu que abraçam a América Latina embalados pelo tanger da guitarra andaluza. Da cálida voz flamenca. El duende nos becos de Havana. Quizás um amor-perfeito. Ou o perfume do jasmim num pátio de Sevilha. Ou será a sombra da magnólia em tardes de rum e boleros a recordar Hemingway? A rumba crioula a cantar o aroma da marisma. Uma história de amor de perdição onde nos encontrámos. E onde queremos encontrar-nos convosco."

Com PASIÓN

Discurso político sem saliva


Os vocábulos que dão título a este texto são parte de uma canção dos “Calle 13 – grupo de rap alternativo, de Porto Rico – a canção fala da América, das Américas e da impossibilidade de comprar o Sol, a Chuva, o Tempo, as Nuvens... a Vida, e, fala de luta. A luta dos povos pela liberdade, pela justiça, pelo direito à igualdade no respeito pela diferença, fala da solidariedade individual e coletiva. 
Por cá vive-se o período pré eleitoral e os discursos políticos, não todos, adequam-se ao momento e, conforme os locais e os públicos, promete-se, promete-se... A leviandade com que alguns asseguram o paraíso para lá de outubro é confrangedora e, por vezes, chegam a ser ridículos. 
Assim não se combate a abstenção, assim só pode aumentar o descrédito pela atividade política e a depreciação dos seus protagonistas, contribuindo para alimentar e engrossar uma certa “cultura” anti partidária paradoxalmente aproveitada por alguns, velhos e novos, partidos. Partidos que têm programas aos quais está associada uma matriz ideológica seja ela mais à esquerda ou à direita, seja republicana ou monárquica, seja ela mais ou menos, intérprete de causas sociais, de causas ambientais, de causas de género, da defesa dos animais e da natureza, do direito à livre opção pela sua orientação sexual ou, de causas relacionadas com a terceira idade, isto para me referir apenas a algumas das mais populares às quais os cidadãos aderem com alguma facilidade e muito acriticismo.
Grande parte dos problemas que a humanidade enfrenta só será resolvida com a libertação dos cidadãos e dos povos do domínio imposto pelos 1% dos cidadãos que detêm a riqueza do Mundo, e que com ela subjugam os tais 99% da população de todo desprovida de recursos ou, os que nos últimos anos têm vindo a ser vítimas de um processo de proletarização (empobrecimento). Mas, no espectro partidário regional e nacional, há quem lute quotidianamente, nos parlamentos e fora deles, para que os 1% sejam derrotados.
A democracia, tal como a temos vivenciado nas últimas décadas, tem-se demonstrado frágil e permeável ao poder dos oligopólios financeiros e económicos, ineficaz na promoção da justiça social e económica e na garantia de direitos básicos como sejam, por exemplo, o trabalho justamente remunerado, a proteção social, o acesso à educação, à cultura e ao conhecimento. 
Perante as debilidades da nossa democracia os cidadãos mostram-se descontentes. Descontentes mas resignados e, desresponsabilizam-se. Os cidadãos desobrigam-se não exercendo os seus direitos cívicos e políticos, desobrigam-se sob a forma de abstenção, desobrigam-se fazendo de conta que nada têm a ver com os Relvas e outros quejandos que nos têm governado e a forma como chegaram ao poder, mas a verdade é que estes que hoje, como no passado outros, são dura e justamente criticados só assumiram o poder porque os cidadãos lhes deram o seu voto ou, ainda que indiretamente, o seu apoio, remetendo-se à abstenção ou ao voto em branco. É tempo de cada um de nós assumir a quota-parte da responsabilidade que tem. A democracia só pode funcionar se os cidadãos não se demitirem do exercício dos seus deveres e direitos políticos e de cidadania.
Ganhar o presente, pois é disso que se trata, para garantir o futuro é uma tarefa de todos. Esta empreitada individual e coletiva não se compagina com visões redutoras e bipolares das opções de voto, nem com a resignação alimentada pelo discurso das inevitabilidades.
Nem todos os discursos e narrativas políticas são desprovidos de saliva, alma, sentimento. Há discursos e narrativas políticas que falam de nós, dos nossos problemas, não fazem promessas de ganhar o futuro porque têm consciência que temos de ganhar o presente se queremos ter futuro como Região Autónoma e como País soberano.
Horta, 03 de setembro de 2012

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 03 de setembro de 2012, Ponta Delgada

Peste & Sida - Os Artistas da FESTA


O Punk Rock na FESTA, com os Peste & Sida.

domingo, 2 de setembro de 2012

Nelson Cascais - Os Artistas da FESTA


"Considero Charles Mingus um dos mais importantes músicos norte americanos do século XX, uma figura incontornável do jazz que, mais do que um excelente contrabaixista foi, inegavelmente, um genial compositor.
Montar uma banda que homenageasse este génio da música foi um sonho de muitos anos que finalmente realizei contando com um grupo de notáveis jovens músicos que se entregou com todo o fogo e paixão a esta grande aventura: The Mingus Project".

As palavras são de Nelson Cascais e vai estar na FESTA com o "Mingus Project"

Miúda - Os Artistas da FESTA


A Mel do Monte dá voz aos MIÚDA, num registo muito singular e vão estar na FESTA.

Melech Mechaya - Os Artistas da FESTA


Na FESTA há lugar para todos os rebeldes. Os Melech Mechaya vão estar por lá, eles e muitos outros que não se resignam.

sábado, 1 de setembro de 2012

Nicole Kidman - em Setembro

Veio, com habitualmente do "E Deus Criou a Mulher".
Os visitantes mais recentes vão considerar este post, no mínimo estranho, tenho estado a divulgar os artistas da Festa do Avante e os textos que publico na imprensa regional, assim de repente a Nicole Kidman.
Pois bem este é um blogue eclético e onde as mulheres são objeto de toda a atenção.
Em Abril, Maio, Julho e Agosto outras mulheres mereceram o destaque.

L. A. NEW MAINSTREAM – LARS ARENS - Os Artistas da FESTA


A música dos "L.A. New Mainstream" distingue-se pelos arranjos pensados e escritos que não se limitam à característica melódica dos temas. Estão presentes ao longo de cada tema e ajudam na exploração de diferentes texturas sonoras.