quarta-feira, 3 de julho de 2013

Farsas, fugas e feitiços

A dramática situação social, económica e política que se vive na Região e no País não pode, nem deve, ser dissociada das eleições para as autarquias que se vão realizar a 29 de Setembro deste ano. Os esforços dos partidos troikistas na personalização das candidaturas autárquicas procurando, assim, descolar os seus candidatos das responsabilidades, que o PS, o PSD e o CDSPP, efetivamente têm no aumento do desemprego, no empobrecimento dos cidadãos, no empobrecimento das famílias, no empobrecimento do País e da Região e pela tentativa de esvaziamento da Autonomia Regional. Tentativa de esvaziamento que se traduz na ofensiva centralista de Passos Coelho e Paulo Portas, mas também pela atitude demissionária do Governo Regional, de Vasco Cordeiro, ao recusar utilizar as competências autonómicas para contrariar as medidas das políticas de austeridade e de ataque aos direitos dos trabalhadores e ao Povo açoriano.
A luta pelo poder, apenas pelo poder, está a caraterizar a estratégia do PSD e do CDS/PP que se têm socorrido de todos os meios para instalar a confusão neste período pré-eleitoral. Nada inibe os partidos responsáveis pela atual governação em Portugal nesta luta de poder, pelo poder, nem mesmo a recuperação do apêndice, o PPM que, como sabemos, foi um dos partidos da extinta e de má memória AD, agora ressuscitada na Horta, e que é utilizado com outros contornos conforme a geografia e o calculismo eleitoral. 
A esta estratégia de “descolar” do Governo da República e das medidas que flagelam a generalidade dos trabalhadores e do povo português, está associada a criação de um clima de aprofundamento da bipolarização da qual o CDS/PP tenta fugir a sete pés, refugiando-se em coligações pré-eleitorais ou, apoios tácitos ao PSD. Percebo, e os eleitores também.
Proliferam também, por aí, os “ grupos de cidadãos” e, se reconhecidamente alguns desses movimentos têm genuinidade outros, porém, não passam de farsas orquestradas por feiticeiros e feitiços ancorados no sentimento antipolítica e políticos e, no anti partidarismo. Estes últimos contam com ingenuidade e o pouco esclarecimento dos cidadãos para obterem apoios eleitorais que guindem os seus promotores para o exercício de cargos públicos, ou seja, estamos perante um exercício daquilo a que posso designar por, “alpinismo político”, e aos protagonistas e mentores nada mais adequado do que adjetivá-los de, “free lancers” da política e da vida pois, nada mais pretendem do que a satisfação de interesses de índole pessoal. Para confirmar esta afirmação atente-se aos nomes dos protagonistas e às correspondentes formações políticas e sociais que por aí emergem (movimentos/plataformas) como cogumelos no Outono. Sobre alguns destes projetos “políticos” facilmente se pode constatar quais os seus reais objetivos, os protagonistas de ontem encontram-se hoje a liderar outros projetos. Projetos “políticos”, por vezes, tão antagónicos como são os ideais monárquicos dos ideais republicanos. Será que os move o interesse público ou é apenas uma motivação para satisfazer interesses pessoais? Será que estão contra o “sistema”, como enunciam, ou será que os move a ambição de ao “sistema” pertencerem!? A esta e outras farsas, fugas e feitiços os eleitores, que não são ingénuos e muito menos estúpidos, saberão dar a devida resposta como já, no passado, o fizeram.
Vila do Porto, 01 de Julho de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 03 de Julho de 2013, Angra do Heroísmo

Foto de Madalena Pires

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